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Transcrição:

Método de Pontuação das Parcelas de Vinha Da Região Demarcada do Douro Contributos Para a Sua Revisão Perspectiva Enológica Eduardo Abade Joaquim Guerra Centro de Estudos Vitivinícolas do Douro Régua Dezembro 2008

ÍNDICE ÍNDICE... 2 Abreviaturas... 2 Índice de Quadros... 3 Índice de Figuras... 3 INTRODUÇÃO... 4 1. Ponderação de Diferentes Factores... 5 2. Grupo de Factores Associados às Condições Culturais... 7 2.1 Natureza do Terreno... 8 2.2 Diferenciação de Castas... 8 2.2.1 Castas Recomendadas Tintas Análise Físico-Química... 8 2.2.2 Castas Recomendadas Tintas Análise Sensorial e ACP... 12 2.2.3 Castas Autorizadas Tintas - Boas... 14 2.2.4 Castas Autorizadas Tintas Regulares, Medíocres e Más... 16 3. CONCLUSÕES... 18 Abreviaturas ACP CEVD DO280 IPT MP-MF RDD SIG Análise em Componentes Principais Centro de Estudos Vitivinícolas do Douro Densidade Óptica a 280 nanómetros Índice de Polifenóis Totais Método de Pontuação Moreira da Fonseca Região Demarcada do Douro Sistema de Informação Geográfica Colaboração Queremos destacar, de entre outras, a contribuição do colega Engº Luís Sampaio Arnaldo na Análise Sensorial dos vinhos provenientes das castas em estudo. Pág. 2 de 19

Índice de Quadros Quadro I Factores e Peso relativo no MP-MF... 5 Quadro II Castas Recomendadas Tintas... 9 Quadro III Dados Enológicos de Castas Recomendadas Muito Boas... 9 Quadro IV Dados Enológicos de Castas Recomendadas - Boas... 10 Quadro V Castas Autorizadas Tintas... 14 Quadro VI Dados Enológicos de Castas Tintas Autorizadas - Boas... 14 Quadro VII Castas Autorizadas Tintas Regulares, Medíocres e Más... 16 Quadro VIII Dados Enológicos comparativos de diversas Castas... 17 Quadro IX Notas Atribuídas na Análise Sensorial... 17 Índice de Figuras Fig. 1 Intensidade de Cor e Índice de Polifenóis Totais - Castas Recomendadas Mto Boas... 10 Fig. 2 Índice de Polifenóis Totais e Intensidade de Cor Castas Recomendadas Boas... 11 Fig. 3 Intensidade de Cor e IPT Comparativo Castas Recomendadas Muito Boas e Boas... 11 Fig. 4 Grau Álcool e Antocianas Comparativo de Castas Recomendadas Muito Boas e Boas... 12 Fig. 5 Análise em Componentes Principais Vinhos Tintos... 12 Fig. 6 - Nota Final vs Intensidade de Cor (vinhos tintos)... 13 Fig. 7 - Intensidade de Cor e Índice de Polifenóis Totais - Castas Autorizadas Boas... 14 Fig. 8 Nota Final vs Intensidade de Cor Castas Tintas... 15 Pág. 3 de 19

