Ana Lúcia Ricarte OAB/MT 4.411 CUIABÁ, 12 DE FEVEREIRO DE 2015.



Documentos relacionados
Contribuição Sindical Patronal

FUNDAMENTAÇÃO LEGAL OBRIGATORIEDADE

Assunto: A Contribuição Sindical dos Profissionais Liberais.

Contribuição Sindical. Conceito

SEÇÃO IX DISPOSIÇÕES GERAIS

CONSELHO REGIONAL DE BIBLIOTECONOMIA - 8ª REGIÃO - SÃO PAULO

Lição 13. Direito Coletivo do Trabalho

COMUNICADO nº 033/2013. Aos: Senhores prefeitos, secretários dos municípios e executivos de Associações de Municípios.

PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE A CONTRIBUIÇÃO SINDICAL URBANA (IMPOSTO SINDICAL) ATUALIZADAS

Confira a autenticidade no endereço

Contribuições sindicais

CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

RESOLUÇÃO Nº 05/2013

URGENTE. Para: SINDICATO DOS FISCAIS E AGENTES FISCAIS DE TRIBUTOS DO ESTADO DE MINAS GERAIS- SINDIFISCO/MG PARECER

ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DESEMBARGADOR RAIMUNDO NONATO SILVA SANTOS

DECRETO Nº , DE 6 DE DEZEMBRO DE 2013.

CONTRIBUIÇÃO SINDICAL EMPREGADOS

VOTO EM SEPARADO DA DEPUTADA ANDRÉIA ZITO

LEI Nº 5.194, DE 24 DE DEZEMBRO DE 1966

Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Dívida Ativa. Cartilha aos Órgãos de Origem 8/3/2013

REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO FISCAL DO FUNDO DE APOSENTADORIA E PENSÃO DO SERVIDOR- FAPS

MANUAL DOS DIREITOS DOS COMERCIÁRIOS

Ilegalidade e inconstitucionalidade da cobrança da Contribuição Sindical Rural. Proposta de sua extinção

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

CONVENÇÃO COLETIVA 2015/2016

Estatuto é utilizado em casos de sociedades por ações ou entidades sem fins lucrativos.

ANUIDADE DE 2011 CONCESSÃO DE REDUÇÃO DE ANUIDADE PARA PESSOA FÍSICA (RESOLUÇÃO CRC SP Nº 1071/2010)

RESOLUÇÃO CFC N.º 1.127/08

DECRETO Nº , DE 18 DE DEZEMBRO DE 2014.

PDF created with pdffactory trial version

REGULAMENTO DE EMPRÉSTIMO

Lei Complementar n 43, de 16 de dezembro de 2010

INSTRUÇÃO NORMATIVA SMFA Nº 01/2010

PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA NACIONAL - PGFN

MENSALIDADES ESCOLARES

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ.

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS OU PARAFISCAIS (Art.149 c/c 195, CF)

Confira a autenticidade no endereço

TERMO ADITIVO A CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2013/2014

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Introdução. Da Previsão Legal SÃO BERNARDO DO CAMPO, OUTUBRO DE 2014

Questões Extras Direito Tributário Profº Ricardo Alexandre

CONSELHO REGIONAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS. CRECI 2ª Região DEFINE A OBRIGATORIEDADE DE RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL

Novély Vilanova da Silva Reis. Juiz Federal em Brasília.

DOU de 30/07/2015 (nº 144, Seção 1, pág. 73) DENATRAN - Departamento Nacional de Trânsito PORTARIA Nº 95, DE 28 DE JULHO DE 2015

PROCURAÇÃO "AD-JUDICIA"

Tal matéria é expressa pela Constituição Federal em seu art. 8º, IV:

Incidência da GIEFS no 13º salário e 1/3 férias

CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2010/2012

MARCOPOLO S.A. CNPJ Nº / NIRE PLANO DE OUTORGA DE OPÇÃO DE COMPRA OU SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES - REGULAMENTO -

Confira a autenticidade no endereço

COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, COMUNICAÇÃO E INFORMÁTICA SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI Nº 815, DE 1995

O REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE TAQUARITINGA

PORTARIA PREVI-RIO Nº 904 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2012

