APLICAÇÃO DE GEOPROCESSAMENTO EM PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS: ESTUDO DE CASO NO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DA RODOVIA SE-100.

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Transcrição:

APLICAÇÃO DE GEOPROCESSAMENTO EM PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS: ESTUDO DE CASO NO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DA RODOVIA SE-100. Rodrigo da Silva Menezes 1, Luís Felipe Freire Dantas Santos 2, Fernanda Libório Ribeiro Simões 3, Almir da Cruz Brito Júnior 4, Pedro Leonardo D Tito Barbosa Almeida 5 1 Geógrafo, Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente - UFS, Aracaju-SE, rodrigo_menezes_geo@yahoo.com.br 2 Arqueólogo, Mestre em Arqueologia - UFS, Aracaju-SE, luisfelipe_freire@yahoo.com.br 3 Arqueóloga, Mestre em Arqueologia - UFS, Aracaju-SE, fernandaliboriors@gmail.com 4 Arqueólogo - UFS, Aracaju-SE, almirbrito.jr@gmail.com 5 Arqueólogo - UFS, Aracaju-SE, pedroleonardobarbosa@gmail.com RESUMO: O uso de geoinformação em diversas áreas do conhecimento é uma realidade. Nas mais conceituadas instituições de pesquisas ao redor do mundo, há o consenso que o Geoprocessamento aliado aos estudos de análise espacial é ferramenta indispensável no planejamento de ações e tomadas de decisões; como resultado deste consenso, a aplicação de informações geolocalizadas tornou-se indispensável para elaboração de projetos arqueológicos, afinal o geoprocessamento é uma ferramenta que está voltada à prática, principalmente com a apreensão do espaço e a representação de estruturas abstratas que sempre marcaram a vida de uma sociedade, de um Estado ou de um território. Este trabalho visa apresentar a aplicação do geoprocessamento na realização de pesquisas arqueológicas como parte do licenciamento ambiental da construção da Rodovia SE-100 nos municípios de Pirambu e Pacatuba, localizados no Leste Sergipano. Apresenta-se as geotecnologias, a exemplo de aparelhos GPS, SIG e Geoinformações, que auxiliaram o desenvolvimento das ações em campo e laboratório, contribuindo diretamente para a localização e análise dos sítios arqueológicos identificados na região. PALAVRAS-CHAVE: Geoprocessamento, SIG, Arqueologia. INTRODUÇÃO: A atual área de Sergipe localiza-se na região nordeste do Brasil, mede aproximadamente 21.862,6 km², e ocupa 0,26% do território nacional. Essa região por sua vez, abrigou vários grupos de etnias conhecidas: Xokó, Aramuru, Carapó e os Kaxagó, que povoaram a orla do Rio São Francisco; Tupinambá e Boimé aldeavam o litoral sergipano; as demais ficavam na região da serra de Itabaiana, como os Aramari, Abacatiara e Remari (DANTAS, 1980). Dentre os grupos que ocuparam as terras de Sergipe, os Tupinambás eram os mais numerosos e estavam espalhados em quase trinta aldeias ao longo da costa sergipana, na época da conquista, em 1503 (DANTAS, 1980). Como parte da implantação e pavimentação da rodovia SE-100 que se localiza nos municípios de Pirambu e Pacatuba, no Leste Sergipano, foi desenvolvido trabalho de pesquisa, prospecção e intervenção arqueológica que identificou a presença de sítios arqueológicos na área de influência direta do empreendimento, antes não descobertos. A aplicação de geoinformação aliada ao geoprocessamento no trabalho, em primeira parte, se deu a partir do planejamento das ações de prospecção arqueológica, com a inserção dos pontos de prospecção (em aparelhos GPS) ao longo da área de influência direta do empreendimento, abrangendo uma faixa de domínio de 50 metros às margens da rodovia. Em segunda parte, a partir da geração de mapeamento das informações coletadas pelas fichas de sondagens, evidenciaram-se as características de solo, entorno da paisagem, relevância arqueológica, entre outras informações, apresentadas na seção material e métodos. MATERIAL E MÉTODOS: Como neste trabalho, a aplicação do geoprocessamento foi diretamente utilizada em todas as etapas do processo, faz-se necessário identificar também como a pesquisa arqueológica se desenvolveu em conjunto com as ações de mapeamento. A produção das cartas temáticas, que fundamentaram o desenvolvimento dos trabalhos, foi realizada através de 149

