Calor Específico. 1. Introdução



Documentos relacionados
CARGA E DESCARGA DE CAPACITORES

Comparando calores específicos. Introdução. Materiais Necessários

Aula 8 CONSERVAÇÃO DE ENERGIA I - CAPACIDADE CALORÍFICA DO CALORÍMETRO. Menilton Menezes

Nome: Nº: Turma: Calorimetria

BALANÇO ENERGÉTICO NUM SISTEMA TERMODINÂMICO

PROBLEMAS DE TERMOLOGIA

MEDIDAS FÍSICAS FEX 1001

EXERCÍCIOS PARA ESTUDOS DILATAÇÃO TÉRMICA

Laboratório de Física I. Experiência 3 Determinação do coeficiente de viscosidade de líquidos. 26 de janeiro de 2016

Química 12º Ano. Unidade 2 Combustíveis, Energia e Ambiente. Actividades de Projecto Laboratorial. Janeiro Jorge R. Frade, Ana Teresa Paiva

3.1 Manômetro de tubo aberto

Erros e Incertezas. Rafael Alves Batista Instituto de Física Gleb Wataghin Universidade Estadual de Campinas (Dated: 10 de Julho de 2011.

2.1 Movimento Retilíneo Uniforme e Uniformemente Acelerado

A.L. 0.1 RENDIMENTO NO AQUECIMENTO

Introdução à Psicrometria. Parte1

Pelo que foi exposto no teorema de Carnot, obteve-se a seguinte relação:

Práticas de. Química Geral e Orgânica. para Engenharia Ambiental

Considere que, no intervalo de temperatura entre os pontos críticos do gelo e da água, o mercúrio em um termômetro apresenta uma dilatação linear.

LISTA DE EXERCÍCIOS de TERMOMETRIA E CALORIMETRIA PARA P1 DE FÍSICA 1 BIMESTRE 2 ANO.

Experiência 1 Medidas: Leitura de instrumentos:

EXPERIMENTO 1 MEDIDAS E TRATAMENTO DE DADOS

ROTEIRO DE ESTUDOS 2015 Disciplina: Ciências Ano: 9º ano Ensino: FII Nome: Atividade Regulação do 3º Bimestre Ciências

ROTEIRO DE ORIENTAÇÃO DE ESTUDOS Ensino Médio

Roteiro do Experimento Efeito Fotoelétrico Modelo Ondulatório da Luz versus Modelo Quântico da Luz

Suponha que a velocidade de propagação v de uma onda sonora dependa somente da pressão P e da massa específica do meio µ, de acordo com a expressão:

LISTA DE EXERCÍCIOS Trabalho, Calor e Primeira Lei da Termodinâmica para Sistemas

Roteiro para movimento uniforme e uniformemente variado

MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME Força centrípeta

ESTUDO DE UM CIRCUITO RC COMO FILTRO

COMPORTAMENTO DOS GASES - EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO E TESTES DE VESTIBULARES

SINTONIA DE UM CONTROLADOR PID NO AQUECIMENTO DE UMA CÂMARA TÉRMICA

A forma geral de uma equação de estado é: p = f ( T,

CALORIMETRIA Calor. CALORIMETRIA Potência ou Fluxo de Calor

EPV-895 PANELA ELÉTRICA DE ARROZ

Calorimetria Sensível, latente e potência (sem equilíbrio térmico)

Aula 11 Mudança de Estado Físico Questões Atuais Vestibulares de SP

CURSO DE INSTRUMENTAÇÃO. Erros de Medição. Cedtec 2007/2. Sem equivalente na Apostila 1 Pressão e Nível

EXPERIÊNCIA 9 DIODOS SEMICONDUTORES E CURVAS CARACTERÍSTICAS

ALUNO: Nº SÉRIE: DATA: / / PROF.: VICTOR GERMINIO EXERCÍCIO DE REVISÃO I UNIDADE FÍSICA 2º ANO B ENSINO MÉDIO

defi departamento de física

COMO FAZER FOTOGRAVURA

Capacitor em corrente contínua

4. (Mackenzie 2010) Uma placa de alumínio (coeficiente de dilatação linear do alumínio =

Termologia Parte 1. . Se sua temperatura fosse medida por um termômetro graduado na escala Fahrenheit, qual seria a leitura?