INTRODUÇÃO A Região do Douro foi a primeira região vitícola, a nível mundial, a ser delimitada e regulamentada (1756), considerando-se como o ponto de partida para o actual conceito de Denominação de Origem. Na vinificação do Vinho do Porto, a distribuição do benefício (autorização atribuída anualmente a parcelas de vinha, para produção de Vinho do Porto) não tinha no início do séc. XIX qualquer limitação. A Casa do Douro (criada em 1932) limitavase a receber e registar os pedidos de benefício, benefeciando-se assim mostos não só em quantidade superior ao necessário, mas também outros de qualidade inferior. Surgiu então a necessidade de fixar normas para a distribuição do benefício. A base actual de classificação das parcelas de vinha na RDD, que serve anualmente para a atribuição da autorização de benefício, teve o seu início em 1935 (Portaria 8198 de 12 de Agosto), onde pela primeira vez foram adoptadas as normas gerais e parâmetros a considerar para tal fim. Posteriormente em 1947 o Engº Moreira da Fonseca, com um trabalho prodigioso para a altura, veio a considerar novos parâmetros, nomeadamente a Localização do prédio, criando-se assim a nível mundial, uma primeira zonagem de uma região vitivinícola. O Método de Pontuação actualmente em vigor com algumas alterações que entretanto foram surgindo ao longo do tempo, foi publicado em 18 de Abril de 2001 (Portaria nº 413/2001), reconhecendo-se aí a possibilidade de uma posterior revisão deste Método de classificação ( a relevância desta questão determina que, sem prejuízo de uma posterior revisão mais aprofundada,... ). Pretende-se que o presente trabalho possa fornecer alguns contributos para essa revisão. Nesse sentido, iremos fazer numa primeira fase uma abordagem à actual ponderação dos diferentes factores e posteriormente, numa análise mais técnica, fundamentada em resultados enológicos, iremos falar de uma possível reclassificação de Castas. Pág. 4 de 19

1. Ponderação de Diferentes Factores Com base nos elementos edafo-climáticos e culturais, assim como nas respectivas pontuações mínimas e máximas do Regulamento da Classificação das Parcelas com Cultura de Vinha para a Produção de Vinho Susceptível de Obtenção da Denominação de Origem PORTO (Portaria 413/2001), construímos o Quadro I, que nos permite desde logo observar quais os doze factores referidos no MP-MF, que apresentam o maior peso relativo. Grupo Clima Solo Condições Culturais Quadro I Factores e Peso relativo no MP-MF Factores Pontuação Percentagem (%) Min Máx Amplitude Factor Grupo Localização -50 600 650 19,76% Altitude -900 240 1140 34,65% Exposição -30 100 130 3,95% Abrigo 0 60 60 1,82% Inclinação 1 101 100 3,04% Natureza terreno -400 100 500 15,20% Pedregosidade 0 80 80 2,43% Castas -150 150 300 9,12% Idade da vinha 0 60 60 1,82% Compasso 0 50 50 1,52% Armação 0 100 100 3,04% 60.2% 20.7% 15.5% Produtividade 0 120 120 3,65% 3,65% Totais 3290 100,00% 100,00% Podemos verificar que os factores com maior peso relativo são essencialmente quatro: - Altitude 34.7 % - Localização 19.8 % - Natureza do terreno 15.2 % - Castas 9.1 % Num segundo grupo (com percentagens próximas dos 3 a 4%), temos os factores: - Exposição - Produtividade - Inclinação - Armação Pág. 5 de 19

Os restantes quatro factores (Pedregosidade, Idade da Vinha, Compasso e Abrigo) apresentam valores entre 2,4% e 1,5%. Quando em termos bibliográficos nos referimos aos principais parâmetros que presidem à Qualidade dos vinhos, quase sempre destacamos os três seguintes: Clima, Solo e Castas. Estes três parâmetros estão em sintonia com o primeiro grupo de factores (os de maior peso relativo) no Método de Classificação das Parcelas do Engº Moreira da Fonseca (MP-MF): - a Altitude e Localização, que estão intimamente relacionados com o Clima; - a Natureza do terreno com o Solo; - e as Castas com as Condições Culturais (sabe-se que o encepamento é um factor diferenciador da qualidade dos vinhos); Sem pretender pôr em causa a validade do Método desenvolvido pelo Engº Moreira da Fonseca, a referência a tais e à sua ponderação, permite desde logo colocar algumas questões, como por exemplo: - Dois dos factores mais importantes que presidem à Qualidade dos Vinhos Solo e Castas, e que têm no MP-MF um peso relativo respectivamente de 15.2% e 9.1%, não poderiam ter valores mais próximos entre si? - Se o factor Solo é importante, não poderão as Castas, com a sua enorme variabilidade, poder vir a ter o mesmo peso relativo (ou mesmo superior)? Seguidamente vamos trazer à discussão um aspecto que nos parece bastante relevante - a possível reclassificação de castas. Pág. 6 de 19

