USINA HIDRELÉTRICA EMBORCAÇÃO

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Transcrição:

RELATÓRIO ANUAL MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA USINA HIDRELÉTRICA EMBORCAÇÃO Água e Terra Planejamento Ambiental Ltda. PATOS DE MINAS, JANEIRO DE 2010. 1

RESPONSABILIDADE TÉCNICA Água e Terra Planejamento Ambiental Ltda. Equipe Técnica Técnico Responsável pela elaboração do Relatório Regina Célia Gonçalves Bióloga CRBio 44.468/04D Equipe Técnica Colaboradora Adriane Fernandes Ribeiro Erika Fernandes Araújo Vita Saulo Gonçalves Pereira Rubens Pádua de Melo Neto Murilo Carvalho Bióloga CRBio 62.543/04P Bióloga CRBio 57.341/04D Biólogo CRBio 62.130/04D Biólogo CRBio 44.646/04D Biólogo CRBio 61.691/01D ENDEREÇO: Av. Padre Almir Neves de Medeiros, 650 - Sobradinho Patos de Minas - MG. 38701-118 (034)3823-8440 / 9975-5014 / 9975-1280 2

SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO... 4 2. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO... 5 3. INTRODUÇÃO... 6 3.1. Área de estudo... 7 4. OBJETIVOS... 9 5. MATERIAL E MÉTODOS...10 5.1. Locais de coleta...10 5.2. Frequencia das coletas...13 5.3. Coletas...13 5.4. Análise do material...14 5.5. Apresentação dos dados...15 5.5.1. Abundância...15 5.5.2. Análise de captura por unidade de esforço (CPUE) em número e biomassa...15 5.5.3. Análise dos estágios de maturação gonadal...16 5.5.4. Diversidade ictiofaunísica (H ) e Equitabilidade...17 5.5.5. Análise de Similaridade...17 5.5.6. Monitoramento da pesca profissional no reservatório...18 5.5.7. Equipe executora dos trabalhos...18 6. RESULTADOS...19 6.1. Condições climáticas...19 6.2. Composição ictiofaunística...20 6.3. Autoecologia das espécies amostradas...25 6.4. Abundância...30 6.6. Análise de captura por unidade de esforço (CPUE) em número e biomassa...37 6.7. Avaliação dos estágios de desenvolvimento gonadal...40 6.8. Diversidade ictiofaunística (H ) e Equitabilidade (E)...46 6.9. Análise de similaridade...47 6.10. Coleta qualitativa...48 6.11. Monitoramento da existência de atividade de pesca profissional no Reservatório...48 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...49 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...52 ANEXOS...59 3

1. APRESENTAÇÃO O presente relatório reporta atividades desenvolvidas no mês de setembro/, pela equipe técnica da Água e Terra Planejamento Ambiental Ltda. para o contrato n 4570010251/510 que se refere ao Monitoramento Anual da Ictiofauna do Reservatório da Usina Hidrelétrica Emborcação, da CEMIG Geração e Transmissão S.A. 4

2. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO Empreendedor: CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S.A. CNPJ: 06.981.176/0001-58 Endereço: Av. Cel. José Teófilo Carneiro, 2.777 Bairro São José Uberlândia MG Empreendimento: Usina Hidrelétrica Emborcação Empresa Elaboradora: Água e Terra Planejamento Ambiental Contato: Bióloga Regina Célia Gonçalves Avenida Padre Almir Neves de Medeiros, 650 Bairro: Sobradinho Patos de Minas / MG CEP: 38.701-118 Tel/Fax: (34) 3823-8440 e-mail: reginacelia@aguaeterra.com.br 5

3. INTRODUÇÃO Historicamente, o desenvolvimento industrial e o crescimento populacional estão associados a um aumento na demanda de água e energia. Uma das formas de atender a este crescente consumo é através do represamento de rios. Entretanto, especialmente quando são feitas em série, as barragens quebram a conectividade montante-jusante, que é uma característica natural de rios (PACHECO et al., 2008), formando ambientes ecologicamente heterogêneos e complexos, cuja estrutura e dinâmica são intermediárias entre àquelas de um rio e um lago. No Brasil, a construção de usinas hidrelétricas (UHEs) alcançou grande desenvolvimento especialmente nas décadas de 1920 a 1930, 1950 e 1970 (GONÇALVES & BRAGA, 2008). Mais de 600 barragens foram construídas e ocupam uma área de aproximadamente 40.000 km 2, com volume de 6,5 x 1011 m 3, com o principal intuito de gerar energia elétrica. Cerca de 85% da energia produzida no Brasil é gerada em UHEs e quase 70% provém de reservatórios da bacia do rio Paraná (AGOSTINHO et al. 2007; GONÇALVES & BRAGA, 2008). Apesar dos impactos negativos causados ao meio ambiente e à ictiofauna, a construção de UHEs no Brasil ainda é uma prática bastante comum (AGOSTINHO et al., 2004a, AGOSTINHO et al,. 2007). Estudos em reservatórios gerados pela construção de UHEs tem tido importância cada vez maior devido ao grande número desses ecossistemas artificiais e servem de referência no planejamento da instalação de futuros empreendimentos. O principal problema causado pela formação de um reservatório é a ocorrência de uma mudança drástica no ambiente aquático em um prazo relativamente curto (CASTRO & ARCIFA, 1987), transformando o ambiente lótico em lêntico rapidamente. Reservatórios criados a partir do represamento de um rio proporcionam um ambiente novo e alterado para a comunidade íctica (TUNDISI, 1981). Um efeito inevitável do represamento para a comunidade de peixes é a alteração na composição e abundância de espécies, com proliferação de algumas e redução ou até eliminação de outras, além de efeitos sobre a alimentação (GONÇALVES & BRAGA, 2008). Devido à rápida transformação na dinâmica da água, é esperada uma alteração na disponibilidade de recursos alimentares, que afetará as interações bióticas e levará os organismos a responderem de formas distintas às novas condições (HAHN et al., 1997). Neste contexto, o monitoramento da comunidade íctia e o estudo da alimentação são uma importante ferramenta para avaliar as modificações que ocorrem em uma comunidade após 6

