1. Introdução. Figura 01 Áreas recifais de Maracajaú (Maxaranguape-RN) Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 1 RESUMO EXECUTIVO



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Transcrição:

1. Introdução Os recifes de corais são ecossistemas de alta relevância ambiental abrigando uma rica biodiversidade marinha que contribui para uma série de processos ecológicos importantes. Esses ambientes funcionam como berçários de uma vasta gama de animais marinhos, muitos de grande importância econômica. Além disso, os recifes ajudam a proteger a região costeira e ainda fornecem uma série de produtos minerais e farmacêuticos. Por sua beleza cênica as áreas recifais são um grande atrativo para o turismo, especialmente relativo às atividades de mergulho (recreativo e autônomo), que também contribuem com desenvolvimento econômico e social das regiões costeiras. No litoral do Rio Grande do Norte encontra-se um rico e extenso ecossistema recifal ao longo da região costeira dos municípios de Maxaranguape, Rio do Fogo e Touros, com três principais bancos coralíneos, conhecidos localmente por parrachos. A região é constituída por uma plataforma rasa compostas por corpos de arenitos que abrigam os corais, e conseqüentemente uma série de outros organismos como esponjas, moluscos e peixes, formando os recifes, que concentram uma grande quantidade e variedade de vida marinha (Amaral, et al., 2005). Figura 01 Áreas recifais de Maracajaú (Maxaranguape-RN) Devido aos aspectos ecológicos, econômicos e sociais dessa região, foi criada pelo Governo do Rio Grande do Norte a Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais APARC. É uma Unidade de Conservação de Uso Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 1

Sustentável, criada para conciliar as atividades humanas (pesca e turismo) com a preservação dos ecossistemas recifais de alta relevância ecológica. A Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC) foi criada pelo Decreto Estadual 15.475 em 2001, visando à proteção da biodiversidade dos ecossistemas recifais e promovendo a sustentabilidade dos recursos naturais. A APARC engloba a região costeira dos municípios de Touros, Rio do Fogo e Maxaranguape, em uma área total de 1363,44 km 2. Figura 02: Localização da APA dos Recifes de Corais (Fonte: Amaral et al., 2005) A APARC possui um Conselho Gestor responsável pelas decisões de estratégias para a proteção ambiental, através de reuniões sistemáticas e periódicas para a discussão de assuntos referentes à Unidade de Conservação. Para que seja estabelecida a conciliação entre o uso dos recursos naturais e a proteção dos ecossistemas recifais da região, foi elaborado o Plano de Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 2

Manejo da Unidade de Conservação, onde são estabelecidas as regras de uso e os processos de monitoramento e controles da APARC. O Plano de Manejo O Plano de Manejo é a principal ferramenta de gestão ambiental das unidades de conservação visando o estabelecimento das regras de uso, controle das atividades e ampliação do conhecimento científico da área. Dessa forma, o Plano de Manejo é um documento técnico, dinâmico e flexível, sendo necessária a contínua avaliação para as implantações de novas ações, garantindo a integridade ambiental e beneficiando as comunidades da região. A Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais é uma unidade de conservação marinha, de uso sustentável, que foi criada justamente para poder promover a preservação da biodiversidade marinha e estabelecer medidas de controle e monitoramento das atividades humanas na área, especialmente em relação à pesca e turismo. Inicialmente foi elaborado um diagnóstico Sócio-Ambiental da região, visando avaliar e caracterizar os aspectos físicos, biológicos e sócioeconômicos da Área de Proteção Ambiental dos recifes de Corais - APARC. Os dados obtidos proporcionaram a identificação de zonas dentro da APA que são propícias ao uso sustentável dos recursos naturais e zonas que deverão ser conservadas, restringindo as atividades humanas nessas regiões. O Plano de Manejo determina uma série de ações que possibilitem a realização das atividades humanas com a preservação do meio ambiente, através de programas ambientais. Através de monitoramentos e principalmente ações de educação ambiental, a APARC deverá ser gerida de forma sustentável atendendo aos interesses sociais das comunidades de entorno. 2. Diagnóstico Ambiental e Socioeconômico Para a adequada elaboração do Plano de Manejo, inicialmente foi realizada a avaliação das diferentes características ambientais e humanas envolvidas na região da APARC. Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 3