2. Grupo de Factores Associados às Condições Culturais A grande diversidade de castas da RDD (mais de 100) é por todos reconhecida como uma mais valia na Qualidade e Diferenciação dos seus vinhos. Esta diversidade do encepamento permite ainda ajustar as várias castas aos inúmeros e diversos microclimas da região. Como referido anteriormente, o parâmetro Casta apresenta um peso relativo de 9,1% e a Natureza do Terreno 15.2%, isto é, a Casta tem sensivelmente um peso de apenas 60% face à Natureza do Terreno. Nesta altura, algumas questões se poderão colocar: - Não poderia (e deveria) o parâmetro Casta ter uma pontuação pelo menos semelhante ao factor Natureza do Terreno como já foi atrás referido? - Será que a actual classificação das diversas castas se deve manter tal como está no MP-MF? - Não haverá castas consideradas Más ou Medíocres e que afinal se têm revelado com qualidade superior? Ou castas tidas como Muito Boas e afinal apenas se mostram Regulares? - A actual classificação de castas em Muito Boas, Boas, Regulares, Medíocres e Más e a sua respectiva pontuação, evidenciarão as significativas diferenças encontradas nos respectivos mostos e vinhos? Estas pertinentes questões serão objecto de discussão nos pontos seguintes, com base em critérios técnicos e enológicos, obtidos até ao momento com o estudo da evolução da maturação e da determinação qualitativa dos vinhos monovarietais (obtidos por microvinificação). Estes trabalhos foram realizados no CEVD nos últimos anos e foram já apresentadas algumas conclusões em diversos Seminários/Conferências, assim como foram igualmente objecto de publicação em algumas revistas (CIRDD, IVDP, DRAPN, VITITÉCNICA). Pág. 7 de 19

2.1 Natureza do Terreno Parece-nos importante começar por referir que provavelmente e para um mesmo Local, a diferenciação do Solo conduzirá inevitavelmente a vinhos de distinta qualidade. Todavia, sabemos analogamente que vinhos provenientes de diversas castas e no mesmo local, conduzem na maioria das vezes, a uma muito significativa alteração das características enológicas e qualidade dos mesmos. Sabemos igualmente que existe uma diferenciação de vinhos obtidos de castas consideradas como muito boas (ex: Tinto Cão, Touriga Franca, Touriga Nacional) comparativamente a outras consideradas de menor qualidade (ex: Mourisco de Semente, Mourisco Tinto). Voltemos à questão. Não será a diferenciação de Castas pelo menos tão importante como a diferenciação do solo? 2.2 Diferenciação de Castas Algumas das castas da RDD têm sido, nos últimos anos, objecto de estudo e caracterização enológica, por parte do CEVD. Tentando responder às questões anteriormente colocadas, podemos nesta altura apresentar alguns dados em Quadros e Gráficos, que nos ajudarão a chegar a algumas conclusões. OBS: Atendendo à complexidade do tema e à quantidade de informação disponível, neste presente trabalho vamos apenas referirmo-nos às Castas Tintas, deixando as Castas Brancas para trabalho posterior. 2.2.1 Castas Recomendadas Tintas Análise Físico-Química De entre as castas tintas recomendadas no MP-MF, apresentamos no Quadro seguinte as oito consideradas Muito Boas e as seis consideradas Boas: Pág. 8 de 19