um distúrbio como o represamento, podendo fornecer, ainda, importantes subsídios para o entendimento do funcionamento do ecossistema. Karr (1981) e Araújo (1998) indicam que as assembléias ictiofaunísticas funcionam como indicadoras da qualidade ambiental, pois refletem o estado biótico e abiótico de seu ambiente. Através da estimativa do aumento considerável das espécies tolerantes em relação às espécies não tolerantes, é possível avaliar as alterações na estrutura da comunidade permitindo identificar possíveis distúrbios ambientais através de mudanças no padrão de dominância e de diversidade das espécies, relacionando a sobreposição da curva de abundância sobre a curva de biomassa com a degradação ambiental. 3.1. Área de estudo A UHE Emborcação situa-se a 80 km de Uberlândia, Rodovia BR 050 km 588, no município de Araguari/MG. O reservatório estende-se pelos municípios de Abadia dos Dourados, Cascalho Rico, Douradoquara, Estrela do Sul, Grupiara e Monte Carmelo, no estado de Minas Gerais, e Catalão, Davinópolis, Ouvidor e Três Ranchos, no estado de Goiás. A barragem de Emborcação está localizada a 11,5 km à montante da ponte Estelita Campos, sobre o rio Paranaíba e encontra-se na divisa dos Estados de Goiás e Minas Gerais, mais precisamente entre os municípios de Araguari (MG) e Catalão (GO). Situada no rio Paranaíba, a UHE iniciou sua operação em 1982, com uma potência instalada de 1.192 MW, operando com 04 unidades geradoras e seu reservatório apresenta um volume útil de 13,056 bilhões de m 3. A bacia do Paranaíba drena uma área com cerca de 220 mil km 2, com quase 8,5 milhões de habitantes em 196 municípios, além do Distrito Federal, incluindo cinco no Mato Grosso do Sul, 55 em Minas Gerais, onde ocupa 12,2% do território, e 136 em Goiás, onde é a principal bacia em área e ocupação antrópica. O bioma predominante é o cerrado e o clima é homogêneo, de úmido e semi-úmido a semi-árido. Segundo as últimas análises realizadas na bacia, os índices de qualidade da água variam de médio a ruim, devido à destruição de ambientes naturais, das matas ciliares, lançamento de efluentes domésticos e industriais, utilização de agrotóxicos e dragas irregulares na agricultura. Com o mau uso do recurso hídrico, gerando inclusive assoreamentos, o Paranaíba perdeu cerca de 60% da vazão, nas últimas décadas. Apesar disso, bacia é conhecida, 7

principalmente, pelas suas riquezas diamantíferas e pelo potencial hidrelétrico, responsável pela geração de grande parte da energia de Minas e Goiás. O presente programa de monitoramento da ictiofauna justifica-se pelo fato de implementar o conhecimento técnico e a formação de um banco de dados sobre a situação da ictiofauna e pesca profissional no rio Paranaíba, à montante e jusante da usina, bem como, o atendimento aos programas e projetos estabelecidos no Sistema Ambiental da instalação. 8

4. OBJETIVOS O presente estudo tem como objetivo demonstrar a composição e a diversidade da ictiofauna em três pontos de coletas no reservatório e em um ponto, no rio Paranaíba, à jusante de tal empreendimento. 9

5. MATERIAL E MÉTODOS A metodologia ora descrita consiste naquela descrita na Especificação Técnica GA/PA-UAT nº 003/2007, elaborada pela equipe técnica da Cemig, bem como o documento nº 11.158-RE-M90-037 Manuais de operação de Meio Ambiente Capítulo 6 Monitoramento da Ictiofauna e Cuidados na Operação da UHE Miranda. 5.1. Locais de coleta As coletas de peixes foram realizadas em quatro pontos, conforme tabela 1, a seguir: Tabela 1: Descrição dos pontos de amostragem Ponto Descrição Coordenadas EMB-01 Reservatório da UHE Emborcação, nas proximidades do município de Davinópolis 18º11 34 S e 47º32 24 W EMB-02 Reservatório da UHE Emborcação, nas proximidades do município de Três Ranchos 18º27 05 S e 47º46 05 W EMB-03 Montante da barragem da UHE Emborcação 18º28 10 S e 47º59 10 W EMB-04 Jusante da barragem da UHE Emborcação, nas imediações do vertedouro e do canal de fuga da Usina 18º27 04 S e 47º59 27 W Fonte: Especificação Técnica CEMIG/2007 As fotos a seguir apresentam os pontos em que foram realizadas as coletas. Foto 1: Visão parcial do ponto EMB01. Foto 2: Ponto EMB02. Fonte: Água e Terra Planejamento Fonte: Água e Terra Planejamento 10

Foto 3: Ponto EMB03. Foto 4: Ponto EMB04. Fonte: Água e Terra Planejamento Fonte: Água e Terra Planejamento A localização dos quatros pontos amostrados está representada na Figura 01, a seguir. 11

Figura 1: Localização da região de estudos e dos pontos de amostragem de ictiofauna no reservatório e à jusante da UHE Emborcação Fonte: Google Earth. 12

5.1. Frequência das coletas Conforme especificação técnica anteriormente citada, o presente monitoramento foi realizado através de apenas uma campanha de campo, realizada no mês de setembro de. 5.2. Coletas 5.2.1. Equipamentos e procedimentos Para a atividade de coleta, utilizou-se barco marujo de 5 metros de comprimento e 150 cm de largura, devidamente registrado na Capitania Fluvial do São Francisco, em Pirapora, sob nº 941M2006000443. Foi elaborada Análise de Risco pela equipe de campo e obtido porte da Autorização para Utilização de Embarcação (APUE) emitida pela coordenação da Usina Hidrelétrica Emborcação. Além disso, foi solicitada, junto ao IBAMA, licença de pesca científica. No entanto, em função do atraso na análise do processo, e da existência de uma licença de pesca para a mesma equipe, na área de influência da UHE Emborcação, porém para estudos destinados ao licenciamento do AHE Davinópolis, a equipe técnica do IBAMA autorizou a realização da campanha de amostragem, utilizando-se a licença já vigente. Assim, no Anexo C, encontramse as duas licenças de pesca. 5.2.2. Capturas quantitativas Para as capturas quantitativas, utilizaram-se redes de malhas com 10 e 20 metros de comprimento e altura média de 1,6 metros com malhas variando de 3 a 16 centímetros, medidos entre nós opostos. Foi empregado esforço amostral de 760 metros lineares no total por ponto de amostragem, 20 metros para as malhas 3, 4 e 5 e 100 metros para as demais. As redes foram armadas à tarde e retiradas na manhã seguinte, permanecendo aproximadamente 14 horas de exposição (Foto 5). 13

Foto 5: Rede de emalhar sendo retirada Ponto EMB02 Fonte: Água e Terra Planejamento 5.2.3. Capturas qualitativas Para as amostragens qualitativas, foram utilizados os seguintes petrechos: rede de arrasto, anzóis, espinheis e tarrafas. 5.2.4. Acondicionamento e transporte Os indivíduos capturados foram acondicionados em sacos plásticos etiquetados e separados por ponto amostral, material de pesca e tamanho de malha. Em campo os exemplares coletados foram fixados em solução de formol 10% e acondicionados em bombona plástica. 5.3. Análise do material Em laboratório, os peixes foram lavados e conservados em solução de álcool etílico a 70 GL. Em seguida, procedeu-se a triagem, etiquetação, identificação taxonômica, obtenção do diagnóstico definitivo do sexo e de maturação gonadal e dos dados relacionados à biometria (peso corporal em gramas e comprimento corporal padrão, em mm). 14