O diagnóstico foi executado por uma equipe multidisciplinar, envolvendo o Meio Físico, Meio Biológico e Meio Socioeconômico. Meio Físico As avaliações do Meio Físico foram realizadas por oceanógrafos e geógrafos, de forma a caracterizar os aspectos da APARC referente à composição de fundo (substrato e morfologia), correntes, profundidade, entre outras características. Além do levantamento de informações já existentes (dados secundários) sobre a região, foram realizadas várias campanhas de campo para obtenção direta dos dados (primários). O Plano de Manejo proporcionou a elaboração de um banco de imagens de satélite da região, que serviram de base para todo o mapeamento da unidade de conservação. A partir das imagens, as equipes foram a campo verificar nos locais toda sua composição ecológica. Figura 03. (a) Composição colorida em RGB 4-3-2 da Imagem Landsat 5-TM de 02 de agosto 1998 (condições de maré de baixamar) e (b) RGB 3-2-1 ressaltando os recifes e os bancos inorgânicos respectivamente. (c) Sedimentos de fundo; (d) Millepora alcicornis nos recifes de Maracajaú. Santos et. al.(2007). Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 4

As avaliações em campo foram executadas usando equipamentos e técnicas científicas para a obtenção das informações. Foram realizados mergulhos, coletas de materiais e uso de equipamentos de alta tecnologia como ecobatímetro e derivador de correntes. Figura 04. Equipamentos utilizados para o diagnóstico da região Meio Físico Foi gerada uma série de mapas com informações importantes sobre as características físicas da região, que serviram de base para as definições do zoneamento da Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais - APARC Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 5

Figura 05. Mapas gerados pelas avaliações do Meio físico apresentam diferentes dados da região. Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 6

Os resultados obtidos foram extremamente valiosos para subsidiar a gestão da Unidade de Conservação, uma vez que foi possível caracterizar toda a composição física da APARC. A região apresenta diferentes aspectos, com áreas recifais, de cascalhos, gramíneas, que influenciam diretamente na fauna ocorrente e indiretamente nos usos humanos, especialmente pesca e turismo. O diagnóstico do meio físico serviu também de base para as avaliações biológicas, sendo utilizados os mapas elaborados e depois realizadas discussões entre as equipes sobre as características e relevância ecológica da APARC. MEIO BIOLÓGICO As avaliações biológicas da Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais foram realizadas por biólogos e oceanógrafos. As informações ecológicas sobre a região são bastante escassas, havendo poucos artigos científicos, principalmente na região de Maracajaú. Dessa forma, foram realizadas campanhas de campos em pontos amostrais, de forma a caracterizar o melhor possível os ecossistemas recifais da região. As avaliações foram realizadas através de mergulhos, utilizando técnicas científicas de análise ecológica, tanto nas áreas de recifes rasos (conhecidos popularmente como parrachos) quanto em recifes profundos. Figura 06. Metodologia aplicada para o diagnóstico Biológico da APARC Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 7

Figura 07. Metodologia aplicada para o diagnóstico Biológico da APARC As campanhas de avaliações dos ecossistemas recifais da APARC foram extremamente importantes, pois foi identificada a ocorrência de espécies importantes e observou-se uma alta riqueza biológica na região. Figura 08. Biodiversidade encontrada em diferentes localidades da APARC Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 8

Foi observada ainda a ocorrência de espécies de valor econômico, as quais são muito relevantes para a comunidade pesqueira da região de entorno da APARC. Figura 09. Rica biodiversidade encontrada da Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais - APARC A equipe do meio biológico identificou ainda a ocorrência de espécies ameaçadas de extinção, portanto a região é um abrigo para esses animais, incluindo o peixe-boi, espécie marinha mais ameaçada no território brasileiro. Figura 10. Espécies ameaçadas de extinção encontradas na APARC Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 9