Quadro II Castas Recomendadas Tintas CASTAS RECOMENDADAS - Tintas Muito Boas Boas Bastardo Cornifesto Donzelinho Tinto Malvasia Preta Marufo (Mourisco Tinto) Castelão (Periquita) Tinta Francisca Rufete Tinta Roriz Tinta Amarela Tinto Cão Tinta Barroca Touriga Franca - Touriga Nacional - Dos trabalhos que o CEVD tem vindo a realizar nos últimos anos e que foram objecto de publicação e apresentação em várias Revistas e Seminários/Conferências, sabe-se que nos vinhos tintos a qualidade final dos mesmos está bastante relacionada com parâmetros ligados à Cor (Intensidade de Cor e Antocianas) e aos Polifenóis Totais (correlação 0,8582 entre IPT Nota Final Prova) 1. Assim, passamos a apresentar no Quadro III dados que nos permitem evidenciar algumas das diferenças existentes entre as castas consideradas Muito Boas no actual MP-MF. Quadro III Dados Enológicos de Castas Recomendadas Muito Boas Álcool ph IPT Antoc Extr. Seco Int Cor Bastardo 13,0 3,87 23,94 98 28,6 2,78 Mourisco Tinto (Marufo) 11,6 3,61 16,99 85 24,1 1,70 Donzelinho Tinto 12,6 3,39 31,08 212 29,6 4,58 Tinta Francisca 12,6 3,71 52,68 451 28,5 11,07 Tinta Roriz 11,8 3,65 48,71 453 27,0 8,64 Tinto Cão 12,7 3,75 52,33 500 28,8 10,10 Touriga Franca 13,6 3,78 76,24 707 33,0 18,02 Touriga Nacional 13,3 3,69 71,06 703 30,8 17,26 Podemos observar por exemplo o Marufo (Mourisco Tinto) que claramente apresenta uma Intensidade de Cor e um IPT bastante inferior às restantes castas. Os Gráficos seguintes (Fig.1) mostram bem as diferenças entre estas castas, para os 1 Caracterização enológica de castas tintas feita com base na Média de diversos parâmetros enológicos obtidos ao longo de cerca de 10 anos de ensaios (evolução maturação, vinificação e análise sensorial). Pág. 9 de 19

Bastardo Marufo Donz Tinto TFrancisca TRoriz Tinto Cão TFranca TNacional Bastardo Marufo Donz Tinto TFrancisca TRoriz Tinto Cão TFranca TNacional Método de Pontuação das Parcelas de Vinha na RDD parâmetros Intensidade de Cor e IPT. A par do Marufo, o Bastardo e o Donzelinho Tinto surgem como as que apresentam menor Cor e IPT. Fig. 1 Intensidade de Cor e Índice de Polifenóis Totais - Castas Recomendadas Mto Boas Intensidade de Cor Ind Polifenóis Totais 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 No caso das Castas Tintas Recomendadas Boas, passamos a apresentar no Quadro IV os resultados obtidos nos mesmos parâmetros enológicos (Álcool, ph, IPT, Antocianas, Extracto Seco e Intensidade de Cor). Quadro IV Dados Enológicos de Castas Recomendadas - Boas Álcool ph IPT Antoc Extr. Seco Int Cor Cornifesto 12,2 3,37 43,4 390 29,4 10,4 Malvasia Preta 11,6 3,60 39,2 378 30,7 7,4 Castelão (Periquita) 11,6 3,37 39,2 355 24,9 6,0 Rufete 11,6 3,30 32,8 222 28,0 4,5 Tinta Amarela 12,7 3,46 36,4 429 28,7 10,4 Tinta Barroca 13,5 3,58 48,4 436 27,3 11,0 Podemos observar que de uma maneira geral os vinhos são equilibrados, embora o Rufete e o Castelão (Periquita) apresentem uma Intensidade de Cor inferior às restantes castas consideradas como Boas. Os Gráficos seguintes (Fig.2) mostram as diferenças entre estas castas, para os parâmetros Intensidade de Cor e IPT. Pág. 10 de 19