5.4. Apresentação dos dados 5.4.1. Abundância Foram apresentadas as abundâncias absolutas, relativas e total para as espécies encontradas nessa campanha de amostragem. Na abundância absoluta foi considerada a quantidade de indivíduos encontrados por espécie e na abundância relativa, a relação entre a abundância absoluta da espécie e abundância total de todos os indivíduos coletados na amostragem. 5.4.2. Análise de captura por unidade de esforço (CPUE) em número e biomassa A produtividade em número e biomassa foi estimada através da captura por unidade de esforço (CPUE), com base nos dados obtidos através das redes de espera. O cálculo da CPUE foi efetuado através das seguintes equações: e, 16 CPUE (n) = (Nm / EPm )x100 m=3 16 CPUE (b) = (Bm / EPm )x100 m=3 Onde: CPUEn = captura em número por unidade de esforço; CPUEb = captura em biomassa (peso corporal) por unidade de esforço; Nm = número total dos peixes capturados na malha m; Bm = biomassa total capturada na malha m (em kg); EPm = esforço de pesca, que representa a área em m 2 das redes de malha m; m = tamanho da malha (3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 12, 14 e 16 cm). 15

5.4.3. Análise dos estágios de maturação gonadal Durante a avaliação da atividade reprodutiva, os peixes foram submetidos à incisão ventral para determinação do sexo e do diagnóstico macroscópico de maturação gonadal. Para os diagnósticos duvidosos, foram coletados fragmentos de uma das gônadas, os quais foram fixados em líquido de Bouin e conservados em álcool 70º GL, por 24 horas, para posterior processamento histológico. Esta análise baseou-se principalmente no volume relativo da gônada na cavidade abdominal, integridade da rede sanguínea (machos e fêmeas), presença e tamanho dos diversos tipos de ovócitos (ovócitos I, II, III e IV) e integridade das lamelas ovarianas (VAZZOLER et al, 1996; VONO et al, 2002). Foram considerados os seguintes estádios de maturação, seguindo-se as características propostas por Vono et al. (2002), com algumas adaptações: Repouso 1: ovários delgados e íntegros, translúcidos, sem ovócitos visíveis a olho nu; testículos delgados e íntegros, predominantemente hialinos; Maturação inicial 2A: ovários com discreto aumento de volume e poucos ovócitos vitelogênicos (ovócitos II, III e IV) evidentes; testículos com discreto aumento de volume e com aparência leitosa; Maturação intermediária 2B: ovários com maior aumento de volume, grande número de ovócitos IV evidentes, porém ainda com áreas a serem preenchidas; testículos com maior aumento de volume, leitosos; Maturação avançada 2C: ovários com aumento máximo de volume, ovócitos vitelogênicos distribuídos uniformemente; testículos com aumento máximo de volume, túrgidos, leitosos; Desova/Espermiação - 3 Esgotado (desovado ou espermiado) 4: ovários flácidos e sanguinolentos, com número variável de ovócitos vitelogênicos remanescentes; testículos flácidos e sanguinolentos. 16

5.4.4. Diversidade ictiofaunísica (H ) e Equitabilidade Para o cálculo da diversidade de espécies foram empregados os dados quantitativos obtidos através das capturas com redes de malhas (CPUE). Utilizou-se o índice de diversidade de Shannon-Weaver (MAGURRAN, 1991), descrito pela equação: S H' = - (π) x (log n π), onde: i = 1 Onde: S = número total de espécies na amostra; i = espécie 1, 2, 3... i na amostra; π = proporção do número de indivíduos da espécie i na amostra, através da CPUE em número. A equitabilidade (E) de distribuição das capturas pelas espécies, estimada para cada período de captura, foi calculada através da equação de Pielou (1975). Onde: H = Índice de Diversidade de Shannon; N = número de espécies. E = H / log N Os valores da diversidade e da equitabilidade foram calculados para cada uma das estações de coleta separadamente. 5.4.5. Análise de Similaridade As composições das comunidades dos diferentes pontos de coletas foram comparadas através do Índice de Similaridade de Sorensen (MAGURRAM, 1991) utilizando a seguinte fórmula através do Programa BiodiversityPro: IS = 2j / (a+b) 17

Onde: IS = Índice de similaridade; j = número de espécies em comum; a + b = número de espécies em dois pontos. MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA 5.4.6. Monitoramento da pesca profissional no reservatório Realizaram-se inspeções no reservatório e em seu entorno visando à identificação de atividade de pesca profissional como a presença de embarcações, concentração de pescadores e locais de comercialização de pescado. Obtiveram-se ainda informações sobre esta atividade junto ao Destacamento da Polícia Ambiental do município de Araguari e IEF s da região. 5.4.7. Equipe executora dos trabalhos Todas as etapas supracitadas foram realizadas pela seguinte equipe técnica: Tabela 2: Equipe técnica responsável pela realização dos trabalhos Nome Formação Função Adriane Fernandes Ribeiro Bióloga Biometria / Análise gonadal / Elaboração de Relatório Erika Fernandes Araújo Vita Bióloga Biometria / Análise gonadal / Elaboração de Relatório Fernando Apone Biólogo Taxonomia / Análise gonadal Marcel Cavallaro Biólogo Taxonomia / Análise gonadal Murilo Carvalho Biólogo Taxonomia / Análise gonadal Regina Célia Gonçalves Bióloga Biometria / Análise gonadal / Elaboração de Relatório Rubens Pádua de Melo Neto Biólogo Coleta Saulo Gonçalves Pereira Biólogo Coleta Ubaldo José Magalhães - Arraiz / Aquaviário 18

6. RESULTADOS 6.1. Condições climáticas As coletas foram realizadas no período de 09 a 12 de agosto/ e as condições climáticas observadas neste período estão representadas na Tabela 3. Tabela 3: Condições climáticas por ponto de amostragem. Ponto Condições climáticas Observações EMB- 01 Ensolarado. Presença de mata ciliar pouco representativa em mosaicos. Rio com bastante correnteza e pedras no leito. Água turva, presença de muitos ranchos na margem direita, atividade agropecuária, pesca predatória e amadora. EMB- 02 Nublado com chuva e ventos fortes. Ausência de mata ciliar e lago apresentando muita marola. Presença de animais (capivara) na região de entorno do ponto de amostragem, bem como atividadade pesqueira. EMB- 03 EMB- 04 Ensolarado com presença de nuvens. Ausência de mata ciliar presente. Leito rochoso com grande profundidade, água limpa e muita marola. Presença de animais e fezes no entorno da área amostrada (capivara). Presença de mata ciliar em processo de sucessão. Leito aparentemente rochoso e Ensolarado. água bastante límpida. Local bastante freqüentado por pescadores. Foram observadas no local, muitas redes armadas e abandonadas. Presença de animais e fezes no entorno da região (capivara, aves e lontra). Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental A tabela a seguir, contém as datas e horários em que as redes de emalhar foram colocadas e retiradas em cada um dos pontos amostragem. Tabela 4: Dados referentes à retirada e colocação das redes de emalhar Pontos Setembro/ Colocação Retirada Data Hora Data Hora EMB-01 11/09 17h20min 12/09 07h30min EMB-02 09/09 17h00min 10/09 07h00min EMB-03 10/09 17h30min 11/09 08h50min EMB-04 10/09 16h40min 11/09 07h10min Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental 19