Vale salientar que a Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais abrange uma vasta extensão marinha, sendo necessário um contínuo monitoramento e aprimoramento dos dados obtidos para uma efetivo manejo dos ecossistemas recifais. MEIO SOCIOECONÔMICO Para um efetivo manejo de uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável é fundamental a identificação das atividades econômicas envolvidas da área e a interação da comunidade com a região. As avaliações do meio socioeconômico foram realizadas por uma equipe multidisciplinar, composta por geógrafos, turismólogos e biólogos, envolvendo todas as comunidades adjacentes à APARC. Além das informações obtidas de estudos e artigos dos principais órgãos regulamentadores (como IBGE, IDEMA, prefeituras, etc.), foram realizadas pesquisas em campo, entrevistando moradores e turistas da região. Além disso, foram realizadas oficinas participativas com as comunidades para obter informações sobre a APARC e a interação social com a unidade. Figura 11. Oficinas do diagnóstico socioeconômico realizadas nas principais comunidades da região. Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 10

As pesquisas foram realizadas nos três municípios que compõe a APARC, principalmente nas comunidades que tem a maior intervenção com os ambientes recifais. As principais atividades econômicas na região de influência da APARC são a agricultura, comércio, serviço público, turismo e pesca, sendo as duas últimas que apresentam uma relação direta com a unidade de conservação. Figura 12. Fotos das principais atividades econômicas desenvolvidas na região Durante as entrevistas e avaliações nos locais, foram verificados alguns problemas ambientais na região especialmente em relação à falta de saneamento e locais inadequados de despejo de lixo. A população também relatou reclamações sobre ineficiência dos serviços de saúde e segurança. Foi observado durante a pesquisa que a maioria da população entrevistada relatou não conhecer ou compreender o que é a Unidade de Conservação, seus limites e importância. Essa observação foi verificada tanto durante as oficinas quanto nas entrevistas diretas. A pesca é a principal atividade nas comunidades adjacentes à APARC, entretanto, foi informado pelos próprios pescadores que é notória a redução dos estoques pesqueiros. O principal recurso pesqueiro ainda é a lagosta Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 11

apesar de a produção ter reduzido nos últimos anos em todos os municípios, de acordo com as informações do IBAMA e dos entrevistados. A sobrepesca é uma ameaça aos recifes de corais e, apesar de haver normas específicas para APARC, a atividade é ainda feita muitas vezes de forma inadequada podendo comprometer a qualidade ambiental da região. Foi constatado o grande potencial turístico de toda a região, constituída de um atrativo natural tanto na área costeira, composta de dunas, praias e lagoas, quanto na área marinha com os recifes de corais (parrachos). Atualmente o turismo concentra-se na comunidade de Maracajaú, mas com atividades específicas de mergulho recreativo. Os turistas não têm uma relação longa com o local, pois a maioria vai apenas para o passeio de Barco e mergulho nos parrachos e volta para Natal. Apesar do grande potencial turístico da região, para a promoção da atividade de forma sustentável, muitas ações e implantação de infraestrutura devem ser efetuadas. O turismo pode ser uma fonte importante de renda das comunidades e para o desenvolvimento econômico de todo o município. Figura 13. Caracterização geral da área costeira da região Considerações finais do Diagnóstico Ambiental e Socioeconômico O diagnóstico inicial da APARC, tanto das características físicas, biológicas quanto socioeconômicas foi fundamental para subsidiar as ações de manejo da Unidade Conservação. A partir dos dados obtidos foi possível definir o zoneamento das áreas e todas as atividades que deverão ser desenvolvidas nos programas para promover o uso sustentável efetivo. Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 12