RESPONSABILIDADE PESSOAL DOS SÓCIOS ADMINISTRADORES NOS DÉBITOS TRIBUTÁRIOS QUANDO DA DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA SOCIEDADE

Ainda a mesma legislação prevê no artigo 34, as atribuições dos Conselhos Regionais de Engenharia, entre outras:

ESTADO DE GOIÁS SECRETARIA DE ESTADO DE GESTÃO E PLANEJAMENTO GABINETE

Abrangência: Esse programa abrange:

CALENDÁRIO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS e PREVIDENCIÁRIAS OUTUBRO/2010

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador LUIZ HENRIQUE

1º O acesso ao Sistema deverá ser feito por meio de Senha Web ou certificado digital.

CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA. Cuida, primeiramente, destacar que não há um consenso, entre os autores, para essa

CONTRATO DE TRABALHO. Empregado Preso

APOSENTADORIA ESPECIAL PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE E RECONHECIMENTO DO DIREITO AOS SERVIDORES PÚBLICOS

Índice. Apresentação Por que contribuir para o SEST/SENAT Contribuintes do SEST/SENAT Como contribuir ao SEST/SENAT...

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A RPV. (Requisição de Pequeno Valor)

SINDICATO DOS TRABALHADORES NO SERVIÇO PÚBLICO MUNICIPAL DE ITU FILIADO A FESSPMESP

ADITAMENTO A CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO / INDAIATUBA

CAIXA DE AUXÍLIO FINANCEIRO DOS EMPREGADOS DA CELG CACELG REGIMENTO INTERNO CAPÍTULO 1 DA ADMISSÃO E DESLIGAMENTO DOS SÓCIOS

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 004/DIR/2011

INFORMATIVO JURÍDICO

REGULAMENTO DE EMPRÉSTIMO PESSOAL GERDAU PREVIDÊNCIA

ACORDO COLETIVO DE TRABALHO 2011/2013. Confira a autenticidade no endereço

CONDICIONAR A EXPEDIÇÃO DO CRLV AO PAGAMENTO DE MULTAS É LEGAL?

PROJETO DE LEI Nº, DE 2014

enviado em 09/09/2015 pedindo a presidente Dilma Rousseff pedindo mudanças no REDOM

Efeitos da sucessão no Direito Tributário. Os efeitos da sucessão estão regulados no art. 133 do CTN nos seguintes termos:

PREVIDÊNCIA SIMULADO 02

JORNADA DE TRABALHO 1 LIMITE DE DURAÇÃO E ANOTAÇÃO DA JORNADA PACTUADA

Dispõe sobre adoção de critérios para redução da anuidade do exercício de 2010 aos profissionais de contabilidade e dá outras providências

ROTEIRO DE ESTUDOS DIREITO DO TRABALHO SUJEITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO

1.3. Em quais casos é possível solicitar o parcelamento? 1.4. Como saberei se minha empresa possui débitos junto à Anvisa?

1 Prefeitura Municipal de Luís Eduardo Magalhães ESTADO DA BAHIA

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 60, DE 20 DE AGOSTO DE 2012 (DOU de 21/08/2012 Seção I Pág. 54)

DESCRIÇÃO DO CARGO EXIGÊNCIA VALOR

Maratona Fiscal ISS Direito tributário

PARECER DOS RECURSOS REFERENTES À ELABORAÇÃO DAS QUESTÕES DE PROVA OU GABARITO PRELIMINAR

CONDIÇÕES GERAIS DO CAP FIADOR I INFORMAÇÕES INICIAIS. SOCIEDADE DE CAPITALIZAÇÃO: Brasilcap Capitalização S.A. CNPJ: / II GLOSSÁRIO

DECRETO nº de

REGULAMENTO DE EMPRÉSTIMO A PARTICIPANTE DO PLANO DE BENEFICIO CEBPREV.

SECRETARIA DE GESTÃO PÚBLICA ORIENTAÇÃO NORMATIVA Nº 9, DE 24 DE ABRIL DE 2013

Confira a autenticidade no endereço


RESOLUÇÃO CONFE No 87, de 26 de dezembro de 1977.