6.2. Composição ictiofaunística Durante esta campanha de amostragem, foram coletados 220 (duzentos e vinte) indivíduos distribuídos em 21 (vinte e uma) espécies, 10 (dez) famílias e 4 (quatro) ordens. Na tabela a seguir são apresentadas as espécies capturadas nesse monitoramento, bem como a composição de cada um dos pontos. Tabela 5: Espécies encontradas no monitoramento realizado em. Ordem Família Espécie Nome comum EMB-01 EMB-02 EMB-03 EMB-04 Characiformes Anostomidae Charadae Curimatidae Leporinus cf. elongatus piau verdadeiro 1 - - - Leporinus friderici piau-três-pintas - 12 1 13 Leporinus obtusidens piapara 1 - - - Leporinus octofasciatus flamenguinho - - 4 - Schizodon nasutus campineiro 13 9 3 1 Astyanax altiparanae lambari-do-rabo-amarelo 4 1 - - Metynnis cf. maculatus pacu prata/pacuzinho - - - 1 Serrasalmus cf. maculatus piranha - - 9 11 Galeocharax knerii cigarra/peixe-cadela 2 - - - Steindachnerina insculpta saguiru do rabo amarelo 3 - - - Erythrinidae Hoplias intermedius traíra 1-1 4 Prochilodontidae Prochilodus lineatus curimbatá 2 - - - Gymnotiformes Sternopygidae Eigenmannia cf. virescens tuvira/sarapó - - 1 - Perciformes Siluriformes Cichlidae Cichla cf. piquiti tucunaré azul - - 4 - Satanoperca sp. acará - - - 3 Doradidae Rhinodoras dorbignyi abotoado 6 1 - - Loricariidae Pimelodidae Hypostomus cf. paulinus cascudo 3 - - - Hypostomus cf. margaritifer cascudo 14 1 - - Hypostomus cf. regani cascudo 25 - - - Pimelodus maculatus mandi 5 43 12 Pirinampus pirinampus barbado 1 2 1 1 Número de indivíduos 80 69 24 46 Número de espécies 14 7 8 8 Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental A seguir, fotos de algumas espécies capturadas durante essa campanha. 20

Foto 6: Astyanax altiparanae (lambari do rabo amarelo) Foto 7: Cichla cf. piquiti (tucunaré azul) Fonte: Água e Terra Planejamento Fonte: Água e Terra Planejamento Foto 8: Galeocharax knerii (peixe cadela) Foto 9: Pimelodus maculatus (mandi). Fonte: Água e Terra Planejamento Fonte: Água e Terra Planejamento Foto 10: Leporinus cf. octofasciatus (flamenguinho). Foto 11: Leporinus cf. friderici (piau três pintas) Fonte: Água e Terra Planejamento Fonte: Água e Terra Planejamento 21

Foto 12: Hypostomus sp. (cascudo) Foto 13: Rhinodora dorbignyi (abotoado) Fonte: Água e Terra Planejamento Fonte: Água e Terra Planejamento Foto 14: Serrasalmus cf. maculatus (piranha) Fonte: Água e Terra Planejamento Nos gráficos a seguir, é apresentada a composição ictiofaunística de cada um dos pontos amostrados. 22

Gráfico 1: Composiçaõ Ictiofaunísitca do ponto EMB01 Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental Gráfico 2: Composição ictiofaunística do ponto EMB02 Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental 23

Gráfico 3: Composição ictiofaunística do ponto EMB03. Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental Gráfico 4: Composição ictiofaunística do ponto EMB04. Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental 24

De acordo com os dados anteriormente apresentados, verificou-se que apenas as espécies Schizodon nasustus (timburé) e Pimelodus maculatus (mandi amarelo) estiveram presentes em todos os pontos de amostragem. Considerando-se os dados obtidos em amostragens anteriores, verificou-se que, em 2008, as espécies Leporinus friderici (piau três pintas), Schizodon nasustus (timburé), Serrasalmus cf. maculatus (piranha) e Pimelodus maculatus (mandi amarelo) foram comuns a todas as estações de amostragem; enquanto que em 2007, apenas Pinirampus pirinampu (mandi-alumínio) e Pimelodus maculatus (mandi-amarelo) foram encontradas nos quatro pontos. 6.3. Autoecologia das espécies amostradas A seguir, são feitos comentários sobre as preferências ecológicas, dieta e comportamento das espécies encontradas durante o levantamento de campo. Astyanax altiparanae (Lambari do rabo amarelo) Os peixes da espécie neotropical Astyanax altiparanae, conhecida popularmente como lambari-de-rabo-amarelo, apresentam uma distribuição ampla na bacia do alto rio Paraná, o que provavelmente ressalta a importância desta espécie para este ecossistema. A. altiparanae apresenta uma grande capacidade de ajuste às condições ambientais diferenciadas, porém com certos limites às questões físicas destes ambientes (GALINDO et al., 2008). Esta espécie é caracterizada por apresentar peixe de pequeno porte, atingindo cerca de 10 cm de comprimento e peso de até 40 gramas. É encontrado em uma grande variedade de ambientes, como cabeceiras de riachos, rios, lagos e brejos. Muito ativo, move-se em cardumes e pode realizar curtas migrações ascendentes na época das cheias, o que lhe proporciona o estímulo necessário para a reprodução. Sua atividade reprodutiva inicia-se a partir dos 5 cm de comprimento. Em alguns cursos d água, pode se reproduzir durante todo o ano. Alimenta-se de algas, vegetais superiores, larvas e insetos adultos. É considerada uma espécie forrageira (CEMIG, 2000). Cichla cf. piquiti (Tucunaré azul) Tem hábitos diurnos, não realizam migrações, vivem em lagos e lagoas, na mata inundada e na boca do remanso dos rios. Como espécie exótica, as espécies apresentam alta capacidade de adaptação nos sistemas lênticos originados pelo represamento da água por 25

