O MAPEAMENTO DA PESQUISA DE EDUCAÇÃO ESTATÍSTICA EM PROGRAMAS BRASILEIROS DE PÓS-GRADUAÇÃO. Eixo Temático: Pesquisa, Educação e seus Fundamentos



Documentos relacionados
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM ENSINO DE ESTATÍSTICA NO ENSINO MÉDIO: um levantamento preliminar da pesquisa acadêmica.

Quantidade de Acessos / Plano de Serviço / Unidade da Federação - Novembro/2007

36ª Reunião Nacional da ANPEd 29 de setembro a 02 de outubro de 2013, Goiânia-GO

TENDÊNCIAS DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO ESTATÍSTICA NO BRASIL DE 2000 A 2013: EVENTOS CIENTÍFICOS

A participação da PUC-Rio em avaliações externas dezembro/2018

BANCO DE TESES E DISSERTAÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO EM ASTRONOMIA: IMPLANTAÇÃO, DIFICULDADES E POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES

A participação da PUC-Rio em avaliações externas março/2018

1. Porcentagem de estudantes com aprendizado adequado em Língua Portuguesa e Matemática nível Brasil, Unidades da Federação e Municípios

Eixo temático 1: Pesquisa em Pós-Graduação em Educação e Práticas Pedagógicas.

O QUE DIZEM AS REVISTAS SOBRE AS TIC E O ENSINO DA MATEMÁTICA

VISÃO PANORÂMICA SOBRE AS PRODUÇÕES PUBLICADAS NA REVISTA DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

A PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA A ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL ( )

Venâncio Bonfim-Silva 1 Edinaldo Medeiros Carmo 2 INTRODUÇÃO

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA NO BRASIL:

A participação da PUC-Rio em avaliações externas agosto/2017

A participação da PUC-Rio em avaliações externas outubro/2017

O QUE DIZEM AS TESES E DISSERTAÇÕES ( ) SOBRE O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DO PROFESSOR INICIANTE NA REDE ESTADUAL PAULISTA

III SEMINÁRIO EM PROL DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Desafios Educacionais

A participação da PUC-Rio em avaliações externas outubro/2016

Vanessa Borges da Cunha (Bolsista ICV), Denis Barros de Carvalho (Orientador, Departamento de Fundamentos da Educação/UFPI).

A diversidade arquivística brasileira

26/09/2018

Acre Previsão por Coeficiente no Estado

Patrícia Sândalo Pereira 1 Edinalva da Cruz Teixeira Sakai 2 Rogers Barros de Paula 3. Introdução

ENSINO DO CÓDIGO RDA: processos e desafios na implantação no curso de Biblioteconomia da UFG. Filipe Reis UFMG Luciana Candida UNESP/UFG

A PESQUISA E OS CONTEXTOS DA PRODUÇÃO: A EDUCAÇÃO ESTATÍSTICA NOS PROGRAMAS BRASILEIROS DE PÓS-GRADUAÇÃO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA SAEB PRIMEIROS RESULTADOS:

AS PESQUISAS SOBRE O ENSINO DE ESTATÍSTICA: UM ESTUDO A PARTIR DA PRODUÇÃO ACADÊMICA

TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DE COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA

ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM: ESTUDO BIBLIOMÉTRICO DOS RESUMOS APRESENTADOS NOS ANAIS DO 62º CBEN. Ricardo Quintão Vieira 1 Maria Cristina Sanna 2

Cursos de Dança no Brasil. Dulce Aquino

O ESTADO DA ARTE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM CATALOGAÇÃO NAS REGIÕES NORTE E NORDESTE

Universidade Federal da Bahia Biblioteca Central Macedo Costa. Reitor Naomar Monteiro de Almeida Filho

GÊNERO E SEXUALIDADE COMO TEMAS DE TESES E DISSERTAÇÕES: LEVANTAMENTO QUANTITATIVO NOS REPOSITÓRIOS DO IBICT E DA CAPES

BALANÇO DE PRODUÇÃO SOBRE APRENDIZAGEM COOPERATIVA E EDUCAÇÃO SUPERIOR

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL. ICPN Junho de 2016

9, R$ , , R$ ,

O MAPA DA EXTREMA INDIGÊNCIA NO CEARÁ E O CUSTO FINANCEIRO DE SUA EXTINÇÃO

A CRIAÇÃO E EXPANSÃO DOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA NO BRASIL: DE 1971 A 2014.