ACORDO COLETIVO DE TRABALHO 2009/2010

PRAZOS DE GUARDA E MANUTENÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS

DECRETO Nº 2.525, DE 4 DE SETEMBRO DE Institui o Programa de Recuperação de Créditos da Fazenda Estadual REFAZ e dá outras providências.

Transcrição:

CUIABÁ, 12 DE FEVEREIRO DE 2015. PARECER Nº 018/2015 INTERESSADO: PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL DE ODONTOLOGIA DE MATO GROSSO ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SINDICAL ADVOGADA: ANA LÚCIA RICARTE A Presidente do CRO-MT no uso de suas atribuições legais requisitou parecer técnico da Assessoria Jurídica acerca da contribuição sindical e sua legalidade. Neste sentido, a Sra. Presidente requer a esta Assessoria Jurídica parecer no sentido de que sejam estancadas as dúvidas acerca da natureza jurídica da Contribuição Sindical, a ação mais apropriada, bem como quais medidas administrativas de cobrança. Para tanto dividimos o parecer em tópicos para melhor compreensão, conforme passamos a expor: Quanto à natureza jurídica A Contribuição Sindical, também denominada imposto sindical, é espécie de contribuição compulsória devida aos sindicatos, federações e confederações para sustentação econômica dessas organizações, das quais ainda são espécies a contribuição assistencial e a contribuição confederativa, sendo que sobre esta última o Supremo Tribunal Federal já pronunciou que obriga unicamente aos seus associados. A contribuição sindical, objeto de nosso estudo, possui natureza jurídica tributária e seu recolhimento anual é devido por todos aqueles que participem de uma determinada categoria econômica ou profissional, e em favor do sindicato que participe ou represente as categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais desses empregados. Assim o Imposto Sindical ou Contribuição Sindical é compulsório conforme previsão no artigo 8º, IV, in fine c/c 149, da

Constituição Federal e art. 3º e 217, Código Tributário Nacional,e a cobrança é regulamentada pelos artigos 578 a 610 da CLT. Sindical: Quanto ao pagamento e retenção da Contribuição É importante entender qual é o agente detentor da obrigação de pagar a Contribuição Sindical, bem como quem é o substituto tributário que irá recolher o imposto, ou seja, reter o imposto em folha de pagamento do empregado ou servidor público. Neste aspecto a Contribuição Sindical objeto deste parecer, está regulamentada na CLT na forma do art. 582, recepcionado pela Constituição Federal, que prevê: Os empregadores são obrigados a descontar, da folha de pagamento de seus empregados relativamente ao mês de março de cada ano, a contribuição sindical para estes devida aos respectivos sindicatos. Já o art. 579, da CLT assim e igualmente dispõe: A contribuição sindical é devida por todos aqueles que participem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591. O artigo 589, da CLT estabelece os percentuais de recolhimento da contribuição sindical e lhe dá os destinos: Da importância da arrecadação da contribuição sindical serão feitos os seguintes créditos pela Caixa Econômica Federal, na forma das instruções que forem expedidas pelo Ministério do Trabalho: I - 5% para confederação correspondente; II- 15% para a federação; III- 60% para o sindicato respectivo; IV- 20% para a Conta Especial Emprego e Salário. Segundo Celso Ribeiro Bastos, (Comentários à Constituição Do Brasil, 2º vol., Saraiva, 1989, p. 519) ao comentar o inc. IV, do art. 8º, da Constituição Federal: A natureza é tributária, dependendo de lei para sua instituição, sujeitando-se, outrossim, ao princípio da anterioridade e a outros que cercam a atividade arrecadadora do Estado. Sergio Pinto Martins, (in Direito Sindical Brasileiro, LTR, 1998, p. 357) afirma a distinção entre contribuição sindical de contribuição confederativa: Distancia-se também a contribuição confederativa da contribuição sindical. Esta é determinada por lei; aquela será fixada pela