Castelão Rufete Bastardo Mourisco Tinto (Marufo) Castelão Rufete Bastardo Mourisco Tinto (Marufo) Cornifesto Malv Preta Castelão Rufete T Amarela T Barroca Cornifesto Malv Preta Castelão Rufete T Amarela T Barroca Método de Pontuação das Parcelas de Vinha na RDD Fig. 2 Índice de Polifenóis Totais e Intensidade de Cor Castas Recomendadas Boas Ind. Polifenóis Totais Intensidade de Cor 50 40 30 20 10 0 12 10 8 6 4 2 0 As diferenças são mais evidentes no caso da Intensidade de Cor, apresentando as castas Rufete e Castelão valores sensivelmente metade dos observados para o Cornifesto, Tinta Amarela e Tinta Barroca. Comparando agora os resultados obtidos nalguns parâmetros enológicos nas castas Recomendadas Boas - Rufete e Castelão e os resultados obtidos nos mesmos parâmetros enológicos nas castas Recomendadas Muito Boas - Bastardo e Marufo (Mourisco Tinto), podemos aperceber-nos de diferenças significativas (Figuras 3 e 4) e que nos permitem voltar ao tema da reclassificação de castas. Fig. 3 Intensidade de Cor e IPT Comparativo Castas Recomendadas Muito Boas e Boas Intensidade de Cor Ind. Polifenóis Totais 6 5 4 3 2 1 0 40 30 20 10 0 Pág. 11 de 19

Castelão Rufete Bastardo Mourisco Tinto (Marufo) Castelão Rufete Bastardo Mourisco Tinto (Marufo) Método de Pontuação das Parcelas de Vinha na RDD Fig. 4 Grau Álcool e Antocianas Comparativo de Castas Recomendadas Muito Boas e Boas Grau Álcool Antocianas 13 12,5 12 11,5 11 10,5 400 300 200 100 0 Da observação conjunta dos gráficos acima apresentados, podemos concluir que, à excepção do Álcool da casta Bastardo, os parâmetros das castas consideradas como Muito Boas (representadas a cor bordeaux), apresentaram menores valores comparativamente às castas consideradas como Boas (representadas a cor azul), quando o que poderíamos esperar era que pelo menos esses valores fossem semelhantes. 2.2.2 Castas Recomendadas Tintas Análise Sensorial e ACP A Figura seguinte, que tenta representar a distribuição espacial dos vinhos com base na totalidade das análises efectuadas (análise em Componentes Principais ACP), permite observar e confirmar os Grupos que reflectem os dados e a informação anteriormente exposta Fig. 5 Análise em Componentes Principais Vinhos Tintos 2 1 Vinhos Tintos (ACP) Bastard T Franci T Cão T Barroc T Fêmea T Franca T Nacion 0-1 Mour T T Roriz T Barca T Amarel Malv Pre Donz T Cornifes Alvarelh Periquit T Carval MourSem Rufete -2 Sousão -3-2 -1 0 1 2 3 REGR factor score 1 for analysis 2 Pág. 12 de 19

INTCOR Método de Pontuação das Parcelas de Vinha na RDD À esquerda aparecem-nos basicamente as castas que apresentaram vinhos com menores teores de acidez total, cor, extracto e índice de polifenóis totais (IPT). Do lado direito observamos as castas que apresentaram vinhos mais ricos em cor, extracto e índice de polifenóis totais. Ao centro, as castas que basicamente apresentaram valores intermédios para os referidos parâmetros. Podemos questionar então, por exemplo, se a casta Donzelinho Tinto, Marufo (Mourisco Tinto) e Bastardo, consideradas como Muito Boas e que aparecem numa posição qualitativamente inferior comparativamente a outras (Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Francisca e Tinto Cão), não poderiam vir a reclassificar-se num outro grupo (por exemplo Boas?). Observando agora a Fig.6 que se refere à Análise Sensorial das castas em estudo, podemos igualmente concluir que: - as castas Marufo, Donzelinho Tinto e Bastardo (no circulo inferior Notas entre 8 e 10 valores), estão muito provavelmente com uma classificação no MP-MF claramente beneficiadora, comparativamente às outras cinco castas consideradas como muito boas (Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Francisca, Tinto Cão e Tinta Roriz) e que podemos visualizar no círculo superior (Notas de 13 a 15 valores); - Na zona central encontramos a quase totalidade das castas consideradas Recomendadas Boas, à excepção do Rufete que se encontra numa posição inferior; Fig. 6 - Nota Final vs Intensidade de Cor (vinhos tintos) 5,0 Prova VT (ICor x NFinal) Sousão 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 MourSem Rufete T Franca T Nacion Alic Bou TBastard T Fêmea TFrancis Cão T Barca Cornifes T Amar Malv Pre T Roriz T Barroc Periquit T Carv 2,0 1,5 7 Bastardo 8 Donz T Mour T Alvarelh 9 10 11 12 13 14 15 NOTAFIN Pág. 13 de 19

