PRODUTIVIDADE DA MAMONA BRS PARAGUAÇU CONSORCIADA COM OLEAGINOSAS E CULTURAS ALIMENTARES E. M. de C. Silveira 1 ; F. S. S. dos Santos 2 ; M. L. L. F. Peixoto 3 ; E. L. Coelho 4 ; L. G. da Silva Neto 5 ; R. M. S. Lima 6 RESUMO: Realizou-se este trabalho visando à geração e difusão de novas tecnologias para a cultura da mamona no estado do Ceará visando à produção do biodiesel tendo como principal fundamento promover novas técnicas de cultivo. O experimento foi realizado na UEPE/FATEC localizada na Chapada do Apodi (Limoeiro do Norte-CE). O cultivo foi realizado em consórcio entre oleaginosas (mamona BRS Paraguaçu; soja da variedade Mansoy; gergelim da variedade BRS Seda e Girassol) e um consórcio entre a mamona BRS Paraguassú e culturas alimentares, cultivados com ou sem adubação. A variedade BRS Paraguaçu apresentou uma produtividade satisfatória quando plantada com adubação e em consórcio com o girassol, com 1100,83kg ha -1 de mamona e 541,24kg ha -1 de girassol e para o segundo experimento a variedade BRS Paraguaçu juntamente com o feijão BRS Paraguaçu, com 1147,70kg ha -1 de mamona e 865,00kg ha -1 de feijão e adubado apresentaram os melhores resultados. PALAVRAS-CHAVE: Biodiesel, Alimento, Tecnologia. ABSTRACT: The study was conducted in order to generate and disseminate new technologies for the cultivation of castor in Ceará aimed at producing biodiesel with the primary basis to promote new farming techniques. The experiment was conducted in UEPE/FATEC located in Chapada do Apodi (Limoeiro do Norte-CE). The culture was grown in intercropping oilseeds (castor BRS Paraguaçu; soybean variety Mansoy, sesame and sunflower BRS Silk) and intercropping with castor and food crops grown with or without fertilizer. The BRS Paraguaçu presented a satisfactory yield when planted with fertilization and intercropping with sunflower, with 1100.83 kg ha-1 Castor and 541.24 kg ha-1 of sunflower. In the second experiment, BRS Paraguaçu with beans BRS Paraguaçu with 1147.70 kg ha-1 Castor and 865.00 kg ha-1 and fertilized bean showed the best results. KEYWORDS: Biodiesel, Food, Technology 1 Tecnólogo em Recursos Hídricos/Irrigação e Mestrando em Irrigação e Drenagem, DENA/UFC. Campus do Pici, Bloco 804, Fortaleza/CE. (85) 3366 9754. enio2121@hotmail.com 2 Tecnólogo em Recursos Hídricos/Irrigação e Doutorando em Irrigação e Drenagem. Professor do IFCE Campus Limoeiro do Norte/CE. 3 Tecnóloga em Recursos Hídricos/Irrigação e Bolsista CNPq, Professora Voluntária do IFCE, Limoeiro do Norte/CE. 4 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fitotecnia, Professor do IFCE Campus Limoeiro do Norte. 5 Graduando em Tecnologia de Irrigação e Drenagem, IFCE Campus Limoeiro do Norte. 6 Tecnóloga em Recursos Hídricos/Irrigação e Mestranda em Irrigação e Drenagem. UFERSA/RN
INTRODUÇÃO A produção de biodiesel é estratégica para o país e pode significar uma revolução no campo, gerando emprego, renda e desenvolvimento, especialmente para o Semi-Árido nordestino. Como cultura temporária, a mamona pode vir a ser a principal fonte de óleo para a produção de biodiesel no Brasil (HOLANDA, 2004). A mamona (Ricinus communis L.) é uma das culturas eleitas pelos programas federais e estaduais de biodiesel para prover matéria-prima para a produção do biodiesel, um biocombustível apontado como renovável e menos poluente que o seu competidor fóssil, o diesel. Essa cultura pode se tornar industrializável, pois dela se explora o óleo contido em suas sementes, óleo de excelentes propriedades, de largo uso como insumo industrial. Ate 1982, o Brasil era o principal produtor mundial de mamona (FAO, 2002). No inicio da década de setenta, a produção era concentrada na região sudeste, nos estados de São Paulo e Paraná, e o nordeste, se destacavam Bahia, Ceará e Pernambuco. Hoje a produção de mamona no país está concentrada na região Nordeste, principalmente no estado da Bahia. O biodiesel é um combustível renovável já em uso no Brasil, Estados Unidos e em alguns países da Europa, principalmente na Alemanha, sendo utilizado normalmente em veículos de passeio, transporte coletivo e na geração de energia elétrica. Sendo um combustível natural e renovável, de queima mais limpa que o diesel, podendo futuramente substituí-lo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi irrigado utilizando um sistema de irrigação por aspersão semi-fixo, com espaçamento 18 x 18 m. As características do solo da área experimental se apresentam como de textura franco-argila-arenosa, relevo uniforme, plano e de declividade muito suave (BASTOS, 2004 apud SANTOS, 2006, p. 26). De acordo com Embrapa (1999) este