assembléia geral para o custeio do sistema confederativo. A contribuição sindical, porém, tem natureza tributária, de acordo com a previsão da Constituição (art. 8º, IV, c/c art. 149) e do CTN (art. 217, I), enquanto a contribuição confederativa não a possui. O produto da arrecadação da contribuição sindical está previsto no art. 592 da CLT, sendo aplicada em assistência jurídica, médica, odontológica, cooperativas, creches, colônias de férias, etc. A contribuição confederativa destina-se ao custeio do sistema confederativo. Assim sendo, resta claro que tanto os empregados quanto os servidores públicos, profissionais liberais são os agentes detentores da obrigação de pagar a contribuição sindical. As Empresas também entram nesta categoria, afinal de contas elas também são representadas por sindicatos. Assim, Empregados e Empregadores são organizados em sindicatos e todos devem pagar a contribuição sindical. Neste mesmo prisma, tanto as Empresas quanto a Administração Pública está obrigada a fazer o desconto da Contribuição Sindical e fazer o repasse ao sindicato. É em regra a contribuição dos profissionais que fazem parte de categoria sindical diferenciada deve ser recolhida ao sindicato da profissão, mediante opção, prevista no art. 585 da CLT que assim determina: Art. 585 Os profissionais liberais poderão optar pelo pagamento da contribuição sindical unicamente à entidade sindical representativa da respectiva profissão, desde que a exerça, efetivamente, na firma ou empresa e como tal sejam ela registrados. único Na hipótese referida neste artigo, à vista da manifestação do contribuinte e da exibição da prova de quitação da contribuição, dada por sindicato de profissionais liberais, o empregador deixará de efetuar, no salário do contribuinte, o desconto a que se refere o artigo 582. O entendimento consolidado nos mais renomados Tribunais do país e doutrinadores é no sentido de que quando se tratar de profissionais liberais tais como: médicos, Cirurgiões Dentistas, contadores, biólogos, geólogos e engenheiros que servem à Administração Pública tanto em cargos efetivos, comissionados como prestadores de serviços estes têm o

direito de optar perante a Administração Pública e escolher para qual sindicato deve ser recolhido o Imposto Sindical. Sérgio Pinto Martins (In Contribuições Sindicais. Atlas. 1998, p 62) sobre a matéria dispõe: Poderão os profissionais liberais optar pelo pagamento da contribuição sindical unicamente à entidade sindical representativa da respectiva profissão. Para isso é preciso que exerçam, efetivamente, na firma ou empresa, a profissão e como tal sejam nela registrados (art. 585 da CLT.). Se a pessoa, por exemplo, engenheiro, não exerce essa função na empresa, não poderá socorrer-se dessa faculdade. Provado que o empregado já recolhe a contribuição a seu órgão de classe, o empregador deixará de efetuar, no salário do contribuinte, o desconto da contribuição sindical Em suma, havendo opção do contribuinte e recolhimento ao sindicato da categoria específica resta configurada a legalidade. Antes da promulgação da Constituição Federal de 1088, eram três os meios pelos quais os sindicatos auferiam seus recursos. A primeira delas a contribuição sindical, outrora denominada imposto sindical, introduzida no sistema pela Constituição de 1937. Esta foi regulamentada pelo Dec. Lei n. 2.377/40, e, após, pela CLT, artigos 578 a 610. O Decreto-lei nº 27/96, acrescentou o art. 217 à Lei nº 5.172/66, dispondo acerca da contribuição sindical. A segunda era chamada de mensalidade dos sócios, como o próprio nome define, era devida pelos ingressos no corpo de membros dos sindicatos, e remonta às primeiras leis sindicais de 1903. A terceira modalidade era o desconto, ou taxa assistencial que eram estabelecidos por meio de negociação coletiva (artigo 611, da CLT), ou sentenças normativas, sendo facultativa ao empregado. A Constituição Federal em vigor criou, então, em seu artigo 8º, IV a chamada contribuição confederativa, declarando que a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei. A contribuição sindical é justamente aquela primeira acima descrita, sendo certo que o artigo 8º, IV, da CF/88, em sua parte final, albergou-a. Em suma, a contribuição sindical é devida também pelo servidor público e deve ser descontada pela Administração Pública, pois