TRANSFORMAÇÕES GASOSAS

BC 0208 Fenômenos Mecânicos. Experimento 2 - Roteiro

TUBO DE PITOT. O tubo de Pitot é empregado para medição de velocidades principalmente em escoamento de gases como, por exemplo, na aviação.

A transferência de calor ocorre até o instante em que os corpos atingem a mesma temperatura (equilíbrio térmico).

Aula 6 Propagação de erros

Módulo 08 - Mecanismos de Troca de Calor

ENERGIA TÉRMICA: A Energia Térmica de um corpo é a energia cinética de suas moléculas e corresponde à sua temperatura.

Qual é o estoque mínimo que irá garantir o nível de serviço ao cliente desejado pela empresa?

Questão 1. Como podemos explicar a dilatação dos corpos ao serem aquecidos?

Capítulo II. Elementos de Circuitos

PRÁTICA 03 CALIBRAÇÃO DE APARELHOS VOLUMÉTRIOS.

Capítulo 4: Análise de Sistemas - 1ª e 2ª Leis da Termodinâmica

Física Térmica Exercícios. Dilatação.

Experiência 01: ACIONAMENTO DE MOTORES COM O INVERSOR DE FREQUÊNCIA. Objetivo Geral: - Acionar um motor elétrico através de um inversor de frequência.

Prática 1: Movimento Retilíneo Uniforme

As constantes a e b, que aparecem nas duas questões anteriores, estão ligadas à constante ρ, pelas equações: A) a = ρs e b = ρl.

Termologia. Ramo da física que estuda o. relacionados.

Data: Experiência 01: LEI DE OHM

Manual do Usuário. Quiz Online

Física 2 - Termodinâmica

TC 3 Revisão UECE 1 a. fase Física Prof. João Paulo

Figura 1 Circuito capacitivo em série.

ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DE SANTA CATARINA UNIDADE DE ENSINO DE SÃO JOSÉ

Medição de comprimentos, massas e tempos

1) O que é Não-Linearidade?

MICROSOFT OFFICE EXCEL 2007

GERAÇÃO DE CURVAS DE NÍVEL

Manual de Instruções. Escova Mágica. Leia atentamente antes de usar. Professional en2000 CHOCOLATE en3000 VERMELHA

MANUAL DE INSTRUÇÕES DO CADINHO DE SOLDA MODELO TS agosto de 2012

DETERMINAÇÃO DO CALOR ESPECÍFICO DO ALUMÍNIO

Física II Ondas, Fluidos e Termodinâmica USP Prof. Antônio Roque Aula 14

Exercícios Gases e Termodinâmica

ENTENDA OS PRINCÍPIOS DA ALTIMETRIA

defi departamento Lei de Ohm de física

Experimento 9 : Medidas, Erros e Visualização de Dados Experimentais. Docente Sala (lab) Grupo

ATRITO ESTÁTICO E MOVIMENTO PARABÓLICO

Atividade experimental - Tema: Luz

Universidade Estadual de Campinas. Relatório Disciplina F 609

defi departamento de física

Análise de Regressão. Notas de Aula

CARTILHA DOS PROCEDIMENTOS DA BIOMETRIA

BC Fenômenos Mecânicos. Experimento 4 - Roteiro

Mecânica e Ondas. Trabalho de Laboratório. Conservação da Energia Mecânica da Roda de Maxwell

Mecânica dos Solos I

Prática 04 Determinação Da Massa Molar De Um Líquido Volátil

Revisado em 18/11/2008

PARTE EXPERIMENTAL. Nesta parte experimental, iremos verificar algumas relações e fenômenos discutidos na parte teórica.

CÁLCULO DO MODELO NUMÉRICO (MDT)

4.1 Experimento 1: Cuba Eletrostática: Carga, Campo e Potenciais Elétricos

A.L. 1.3 IDENTIFICAÇÃO DE UMA SUBSTÂNCIA E AVALIAÇÃO DA SUA PUREZA

Vestibular Nacional Unicamp ª Fase - 13 de Janeiro de Física

1) Cálculo do tempo de subida do objeto: V y. = V 0y. + γt s 0 = 4 10t s. t s. = 0,4s. 2) Cálculo do tempo total de vôo : t total.