solo se classifica como sendo da ordem Cambissolo, sob ordem Cambissolo Háplico, derivado de rochas calcárias. O experimento consorciando mamona com oleaginosas teve como finalidade observar a produtividade da mamona em consórcio com outras oleaginosas, para isso utilizou quatro tipos de oleaginosas, sendo elas: (BRS Paraguassú); Soja (Mansoy); Gergelim (BRS Seda) e Girassol. A área utilizada para este experimento tem como dimensões: 60 x 60m, equivalente a 0,36 ha. Sendo esta dividida em quatro blocos de 60 x 15m com duas parcelas de 15 x 5m. A plantação das oleaginosas se deu com a consorciação entre as mesmas, sendo assim divididas em oito tratamentos. Sendo este realizado de forma manual colocando-se duas sementes por cova, utilizando os devidos espaçamentos para os devidos tratamentos: 3 x 1m; Soja 0,50 x 0,25m; Gergelim 0,50 x 0,10m e Girassol 0,50x 0,25m. No ensaio com mamona e culturas alimentares o principal objetivo foi avaliar o comportamento da BRS Paraguaçu, bem como sua produtividade, quando plantada em consorcio com culturas anuais populares entre os produtores como o Feijão, Milho (AG1051) e Sorgo (IS-7151). Os espaçamentos usados foram: mamona 3,0 x 1,0m; feijão 0,75 x 0,25m e para o sorgo e milho 1,0 x 0,25m. A adubação de fundação foi realizada com NPK (6-24-12).
A colheita de todos os experimentos foi iniciada quando 2/3 dos frutos ficaram maduros, por volta dos 90 dias após o plantio. Já a colheita das outras culturas foi realizada manualmente, sendo seguida a mesma ordem de separação, identificação e secagem anteriormente citados. Em seguida os frutos, foram levados para uma sala onde eram descascados e pesados. Logo apos as amostras foram pesadas, e em seguida houve uma coleta dos dados necessários para análise. RESULTADOS E DISCUSSÃO A mamona BRS Paraguaçu quando plantada solteira e com aplicação de fundação com NPK (6-24-12), demonstrou uma maior produtividade quando comparado ao tratamento sem adubo. Quando plantada em consórcio com outras oleaginosas sempre os tratamentos adubados demonstraram uma maior produtividade em relação aos não adubados. A produtividade da mamona solteira, nestas condições de adubação foi de 954,17 Kg ha -1. Porém, de acordo com Severino et al (2006), avaliando o crescimento e produtividade da mamoneira adubada com NPK e micronutrientes, obteve uma produtividade média de 2298,9 Kg ha -1, ou seja, valor bem maior dos que encontrados neste experimento. O consórcio entre a soja Mansoy e a mamona, demonstrou resultados favoráveis quando cultivado sob adubação de fundação, pois a produtividade real só aconteceu neste tratamento, obtendo 680 Kg ha -1 de soja e 924,17 Kg ha -1 de mamona. Em um trabalho desenvolvido por Pinto et al. (2011), estudando a produtividade da mamona consorciada com gergelim no município de Quixadá-Ce, os pesquisadores relataram que a produtividade da mamona e do gergelim, foram de 101,24 Kg ha -1 e de 535,67 Kg ha -1, respectivamente. Estes resultados diferem destes aqui apresentados (Tabela 1), podem ser explicados pela diferenças climáticas, tratos culturais, tratamentos observados, tipo de variedade analisada entre outros. Os valores de produtividade em Kg ha -1 dos tratamentos de mamona consorciada com cada oleaginosa com adubação estão apresentados na Tabela 2 mostram uma maior produtividade da mamona, quando cultivada em consórcio com o girassol. De acordo com a Tabela 3 a mamona teve uma diminuição na sua produtividade quando comparado com valores apresentados na Tabela 4, passando de 1.147,70 Kg ha -1 (T3CA) para apenas 324,97 Kg ha -1 (T2CA). Apesar da mudança de variedade, a produção do feijão praticamente se manteve a mesma, tendo um pequeno aumento de 41,3 Kg ha -1. Avaliando a produtividade da mamona em Kg ha -1 e do milho de variedade AG-1051, cultivados em consorcio com repetição adubada e não adubada, observou-se que no consórcio adicionado de adubação apresentou valores relativos à produção em Kg ha -1 da mamona BRS Paraguaçu, obtendo 86,87 Kg ha -1, e o milho teve 4750 Kg ha -1, apresentando-se acima da média nacional que é de 4.300 Kg ha -1 (CONAB, 2011). A produtividade da mamona BRS Paraguaçu nos tratamentos consorciados com sorgo com ou sem adubação foi a menor entre os tratamentos anteriores. A não produção do sorgo pode ser explicado devido a grande ocorrência de pássaros na região plantada. Corrêa et al. (2006), obtiveram uma produção da mamona BRS Paraguaçu de 521 Kg ha -1, quando consorciada com sorgo, sendo um valor bem maior do que apresentado nessa pesquisa, na qual atingiu 40, 45 Kg ha -1 adubado e chegando a 13 Kg ha -1 sem adubação.