barragens hidrelétricas, exercendo importante papel na regulação e limitação de outros organismos aquáticos (CAIRES, 2008). São carnívoros e alimentam-se preferencialmente de peixes e camarões. Formam casais e cuidam da prole. Após iniciarem um ataque, não desistem até conseguirem capturar as presas. (PNDPA, 2008). Possui sua distribuição geográfica nas Bacias Amazônica e Tocantins-Araguaia, e foram introduzidos em reservatórios da bacia do Paraná, Pantanal, São Francisco e açudes do Nordeste. Eigenmannia virescens (Tuvira / Sarapó) Espécie de ampla distribuição geográfica, formando grupos gregários junto à vegetação marginal ou flutuante. São peixes de hábito tipicamente noturnos, alimentando-se principalmente de insetos autóctones. São poucos os trabalhos envolvendo aspectos reprodutivos desta espécie, sabe-se que o período reprodutivo é compreendido de agosto a janeiro. Espécie não migradora, com fecundação externa e provavelmente cuidada parental (BRITTO, 2003). Galeocharax knerii (Cigarra / Peixe cadela) Espécie encontrada na América do Sul. Alimenta-se basicamente de peixes e insetos, e é considerada bentopelágica. Seu tamanho máximo é de, aproximadamente, 24 cm. Possui hábitos crepusculares. (CEMIG, 2000, NETO et al., 1998). Espécie não migradora, com fecundação externa, sem cuidado parental (BRITTO, 2003). Hoplias intermedius (Traíra) Hoplias intermedius tem como distribuição geográfica as bacias do rio São Francisco e do rio Paraná, incluindo os rios Grande, Paranaíba e Piquiri. Também ocorre nos afluentes do rio Doce, em Minas Gerais Esta espécie habita os canais principais dos rios e lagoas marginais (VIEIRA et al., 2005). Os juvenis são capturados, geralmente, em lagos de várzea (MESCHIATTI et al., 2000). É uma espécie comum em reservatórios e apresenta grande importância econômica (ALVES & POMPEU, 2001). Seu hábito piscívoro (ALVIM & PERET, 2004) torna-o vulnerável a bioacumulação de mercúrio. 26

Hypostomus sp. (Cascudo) O número de espécies do gênero Hypostomus é grande e a sua sistemática é bastante confusa. Dependendo da espécie, pode ser de pequeno ou médio porte. Os cascudos apresentam desenvolvimento lento. No período reprodutivo, a fêmea chega a depositar cerca de 3000 ovos que, em geral, são postos em locas vigiadas pelos machos. Vivem no fundo dos corpos d água e alimentam-se de algas do perifíton e detritos (CEMIG, 2000). Segundo Manna e colaboradores (2007), existem alguns estudos sobre a alimentação desse grupo, onde se destaca a presença de detritos ou sedimento como item principal na sua dieta, Alvim (1999) classifica esse grupo como iliófoga. São considerados reofílicos. Leporinus sp. (Piau) O gênero Leporinus compreende um grande número de espécies de status taxonômico incerto. Em geral, o gênero compreende espécies de piracema, sendo algumas migradoras facultativas, e outras desovam em ambientes lênticos. São classificados generalizadamente como onívoros pela maioria dos autores devido à grande diversidade de itens presentes em suas dietas, no entanto, o grau de especialização alimentar varia bastante entre as espécies. Os animais deste gênero são considerados reofílicos. (DURÃES, 2001). Leporinus friderici (Piau três pintas) Espécie onívora, com tendência a carnívora (principalmente insetos) ou frugívora (frutos e sementes pequenas), dependendo da oferta de nutrientes. Vive preferencialmente na margem dos rios, lagos e na floresta inundada. Realiza migração reprodutiva a partir de setembro. É importante para a pesca de subsistência e para o comércio local. Têm sua distribuição geográfica nas Bacias Amazônica, Araguia-Tocantins, Paraguai, Paraná e Uruguai. (PNDPA, 2008). Metynnis sp. (Pacu prata) O gênero Metynnis encontra-se distribuído nas Bacias Amazônica, Araguaia- Tocantins, Prata e São Francisco, onde algumas espécies serão encontradas em rios, lagos e igapós, e outras em corredeiras, alimentando-se de frutos, sementes, algas e também de crustáceos e moluscos (JÉGU, 2003). Atualmente, 14 espécies válidas são reconhecidas dentro do gênero (ZARSKE & GÉRY, 2008). Pertencente à subfamília Myleinae possui corpo alto e comprimido; os dentes são incisiformes, truncados, molariformes ou cônicos e se dispõem em duas séries no pré-maxilar 27

e dentário, dentes estes que lhe conferem habilidade para cortar partes de vegetais e mesmo esmagar frutos e sementes. Os representantes deste gênero, geralmente são encontrados em maior abundância durante as cheias, em corixos, corpos d água que possuem leito próprio e muitas vezes, vegetação ciliar mais desenvolvida (REZENDE & PEREIRA, 1998). Pimelodus maculatus (Mandi) O mandi-amarelo, espécie de ampla distribuição geográfica e de grandes variações cromáticas e até estruturais. Pode ser encontrado na Amazônia, Guianas, Venezuela, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina, Bacia do Paraná, do Prata, Rio Uruguai e Rio Iguaçu. É uma espécie abundante e importante na pesca comercial, com ótima aceitação pelo mercado consumidor. De hábito alimentar onívoro com tendência à ictiofagia, o mandiamarelo apresenta ampla plasticidade da dieta. Reproduz-se durante a enchente, entre os meses de novembro a março (LUZ & ZANIBONI FILHO, 2004). Pinirampus pirinampus (Barbado) Espécie comum ao longo dos rios é uma espécie importante para a pesca de subsistência. Inclui vários itens na sua dieta alimentar, mas costuma ser piscívoro. É um peixe muito voraz, sua distribuição geográfica se dá nas bacias Amazônica, Tocantins-Araguaia e Prata. (PNDPA, 2008). Prochilodus lineatus (Curimbatá) Os proquilodontídeos são considerados peixes de elevada importância pesqueira em regiões de influência de grandes rios. Todas as espécies de Prochilodus se alimentam de lodo acumulado no fundo dos rios, possuindo para esta dieta uma série de adaptações, como uma boca suctorial e um longo tubo digestivo. Adultos formam grandes cardumes que se movimentam na parte central de grandes rios, próximos ao fundo, e jovens, freqüentemente, abundam em lagoas ao longo das margens dos rios. A espécie apresenta potencial pesqueiro, desova entre os meses de outubro e março, e também são conhecidos pelos grandes deslocamentos migratórios reprodutivos, realizando para isso, grandes saltos, vencendo obstáculos e a correnteza ((BERTOLETTI, 1985; SILVA et al., 2008). Rhinodoras dorbignyi (Abotoado) Peixe de médio porte, alcança cerca de 40 cm de comprimento quando adulto. Esta espécie pertence à família Doradidae e é caracterizada pela presença de uma série de placas 28