2 Limites e Derivadas. Copyright Cengage Learning. Todos os direitos reservados.

SISTEMA DE AQUECIMENTO SOLAR DIDÁTICO EMPREGANDO UMA BANDEJA METÁLICA *

AÇÃO FORMATIVA EM PRODUÇÃO AUDIOVISUAL

1.ª e 2ª Lei da Termodinâmica Física 10º Ano

Transcrição:

Calor Específico 1. Introdução Nesta experiência, serão estudados os efeitos do calor sobre os corpos, e a relação entre quantidade de calor, variação da temperatura e calor específico. Vamos supor que tenhamos certa quantidade de massa m de um material com calor específico igual a c. Para a sua temperatura sofrer uma variação de ΔT, a quantidade de calor necessária será: Q = mcδt (1) Vamos supor que um experimento realizado em um recipiente que não seja adiabático, por exemplo, um simples béquer que facilmente perde calor para o meio ambiente [1]. Se nesse béquer for colocada certa quantidade de água aquecida, com o passar do tempo a sua temperatura vai decrescer, pois passará a existir uma perda para o ambiente (Parte I). Se, além disso, durante este resfriamento, um pedaço de metal com temperatura inferior a água foi introduzido nela, a água perderá calor também para o metal (Parte II), o que corresponde a uma perda no interior do sistema. Após estabelecer um equilíbrio termodinâmico, o sistema (água + metal) continua a perder calor para a vizinhança (Parte III). A Parte III mostra a mesma taxa de transferência de calor apresentada na Parte I. A Figura 1 apresenta o resultado da variação da temperatura em função do tempo para um bloco de alumínio imerso em água previamente aquecida [1]. Na Parte I, o sistema (S) é composto apenas da água (A). Pode-se, então, dizer que a perda de calor do sistema para vizinhança (V) ( Q S V ) é dada por: Q S V = Q A V (2) Para tanto, foi desprezada a interferência do recipiente (béquer), já que a capacidade térmica dele é muito menor do que a da água. Departamento de Física, Universidade Federal de Sergipe 1

Figura 1. Resultado experimental para um bloco de alumínio que foi imerso na água aquecida. Parte I corresponde à transferência de calor da água para vizinhança, a Parte II a transferência de calor da água para o bloco de alumínio e a Parte III corresponde à transferência de calor da água + alumínio para o meio ambiente [1]. Durante a Parte II, há troca de calor entre a água (A) e o metal (M) e também a transferência de calor do sistema para vizinhança que continua existindo. Então: Q S V = Q A V + Q A M + Q M A (3) Desde que a massa de água seja suficientemente grande para encobrir totalmente a massa metálica, é possível supor que a perda calor do sistema para o ambiente tenha variação mínima quando o metal foi imerso na água, e que, portanto, a transferência de calor e a taxa em relação tempo com que ela evolui são quase idênticas com ou sem a presença do metal. Assim, têm-se: Q S V = Q S V (4) Departamento de Física, Universidade Federal de Sergipe 2

Q A V = Q A V (5) Então, considerando a Equação 2, a Equação 5 pode ser reescrita como: 0 = Q A M + Q M A (6) é dado por: Usando a definição expressa pela Equação 1, o calor específico do metal c M = m Ac A (T fs T is ) m M (T fm T im ) (7) onde c A é o calor específico da água. 2. Objetivos O objetivo desta experiência será determinar o calor específico de uma peça metálica. 3. Materiais e Métodos Os materiais necessários para realização deste experimento são: Béquer Aquecedor Termômetro digital Cronômetro Balança Água Peça metálica Roteiro Experimental: i. Rodar o programa Calorimetria-DFI; ii. iii. Verificar a COM que está sendo utilizada; Conectar a interface; Departamento de Física, Universidade Federal de Sergipe 3