CONCLUSÃO A mamona variedade BRS Paraguaçu apresentou uma maior produtividade quando plantada com adubação e em consórcio com o girassol; No que diz respeito ao plantio da mamona consorciada com culturas alimentares, foram obtidos os melhores resultados; O produtor não precisa deixar de plantar o feijão, podendo assim cultivá-la em consórcio com a mamona BRS Paraguaçu obtendo boas produtividades para ambas as culturas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AYERS, R. S.; WESTCOT, D. W. A qualidade da água na agricultura, FAO 29, Campina Grande, UFPB, 1999, 141 p. Companhia Nacional de Abastecimento Ariosto- CONAB. Conjuntura mensal. Brasília, DF, 2010. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/olalacms/uploads/arquivos/11f5ab2fd21d8c71cdeba0aa2943fa7d..pdf>. Companhia Nacional de Abastecimento Ariosto- CONAB. Conjuntura mensal. Brasília, DF, 2010. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/olalacms/uploads/arquivos/11_06_14_10_58_09_mamonajunho2011..pdf >. CORRÊA, Maria Lita Padinha et al.; Comportamento de cultivares de mamona em sistemas de cultivos isolados e consorciados com feijão caupi e sorgo granífero. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, CE, v. 37, n.2, p. 200-207, 2006. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA. Comunicado Técnico. Aracaju, SE, Disponível em: <http://www.cpatc.embrapa.br/publicacoes_2010/cot_107.pdf>. Acesso em: 30 set. 2011. HOLANDA, Ariosto. Biodiesel e Inclusão Social. Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica. Câmara dos Deputados Federais, Coordenação de Publicações, Brasília, DF, 2004. Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/a-camara/altosestudos/pdf/biodiesel-e-inclusao-social/biodiesel-e-inclusaosocial>. PINTO, Ciro de Miranda et al.; Produtividade e índices competição da mamona consorciada com gergelim, algodão, milho e feijão caupi. Revista Verde de Agroecologia e desenvolvimento Sustentável- Grupo Verde de Agricultura Alternativa (GVAA) ISSN 1981-8203, Mossoró, RN, v.6, n.2, p. 75, abr/jun. 2011. SEVERINO, Liv Soares et al.; Crescimento e produtividade da mamoneira adubada com macronutrientes e micronutrientes. Revista Pesquisa Agropecuária Brasil, Brasília, v. 41, n.4, p. 563-56844, abr. 2006. Tabela 1. Produtividade da mamona BRS Paraguaçu e do gergelim BRS seda cultivados em consórcio, com repetição adubada e não adubada. Limoeiro do Norte-Ce, 2009.2 Gergelim Produtividade (kg ha -1 ) T3CA 1009,17 283,85 T3SA 92,50 0,00 T3CA mamona consorciada com gergelim com adubação, T3SA mamona consorciada com gergelim sem adubação.
Tabela 2. Produtividade da mamona BRS Paraguaçu e das demais oleaginosas cultivadas em consórcio, com repetição adubada. Limoeiro do Norte-Ce, 2009.2 Rendimento da Rendimento da cultura consorciada Descrição (kg/ha) (kg/ha) T2CA +soja 924.17 680 T3CA +gergelim 1009.17 283.85 T4CA +girassol 1100.83 541.24 Tabela 3. Produtividade da mamona BRS Paraguaçu e do feijão Paulistinha cultivados em consórcio, com repetição adubada e não adubada. Limoeiro do Norte-Ce, 2009.2 Feijão Paulistinha Produtividade Kg ha -1 T2CA 324,97 823,70 T2SA 189,44 207,77 T4CA mamona consorciada com feijão Paulistinha com adubação, T4SA mamona consorciada com feijão Paulistinha sem adubação. Tabela 4. Produtividade da mamona BRS Paraguaçu e do feijão BRS Paraguaçu cultivados em consórcio, com repetição adubada e não adubada. Limoeiro do Norte-Ce, 2009.2 Feijão BRS Paraguaçu Produtividade Kg ha -1 T3CA 1147,70 865,00 T3SA 70,83 216,94 T4CA mamona consorciada com feijão BRS Paraguaçu com adubação, T4SA mamona consorciada com feijão BRS Paraguaçu sem adubação.