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL ICPN. Setembro de 2015

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E OS ARTEFATOS MIDIÁTICOS NAS PRODUÇÕES ACADÊMICAS EM UNIVERSIDADES FEDERAIS NO NORDESTE BRASILEIRO

Propostas de Cursos No 132 a Reunião CTC-ES 12 a 16 de dezembro de

TABELA 155. Freqüência anual de transplante de pulmão por UF

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL. ICPN Abril de 2016

Um balanço do GT População e História na ABEP

OBJETIVOS. PALAVRAS CHAVE: Produção científica, Sequência de ensino-aprendizagem, Pesquisa em Ensino de Ciências, Didática das Ciências.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA DIRETORIA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Teses e Dissertações sobre o Ensino de Química no Brasil: análises preliminares

AS PROPOSTAS E OS DIFERENCIAIS DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E DOCÊNCIA EM EAD: entrevista com José Wilson da Costa

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL ICPN

UMA ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA NOS LIVROS DO ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO DA CIDADE DE JATAÍ

AS DESPESAS DOS GOVERNOS FEDERAL, ESTADUAIS E MUNICIPAIS COM A FUNÇÃO GESTÃO AMBIENTAL EM 2010

BASE DE DADOS DE PSICOLOGIA

Atualização do custo total dos acidentes de trânsito no Brasil Histórico da Revisão

Literatura Econômica sobre o BNDES. Luciane Melo Setembro/2015

Síntese de indicadores. nº 1 setembro 2012 CAGED

Introdução Introdução

Três décadas de pesquisa sobre a formação de professores de alemão no Brasil

EXPANSÃO E PRIVATIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR DE HISTÓRIA: MAPEAMENTO DO MERCADO DE FORMAÇÃO DE HISTORIADORES

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL ICPN

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL. ICPN Maio de 2016

PLANO DE TRABALHO: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS SOBRE O CONCEITO DE AMANUALIDADE

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL ICPN

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL. ICPN Novembro de 2015

IFRN UERN - UFERSA ESTADO DA ARTE

ACEITABILIDADE E GRAU DE APROVAÇÃO DO PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS (PROUNI), SEGUNDO PERCEPÇÕES DOS SEUS BENEFICIÁRIOS

UM OLHAR SOBRE A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE CIÊNCIA E MATEMÁTICA PARA O USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL. ICPN Março de 2016

CURRÍCULO DE BIOLOGIA PARA EJA: AVALIANDO QUALITATIVAMENTE E QUANTITATIVAMENTE

A CONCENTRAÇÃO DO PIB MEDIDA PELO ÍNDICE HERFINDAHL- HIRSCHMAN: O CASO DAS MESORREGIÕES GEOGRÁFICAS BRASILEIRAS NO PERÍODO DE 1985 A 2010

Aula 2 REVISÃO DE LITERATURA. Weverton Santos de Jesus João Paulo Mendonça Lima

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL. ICPN Fevereiro de 2016

XVIII ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO ENANCIB 2017

A PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA SOBRE O PARFOR

CAEN-UFC RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 02

O ESTADO DO CONHECIMENTO DAS PESQUISAS SOBRE A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Projeto Gênero e educação: fortalecendo uma agenda para as políticas educacionais

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL (ICPN) Maio / 2014 (dados até Abril)

REFLEXOS E PARADIGMAS DA GUERRA FISCAL DO ICMS

A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL ( )

PIM PF (IBGE) Pesquisa Industrial Mensal Produção Física JANEIRO/2019

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL ICPN

Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos - Março de Inadimplência com cheques atinge 2,32% em março, aponta Serasa Experian

XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

III SEMINÁRIO DE PRÁTICA DE PESQUISA EM PSICOLOGIA ISSN: Universidade Estadual de Maringá 23 de Novembro de 2013

Primeira análise no CTC-ES - Resultado sujeito a revisão após pedido de reconsideração - Propostas Acadêmicas