independentemente do regime de contratação do servidor a constituição confirmou a obrigação, conforme precedentes do STF e das mais respeitadas Cortes, abaixo transcrevemos algumas: CONSTITUCIONAL. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. SERVIDORES PÚBLICOS. Art. 8º, IV, da Constituição Federal. I. - A contribuição sindical instituída pelo art. 8º, IV, da Constituição Federal constitui norma dotada de auto-aplicabilidade, não dependendo, para ser cobrada, de lei integrativa. II. - Compete aos sindicatos de servidores públicos a cobrança da contribuição legal, independentemente de lei regulamentadora específica. III. - Agravo não provido. (STF. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento AI-AgR 456634, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, julgada em 13/12/2005). CONSTITUCIONAL. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. ART. 589, IV, DA CLT. I. - A contribuição sindical prevista no art. 589 da CLT não fere o princípio da liberdade sindical e foi recepcionada pela Constituição de 1988. II. - É legítima a destinação de parte da arrecadação da contribuição sindical à União. III. - Agravo não provido.(stf. Agravo Regimental no Recurso Extraordinário RE-AgR 279393, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, julgada em 06/09/2005). Contribuição Sindical: Quanto ao processo de recolhimento da Inicialmente é importante que o sindicato obtenha informações ou esclarecimentos junto ao empregador e ou administrador público acerca da quantidade de empregados ou servidores que têm a obrigação de pagar a contribuição sindical, pois com tais informações será mais fácil controlar o pagamento. Caso o empregador ou autoridade administrativa negue a informação, deve o sindicato requerer à Fiscalização das Delegacias Regionais do Trabalho para que os agentes da Inspeção do Trabalho possam obter as informações sobre o recolhimento sindical, tais como: se houve recolhimento, se o recolhimento condiz com o valor correspondente a 1 ( um ) dia de trabalho no mês de março. verbis: Os artigos 603 e 604 da CLT assim prevêem in

Art. 603. Os empregadores são obrigados a prestar aos encarregados da fiscalização os esclarecimentos necessários ao desempenho de sua missão e a exibir-lhes, quando exigidos, na parte relativa ao pagamento de empregados, os seus livros, folhas de pagamento e outros documentos comprobatórios desses pagamentos, sob pena de multa cabível. Art. 604. Os agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais são obrigados a prestar aos encarregados da fiscalização os esclarecimentos que lhes forem solicitados, inclusive exibição de quitação da contribuição sindical. Pois bem, os dados obtidos servem para fiscalizar se os valores recolhidos correspondem ao valor integral do desconto devido. Ainda, de acordo com o artigo 605 da CLT deve o sindicato publicar editais concernentes ao recolhimento da contribuição sindical, durante o período de três dias, nos jornais de maior circulação local e até dez dias da data fixada para depósito bancário. Além disso, deve ser encaminhado ao Empregador ou Administrador Público notificação solicitando o desconto em folha e indicando o número da conta, código do sindicato, CNPJ, endereço e data para o depósito. Quanto aos profissionais liberais, estes deverão receber a contribuição sindical via boleto bancário, devidamente preenchido com os valores da contribuição sindical aprovados em Assembléia. É importante frisar que o depósito em atraso gera multa prevista no artigo 600 da CLT de 10% nos trinta primeiro dias, com o adicional de 2% por mês subseqüente de atraso, além de juros de mora de 1% ao mês e correção monetária. mês de março Quanto ao empregado que foi admitido após o Aquele empregado admitido após março de cada ano, e que não tenha trabalhado anteriormente no ano, sofrerá o desconto da contribuição sindical no mês posterior ao da admissão e o recolhimento pelo empregador no mês subseqüente. Assim, caso o empregado tenha sido admitido em maio o desconto será efetuado em junho e o recolhimento em julho.