3. ZONEAMENTO AMBIENTAL O zoneamento ambiental é um instrumento de gestão ambiental aplicado em todo mundo e, de acordo com a União Mundial para Conservação da Natureza (IUCN) o zoneamento de uma área tem os seguintes objetivos: Promover a proteção dos ecossistemas e dos processos ecológicos; Separar as atividades humanas conflitantes; Reservar algumas áreas no seu estado natural, permitindo apenas práticas científicas e educativas. No Brasil, o Zoneamento ambiental é uma das ferramentas de gestão determinado pela Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal 6.938/81) e posteriormente regulamentado pelo Decreto Federal 4.297/02. Esse decreto dispõe exclusivamente sobre o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) que tem como principal objetivo organizar a exploração dos recursos naturais, garantindo sua sustentabilidade e a melhoria das condições de vida da população. De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC Lei federal 9.985/00) principal instrumento regulamentador das áreas protegidas, o conceito de zoneamento é (Artigo 2º): Definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz. O principal objetivo do zoneamento da APARC é promover as atividades econômicas e sociais, com a preservação ambiental dos ecossistemas recifais. Além disso o zoneamento visa: - Estabelecer Zonas de Proteção Integral, visando à preservação total dos ecossistemas recifais, apenas com uso de fins científicos (pesquisa, educação ambiental, monitoramento e fiscalização). - Estabelecer Zonas de Uso Intensivo - Atividades Turísticas, visando a definição de áreas adequadas para esse tipo de exploração de forma controlada e sustentável - Estabelecer Zonas de Uso Extensivo - Atividades pesqueiras, em atendimento às especificações estabelecidas na legislação em vigor, Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 13

contribuindo para o controle e exploração sustentável dos recursos pesqueiros; - Estabelecer Zonas de Uso Extensivo Mergulho Autônomo, em áreas de relevância ecológica dos recifes profundos, promovendo a regularização das atividades e controle. O zoneamento preliminar foi elaborado pela equipe técnica do Plano de Manejo, baseado no diagnóstico ambiental, e com a equipe do Núcleo de Unidade de Conservação NUC, do órgão ambiental estadual IDEMA. Posteriormente foi apresentada a proposta de zoneamento junto às comunidades adjacentes da APARC. Após todas as discussões foi definida a versão final do zoneamento mais adequada ao uso sustentável da APARC. Figura 14. Oficinas do zoneamento realizadas nas principais comunidades da região As definições das áreas foram baseadas principalmente nas características bio-ecológicas da região, buscando conciliar a proteção dos ecossistemas recifais com a exploração sustentável dos recursos naturais, que são muitas vezes o sustento de famílias das comunidades de entorno da Unidade de Conservação. As categorias definidas para o Manejo da APARC foram: Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 14

Zona de Proteção Integral São as áreas que devido à fragilidade e riqueza do ecossistema devem ser protegidas de qualquer exploração dos recursos naturais (ex. pesca e turismo). O que pode ser feito nas Zonas de Proteção Integral? Pesquisa Monitoramento Atividades de educação ambiental Por que foram delimitadas como Zonas de Proteção Integral? São áreas de grande importância ambiental, apresentando alta biodiversidade, ocorrência de espécies ameaçadas. Além disso, as zonas protegidas poderão promover a manutenção dos estoques pesqueiros. Zona de Pesca (Zona de uso extensivo) São áreas indicadas de exploração pesqueira, sendo atualmente utilizadas para este fim ou com potencial de uso. São áreas de uso extensivo, uma vez que o nível de interferência será menos representativo e/ou distribuído entre várias sub-áreas. O que pode ser feito nas Zonas de Pesca? Atividades pesqueiras de acordo com a legislação vigente Passeios de Barcos (passagem - visitação) Atividades de Educação Ambiental Por que foram delimitadas como Zonas de Pesca? São áreas tradicionalmente usadas para as atividades pesqueiras ou apresentam potencial para seu desenvolvimento Zona de Recreação (zona de uso intensivo) São áreas já intensamente exploradas por atividades turísticas ou com potencial para estes usos (recreação mergulho e visitação). Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 15