Antonio Castelnou DOCUMENTOS CIENTÍFICOS

A DÍVIDA ATIVA INSCRITA PELOS MUNICÍPIOS E A RECEITA COM ELA AUFERIDA: A SITUAÇÃO EM 2010

A LEITURA E ESCRITA NAS AULAS DE CIÊNCIAS: UMA ANÁLISE SOBRE A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM REVISTAS DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E NAS ATAS DO ENPEC

Autor: Nicholas Davies, prof. da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ

Prévia do Mapa da Violência Os jovens do Brasil

TÓPICOS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA MOMENTO 03. Universidade Federal Fluminense

OBSERVATÓRIO DO TRABALHO DE DIADEMA

Estatísticas e Indicadores do Ensino Fundamental e Médio. Tiragem Limitada

TENDÊNCIAS DE TESES E DISSERTAÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO EM ASTRONOMIA NO BRASIL 1. Paulo Sergio Bretones (IG/UNICAMP e ISCA) Jorge Megid Neto (FE/UNICAMP)

ANÁLISE DE TRABALHOS EM EDUCAÇÃO ESTATÍSTICA DO XII ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

LIVROS DIDÁTICOS: A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO ACERCA DO ENSINO DA GEOGRAFIA

Doutores titulados em programas com notas 6 e 7 são 35% do total em 2015 e vêm acompanhando a recente expansão

Transcrição:

O MAPEAMENTO DA PESQUISA DE EDUCAÇÃO ESTATÍSTICA EM PROGRAMAS BRASILEIROS DE PÓS-GRADUAÇÃO Eixo Temático: Pesquisa, Educação e seus Fundamentos Pôster Rodrigo Medeiros dos Santos 1 Resumo O presente trabalho visa, a partir do inventário e sistematização de teses e dissertações, realizar o mapeamento da pesquisa em Educação Estatística no Brasil, destacando, sobretudo, as principais universidades, programas, regiões e unidades federativas onde são produzidas, os principais orientadores e os níveis de ensino contemplados. Para tanto, foi desenvolvido o catálogo geral da produção a partir da inventariação das teses e dissertações. A pesquisa é caracterizada metodologicamente como descritiva e histórico-bibliográfica, uma vez que visa o garimpo da pesquisa brasileira e seu estudo analítico-descritivo. Os resultados apontam 260 trabalhos acadêmicos defendidos em programas de pós-graduação de 56 Universidades brasileiras localizadas em 14 estados, sendo 229 dissertações e 31 teses. Os tipos de Programa de Pós-Graduação e os principais orientadores são destacados e a evolução do quantitativo da produção é discutida. Palavras-chave: Educação Estatística; Estado da arte; Ensino de Estocástica. 1 Doutorando em Educação UNICAMP. Programa de Pós-Graduação em Educação. Faculdade de Educação. Campinas-SP. Pesquisa financiada pela CAPES.

Ideias Iniciais Os avanços na pesquisa em qualquer área do conhecimento implicam necessariamente na produção contínua de novos e numerosos estudos acadêmicos elaborados na medida em que novas ideias e teorias são propostas. O acúmulo iminente e desordenado de informação em uma determinada área de pesquisa pode levar à desagregação de informações intercaladas e à desconsideração do caminho histórico trilhado pela pesquisa. Estudos que realizam um balanço e encaminham para a necessidade de um mapeamento que desvende e examine o conhecimento já elaborado, apontando tendências e lacunas observáveis, são conhecidos como estado da arte. A pesquisa do estado da arte constitui um estudo abrangente que aponta os caminhos tomados pela pesquisa, possibilitando contribuir com a organização e análise na definição de um campo ou área do conhecimento. Podemos dizer que este trabalho representa a conclusão da primeira etapa da realização de um estado da arte na pesquisa brasileira em Educação Estatística. São apresentados alguns resultados preliminares, sem, no entanto, compor o estado da arte em si, pois não são contempladas as múltiplas perspectivas referentes às ênfases e lacunas temáticas e metodológicas, além de suas relações com as demais variáveis da produção acadêmica no âmbito dos programas de pós-graduação. Aqui, a ênfase é dada a uma análise quantitativa que revele a configuração física emergente da pesquisa no âmbito dos programas de pósgraduação brasileiros e que permita a compreensão desta configuração sob um pano de fundo que considere os principais acontecimentos históricos que influenciaram a ascensão da pesquisa. Em outras palavras, o que realizamos aqui é um mapeamento da pesquisa, revelando suas características intrínsecas numa perspectiva de movimento físico (quem faz a pesquisa? De que forma ela se apresenta? Onde é feita? Etc.) A decisão metodológica de tomar teses e dissertações para a constituição dessa análise está galgada em três argumentos. Em primeiro lugar, a maior consistência teórico-metodológica dos trabalhos produzidos no âmbito dos cursos de pós-graduação stricto-sensu, uma vez que são geralmente constituídos a partir de rigorosa orientação e posteriormente julgados e aprovados por uma banca examinadora; em segundo lugar, pesquisas fora do âmbito de pós-graduação, além de possuírem relatos mais sintéticos e objetivos que aqueles expressos em dissertações ou teses acadêmicas, raramente explicitam o processo de investigação, dificultando a análise de inquérito das mesmas; e, por último, o fato de que, devido a sua maior abrangência, consistência e profundidade teóricas, teses e dissertações conseguem congregar com êxito a pesquisa dispersa em múltiplas plataformas (artigos, resumos, anais, livros, etc.). Procedimentos Metodológicos

