LIÇÃO 4 - OS QUATRO CAVALEIROS Texto bíblico: Apocalipse 6.1-8 Motivação Os quatro primeiros selos estão estruturalmente relacionados. São quatro assustadores cavaleiros montados em cavalos ainda mais assustadores. Eles talvez formem a imagem mais conhecida do Apocalipse, muito popular em livros e filmes, principalmente filmes de suspense ou terror. Nos filmes, eles aparecem mais para assustar do que para qualquer outra coisa. Mas é claro que os filmes não formam uma boa fonte de interpretação para o Apocalipse. Como entender a mensagem que o Apocalipse quer comunicar por meio dos quatro cavaleiros? Exposição bíblica Com isso em mente, pperguntamo-nos novamente: qual é o significado dos quatro primeiros selos, ou seja, dos quatro cavaleiros? Eles representam sinais escatológicos. Quando Jesus passou pelo Templo de Jerusalém, seus discípulos ficaram admirados com sua imponência (Mt 24.1-3). Ao perceber isso, Jesus os avisou que daquele lugar não ficaria pedra sobre pedra que não fosse derribada. Os discípulos relacionaram a profecia da queda do Templo feita por Jesus com a sua volta gloriosa, e logo perguntaram: quando isso acontecerá e que sinais haverão da sua vinda? A resposta de Jesus está registrada nos Evangelhos, por meio daquilo que conhecemos como Sermão Profético (Mt 24-25; Lc 21.75-1936; Mc 13). O conteúdo deste Sermão é uma série de sinais que se manifestariam na história da humanidade para indicar para os seguidores de Jesus o tempo de seu retorno glorioso. No Sermão profético encontramos, então, sinais proféticos. Eles aparecem não só nos evangelhos. Os judeus conheciam o conceito de sinais proféticos há muito tempo. Eles podem ser vistos, por exemplo, em Daniel 12.
Nem todos os textos falam dos mesmos sinais. Paulo não registra todos em 2Tessalonicenses, nem tampouco Daniel. Isso indica que a função dos sinais é servir como parâmetro para a importante questão de quando Deus promoverá a sua última intervenção na história. Não é difícil perceber, assim, que também o Apocalipse, por meio dos selos, fala de sinais, mas não os relaciona sistematicamente, nem em ordem cronológica. Não é essa a função dos sinais proféticos das Escrituras. Em Mateus 24, quando um sinal aparece, Jesus alerta que isso ainda não é o fim (Mt 24.6-8). É apenas o princípio das dores. Esta expressão princípio das dores é muito importante. Ela esclarece a função e a estrutura dos sinais. Em vários lugares da Bíblia, o final dos tempos, a intervenção final de Deus, é explicada por meio da imagem de uma mulher grávida, e das dores de parto. A dor de parto significa que uma criança está para nascer. Quando uma mulher entra em trabalho de parto, ela sente as dores, que lhe servem de sinal de que o nascimento do bebê está perto de ocorrer. Esta imagem foi usada para descrever a volta de Jesus: antes do seu retorno, dores de parto se abaterão sobre a humanidade, para indicar que sua volta está se aproximando. Os sinais proféticos são como dores de parto em dois sentidos. As dores de parto funcionam como um relógio: quanto mais perto da criança nascer, maiores são as dores; e quanto mais perto da criança nascer, menores são os intervalos entre uma dor e outra. De forma semelhante, cada sinal profético é um tipo de dor, que se repete durante o período das dores de parto sobre a humanidade, em intensidade cada vez maior, e em intervalos cada vez menores. Podemos aplicar a imagem das dores de parto a todos os sinais do Sermão Profético. Todos se manifestam desde aquela época e existirão até a volta de Jesus, num movimento crescente de intensidade. Podemos igualmente aplicar a imagem das dores de parto a Apocalipse 6.1-8, os quatro cavaleiros, os sinais que aparecem nos primeiros selos.