O que pode ser feito nas Zonas de Recreação? Mergulho (autônomo e livre) Passeios de barco (visitação) Atividades de Educação Ambiental Por que foram delimitadas como Zonas de Recreação? São locais rasos, de água rasas, próximo à costa, com formações recifais de grande beleza cênica (parrachos). O turismo recreativo pode contribuir com o desenvolvimento econômico da região. Zona de Mergulho autônomo (Zona de uso extensivo) São áreas com potencial de uso para as atividades turísticas de mergulho autônomo, que deverá ter exclusivamente essa modalidade e devido às características da área (recifes e naufrágios profundos). O que pode ser feito nas Zonas de Mergulho Autônomo? Mergulho (autônomo exclusivamente) Passeios de barco (visitação) Atividades de Educação Ambiental Pesca (regras de convivência) Por que foram delimitadas como Zonas de Recreação? A APARC possui áreas com recifes profundos de grande beleza cênica, sendo um atrativo turismo bastante significativo, podendo contribuir com o desenvolvimento da atividade, gerando renda e emprego para a região. A região possui ainda naufrágios, representando uma grande importância cultural e histórica. As atividades de mergulho autônomo apresentam baixa interferência sobre a área, sendo as áreas definidas para este uso consideradas zonas de uso extensivo. Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 16

Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 17

A partir das categorias estabelecidas e as características de cada porção do território da Unidade de Conservação foi definido o zoneamento da APARC. As categorias de zoneamento foram aplicadas nas principais formações recifais próximo às comunidades adjacentes. Dessa forma é possível conciliar as atividades humanas (pesca e turismo) com a preservação dos recifes e seus recursos naturais PARRACHOS DE MARACAJAÚ Zona Proteção Integral = 2,48 km 2 (15% da área total) Zona de recreação= 1,11km 2 (7,5% da área total) Zona de Pesca= 12,15km 2 (77,5% da área total) PARRACHOS DE RIO DO FOGO Zona Proteção Integral = 2,76 km 2 (24% da área total) Zona de recreação= 0,63 km 2 (5% da área total) Zona de Pesca= 8,32 km 2 (71% da área total) PARRACHOS DE PEROBAS Zona Proteção Integral = 1,07 km 2 (25% da área total) Zona de recreação= 0,13 km 2 (3% da área total) Zona de Pesca= 3,04 km 2 (72% da área total) Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 18

RISCA DO ZUMBI Zona de Mergulho Autônomo = 2,26 km 2 (5,65% da área total) Zona de Pesca= 40,03 km 2 (94,35% da área total) Nas demais áreas são permitidas as atividades pesqueiras, tradicionalmente realizadas pelas comunidades da região, sempre atendendo à legislação. O zoneamento sugere ainda uma alteração da delimitação original da criação da APARC, na qual a porção sul da Risca do Zumbi não estava incluída. Dessa forma foi definido um aumento de 7% da área de abrangência da Unidade de Conservação, que atualmente possui 1.363,44km 2 (136.344hectares) e passaria a ter 1460,42km 2 (146.042hectares). Nessa área está localizado o naufrágio São Luiz, que apresenta características ecológicas e histórias importantes, com potencial de uso principalmente para atividades de mergulho autônomo, sendo, portanto necessário que sejam regularizadas as atividades dentro do Plano de Manejo da APARC, de acordo com as autorizações das instituições responsáveis envolvidas (Secretaria do Patrimônio da União SPU e Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente IDEMA). Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 19