A presente pesquisa caracteriza-se metodologicamente como descritiva, quanto aos seus objetivos, e histórico-bibliográfica, segundo o seu processo de coleta de dados. Descritiva porque deseja descrever ou caracterizar com detalhes uma situação. Histórico-bibliográfica em sua natureza metodológica de coleta de dados, uma vez que se propõe a realizar uma análise histórica de estudos, tendo como material de análise documentos escritos garimpados a partir de arquivos e acervos (FIORENTINI; LORENZATO, 2009). A constituição do corpus da pesquisa ocorreu integralmente em meio digital. As fontes foram: Banco de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior - CAPES, a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações - BDTD e o acervo de currículos da Plataforma Lattes 2. As principais palavras-chave utilizadas para a busca foram: Educação Estatística, Ensino de Estatística, Ensino de Probabilidade, Ensino de Estocástica, Tratamento da informação e Gráficos e Tabelas. As variáveis obtidas foram: nome do autor, ano de defesa, tipo de trabalho (tese/dissertação), instituição onde foi defendido, região e estado da federação, orientador (a), tipo de mestrado (acadêmico/profissional), enfoque de conteúdo e nível de ensino pesquisado. O fato é que, em qualquer pesquisa dessa natureza, provavelmente nenhuma das fontes de busca proverá um catálogo completo e fiel daquilo que, de fato, é produzido nos programas de pós-graduação no Brasil. Seja por lacunas de implementação em seus métodos de busca, seja por problemas nas instituições, que falham em enviar metadados a essas bases, ou ainda porque simplesmente o pesquisador não possui ou não atualiza seu currículo Lattes. Logo se vê que a decisão de toma-las conjuntamente, de tal forma que se complementem entre si, visa nada mais do que a constituição de um inventário de trabalhos mais completo. Ao menos tão completo quanto possível, poderíamos acrescentar. E, ainda que estas fontes se configurassem, de fato, como bases de dados completas, seria fundamental, de um modo ou de outro, admitirmos a possibilidade de não termos conseguido obter a totalidade dessas teses e dissertações produzidas. E, muito embora tenhamos nos esforçado no sentido de buscar esta totalidade, compreendemos que existe a possibilidade de uma ou outra ter nos escapado no processo de garimpo. A ideia desta pesquisa, no entanto, é abarcar um quantitativo de trabalhos tão significativo que nos permita uma análise consistente dessa produção, possibilitando explicitar as variáveis de interesse com o máximo de verossimilhança possível. Os critérios tomados aqui para arrolar os trabalhos foram os seguintes: apenas compuseram o corpus do trabalho teses e dissertações produzidas em programas de pós- 2 CAPES: http://www.capes.gov.br/ BDTD: http://bdtd.ibict.br/ Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/