óssea de cada lado do corpo, ao longo da linha lateral, cada uma terminando num espinho e formando, em conjunto, uma serra lateral. O corpo é castanho-claro esbranquiçado, com manchas castanho-escuras regularmente distribuídas. A reprodução ocorre, normalmente, na primavera e no verão (CEMIG,2000). Satanoperca sp. (Acará) Gênero amplamente distribuído em águas continentais do Brasil, Bolívia e Paraguai (KULLANDER, 2003). Explora o fundo para obter alimento, altera seu hábito alimentar ao longo de seu desenvolvimento ontogenético e seus padrões morfológicos (alométricos) estão relacionados ao hábito alimentar. Pode ser considerada uma espécie generalista trófica.(cassemiro, 2006). Schizodon nasutus (Campineiro) Peixe herbívoro, alimenta-se principalmente de macrófitas em decomposição, algas filamentosas, sementes e raízes. Este peixe empreende migrações reprodutivas, desovando entre fins de novembro e começo de janeiro, ou seja, durante o verão. É capturado junto à vegetação marginal, provável sítio alimentar. Possui fecundação externa, sem cuidado parental (BRITTO, 2003). Serrasalmus cf. maculatus (Piranha) Os serrasalmídeos, excluindo os pacus e o tambaqui, são popularmente conhecidos como piranhas ou pirambebas, são predadores e se alimentam, principalmente, de pedaços de nadadeiras, escamas e outras partes do corpo de suas presas (NORTHCOTE et al., 1986; POMPEU, 1999; AGOSTINHO & MARQUES, 2001; POMPEU & GODINHO, 2003; COSTA et al., 2005), sendo os únicos capazes de arrancar pedaços de suas presas com seus dentes cortantes (BRITSKI et al., 1984). São gregárias, habitantes de ambientes lênticos, onde se reproduzem, com cuidado parental (GODINHO & GODINHO, 2003) Steindachnerina insculpta (Saguiru do rabo amarelo) Espécie algívora e detritívora na fase adulta, se alimentando de zooplâncton nos primeiros 30 a 50 dias de vida, quando possuí dentes larvais. Apresenta reprodução entre os meses de agosto e fevereiro, mas fêmeas maduras podem ser encontradas ao longo de praticamente todo o ano, com raras exceções, nos meses muito secos. Apresenta-se amplamente distribuída nas bacias costeiras, da Bahia a São Paulo, em rios de médio e grande 29

porte, com preferência por ambientes lênticos. Não apresenta carne de grande aceitação, devido ao hábito iliófago (BRITTO, 2003). 6.4. Abundância De acordo com Lowe-McConnell (1999), a dominância de Ostariophysi é comum em rios neotropicais. A superordem Ostariophysi é composta por cinco ordens, a saber: Characiformes, Siluriformes, Gymnotiformes, Cyprinoformes e Gonorynchiformes. Nesta campanha, este grupo também apresentou dominância, uma vez que correspondeu a 97% do total dos indivíduos, sendo que a ordem Siluriformes foi dominante, uma vez que correspondeu a 52% do total amostrado (GRÁFICO 05). Gráfico 5: Abundância relativa das ordens de peixes coletados na UHE Emborcação. Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental Conforme observado no gráfico a seguir, nesta amostragem, Pimelodidae foi a família predominante, com 65 (sessenta e cinco) indivíduos capturados, correspondendo a 30% do total. Em 2008, a família Loricariidae apresentou-se como a mais abundante, com 28,94% dos indivíduos amostrados. 30

Gráfico 6: Abundância absoluta das famílias de peixes encontradas na UHE Emborcação. Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental Em relação à abundância relativa e absoluta de cada uma das espécies capturadas, os resultados obtidos nesta campanha estão representados na Tabela 6. Tabela 6: Abundâncias absoluta e relativa das espécies amostradas na UHE Emborcação. Ordem Família Espécie Nome comum Characiformes Anostomidae Charadae Curimatidae Abundância absoluta Abundância relativa Leporinus cf. elongatus piau verdadeiro 1 0,004 Leporinus friderici piau-três-pintas 26 0,119 Leporinus obtusidens piapara 1 0,004 Leporinus octofasciatus flamenguinho 4 0,018 Schizodon nasutus campineiro 26 0,119 Astyanax altiparanae lambari-do-rabo-amarelo 5 0,023 Metynnis cf. maculatus pacu prata/pacuzinho 1 0,004 Serrasalmus cf. maculatus piranha 20 0,091 Galeocharax knerii cigarra/peixe-cadela 2 0,009 Steindachnerina insculpta saguiru do rabo amarelo 3 0,014 Erythrinidae Hoplias intermedius traíra 6 0,027 Prochilodontidae Prochilodus lineatus curimbatá 2 0,009 Gymnotiformes Sternopygidae Eigenmannia cf. virescens tuvira/sarapó 1 0,004 Perciformes Siluriformes Cichlidae Cichla cf. piquiti tucunaré azul 4 0,018 Satanoperca sp. acará 3 0,014 Doradidae Rhinodoras dorbigny abotoado 7 0,032 Loricariidae Pimelodidae Hypostomus cf. paulinus cascudo 3 0,014 Hypostomus cf. margaritifer cascudo 15 0,068 Hypostomus cf. regani cascudo 25 0,114 Pimelodus maculatus mandi 61 0,277 Pirinampus pirinampus barbado 4 0,018 Número de indivíduos 220 1 Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental 31

Gráfico 7: Abundância das espécies encontradas na UHE Emborcação. Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental 32

A espécie mais abundante durante esta campanha foi Pimelodus maculatus (mandi amarelo) com 61 (sessenta e um) indivíduos coletados, perfazendo aproximadamente 27,73% do total amostrada. Essa espécie também foi a mais abundante no monitoramento realizado em 2008. Em relação à abundância absoluta de cada ponto de amostragem, verificou-se que o EMB-01 foi o mais abundante, apresentando 81 (oitenta e um) indivíduos capturados, seguido pelo ponto EMB-02, com 69 (sessenta e nove) indivíduos (TABELA 7). Vale ressaltar que na amostragem referente a 2008, o EMB-01 também foi o ponto mais abundante; enquanto que em 2007, a maior abundância foi verificada no EMB-04. Tabela 7: Abundância absoluta de cada um dos pontos de amostragem Espécie Nome comum EMB-01 EMB-02 EMB-03 EMB-04 Leporinus cf. elongatus piau verdadeiro 1 - - - Leporinus friderici piau-três-pintas - 12 1 13 Leporinus obtusidens piapara 1 - - - Leporinus octofasciatus flamenguinho - - 4 - Schizodon nasutus campineiro 13 9 3 1 Astyanax altiparanae lambari-do-rabo-amarelo 4 1 - - Metynnis cf. maculatus pacu prata/pacuzinho - - - 1 Serrasalmus cf. maculatus piranha - - 9 11 Galeocharax knerii cigarra/peixe-cadela 2 - - - Steindachnerina insculpta saguiru do rabo amarelo 3 - - - Hoplias intermedius traíra 1-1 4 Prochilodus lineatus curimbatá 2 - - - Eigenmannia cf. virescens tuvira/sarapó - - 1 - Cichla cf. piquiti tucunaré azul - - 4 - Satanoperca sp. acará - - - 3 Rhinodoras dorbigny abotoado 6 1 - - Hypostomus cf. paulinus cascudo 3 - - - Hypostomus cf. margaritifer cascudo 14 1 - - Hypostomus cf. regani cascudo 25 - - - Pimelodus maculatus mandi 5 43 1 12 Pirinampus pirinampus barbado 1 2-1 Total de indivíduos 81 69 24 46 Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental 33