MourSem Sousão TBastardinha TCarvalha TFêmea MourSem Sousão TBastardinha TCarvalha TFêmea 2.2.3 Castas Autorizadas Tintas - Boas Método de Pontuação das Parcelas de Vinha na RDD No que respeita às castas Autorizadas, o actual MP-MF não considera nenhumas castas tintas como Muito Boas e apresenta cinco como Boas (Quadro V) Quadro V Castas Autorizadas Tintas CASTAS AUTORIZADAS - Tintas Muito Boas Boas - Mourisco de Semente - Sousão (1) - Tinta Bastardinha (2) - Tinta Carvalha - Touriga Fêmea (1) Aparece nas castas autorizadas da Portaria 413/2001, embora com a referência R (2) Esta casta consta da Portaria 413/2001, embora na anterior classificação não houvesse qualquer referência a esta casta, mas sim à Tinta da Barca (que agora não é referida na Portaria 413/2001) Com base nos resultados obtidos pelo CEVD ao longo de vários anos, passaremos a fazer uma análise comparativa das castas tintas Autorizadas e consideradas Boas pelo MP-MF. Quadro VI Dados Enológicos de Castas Tintas Autorizadas - Boas Álcool ph IPT Antoc Extr.Seco Int Cor Mourisco Semente 10,7 3,44 22,77 181 27,1 3,28 Sousão 12,6 3,14 70,51 1016 30,7 34,30 Tinta Bastardinha 12,8 3,58 55,09 254 30,3 10,82 Tinta Carvalha 11,3 3,36 23,46 163 24,6 3,12 Touriga Fêmea 13,6 3,64 54,50 384 28,4 10,84 Fig. 7 - Intensidade de Cor e Índice de Polifenóis Totais - Castas Autorizadas Boas Intensidade de Cor Ind Polifenóis Totais 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 Pág. 14 de 19

INTCOR Método de Pontuação das Parcelas de Vinha na RDD Da observação do Quadro VI e Figura 7 podemos concluir que a casta Sousão é de longe aquela que apresenta os maiores valores de Intensidade de Cor, Antocianas e IPT, contrariamente ao Mourisco de Semente e Tinta Carvalha que apresentam claramente os valores mais baixos nestes parâmetros. As castas Tinta Bastardinha e Touriga Fêmea apresentam, por sua vez, valores intermédios. Na análise da Fig.8 que inclui agora a Nota Final dos vinhos obtidos na Análise Sensorial, tentámos assinalar os grupos onde aparecem as castas Mourisco de Semente e Tinta Carvalha por um lado e o Sousão, Touriga Fêmea e Tinta Bastardinha por outro. Facilmente observamos que o primeiro grupo surge com Notas de Prova próximos da Nota 10 (Mourisco de Semente e Tinta Carvalha), enquanto que o segundo grupo nos apresenta Notas de Prova próximas do 13 e 14 (Sousão, Touriga Fêmea e Tinta Bastardinha). Fig. 8 Nota Final vs Intensidade de Cor Castas Tintas 5,0 Prova VT (ICor x NFinal) Sousão 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 MourSem Rufete T Franca T Nacion Alic Bou TBastard T Fêmea TFrancis Cão T Barca Cornifes T Amar Malv Pre T Roriz T Barroc Periquit T Carv 2,0 1,5 7 Bastardo 8 Donz T Mour T Alvarelh 9 10 11 12 13 14 15 NOTAFIN Assim e com base nestes dados, podemos novamente questionar a actual classificação das castas tintas Autorizadas Boas do MP-MF relativamente a pelo menos duas: Mourisco de Semente e Tinta Carvalha provavelmente poderiam vir a ser reclassificadas como Regulares. Pág. 15 de 19