graduação brasileiros até 2012 e que abordam questões relacionadas com o ensinoaprendizagem de Combinatória, Probabilidade e Estatística. Ferreira (2002) aponta dois aspectos relevantes na realização de um trabalho do tipo estado da arte. O primeiro envolve as tendências temáticas e os enfoques teóricometodológicos, indicando os rumos que estão sendo trilhados pela pesquisa. O segundo aspecto é o que mobiliza o movimento físico da produção acadêmica, que responde questões sobre quem e de onde são os autores desses trabalhos, pesquisador, instituição. Restringiremos a abordagem deste trabalho ao segundo aspecto apontado pela autora, descrevendo em termos de movimento físico, dentre outros aspectos, quando, onde e quem produz esses trabalhos acadêmicos, quem orienta, que instituições se destacam e que níveis de ensino são privilegiados. O Mapeamento da pesquisa Brasileira em Educação Estatística até o ano de 2012 Em um levantamento realizado a partir do garimpo de teses e dissertações produzidas em programas de pós-graduação no Brasil até o ano de 2012, foram verificados 260 trabalhos, sendo 31 teses e 229 dissertações. E, dessas dissertações, 178 são de Mestrado Acadêmico e 51 de Mestrado Profissional. 31 Teses 260 Trabalhos 178 Mestrado Acadêmico 229 Dissertações 51 Mestrado Profissional Verificamos, portanto, que as Teses compõem apenas 12% da produção acadêmica, enquanto que as Dissertações perfazem 88% deste total, conforme mostra a Figura 1. Figura 1: Gráfico em setores para a relação Dissertação x Tese na produção brasileira em Educação Estatística em programas de Pós-graduação até o ano de 2012.

Ao todo, 56 universidades brasileiras apresentaram em seus programas de pósgraduação algum trabalho na área de Educação Estatística. A Tabela 1 aponta, dentre essas 56, aquelas onde mais foram produzidos trabalhos. Tabela 1: Principais Universidades brasileiras onde foram produzidas teses e dissertações na área da Educação Estatística até 2012. Instituição Quantidade Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) 62 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 22 Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) 15 Universidade Bandeirantes de São Paulo (UNIBAN) 12 Universidade Cruzeiro do Sul 10 Universidade Estadual Paulista (UNESP) 10 Universidade de São Paulo (USP) 9 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) 9 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 9 Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) 8 Universidade Luterana do Brasil/Canoas (ULBRA-Canoas) 8 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) 7 Universidade São Francisco (USF) 7 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 6 Universidade Federal do Paraná (UFPR) 6 A partir da análise da Tabela 1, verificamos que a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP, que agrega um mestrado acadêmico em Educação Matemática, um mestrado profissional em ensino de Matemática e um doutorado em Educação Matemática, é a universidade que apresenta o maior número de produções, 62 ao todo. Em seguida, vem a Universidade Federal de Pernambuco UFPE, cujo programa de pós-graduação em Educação

Matemática e Tecnológica vem crescendo bastante nos últimos anos em produção. Também na UFPE, o programa de pós-graduação em psicologia cognitiva vem demonstrando crescente interesse nos processos de aprendizado de Matemática e Estatística, com algumas produções vindo a lume. Em seguida, vem a Universidade Estadual de Campinas UNICAMP, cujo programa de educação apresentou nas últimas décadas numerosas e importantes pesquisas na área da Educação Matemática e onde, nos últimos anos, vem crescendo o interesse por trabalhos na área de Educação Estatística. A produção das 15 universidades mostradas na Tabela 1 representa mais de 76% do total de trabalhos arrolados por esta pesquisa. A Tabela 2 apresenta a produção brasileira em Educação Estatística por Região e Estados da Federação até o ano de 2012. Tabela 2: Produção brasileira de teses e dissertações na área de Educação Estatística por estados e por região, até 2012. Região Estado Total % Centro-Oeste Distrito Federal 2 0.77 Goiás 1 0.38 Mato Grosso do Sul 2 0.77 Centro-Oeste Total 5 1.92 Nordeste Ceará 1 0.38 Paraíba 2 0.77 Pernambuco 25 9.62 Sergipe 1 0.38 Nordeste Total 29 11.15 Norte Pará 2 0.77 Norte Total 2 0.77 Sudeste Minas Gerais 14 5.38 Rio de janeiro 11 4.23 São Paulo 141 54.23 Sudeste Total 166 63.85 Sul Paraná 13 5.00 Rio Grande do Sul 32 12.31 Santa Catarina 13 5.00 Sul Total 58 22.31 Total Geral 260 100.00 A partir da análise da Tabela 2, verificamos que, ao todo, 13 estados, além do Distrito Federal, possuem programas que apresentaram alguma produção na área de Educação Estatística, com o estado de São Paulo totalizando mais da metade de toda a produção nacional.

