MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE SECRETARIA EXECUTIVA DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS PARA O COMBATE AO DESMATAMENTO



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Transcrição:

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE SECRETARIA EXECUTIVA DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS PARA O COMBATE AO DESMATAMENTO Resposta ao Observatório do Clima sobre suas considerações ao Sumário de informações sobre como as salvaguardas de Cancun são abordadas e respeitadas durante a implementação de REDD+ no Brasil. Contexto No âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), as decisões 9 a 15/CP.19 estabelecem as principais regras internacionais para que esforços de mitigação no setor florestal de países em desenvolvimento sejam reconhecidos internacionalmente e devidamente recompensados. REDD+ é a sigla para o instrumento internacional que provê incentivos a países em desenvolvimento para a redução das emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal e o papel da conservação florestal, o manejo florestal sustentável de florestas e o aumento dos estoques de carbono florestal. Essas decisões apresentam definições sobre aspectos como financiamento com base em resultados, níveis de referência de emissões florestais e sistemas nacionais de monitoramento, dentre outras. Dentre os elementos para acesso aos recursos por atividades de REDD+, está um sumário de informações sobre como as salvaguardas são abordadas e respeitadas durante a implementação de atividades de REDD+ no país. A decisão 1/CP.16 traz um conjunto de sete salvaguardas que visam a potencializar impactos positivos e reduzir impactos negativos relacionados às ações de REDD+: a) Ações complementares ou consistentes com os objetivos dos programas florestais nacionais e outras convenções e acordos internacionais relevantes; b) Estruturas de governança florestais nacionais transparentes e eficazes, tendo em vista a soberania nacional e a legislação nacional; c) Respeito pelo conhecimento e direitos dos povos indígenas e membros de comunidades locais, levando-se em consideração as obrigações internacionais relevantes, circunstâncias e leis nacionais e observando que a Assembleia Geral da ONU adotou na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas; d) Participação plena e efetiva das partes interessadas, em particular povos indígenas e comunidades locais, nas ações referidas nos parágrafos 70 e 72 desta decisão; e) Que as ações sejam consistentes com a conservação das florestas naturais e diversidade biológica, garantindo que as ações referidas no parágrafo 70 desta decisão não sejam utilizadas para a conversão de florestas naturais, mas sim para incentivar a proteção e conservação das florestas naturais e seus serviços ecossistêmicos, e para melhorar outros benefícios sociais e ambientais; f) Ações para tratar os riscos de reversões em resultados de REDD+; g) Ações para reduzir o deslocamento de emissões de carbono para outras áreas.