iv. Clicar na nova COM que aparecer. Caso não apareça uma nova, clique na mesma COM do item 2; v. Clicar em On. O sistema vai medir a temperatura atual, que deve ser considerada com apenas o décimo do grau, visto que a incerteza informada pelo fabricante do termômetro é de 0,5 ºC; vi. Meça a temperatura ambiente a massa do metal (m M ) e a sua temperatura inicial (T im ) com as respectivas incertezas. Para medir a temperatura, coloque o metal dentro de um béquer com água e introduza o termômetro na água, espere até a temperatura estabilizar e anote o valor; vii. Meça uma quantidade de água (m A ) com sua incerteza, em temperatura ambiente, de maneira que m M /m A 0,3, e coloque-a em um béquer; viii. Coloque o béquer + água sobre o aquecedor e introduza o sensor de temperatura dentro da água, posicionando-o no centro do béquer. Cuidado para não deixar os fios do aquecedor e do termômetro entrarem em contato com a chapa quente; ix. Aqueça a água até aproximadamente a 55 ºC; x. Desligue o aquecedor, coloque o béquer sobre a bancada em uma placa de madeira e mexa a água com o próprio termômetro para uniformizar a temperatura da água; xi. Posicione o termômetro à meia-altura no béquer, em uma posição que permita introduzir a peça metálica e que não esteja em contato com a superfície do béquer, conforme a Figura 2. Para começar a medir (sem colocar a peça metálica), aperte o botão RESET na interface para zerar o tempo e clique no ícone que aparece a temperatura. Meça por um período de 4 minutos; xii. Após este período, a peça metálica deve ser imersa rapidamente na água, e a temperatura deve continuar a ser medida, sem que haja interrupção, por mais 4 minutos. É importante garantir que a peça metálica imersa não fique em contato com a superfície do béquer, que esteja completamente submersa e com seu centro a mesma altura do termômetro; xiii. Finalize a medida clicando em Off e depois em Salvar. Departamento de Física, Universidade Federal de Sergipe 4

Observação: A partir do início das medidas de temperatura, no passo vi, e principalmente no instante de imersão da peça metálica, o grupo precisará conduzir o experimento com muita agilidade e precisão de movimentos. Por isso, é recomendável que os passos sejam simulados antes do aquecimento da água. Como o processo de aquecimento e resfriamento da água não é rápido, na maioria das vezes, não há tempo suficiente para repetir o experimento. Figura 2. Visão geral do sistema mostrando a posição do termômetro e da peça metálica. 4. Tabela de Dados Com os exemplos de tabela de dados apresentados nas aulas anteriores, monte a sua tabela de dados para este experimento e apresente as medidas feitas de forma clara e completa. Departamento de Física, Universidade Federal de Sergipe 5

5. Discussão 1. Construa o gráfico de temperatura T (ºC) versus tempo t (s). Para melhor análise, o gráfico deve ser divido em três partes: Parte I - representa o processo de transferência de calor do sistema, no nosso caso a água, para a vizinhança; Parte II - representa o processo de troca de calor no interior do sistema, entre a água e a massa metálica; Parte III - transferência de calor do sistema (água + massa metálica) para a vizinhança. O comportamento esperado está representado na Figura 3 [1]. Figura 3. Determinação do intervalo de temperatura efetivo T ef = T is T fs, onde T is = 51,1 e T fs = 49,2 para um bloco de alumínio [1]. 2. Através do gráfico T (ºC) x t (s) determine a temperatura inicial (T is ) e final (T fs ) do sistema com as suas respectivas incertezas, encontrando assim o intervalo de temperatura efetivo T ef = T is T fs, conforme o exemplo do bloco de alumínio mostrado na Figura 3 [1]; 3. Com os valores de m A, m M, T im, T fm, T is, T fs, sabendo que c A = 1,0 cal/g e que T fm = T fs, usando a Equação 8, obtenha o valor do calor específico do metal (c M ) com a sua respectiva incerteza; Departamento de Física, Universidade Federal de Sergipe 6

4. Consulte uma tabela de calor específico (c M ) de metais e ligas e descubra qual foi o metal utilizado no experimento; 5. Determine o erro percentual de c M medido em relação ao tabelado (cite na bibliografia onde foi encontrado o valor de c M para fazer essa comparação); 6. Discuta quais as principais fontes de erros experimentais. Referência [1] C. Mattos e A. Gaspar, Uma medida de calor específico sem calorímetro, Revista Brasileira de Ensino de Física, Vol. 25, no. 1, pp. 45-48 (2003). Departamento de Física, Universidade Federal de Sergipe 7