O Rio Grande do Sul é o segundo estado, com produções realizadas na ULBRA-Canoas, UFSM, PUC-RS e UFRGS. Pernambuco é o estado que mais produz no Nordeste e o terceiro que mais produz no país, com 22 trabalhos produzidos na UFPE, e 3 na UFRPE. É claro que esses valores não significam necessariamente que apenas os pesquisadores desses estados fazem estudos na área, uma vez que há de ser levado em consideração que uma boa parte dos pesquisadores que realizam esses cursos de pós-graduação se desloca de outros estados para estudar nos programas onde foram aprovados. A produção em determinado estado tem a ver com a quantidade de programas de pós-graduação que cada estado congrega e a quantidade de produção por programa. A Figura 2 apresenta um gráfico em setores para os níveis de ensino contemplados pelas pesquisas. Figura 2: Gráfico em setores para os níveis contemplados pela pesquisa em Educação Estatística no Brasil até 2012. A partir da análise da Figura 2, é possível notar um certo equilíbrio na distribuição dos níveis contemplados pela pesquisa, com uma leve superioridade no nível superior, que compõe 38% dos trabalhos, seguido do ensino Fundamental (33%) e do ensino Médio (29%). No geral, o gráfico da Figura 2 nos mostra que nenhum nível de ensino contemplado pelas pesquisas se destaca de forma significativa em detrimento dos demais, o que, por sua vez, é um indicativo de que as preocupações dos pesquisadores ocorrem quase que em nível de equidade entre os três níveis de ensino. Já mostramos que a proporção de teses e dissertações produzidas é de 88% para 12% (ver Figura 1). A Figura 3 nos mostra um gráfico em linhas que nos apresenta de que forma

ocorreu ao longo dos anos no Brasil a evolução da produção de teses e dissertações em termos quantitativos. Figura 3: A evolução na produção de teses e dissertações de Educação Estatística produzidas em programas de pós-graduação brasileiros até 2012. A partir da análise do gráfico da Figura 3, é possível verificar que, muito embora oscilante em alguns momentos, a produção de dissertações apresenta uma tendência geral crescente ao longo dos anos, não sendo acompanhada pela produção de teses, que se mantém estável e abaixo do quantitativo de 5 trabalhos por ano durante todo o período pesquisado. O fato de o quantitativo de teses não apresentar o mesmo quadro crescente de evolução apresentado pelo quantitativo de dissertações é um indicativo de que a pesquisa em Educação Estatística ainda não ganhou muita força ao longo dos anos nos programas brasileiros de doutorado. Entretanto, podemos admitir que o aumento na produção de dissertações nos últimos anos possa representar, por sua vez, um possível aumento na produção de teses em um futuro próximo. Esta é uma prerrogativa plausível e natural, uma vez que o crescente quantitativo de mestres formados nas últimas décadas compõe um corpo cada vez maior de candidatos elegíveis ao doutorado para os anos vindouros. Já mencionamos as regiões, os estados da federação e as principais Universidades onde a pesquisa em Educação Estatística é realizada. Buscamos agora verificar em quais programas de Pós-Graduação essa pesquisa tem sido produzida. A Tabela 3 nos fornece essa informação. Tabela 3: Programas de Pós-Graduação onde foi produzida a pesquisa brasileira em Educação Estatística até o ano de 2012. Programas de Pós-Graduação Total % Educação 67 25.77 Educação Matemática 44 16.92