A presente Nota Técnica trata de resposta a considerações feitas pelo Observatório do Clima ao Sumário de informações sobre como as salvaguardas de Cancun são abordadas e respeitadas durante a implementação de REDD+ no Brasil ou simplesmente sumário sobre salvaguardas. O sumário de informações sobre salvaguardas do Brasil O Brasil, responsável por importante resultado de redução do desmatamento no bioma Amazônia, já conta com um universo considerável de informações a compor a demonstração sobre como trata as salvaguardas do Acordo de Cancun. A comunicação dos países em desenvolvimento a UNFCCC sobre como as salvaguardas de Cancún são abordadas e respeitadas durante a implementação de REDD+ se dará por meio de sumário de informações, que segue como parte da Comunicação Nacional ou pode ser disponibilizado voluntariamente através da plataforma de REDD+ no site da UNFCCC. A apresentação desse relatório é requisito para a obtenção de pagamentos por resultados, conforme a decisão 9/CP.19, parágrafo 4. Este sumário de informações sobre como as salvaguardas são abordadas e respeitadas foi construído com base no relatório do levantamento de informações e fontes para alimentação do Sistema de Informação de Salvaguardas (SIS REDD+), de abril de 2013 desenvolvido como subsídio interno ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) por um painel técnico de especialistas nacionais em salvaguardas REDD+ (Painel Técnico) criado organizado para prover um levantamento preliminar e não exaustivo de informações e fontes sobre salvaguardas. Os integrantes foram selecionados por sua relevante atuação e disponibilidade de agenda, dentre aquelas organizações envolvidas no tema. O relatório do painel de técnico foi complementado e atualizado pela equipe técnica do MMA com dados disponíveis em sites de instituições públicas citadas no referido levantamento e com entrevistas com os responsáveis pelo PPCDAm e do Fundo Amazônia. A minuta do sumário de informações sobre como as salvaguardas são abordadas e respeitadas foi então apresentada, a título de controle de qualidade, aos representantes do painel técnico e outros especialistas indicados por eles em reunião presencial organizada pelo MMA em novembro de 2014. O documento foi disponibilizado no site REDD+ Brasil (www.mma.gov.br/redd) para contribuições entre os dias 27 de outubro e 7 de novembro. Em 7 de novembro de 2014 o grupo de organizações Observatório do Clima emitiu por email carta ao Ministério do Meio Ambiente, em que detalha uma série de preocupações quanto ao processo de formulação do documento, trazendo questionamentos também sobre o processo de elaboração da Estratégia Nacional de REDD+ (ENREDD+). A resposta aos pontos levantados constitui o conteúdo principal desta nota técnica. Importante salientar que, embora o Brasil tenha contado com este importante insumo na elaboração de seu primeiro sumário, se adota uma abordagem de evolução contínua da qualidade da informação disposta. Em outras palavras, a expectativa é que os próximos sumários de informação sobre salvaguardas sejam mais detalhados e tragam uma análise mais aprofundada sobre a abordagem das salvaguardas quando da implementação de atividades de REDD+.

Resposta a pontos da carta do Observatório do Clima O Ministério do Meio Ambiente (MMA) reconhece a valiosa participação de organizações não-governamentais, movimentos sociais, atores privados e estaduais, por meio de oportunidades diversas, durante o processo de elaboração da ENREDD+. Em particular, a interlocução com representantes de comunidades indígenas compreendeu a organização da oficina Implementação das salvaguardas sociais e ambientais na Estratégia Nacional de REDD+ em novembro de 2011 (memória disponível em http://www.mma.gov.br/redd/images/publicacoes/memoria-oficina-salvaguardas- 2011.pdf) e em eventos de capacitação promovidos pela Funai ao longo dos anos. Contudo, cabe salientar que o processo de elaboração da ENREDD+, embora avançado, não está ainda concluído. A Estratégia cria somente a estrutura de governança, que é o resultado do diálogo durante esse processo de quase quatro anos: se aprovada na forma como foi proposta, abrange a participação tanto de representantes dos estados como de representante da sociedade civil por meio de Câmaras Consultivas Temáticas ad hoc para apoiar com insumos técnicos a tomada de decisão política. Assim, é necessário que se proceda essa aprovação, para que a estrututa seja criada e tenha enfim legitimidade para abordar os desafios da fase de implementação do tema no Brasil. Deliberações de alto nível no governo federal ainda trarão definições sobre a condução da fase de implementação da Estratégia, em que serão definidos pontos como diretrizes e critérios para atribuição de resultados de REDD+ e distribuição de recursos, construção do sistema de informações sobre salvaguardas e expansão do monitoramento de cobertura do solo para os demais biomas brasileiros. Estes e outros processos não podem ocorrer sem que exista interlocução com atores envolvidos. A organização do painel técnico de especialistas em salvaguardas em 2012 de fato constituiu uma etapa inicial na elaboração do Sistema de Informações sobre Salvaguardas (SIS). O grupo proveu diversos insumos de suas discussões, o que permitirá melhor direcionar a construção do sistema. Assim como outros elementos relacionados à implementação da ENREDD+, os passos de elaboração do SIS não estão definidos, mas devem constar das próximas submissões. A mesma lógica vale para o papel do referido painel técnico, que tem potencial de continuar a prover insumos à construção do SIS, mas ainda depende de definições sobre a Estratégia. Vale destacar que o sumário de informações e o Sistema Nacional de Informações sobre Salvaguardas (SIS REDD+) são dois instrumentos distintos. O primeiro tem como objetivo oferecer informações sobre a implementação das salvaguardas de Cancun relativas ao resultado para o qual se pleiteiam pagamentos. O documento, apresentado periodicamente, oferece uma fotografia da implementação das salvaguardas com foco no resultado REDD+, e é o requisito para acesso a pagamentos. O segundo é um sistema, que no caso brasileiro, encontra-se em fase inicial de desenvolvimento e que deve propiciar o acompanhamento constante da implementação das salvaguardas de REDD+ pelo Brasil. Quando esse sistema de informações estiver em operação, o sumário de informações do país poderá ser gerado a partir dele. Nesse momento, entretanto, o sumário de informações de salvaguardas foi desenvolvido tomando como base as fontes de informação existentes (sistemas de informação, páginas da internet, relatórios, etc.) e os marcos legais e institucionais relevantes em implementação. A Figura 1 abaixo apresenta de forma esquemática a distinção entre esses dois instrumentos.