2.2.4 Castas Autorizadas Tintas Regulares, Medíocres e Más De acordo com a Tabela de classificação das Castas Tintas Autorizadas do MP- MF referidas na Portaria nº413/2001 como Regulares, Medíocres e Más, apenas vamos referir-nos a duas castas (Alvarelhão e Alicante Bouschet) para as quais dispomos actualmente de dados enológicos suficientes e que permitem a sua discussão técnica 2. O Quadro VII seguinte mostra a referida classificação de castas no MP-MF. Quadro VII Castas Autorizadas Tintas Regulares, Medíocres e Más CASTAS AUTORIZADAS - Tintas Regulares Medíocres Más Alvarelhão Alicante Bouschet Aramon Casculho Alvarelhão-Ceitão Carignan Castelã Espadeiro Carrega Tinto Concieira Petit Bouschet Gonçalo Pires Jaen Tinta Aguiar Grand Noir Lourela Tinta Mesquita Grangeal Moreto Tinta Pereira Mondet Pinot Noir Tinta Pomar Nevoeira Baga Roseira Patorra Cidadelhe Varejoa Português Azul Tinta Tabuaço Preto Martinho Engomada Santareno Tinta Martins São-Saul Melra Sevilhão Tinta Penajóia Tinta Lameira Tinto sem Nome Malandra Tinta Fontes Malvasia Preta (a) Valdosa (a) Esta casta está considerada nas Recomendadas Boas, aparecendo erradamente no Quadro da Portaria nº 413/2001 como Autorizada Regular 2 Até ao ano de 2007 o CEVD estudou cerca de 22 castas tintas e 24 castas brancas, a maioria referidas no MP-MF como Muito Boas e Boas (Recomendadas e Autorizadas). Estão actualmente em estudo outras castas, classificadas no MP-MF como Regulares, Medíocres e Más. Num futuro e com base em dados técnicos e enológicos, poderemos vir a referirmo-nos a elas com maior acuidade. Pág. 16 de 19

As análises físico-químicas que os vinhos monovarietais apresentam Quadro VIII (fundamentalmente a intensidade de cor, antocianas e IPT), assim como a Nota Final obtida na Análise Sensorial Quadro IX, permitem desde logo considerar uma proposta para melhorar a classificação da casta Alicante Bouschet. Quadro VIII Dados Enológicos comparativos de diversas Castas Álcool ph IPT Antoc Extr. Seco Int Cor Alicante Bouschet 11,2 3,63 72.67 444 29.6 17.07 Alvarelhão (1) 12,0 3,33 28,8 112 25,6 2,86 Tinta Roriz (2) 11,8 3,65 48.71 453 27.0 8.64 Donzelinho Tinto (2) 12,6 3,39 31,08 212 29,6 4,58 Malvasia Preta (3) 11,6 3,60 39.20 378 30.7 7.40 Castelão (Periquita) 11,6 3,37 39,2 355 24,9 6,0 (1) É uma casta autorizada regular; (2) São castas recomendadas muito boas (no MP-MF) e estão aqui apenas para servirem de referência (3) É uma casta recomendada boa (no MP-MF) e está aqui igualmente para servir de referência Quadro IX Notas Atribuídas na Análise Sensorial Int. de Cor (a) Qualidade Aroma (a) Corpo (a) Adstringência (a) Nota Final (b) Alicante Bouschet 4,2 3,8 3,3 3,1 12,1 Alvarelhão (1) 1,6 2,6 2,8 1,8 9,6 Tinta Roriz (2) 3,2 3,2 2,8 2,6 12,1 Donzelinho Tinto (2) 2,1 2,5 2,1 2,2 10,0 Malvasia Preta (3) 3,2 3,0 2,9 2,3 11,5 (a)valores compreendidos entre 0 e 5 valores (b)valores compreendidos entre 0 e 20 valores (1) É uma casta autorizada regular; (2) São castas recomendadas muito boas (no MP-MF) e estão aqui apenas para servirem de referência (3) É uma casta recomendada boa (no MP-MF) e está aqui igualmente para servir de referência Esta proposta de reclassificação da casta Alicante Bouschet classificada como Autorizada Medíocre, tem como base: - os melhores valores obtidos na análise sensorial e físico-química (excepção feita ao álcool), comparativamente à casta Alvarelhão, que está classificada como Autorizada Regular; Pág. 17 de 19