Olhemos para o primeiro selo, um cavalo branco, com uma pessoa armada de arco sobre ele, que recebe uma coroa e sai para vencer (Ap 6.1-2). Não é um cavalo de verdade, ou mesmo um cavaleiro de verdade, com coroa e arco de verdade. São símbolos de uma realidade espiritual. Alguns comentaristas desse texto acham que o cavalo, por ser branco, representava a pureza, mas a cor branca no mundo antigo não significava necessariamente pureza. Ela significava conquista. A vestimenta branca é símbolo de vitória, de conquista. O cavalo branco não é um cavalo puro somente porque é branco. Ele representa algum tipo de conquista. Isso é reforçado pelo arco e flecha que carrega, ou mesmo pelo seu propósito: ele sai para vencer. Como os três seguintes representam coisas evidentemente negativas, eu leio o primeiro cavalo da mesma maneira. Ele não representa, então, Jesus Cristo. Ele representa a sede de conquista que habita as nações e os povos. O primeiro selo, o cavalo branco com seu cavaleiro, fala da ambição da conquista como um sinal profético. O segundo cavalo é vermelho, montado por um cavaleiro portador de uma espada (Ap 6.3-4). Ele recebeu a missão de tirar a paz da terra, para que as pessoas matassem umas as outras. A passagem do primeiro cavalo para o segundo é quase natural: a conquista leva à espada, à guerra, à violência. Se o primeiro representa a sede de conquista, o segundo cavalo indica a guerra de uma maneira geral. A espada simboliza a guerra em diversas culturas. Ver alguém com uma espada na mão provoca em nossa mente imagens de violência. A espada tira a paz. É difícil ter paz no meio de pessoas armadas com espadas. Não dá para promover a paz com a espada na mão. O segundo cavalo indica que a guerra é um sinal profético. Desde a época de Jesus, ela invade a experiência de homens e mulheres, e continuará a invadir, de uma forma crescente e contínua, até a segunda vinda. A cada geração, as guerras serão maiores, e em intervalos cada vez menores. O terceiro selo é um cavalo preto, cujo cavaleiro carrega uma balança (Ap 6.5-6). A imagem ainda apresenta uma cena de comércio, com o custo da cevada, do azeite e do vinho cada vez maiores. Eles representam gêneros alimentícios. Esse negócio de trigo e cevada é comida para gente simples,
gente pobre em contexto de carestia, em contexto de pobreza econômica, de crise financeira. Uma medida de trigo era o consumo de uma pessoa durante um dia. Na visão do terceiro selo, uma pessoa tinha que trabalhar um tempão para conseguir comprar a comida para um único dia. É um tempo de carestia, de fome, coisas que acompanham a humanidade com sua sede de conquista e guerras contínuas. Em tempos de conflito, as coisas são muito caras. Em situação de guerra, falta comida, não porque ela não existe, mas porque a comida não chega ao alcance das pessoas. Quem a tem, não quer compartilhar com mais ninguém. O terceiro selo, o cavalo preto, representa a fome. Como sinal profético, ele acompanha a humanidade há muito tempo. Mas no intervalo entre a primeira e a segunda vinda de Jesus, ele crescerá continuamente. Quanto mais perto do retorno de Cristo, maiores serão as carências físicas e sociais das pessoas, e em espaços de acentuação cada vez menores. O quarto cavalo é amarelo. Seu cavaleiro é é chamado de Morte e vem acompanhado do iinferno. Ele tem poder para matar a quarta parte da terra com espada, com fogo, com peste, e com as feras da terra (Ap 6.7-8). É preciso prestar atenção à expressão: foi lhe dado poder para matar, que também aparece para falar dos demais cavalos. Isso indica que eles não agem livremente, autonomamente. Quem conduz a história da humanidade ainda é a pessoa de Deus. Cada cavalo é um desastre sobre a humanidade, mas eles não indicam que Deus perdeu o controle sobre a história. Ele ainda a conduz de forma perfeita, na direção da Nova Jerusalém. O quarto cavalo representa a morte, e forma uma lógica terrível na sequência dos cavalos: uma conquista, que gera guerras, que geram fome, que gera morte. Relação com a vida Os quatro cavaleiros do Apocalipse, como os demais sinais proféticos, fazem parte da história da humanidade entre a primeira e a segunda vinda de Jesus. O povo de Deus olha para a história, e vê, a cada dia, situações de dor e desconforto. Mas sabe, entretanto, que como as dores de parto de uma mulher grávida, os sinais apontam para a chegada do nosso Senhor nos ares.
Os dias serão cada vez mais difíceis até a data da volta de Jesus. Mas ainda não é o fim. Ainda há coisa para acontecer. Esta é a função dos sinais proféticos: mostrar aos crentes que está cada dia mais perto, mas ainda tem muita coisa para acontecer. Então, não adianta usar os sinais como elementos numa espécie de agenda para marcar a volta de Jesus. Pra pensar e agir Não há esperança para a humanidade sem a intervenção final de Deus. O povo de Deus não terá vida fácil na terra, num processo que só cresce e se acentua. Como agir? Com vigilância e perseverança. Leituras diárias: Segunda-feira: Marcos 13.1-13 Terça-feira: Mateus 24.1-14 Quarta-feira: Lucas 21.5-19 Quinta-feira: Jeremias 30.4-9 Sexta-feira: - 2Tessalonicenses 2.1-6 Sábado: Mateus 25.1-14 Domingo: Mateus 24.32-44