interpretações de temas, tomando por base os recentes mapeamentos realizados para o Estado de Sergipe. O uso de geoinformações de diversas instituições públicas a exemplo da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE), do Atlas Digital Sobre Recursos Hídricos do Estado de Sergipe (SEMARH, 2012) e das informações sobre rodovias e povoados do Departamento de Estradas e Rodagens (DER, 2013), foi essencial para a realização das análises de geoprocessamento. Por meio de diversas plataformas de Sistemas de Informações Geográficas (Quantum GIS, ArcGIS e MapSource) foi realizado o trabalho de localização dos pontos de sondagens arqueológicas, que foram delimitados a cada 100 metros de distância no limite da área de influência direta do empreendimento (faixa de domínio de 50 metros da rodovia). Para caracterização dos pontos de sondagem (ao todo foram delimitados mais de 900 pontos de sondagem), fez-se levantamento das coordenadas UTM por meio das imagens de satélite SPOT (SEMARH,2012), inserção dessas coordenadas em aparelhos GPS para identificação dos pontos em campo, além da elaboração de 19 Mapas de Pontos de Sondagens (figura 01). No trabalho de prospecção arqueológica, em cada ponto de sondagem (com profundidade de 1 metro) foi preenchida uma ficha catalográfica que contém diversos atributos com informações sobre: Característica do Ponto (nomenclatura, coordenadas, equipe que desenvolveu a prospecção); Descrição das Camadas pelos níveis de profundidade; Descrição do Entorno da Paisagem; Material Coletado; Relevância Arqueológica; Fotografia; Tipo de Peneira e Observações Gerais. Todas as informações geradas pelas fichas de sondagens foram inseridas num banco de dados georreferenciado, além da criação do arquivo shapefile (shp.) e dos seus respectivos metadados. Por meio da plataforma de SIG, poderá ser realizado mapeamento de todos os atributos por cada ponto de sondagem, da forma que o usuário decidir. Figura 01 Mapa de Pontos de Sondagens no Projeto de Implantação da Rodovia SE-100. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG S) tornaram-se instrumentos fundamentais para o manejo de políticas públicas de ordenamento territorial-ambiental principalmente pela facilidade de representar a realidade de uma forma combinada, através de dados geográficos, cartográficos, cadastrais e estatísticos. A partir das informações coletadas, combinadas às aplicações de geoprocessamento e trabalho de campo (uso de aparelhos GPS), foram localizados 4 150