4. PROGRAMAS SÓCIO-AMBIENTAIS Os Programas Sócio-ambientais são as principais ferramentas de gestão da APARC, onde são definidos todos os procedimentos necessários para o manejo da Unidade de Conservação. Os principais objetivos dos Programas Sócio-ambientais são: Conscientizar e capacitar todos os envolvidos nas atividades desenvolvidas na APARC (pesca e turismo) Realizar monitoramentos necessários para a conservação e uso sustentável dos recursos naturais da região Todos os programas definidos pelo Plano de Manejo da APARC têm em média um prazo de 2 a 3 anos para serem executados. Durante esse período o IDEMA e o Conselho Gestor deverão acompanhar as atividades e os resultados, estabelecendo as alterações sempre que necessário. Após o período deverá ser realizada uma avaliação da necessidade de continuação dos programas e/ou de novas atividades para o efetivo e eficiente manejo da APARC. Programas Ambientais Devido à fragilidade e relevância dos ecossistemas recifais foi estabelecida uma série de procedimentos de avaliação ambiental, através da pesquisa científica e monitoramento a serem desenvolvidos para o manejo da Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais. Os programas estabelecidos para as avaliações ambientais englobam parâmetros físicos e biológicos, indicadores da qualidade ambiental dos ecossistemas recifais da região. - PARÂMETROS FÍSICOS o Programa de Monitoramento da Morfodinâmica da Zona Costeira O Programa de Monitoramento da Morfodinâmica da Zona Costeira tem como objetivo o controle e a manutenção das características naturais da zona de praia considerando as faixas emersas e submersas. Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 20

o Programa de Monitoramento dos Parâmetros Oceanográficos Esse programa tem como objetivo criar um banco de dados oceanográficos, através dos estudos e registros de parâmetros mínimos necessários que irão contribuir com as avaliações da qualidade dos ecossistemas recifais e poderão auxiliar nas pesquisas e monitoramentos ambientais. o Programa de Monitoramento Meteorológico e Climático Visa avaliar as condições climáticas da região da APARC para criar um banco de dados meteorológicos, que irão contribuir para o acompanhamento e análises de diversos parâmetros que influenciam direta e indiretamente sobre os ecossistemas o Programa de Monitoramento de Parâmetros Químicos e Físicos Tem o objetivo de registrar e monitorar os parâmetros Físico-químicos marinhos, de forma a elaborar um banco de dados das informações básicas sobre a qualidade ambiental da APARC. - PARÂMETROS BIOLÓGICOS o Programa de Monitoramento da Biodiversidade Marinha O Programa de Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade na APARC tem por objetivo realizar o levantamento detalhado da diversidade de espécies que ocorrem nos limites da APA e avaliar o estado de conservação dos recifes ao longo do tempo. o Programa de Monitoramento de Corais e Esponjas O Programa monitoramento dos corais e esponjas da APARC tem por objetivo verificar ao longo do tempo as possíveis alterações quanto ao recobrimento de corais e esponjas sendo estes tipos de recobrimentos considerados os mais importantes em termos de manutenção da diversidade. o Programa de Monitoramento de Elasmobrânquios O principal objetivo do programa é a realização de levantamento e monitoramento das espécies de tubarões e raias que ocorrem na APARC, identificando a distribuição das espécies e também o acompanhamento da pesca de elasmobrânquios na região. Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 21

o Programa de Monitoramento de espécies ameaçadas, alvo e endêmicas O Programa de Avaliação das Populações de Espécies Alvo, Endêmicas e Ameaçadas tem por objetivo levantar informações sobre populações de espécies de importância econômica (ameaçadas) e ecológica (endêmicas e alvo) na APARC. o Programa de Avaliação da dispersão e assentamento de larvas de peixes recifais Esse programa visa avaliar os padrões de dispersão e assentamento larval de peixes na área da APARC através de experimentos de captura de recrutas e coletas de ictioplâncton. PROGRAMAS SOCIAIS e ECONÔMICOS Os ambientes recifais abrigam uma série de recursos naturais importantes do ponto de vista social e econômico. As principais atividades desenvolvidas nesses ambientes é a pesca e o turismo, sendo necessária a adoção de práticas adequadas para garantir a exploração sustentável, ao mesmo tempo em que devem ser estabelecidas as ações de proteção dos recifes e sua biodiversidade. Para o manejo efetivo da APARC foram elaborados os programas específicos para cada atividade, de forma a permitir o uso racional dos recursos naturais, através do estabelecimento de regras de conduta, e ainda indicadas as formas de controle e monitoramento das referidas atividades. Além disso, as ações educativas são consideradas fundamentais para o manejo da APARC, sendo recomendados programas de educação e conscientização dos diferentes grupos de interesse envolvidos. - PESCA o Programa de Manejo da Pesca da lagosta, polvo e budião Esse programa tem o objetivo de avaliar a rentabilidade da pesca das espécies de lagosta, polvo e budiões (peixes escarídeos) na APARC, enfocando aspectos ecológicos das espécies e alternativas de pesca visando a diminuição do esforço de pesca atual, garantindo a manutenção destes recursos. Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 22