- a boa Nota Final obtida na Análise Sensorial, comparativamente a outras castas recomendadas Muito Boas (Tinta Roriz e Donzelinho Tinto) e Boas (Malvasia Preta); - e simultaneamente os elevados teores que a casta apresenta em Intensidade de Cor, Antocianas e principalmente IPT, parâmetros enológicos esses, que como referimos anteriormente, apresentam uma elevada correlação com a qualidade final dos vinhos; 3. CONCLUSÕES O Método de Pontuação das Parcelas de Vinha da autoria do Engº Moreira da Fonseca (MP-MF), publicado pela primeira vez em 1948, é um trabalho considerado pioneiro a nível mundial de zonagem vitícola, no qual o autor procurou associar e traduzir em dados matemáticos as interacções de natureza Edafo-Climática e as de Feição Cultural presentes na região do Douro. Actualmente, com base num maior conhecimento técnico-científico e aproveitando as novas tecnologias de informação ao dispor, nomeadamente o SIG, será não só possível, como ainda importante, que se procure chegar a modelos matemáticos que possam traduzir/interpretar de um modo o mais correcto possível a globalidade das interacções Clima Solo - Feição Cultural (Castas), diminuindo-se assim o empirismo associado a alguns dados do Método. Para além do acima exposto e que naturalmente demorará tempo a ser implementado, importa referir que numa próxima revisão do Método, se deveria contemplar: - a reclassificação de Castas; - a eventual ponderação do peso relativo das Castas versus Natureza do Terreno. Com base em dados técnicos (analíticos e sensoriais) que possibilitam a caracterização enológica de alguns vinhos monovarietais, o CEVD apresentou em algumas Palestras, dados que permitem colocar interrogações à actual Tabela de Classificação das Castas (Portaria nº 413/2001). Pág. 18 de 19

alterações: Método de Pontuação das Parcelas de Vinha na RDD Neste contexto, julgamos importante que se possam vir a considerar as seguintes - reclassificação para categoria superior da casta Sousão que se encontra no Quadro de Castas Autorizadas Boas e que deveria figurar nas Recomendadas Boas ou Muito Boas; - reclassificação para categoria superior da casta Alicante Bouschet que se encontra no Quadro de castas Autorizadas Medíocres, mas cuja análise físicoquímica e sensorial a coloca próxima de outras castas Recomendadas/Autorizadas Boas; - reclassificação para categoria inferior do Marufo (Mourisco Tinto), eventualmente do Bastardo e do Donzelinho Tinto, comparativamente ao Tinto Cão, Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Tinta Francisca, todas elas actualmente classificadas como Recomendadas Muito Boas; - reclassificação para categoria inferior do Mourisco de Semente e eventualmente da Tinta Carvalha,, comparativamente ao Sousão, Touriga Fêmea e Tinta Bastardinha, todas elas classificadas como Autorizadas Boas; - inclusão da casta Tinta da Barca na Tabela de Classificação das Castas como fazendo parte das Castas Boas (como é referido no MP-MF), uma vez que não consta da referida Tabela na Portaria nº 413/2001; Importa ainda referir, à margem deste trabalho, a necessidade de correcção de erros de transcrição da Tabela de Castas da Portaria nº 413/2001 (para além das correcções contidas na Declaração de Rectificação nº 10-G/2001); - a casta Rabigato Recomendada Muito Boa, encontra-se referida novamente na Tabela de castas Autorizadas Más; - as castas Arinto e Malvasia Preta presentes na tabela de Castas Recomendadas Boas, repetem-se na Tabela de Autorizadas Regulares; - a casta Nevoeira aparece em duplicado na tabela de Castas Autorizadas Más; Pág. 19 de 19