No gráfico a seguir, é apresentada a abundância relativa dos pontos de amostragem. Gráfico 8: Abundância relativa dos pontos de amostragem Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental 6.5. Biometria Considerando-se o comprimento corporal das espécies, verificou-se que o indivíduo com maior comprimento corporal padrão coletado foi um espécime de Hoplias intermedius, com 480 mm. Já um indivíduo de Astyanax altiparanae foi o menor espécime coletado, apresentando um CP correspondente a 68 mm. A seguir, tabela contendo o comprimento máximo e mínimo e a média de comprimento das espécies capturadas. Tabela 8: Comprimento corporal padrão máximo, mínimo, médio e desvio padrão Espécie N CP máximo CP mínimo Média Desvio Padrão Astyanax altiparanae 5 87 68 73,4 13,43 Cichla cf. piquiti 4 173 134 158,5 27,58 Eigenmannia cf. virescens 1 190 190 - - Galeocharax knerii 2 131 113 122 12,73 Hoplias intermedius 6 480 238 135 171,12 Hypostomus cf. margaritifer 15 185 96 331,67 62,93 Hypostomus cf. paulinus 3 139 131 151,07 5,66 Hypostomus cf. regani 25 210 112 160,64 69,3 Leporinus cf. elongatus 1 173 173 - - Leporinus friderici 26 270 120 201,54 106,07 Leporinus obtusidens 1 260 260 - - Leporinus octofasciatus 4 203 161 180 29,7 34

Espécie N CP máximo CP mínimo Média Desvio Padrão Metynnis cf. maculatus 1 87 87 - - Pimelodus maculatus 61 277 123 202,62 108,89 Pirinampus pirinampus 4 460 179 294,25 198,7 Prochilodus lineatus 2 273 175 224 69,3 Rhinodoras dorbigny 7 162 97 138,14 45,96 Satanoperca sp. 3 123 117 119,67 4,24 Schizodon nasutus 26 346 123 214,15 157,68 Serrasalmus cf. maculatus 20 250 86 122,45 115,96 Steindachnerina insculpta 3 114 84 101 21,21 Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental Considerando o comprimento padrão médio, a espécie Hypostomus cf. margaritifer foi a que apresentou o maior comprimento padrão médio (331,67 mm), enquanto que Astyanax altiparanae foi a espécie que apresentou a menor média, ou seja, 73,4 mm. No gráfico a seguir, está representado o comprimento padrão médio das espécies amostradas. Gráfico 9: Comprimento padrão médio das espécies amostradas (em mm). Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental Nesta campanha, foi coletado um total de 22.647,5 gramas em material ictiológico na UHE Emborcação. A espécie com maior biomassa total coletada foi Pimelodus maculatus com 11.350,5 gramas, enquanto que Metynnis cf. maculatus foi a espécie que apresentou menor biomassa total (30 gramas), sendo capturado apenas um indivíduo desta espécie. 35

Os resultados referentes à biomassa total, máxima e mínima, bem como a média e o desvio padrão são apresentados na Tabela 9. Tabela 9: Biomassa total, máxima, mínima e média das espécies coletadas. Espécie N Bio. total Bio. máx. Bio. min. Bio. Média Desvio Padrão Astyanax altiparanae 5 71,5 25,5 9,5 14,3 11,31 Cichla cf. piquiti 4 364,5 120 50,5 91,12 49,14 Eigenmannia cf. virescens 1 17,5 17,5 17,5 - - Galeocharax knerii 2 58 35,5 22,5 29 9,19 Hoplias intermedius 6 5340 2421 282 890 1512,5 Hypostomus cf. margaritifer 15 1959,5 209 26,5 130,63 129,05 Hypostomus cf. paulinus 3 212 74 67,5 70,67 4,6 Hypostomus cf. regani 25 3455 286 26,5 138,2 183,49 Leporinus cf. elongatus 1 112,5 112,5 112,5 - - Leporinus friderici 26 5869,5 445,5 40 225,75 286,73 Leporinus obtusidens 1 498,5 498,5 498,5 - - Leporinus octofasciatus 4 575,5 195,5 101 143,87 66,82 Metynnis cf. maculatus 1 30 30 30 - - Pimelodus maculatus 61 11.350,5 585,5 46,5 186,07 381,13 Pirinampus pirinampus 4 2490 1.866,5 74 622,5 1267,49 Prochilodus lineatus 2 642,5 562 80,5 321,25 340,47 Rhinodoras dorbigny 7 466 955 22,5 66,57 659,38 Satanoperca sp. 3 181,5 68 56,5 60,5 8,13 Schizodon nasutus 26 7092,5 986,5 38,5 272,79 670,34 Serrasalmus cf. maculatus 20 2265 795 23,5 113,25 545,53 Steindachnerina insculpta 3 92 40,5 17 30,67 16,62 Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental O indivíduo com maior biomassa foi um espécime de Pinirampus pirinampus com 1.866,5 gramas. Já um indivíduo de Astyanas altiparanae foi o espécime coletado com menor biomassa, apresentando apenas 9,5 gramas. Considerando-se as biomassas médias, Hoplias intermedius apresentou a maior valor médio, correspondendo a 890 gramas, enquanto que o menor resultado foi verificado em Astyanax bimaculatus, uma vez que essa espécie apresentou média igual a 14,3 gramas, conforme pode ser observado no gráfico que se segue: 36

Gráfico 10: Biomassa média das espécies amostradas Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental 6.6. Análise de captura por unidade de esforço (CPUE) em número e biomassa Diante da quantidade de indivíduos capturados, bem como de sua biomassa, foi efetuado o cálculo das CPUEn e CPUEb. Para o cálculo da CPUE em número e biomassa, foram considerados os dados apresentados na Tabela 10, a seguir. Cabe ressaltar que N representa o número de indivíduos, capturado em cada rede de emalhar, e a biomassa foi representada em quilogramas (kg). Malhas Tabela 10: Dados utilizados para o cálculo da CPUEn e da CPUEb EMB-01 EMB-02 EMB-03 EMB-04 N Biomassa (kg) N Biomassa (kg) N Biomassa (kg) N Biomassa (kg) M3 8 0,200 5 0,952 17 1,206 10 1,678 M4 15 1,053 14 0,977 - - - - M5 6 0,464 10 1,507 - - - - M6 44 6,307 25 5,488 - - 15 4,174 M7 5 1,179 7 2,117 3 0,853 3 0,809 M8 3 0,437 7 3,423 - - - - M10 - - - - 4 0,643 16 6,607 M12 - - - - 1 0,093 - - M14 - - - - - - 1 2,421 M16 - - - - - - 1 0,552 Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental (-) Não houve captura 37

Diante desses dados, efetuou-se o cálculo das capturas por unidade de esforço, em termos de número e biomassa, onde foram obtidos os resultados apresentados nos gráficos a seguir: Gráfico 11: CPUEn dos pontos amostrados. Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental Em termos de número, verificou-se que nos pontos EMB-01 e EMB-02, o maior sucesso de captura foi obtido na malha M4. Já nos pontos EMB-03 e EMB-04, a malha M3 foi a que apresentou a maior quantidade de indivíduos por metro quadrado de malha. Com relação à biomassa, verificou-se que nos pontos EMB-01 a malha M6 foi a que apresentou maior biomassa por metro quadrado de rede, enquanto que no ponto EMB-02, o maior sucesso foi verificado na malha M5. Já para o ponto EMB-03 e EMB-04, o maior sucesso de captura por biomassa foi verificado na malha M3, conforme pode ser observado no gráfico a seguir: 38