O programa visa ainda estabelecer regras de exploração da pesca do polvo com base na proposta de manejo para este recurso no arquipélago de Fernando de Noronha, de eficiência reconhecida para a espécie que também ocorre na APARC. o Programa de Manejo da Pesca de tresmalho O programa visa avaliar e monitorar a rentabilidade da pesca de arrasto de praia (tresmalho) com a identificação das espécies de interesse comercial e das espécies descartadas pela captura acidental. o Programa de Valorização e Desenvolvimento da Pesca Artesanal O principal objetivo desse programa é propiciar o fortalecimento da atividade pesqueira na APARC, de forma que os pecadores sintam-se valorizados e pratiquem assim a pesca sustentável. - TURISMO o Programa de Visitação e Desenvolvimento do Turismo O programa de visitação e desenvolvimento do turismo tem o objetivo de ordenar e estruturar a visitação para os diferentes tipos de público da APARC e incentivar sua conservação. o Programa de Monitoramento da Visitação Turística O Programa monitoramento da visitação turística tem como principal objetivo ordenar e registrar o fluxo de visitantes da Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais APARC, bem como medir os principais parâmetros ambientais visando à conservação desses importantes ecossistemas. As regras de visitação são específicas para cada região de acordo com suas características bio-ecológicas e demanda social. o Programa de Turismo Sub-aquático O programa de turismo sub-aquático visa estabelecer as regras mais específicas para as atividades de mergulho recreativo e autônomo visando à proteção dos recifes de corais e promover a conscientização ambiental dos visitantes. Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 23

Além disso, o programa irá monitorar a qualidade dos ecossistemas recifais, verificando a capacidade de suporte de cada área. o Programa de Estudos de Capacidade de Carga e Monitoramento do Turismo Sub-aquático Os estudos de capacidade de carga e o monitoramento do turismo subaquático visam o estabelecimento de regras para as atividades desenvolvidas (mergulho e turismo náutico), garantindo a proteção dos recifes de corais e promover a conscientização ambiental dos visitantes. A partir dos resultados dos estudos desenvolvidos será possível determinar uma melhor ordenação da região bem como a revisão da capacidade de visitantes e embarcações por dia que a região pode suportar. - EDUCAÇÃO AMBIENTAL o Programa de Educação Ambiental da APARC O Programa de Educação Ambiental da APARC tem como o principal objetivo promover a sensibilização ambiental e o incremento do conhecimento da população, freqüentadores e turistas da APARC sobre a importância dos recifes de corais e recursos marinhos e a necessidade da sua preservação para o equilíbrio ecológico, sustentabilidade e qualidade de vida de toda a região. 4. DISPOSIÇÕES GERAIS Os recifes de corais apresentam a maior biodiversidade e complexidade dentro dos ecossistemas marinhos, sendo que uma em cada quatro espécies marinhas vive nestes ambientes. Apesar de sua elevada importância ecológica os recifes encontram-se ameaçados no mundo todo. A exploração excessiva da pesca, utilizando equipamentos predatórios, poluição marinha e o uso desordenado pelo turismo são algumas das maiores causas de impactos ambientais nos recifes de corais. Ao mesmo tempo, as áreas recifais são importantes fontes de sustento, especialmente para as comunidades de entorno, através da pesca e do turismo, que dependem diretamente da saúde desses ambientes. Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 24