Ensino de Matemática 44 16.92 Ensino de Ciências e Matemática 28 10.77 Educação Matemática e Tecnológica 20 7.69 Educação em Ciências e Matemática 11 4.23 Engenharia de Produção 6 2.31 Matemática 5 1.92 Psicologia 4 1.54 Ciências da computação 4 1.54 Administração de Organizações 4 1.54 Ensino de Ciências 3 1.15 Ensino de Física e Matemática 3 1.15 Ensino de Ciências Exatas 3 1.15 Estatística e experimentação agrária 2 0.77 Educação Científica e Tecnológica 2 0.77 Ensino de Ciência e Tecnologia 1 0.38 Computação 1 0.38 Educação Agrícola 1 0.38 Administração de Empresas 1 0.38 Estudos Linguísticos 1 0.38 Saúde Coletiva 1 0.38 Comunicação 1 0.38 Educação, administração e comunicação 1 0.38 Ensino das Ciências 1 0.38 Ensino de Ciências Naturais e Matemática 1 0.38 Total Geral 260 100.00 Em primeiro lugar, nos chama a atenção a grande diversidade de programas onde esta pesquisa é produzida no Brasil, evidenciando dois aspectos dignos de menção. Em primeiro lugar, a natureza interdisciplinar da Estocástica, que permite que a pesquisa relacionada ao seu ensino ultrapasse o âmbito dos programas de Educação Matemática, atingindo programas como o de Comunicação (USP), Administração de Organizações (USP), Psicologia (USF), Ciências da Computação (UFSC), Estudos Linguísticos (UFMG), Engenharia de Produção (UFSM), Saúde Coletiva (UERJ), entre outros. Este fato, por si só, já é revelador do largo espectro e da amplitude atingida pela pesquisa no Brasil. Em segundo lugar, nos chama a atenção que o ensino da Estocástica no nível superior suscite preocupações também fora do âmbito dos cursos de Ciências Exatas. Isto nos revela que, de certa forma, o ensino da Estatística enquanto disciplina de serviço também carece de estruturação teórica no campo da didática, fato que não tem passado despercebido pelos pesquisadores.

Considerações Finais O intuito desde trabalho foi o de realizar um mapeamento da pesquisa em Educação Estatística em programas de pós-graduação brasileiros até o ano de 2012, destacando, sobretudo, as principais universidades, programas e unidades da federação onde esta pesquisa é produzida, os principais orientadores, os níveis de ensino contemplados, além de fazer um breve resgate histórico da trajetória e evolução dessa pesquisa ao longo dos anos. Sabemos que, embora a pesquisa em Educação Estatística encontre-se atualmente em uma fase de consolidação, ainda existe um longo caminho para que esta pesquisa se converta em realidade concreta nas salas de aula. Um exemplo ilustrativo disso está no estudo de Oliveira (2006), que realizou uma análise quantitativa e qualitativa dos conteúdos de Probabilidade e Estatística em livros didáticos de Matemática para o ensino médio, publicados entre 1992 e 2005. O estudo revela, dentre outras coisas, a fraca ênfase dispensada a estes conteúdos nos livros didáticos, a apresentação de conceitos equivocados, a ausência de contextualização e a falta de encorajamento ao uso de computadores e calculadoras nas aulas. O crescente quantitativo de pesquisas brasileiras nas últimas décadas aponta para um cenário de grande preocupação por parte dos pesquisadores para com o ensino de Estocástica em todos os níveis de ensino. Mas ainda é preciso que esta preocupação se converta em ação dentro das salas de aula por parte dos professores. A Estocástica representa um importante papel na formação do cidadão crítico e consciente, e seu ensino tem sido encorajado desde as séries iniciais por muitos pesquisadores brasileiros que acreditam ser a Estocástica um componente curricular fundamental em todos os níveis de ensino. Concordamos e apoiamos esta premissa. Bibliografia FERREIRA, N. S. A. As pesquisas denominadas estado da arte. Educação & Sociedade, Campinas, ano 23, n. 79, p. 257-272, ago. 2002. FIORENTINI, D.; LORENZATO. S. Investigação em Educação Matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas: Autores Associados, 2009. 228 p. (Coleção formação de professores). OLIVEIRA, P. I. F. A Estatística e a Probabilidade nos Livros Didáticos de Matemática do Ensino Médio. 2006. 100 f. Dissertação (Mestre em Educação em Ciências e Matemática) Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, Pontifícia Universidade católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.