Gráfico 12: CPUEb dos pontos amostrados Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental Diante desses resultados, pode-se afirmar que, em termos de quantidade, verificou-se o predomínimo de indivíduos de pequeno porte, uma vez que os maiores valores de CPUEn foram observados principalmente entre as redes de emalhar M3 a M6. No entanto, com relação à biomassa, observou-se que as espécies de médio a grande porte encontradas, apesar de estarem em menor quantidade, apresentaram biomassa bastante superior. Quando considerados os dados obtidos em cada um dos pontos, como um todo, foram encontrados os seguintes resultados: Gráfico 13: CPUEn dos pontos amostrados Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental 39

Gráfico 14: CPUEb dos pontos de amostragem Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental Em termos de número, o ponto EMB-01 apresentou o maior sucesso de captura, enquanto que em termos de biomassa, esse sucesso foi verificado no ponto EMB-02. 6.7. Avaliação dos estágios de desenvolvimento gonadal Com relação à atividade reprodutiva, é importante ressaltar que os indivíduos mantidos inteiros não foram considerados. Nesta campanha foram mantidos inteiros 46 (quarenta e seis) peixes. A distribuição dos sexos dos indivíduos amostrados está representada na tabela e gráfico a seguir. Tabela 11: Distribuição dos sexos, nas espécies capturadas Espécie Macho Fêmea Juvenil N.I. Inteiro Total Astyanax altiparanae 3 2 - - - 5 Cichla cf. piquiti 2 - - - 2 4 Eigenmannia cf. virescens - - - - 1 1 Galeocharax knerii 1-1 - - 2 Hoplias intermedius 4 2 - - - 6 Hypostomus cf. margaritifer 2 5 - - 8 15 Hypostomus cf. paulinus - - - - 3 3 Hypostomus cf. regani 12 3 1 4 5 25 Leporinus cf. elongatus - - - - 1 1 Leporinus friderici 9 5-7 5 26 Leporinus obtusidens - 1 - - - 1 Leporinus octofasciatus - 2 - - 2 4 Metynnis cf. maculatus - - - - 1 1 Pimelodus maculatus 12 40-6 3 61 40

Espécie Macho Fêmea Juvenil N.I. Inteiro Total Pirinampus pirinampus 2 - - - 2 4 Prochilodus lineatus - 1 1 - - 2 Rhinodoras dorbigny 1 2 - - 4 7 Satanoperca sp. 2 - - - 1 3 Schizodon nasutus 12 10 1 1 2 26 Serrasalmus cf. maculatus 8 3 2 1 6 20 Steindachnerina insculpta - 3 - - - 3 Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental (-) Não houve captura 41

Gráfico 15: Distribuição dos sexos nas espécies Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental 42

Conforme exposto no gráfico anterior, nas espécies Hypostomus cf. margaritifer, Pimelodus maculatus e Rhinodoras dorbigny ocorreu predomínio de fêmeas, enquanto que em Cichla cf. pequiti, Hoplias intermedius, Hypostomus cf. regani, Leporinus friderici, Pirinampus, Satanoperca sp. e Serrasalmus cf. maculatus, foi encontrada uma maior proporção de machos. Nas demais espécies, verificou-se uma razão sexual muito próxima da razão clássica (NILOLSKY, 1969), que é de 1:1. Com relação ao estágio de desenvolvimento gonadal, verificou-se o predomínio de indivíduos em estágio de maturação inicial (2A), correspondendo a 42% do total amostrado, conforme observado no Gráfico 16. Gráfico 16: Distribuição dos estágios de desenvolvimento gonadal Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental A distribuição dos estágios de desenvolvimento gonadal, em cada uma das espécies, está representada no gráfico e tabela a seguir. Tabela 12: Estágios de desenvolvimento gonadal. Espécie 1 2A 2B 2C 3 4 N.I. Inteiro Astyanax altiparanae - 1 2 1 1 - - - Cichla cf. piquiti 1 1 - - - - - 2 Eigenmannia cf. virescens - - - - - - - 1 Galeocharax knerii - 1 - - - - - 1 Hoplias intermedius 3 2 - - 1 - - - Hypostomus cf. margaritifer - - 2 3 1 1-8 Hypostomus cf. paulinus - - - - - - - 3 Hypostomus cf. regani 1 9 4 1 - - 4 6 Leporinus cf. elongatus - - - - - - - 1 Leporinus friderici 1 10 2 1 - - 7 5 Leporinus obtusidens 1 - - - - - - - Leporinus octofasciatus - - - 2 - - - 2 Metynnis cf. maculatus - - - - - - - 1 Pimelodus maculatus 12 25 8 2 3-8 3 43

Espécie 1 2A 2B 2C 3 4 N.I. Inteiro Pirinampus pirinampus 2 - - - - - - 2 Prochilodus lineatus 1 - - - - - - 1 Rhinodoras dorbigny - 2 - - 1 - - 4 Satanoperca sp. - 2 - - - - - 1 Schizodon nasutus 6 5 4 7 - - 1 3 Serrasalmus cf. maculatus - 9 - - 2-1 8 Steindacnerina insculpta - 3 - - - - - - Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental (-) Não houve captura 44

Gráfico 17: Distribuição dos estágios gonadais, nas espécies amostradas. Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental 45

6.8. Diversidade ictiofaunística (H ) e Equitabilidade (E) O índice de Shannon assume que os indivíduos foram amostrados ao acaso e que todas as espécies estão representadas na amostra (MAGURRAN, 1988). Como posto na metodologia, a análise leva em conta dois fatores, a riqueza absoluta de espécies e sua abundância relativa ou a equitabilidade. Desta forma, quanto mais equitativa a distribuição do número de indivíduos por espécie, maior a diversidade. Por outro lado, quanto menos equitativa, menor o índice, o que pode indicar uma condição de estresse ou alteração ambiental a partir da condição original (ODUM, 1980). Na tabela a seguir, são apresentados os resultados obtidos em cada um desses pontos. Tabela 13: Índice de diversidade de Shannon (H ) e índice de equitabilidade (E) para os locais de coleta. Parâmetros EMB -01 EMB -02 EMB -03 EMB -04 H 0,919 0,5 0,762 0,734 E 1,146 0,845 0,903 0,903 Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental Segundo o Índice de Diversidade de Espécies de Shannon-Weaver, a maior diversidade foi verificada no ponto EMB-01, conforme observado no gráfico a seguir. Em 2008, esse ponto também foi o que apresentou a maior diversidade, enquanto que em 2007 o EMB-03 foi o mais diverso. Gráfico 18: Índice de diversidade de espécies Fonte: Amostragem Setembro/ Água e Terra Planejamento Ambiental 46