Já o empregado que não estiver trabalhando no mês de março em decorrência de acidente de trabalho ou doença, o desconto será feito no primeiro mês subseqüente ao do seu retorno ao trabalho. E, seu recolhimento, irá ocorrer no mês imediatamente posterior. Todo empregado que se desliga de uma empresa deve exigir comprovante do pagamento da contribuição sindical relativa ao exercício. Assim evitará que o novo empregador tenha de efetuar, outra vez, o desconto no seu salário, da quantia correspondente àquela contribuição. Quanto á cobrança judicial: A via judicial a ser eleita deverá ser a ação executiva, pois o artigo 606 da CLT prevê o seguinte: Art. 606. Às entidades sindicais cabe, em caso de falta de pagamento da contribuição sindical, promover a respectiva cobrança judicial, mediante ação executiva, valendo como título de dívida a certidão expedida pelas autoridades regionais do Ministério do Trabaho. 1º O Ministério do Trabalho baixará as instruções regulando a expedição das certidões a que se refere o presente artigo, das quais deverá constar a individualização do contribuinte, a indicação do débito e a designação da entidade a favor da qual é recolhida a importância da contribuição sindical, de acordo com o respectivo enquadramento sindical. 2º Para os fins da cobrança judicial da contribuição sindical são extensivos às entidades sindicais, com exceção do foro especial, os privilégios da Fazenda Pública, para cobrança da dívida ativa. No entanto, pode ser realizada a cobrança judicial. Quando o administrador público for omisso quanto ao desconto e recolhimento da contribuição sindical o melhor caminho tendo em vista o prazo de tramitação é a distribuição de mandado de segurança por omissão da autoridade coatora, para forçar o desconto e recolhimento. A competência para processar e julgar as ações de cobrança, bem como o Mandado de Segurança dos Sindicatos é a Justiça Comum, conforme previsão na súmula 222 do STJ, que até o presente momento não foi modificada.

É importante frisar que somente será possível cobrar judicial a Contribuição Sindical se o sindicato cumpriu os requisitos previstos no artigo 605 da CLT, no sentido de publicar os editais e encaminhar a notificação de cobrança com o respectivo código e conta ao empregador. Quanto às penalidades Além da multa prevista no artigo 600 da CLT, descrevemos abaixo os importantes artigos 598, 599, 607 e 608 in verbis: Art. 598. Sem prejuízo da ação criminal e das penalidades no Art. 553, serão apreciadas multas de 3/5 (três quintos) a 600 (seiscentos) valores-de-referência regionais, pelas infrações deste Capítulo, impostas pelas Delegacias Regionais do Trabalho. Art. 600. O recolhimento da contribuição sindical efetuada fora do prazo referido neste Capítulo, quando espontâneo, será acrescido da multa de 10% (dez por cento), nos 30 (trinta) primeiros dias, com o adicional de 2% (dois por cento) ao mês subseqüente de atraso, além de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês e correção monetária, ficando, nesse caso, o infrator, inseto de outra penalidade. (Alterado pela L-006.181-1974) 1º O montante das cominações previstas neste artigo reverterá sucessivamente: (Alterado pela L-006.181-1974) ausência de Sindicato; inexistindo Federação. a) Ao sindicato respectivo; b) Á Federação respectiva, na c) Á Confederação respectiva, 2º Na falta sindicato ou entidade de grau superior, o montante que alude o parágrafo precedente reverterá à conta "Emprego e Salário". (Alterado pela L-006.181-1974) Art. 607. São consideradas como documento essencial ao comparecimento às concorrências públicas ou administrativas e para o fornecimento às repartições paraestatais ou autárquicas a prova da quitação da respectiva contribuição sindical e a de recolhimento da contribuição sindical, descontada dos respectivos empregados. Art. 608. As repartições federais, estaduais ou municipais não concederão registro ou licença para funcionamento ou

renovação de atividades aos estabelecimentos de empregadores e aos escritórios ou congêneres dos agentes ou trabalhadores autônomos e profissionais liberais, nem concederão alvarás de licença ou localização, sem que sejam exibidas as provas de quitação da contribuição sindical, na forma do artigo anterior. Parágrafo único. A não-observância do disposto neste artigo acarretará, de pleno direito, a nulidade dos atos nele referidos, bem como dos mencionados no Art. 607. A Constituição Federal recepcionou os artigos acima e estes devem ser aplicados. Conclusão: Assim, a Contribuição Sindical é um imposto devido pelos Cirurgiões Dentistas e serve a manutenção da representação sindical. É o parecer que submetemos a Vossa apreciação.