Figura 1. Sistema de Informação de Salvaguardas (SIS REDD+) e Sumário de Informação de Salvaguardas enquanto instrumentos distintos. A elaboração deste primeiro sumário se deu em meio à elaboração de outros insumos de fundamental importância ao reconhecimento de resultados de REDD+ do Brasil, desenvolvidos desde janeiro de 2014 a saber, o nível de referência de emissões florestais do Brasil (em http://www.mma.gov.br/redd/images/publicacoes/submission_frel_brazil.pdf) e o anexo REDD+ (informações em http://www.mma.gov.br/redd/index.php/pt/n%c3%adveis-derefer%c3%aancia/anexo-redd) ao relatório bienal de atualização. Ambos subsídios tiveram elaboração iniciada alguns meses antes da submissão oficial brasileira à UNFCCC e contaram com o trabalho voluntário de especialistas de diversas áreas, sobretudo no controle de qualidade. Assim, a avaliação de funcionamento da implementação de salvaguardas é uma tarefa complexa e extensa, que certamente contará com esforço para o engajamento de especialistas no tema salvaguardas, fundamental para a elaboração do próximo sumário de informações. Neste primeiro relatório à UNFCCC, seguirão algumas lacunas de compreensão sobre a implementação das salvaguardas, por falta dessa avaliação fruto de esforço conjunto. As considerações sobre a estrutura de funcionamento do Fundo Amazônia e Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) são valiosas e devem ser aprofundadas em submissões posteriores. Como indicado na metodologia, o recorte escolhido para levantamento preliminar de informações foi a legislação nacional e acordos internacionais, políticas e programas federais, processos, fóruns, comissões, instituições e sistemas existentes.

Outros pontos levantados na carta do Observatório do Clima também propiciaram valiosas reflexões sobre o cumprimento das salvaguardas de (c) respeito pelo conhecimento e direito dos povos indígenas e comunidades locais e (g) ações para reduzir o risco de deslocamento de emissões, bem como outros aspectos do texto. O MMA incorporou as contribuições de diversos atores ao texto (sintetizadas na tabela anexa), que seguirá ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para tradução para a língua inglesa e incorporação à Terceira Comunicação Nacional à UNFCCC, que contará com processo próprio de consulta pública de seu conteúdo. Nesse contexto, se constitui nova oportunidade de participação, agora sobre versão consolidada desta presente etapa. Conclusão As considerações trazidas em carta pelo Observatório do Clima ao Sumário de informações sobre como as salvaguardas de Cancun são abordadas e respeitadas durante a implementação de REDD+ no Brasil propiciaram reflexões sobre o processo de construção do documento e seu conteúdo. Em suma, deve-se admitir que o primeiro sumário não demonstrará a implementação de todas as salvaguardas com todo o potencial, dado o trabalho extenso para análise da informação hoje disponível. É expectativa que as próximas submissões de sumário sobre salvaguardas tragam mais detalhes e análises mais aprofundadas, fruto de uma construção conjunta entre MMA e atores de diversos segmentos envolvidos no tema REDD+. Alexandre Santos Avelino Analista Ambiental, Biólogo Equipe REDD+ Brasil