As Áreas Recifais brasileiras estão concentradas principalmente na região nordeste, em águas claras e quentes. Os recifes costeiros do Brasil são ecossistemas altamente diversificados, ricos em recursos naturais e de grande importância ecológica, econômica e social. Apesar da ampla distribuição ao longo da costa nordestina, e da sua imensa relevância, os recifes de coral se apresentam pouco protegidos, existindo apenas algumas Unidades de Conservação. No Rio Grande do Norte encontra-se uma extensa formação recifal que, devido sua importância ecológica, cênica e econômica, foi declarada como Área de Proteção Ambiental Estadual. A criação da Unidade de Conservação foi uma iniciativa para conciliar os usos já existentes da pesca e turismo recreativo com a proteção dos recifes de corais. As comunidades que habitam as áreas adjacentes à APARC utilizam de forma direta e indireta os recursos naturais fornecidos pelos recifes. Na região existem mais de 4.500 pescadores, e ainda muitas famílias trabalham com turismo de mergulho, especialmente na comunidade de Maracajaú. Devido a essa dependência com os recursos naturais dos ambientes recifais, o ordenamento do uso é primordial para a conciliação da preservação dos ecossistemas e seus recursos ao mesmo tempo em que garante a sustentabilidade das atividades humanas. Algumas experiências em ambientes similares, como na Área de Proteção Ambiental da Costa dos Corais, onde foi determinada a exclusão da pesca e de demais atividades em locais estratégicos, revelaram que, em longo prazo ocorre um aumento na densidade dos estoques pesqueiros, incluindo o aumento da presença de espécies ameaçadas, como o mero. A gestão ambiental das Unidades de Conservação é o elemento básico para a promoção da sustentabilidade dos recursos naturais da região e das atividades humanas das populações de entorno. Através do Plano de Manejo da Unidade de Conservação são conhecidas as principais características ecológicas da área, proporcionando dessa forma o ordenamento das atividades, através do zoneamento, e estabelecimento de programas que fomentem a gestão ambiental. O principal objetivo do Plano de Manejo é o cumprimento das metas estabelecidas na criação da Unidade de Conservação, através da realização de estudo que promovam um maior conhecimento da área e assim determinar as ações necessárias para a gestão ambiental. Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 25

O Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais - APARC foi elaborado por uma equipe multidisciplinar, procurando abranger todos os aspectos associados à Unidade de Conservação, tanto do ponto de vista ambiental quanto socioeconômico. Foi realizado um amplo diagnóstico sócio-ambiental, para a caracterização de toda a região, verificando os usos, necessidades das comunidades, relevância ecológica e os aspectos gerais que estão relacionados com a qualidade da região recifal. Para a gestão apropriada e eficiente, a partir das características bioecológicas de cada área, foi definido o zoneamento da APARC, determinando as zonas onde será permitido o uso para turismo e para pesca, e ainda áreas de proteção integral, onde apenas serão permitidas as atividades de pesquisa, monitoramente e fiscalização. Esse ordenamento foi estipulado visando não apenas a proteção dos recifes e da biodiversidade existente, mas também proporcionar a recuperação dos estoques pesqueiros e garantir a beleza cênica, que é o maior atrativo turístico da região. O Plano de Manejo envolveu ainda a determinação de uma série de Programas de Gestão Ambiental, onde foram determinadas as regras de uso, responsabilidades, procedimentos e os indicadores de desempenho de cada programa. As ações determinadas pelo Plano de Manejo deverão ser implementadas pelo órgão executor da Unidade de Conservação IDEMA, através de recursos próprios (humanos e financeiros), contratação de terceirizados e ainda estabelecimento de parcerias com instituições financeiras, organizações e empresas privadas. O prazo para revisão do Plano de Manejo inicial está previsto para cinco anos, podendo ser feitas alterações, principalmente referente aos programas ao longo do período de execução. Na revisão deverão ser incluídos os novos dados obtidos pelos Programas Sociais e Ambientais e feitas as correções e alterações necessárias para a melhoria contínua do manejo da Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais. Zoneamento e Plano de Manejo da APARC 26