(quatro) sítios arqueológicos na área de implantação da rodovia SE-100, que foram nomeados: Robalo, Morro da Lucrécia, Mata do Cipó e Mangueira. Como resultado da descoberta desses sítios arqueológicos foi realizado a poligonização e as respectivas localizações dos pontos limítrofes dos sítios (Figura 02). Figura 2 Mapa de Localização do Sítio Arqueológico Robalo (Imagem SPOT Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, SEMARH, 2012). Os materiais coletados indicam a presença de faiança fina, cerâmica e material lítico nos sítios arqueológicos presente na área de pesquisa, e evidenciam grupos litorâneos pré-coloniais e coloniais. Cabe ressaltar que, os materiais serão devidamente arquivados e disponibilizados para consulta pública, além de ações de educação patrimonial com as comunidades locais dos povoados Aguilhadas, Lagoa Redonda, Tigre, e para os possíveis interessados. Outro produto gerado para as análises do projeto foi a tabela de atributos das fichas de sondagens. Com elas, foi possível mapear informações relacionadas ao solo, bem como a análise do entorno das paisagens dos pontos sondados, com dados que apresentam o tipo de material arqueológico coletado (faiança fina, cerâmico ou material lítico) e a estrutura pedológica a qual se encontra, bem como sua relação com o entorno social e ambiental atual. Como este trabalho visa a integração e difusão da ferramenta de geoprocessamento e da ciência arqueológica, todas as informações que foram geradas em ambiente SIG, a exemplo do shapefile da área do projeto, contêm metadados preenchidos (Sumário, descrição, instituição responsável pelo mapeamento, limitações de uso e escala), facilitando ao usuário a identificação das informações que compõem os dados. Verificou-se que as informações geográficas de referência utilizadas (SEMARH, 2012) e (DER, 2013), foram essenciais para o desenvolvimento das análises, porém constatou-se a necessidade de integração entre as duas bases cartográficas, pois ocorrem erros geográficos e cadastrais em ambas, a exemplo das informações de localidades. Como exemplo para apresentar as geoinformações criadas, as tabelas de atributos do shapefile dos pontos de prospecção (948 ao total) contém 30 tipos de informações que podem ser mapeadas, tanto para planejamento de ações de campo quanto para delimitação e mapeamento dos sítios arqueológicos. Esse conjunto de informações são relacionados a: tipo de shapefile, data de realização dos pontos de sondagens, nome do arqueólogo 151

responsável, equipe de prospecção, área de localização do projeto, unidade de sondagem, coordenadas UTM, descrição de camadas, entre outras (Figura 03). Figura 03 Tabela de Atributos do shapefile dos pontos de sondagens da Área A inserida na ADA (Área Diretamente Afetada) do projeto de construção e pavimentação da Rodovia SE-100. No caso do uso de informação da INDE, vale destacar primeiramente o que significa a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais, para depois apresentar qual informação fora extraída para realização de mapeamentos e geração de análises. Segundo (CONCAR,2008), a INDE é um conjunto integrado de tecnologias; políticas; mecanismos e procedimentos de coordenação e monitoramento; padrões e acordos, necessário para facilitar e ordenar a geração, o armazenamento, o acesso, o compartilhamento, a disseminação e o uso dos dados geoespaciais de origem federal, estadual, distrital e municipal. Portanto, através do site www.visualizador.inde.gov.br, foi acessada a geoinformação sobre Áreas de Proteção Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, em que fora selecionada a Reserva Biológica Santa Isabel, e assim foi possível elaborar todo o planejamento de ações tanto para a geração das análises e dos mapeamentos, em relação às áreas que serão diretamente e indiretamente afetadas pelo projeto de construção da rodovia, bem como a identificação dos sítios arqueológicos que estão localizados em área de proteção integrada, como é o caso dos 17 sítios descobertos e mapeados na REBIO Santa Isabel. CONCLUSÕES: As informações geográficas geradas visam atender ao usuário com um padrão de qualidade que facilite a sua utilização, assim como, que a interoperabilidade das ferramentas de geoprocessamento com o conhecimento arqueológico resulte num crescimento de produção e disseminação de novos trabalhos na área. Evidencia-se que a informação geográfica dos sítios arqueológicos descobertos é fundamental na discussão sobre a necessidade de aplicação das geotecnologias em diversos segmentos do conhecimento científico. AGRADECIMENTOS: Agradecimentos ao Departamento de Estradas e Rodagens do Estado de Sergipe (DER-SE), à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH-SE) e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO). 152

REFERÊNCIAS: CONCAR. Infra-Estrutura Nacional de Dados Espaciais: Especificação Técnica para a estruturação de dados geoespaciais vetoriais (ET-EDGV v 2.0); Diretoria de Serviço Geográfico do Exército Brasileiro, 2008. DANTAS, Orlando Vieira. A vida patriarcal de Sergipe. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra. 1980. DER. Base Cartográfica do Departamento de Estradas e Rodagens do Estado de Sergipe, 2013. SEMARH. Atlas Digital Sobre Recursos Hídricos do Estado de Sergipe Superintendência de Recursos Hídricos (Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos), 2012. 153