Caracterização de Madeiras. Propriedades Mecânicas



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Transcrição:

Caracterização de Madeiras Propriedades Mecânicas 1

Constituição anatómica da Madeira B.A.Meylan & B.G.Butterfield Three-dimensional Structure of Wood A Scanning Electron Microscope Study Syracuse University Press, 1972 Pinus radiata D. Don. (X550) Nothofagus fusca (X375) Pinus radiata D. Don. (X230) 2

Madeira >material anisotrópico X T R Planos de corte da madeira X transversal T tangencial R radial Representação da anisotropia da madeira no ensaio de compressão: provetes de Pinus sylvestris L. A H=12% Albino de Carvalho, Madeiras Portuguesas, 1996 3

Direcções p/ estudo mecânico COESÂO AXIAL direcção paralela à fibra (ao fio) da madeira > Compressão Paralela > Tracção Paralela > Flexão Estática > Flexão Dinâmica COESÂO TRANSVERSAL direcção perpendicular à fibra (ao fio) da madeira > Compressão Perpendicular > Tracção Perpendicular > Fendimento > Corte 4

Fissilidade Albino de Carvalho, Madeiras Portuguesas, 1996 John G. Haygreen, Jim L. Bowyer Forest Products and Wood Science, 1996 5

Albino de Carvalho, Madeiras Portuguesas, 1996 6

Caracterização mecânica resistência mecânica capacidade sustentação de cargas ou forças resistência à deformação determina a proporção em que o material é comprimido, flectido ou distorcido sob o efeito da carga/força deformação elástica (mudanças de forma instantâneas) deformação reológica (depende do tempo de aplicação) MATERIAL VISCO-ELÀSTICO 7

PROPRIEDADES SITUAÇÕES DE DESEMPENHO DAS PEÇAS Propriedades resistentes Resistência à flexão Resistência à compressão paralela ao fio da Madeira Compressão perpendicular ao fio da madeira Resistência à tracção paralela ao fio da Madeira Resistência ao corte paralelo ao fio da Madeira Fragilidade Resiliência Dureza de canto Tracção perpendicular ao fio da madeira Trabalho para a carga máxima Determina a carga que uma viga pode suportar Determine a carga que uma coluna ou um barrote pode suportar Importante na definição das ligações entre elementos ou peças de madeira e nos apoios de uma viga numa construção Importante em tirantes, componentes de estruturas reconstituídas e definição de ligações entre elementos estruturais Frequentemente determina a capacidade de carga de vigas curtas Medida da quantidade de trabalho desenvolvida em pequenas peças submetidas à flexão dinâmica Medida da quantidade de energia absorvida quando uma peça é flectida dentro dos limites da sua elasticidade Relativa à resistência à endentação, por exemplo em pavimentos Importante na definição das ligações entre elementos de madeira numa construção Medida da energia absorvida por uma peça quando suavemente flectida Propriedades elásticas Módulo de elasticidade Módulo de elasticidade paralelo ao fio da madeira (Módulo de Young) Medida da resistência à deformação por flexão, isto é, directamente relativa à rigidez de uma viga; também factor de resistência do uma coluna comprida Medida da resistência à deformação por alongamento ou encurtamento de uma peça sob uniforme tracção ou compressão, respectivamente Albino de Carvalho, Madeiras Portuguesas, 1996 8

TENSÂO - DEFORMAÇÂO John G. Haygreen, Jim L. Bowyer, Forest Products and Wood Science, 1996 9

Tensão-Deformação em Flexão 10 John G. Haygreen, Jim L. Bowyer, Forest Products and Wood Science, 1996 Diagramas da distribuição de tensões em viga sob flexão estática com o aumento da carga Albino de Carvalho, Madeiras Portuguesas, 1996 John G. Haygreen, Jim L. Bowyer Forest Products and Wood Science, 1996

Resistência viva da madeira Diagrama força/deformação em ensaio de flexão estática Albino de Carvalho, Madeiras Portuguesas, 1996 11

Albino de Carvalho, Madeiras Portuguesas, 1996 Propriedades Mecânicas da Madeira exemplos resistência viva Cupressus macrocarpa Hartw. Notalaea excelsea W.B. Pinus pinaster AIT. Quercus suber L. 12

Factores que influenciam o comportamento mecânico Albino de Carvalho, Madeiras Portuguesas, 1996 inclinação do fio defeitos densidade teor em água 13

Curva média correspondente à relação entre tensão de rotura em compressão axial e as densidades. Pinus sylvestris L. A H=12% (Mata Nacional de Leiria) Albino de Carvalho, Madeiras Portuguesas, 1996 14

Variação da resistência à compressão axial com o teor de água. Pinus sylvestris L. Albino de Carvalho, Madeiras Portuguesas, 1996 15

Variação da resistência à compressão axial com a inclinação do fio. Pinus sylvestris L. Albino de Carvalho, Madeiras Portuguesas, 1996 16

Variação da resistência à compressão axial com a incidência de defeitos. Pinus sylvestris L. Albino de Carvalho, Madeiras Portuguesas, 1996 17

SINGULARIDADES ELASTICIDADE medida pelo MOE ou M.Young capacidade de recuperar a sua forma original depois de removida a carga/força FLEXIBILIDADE conjuga elasticidade e rigidez quando solicitada à encurvadura ± instantânea PLASTICIDADE estado onde ocorrem deformações permanentes, mas as propriedades mecânicas não são desfavoravelmente comprometidas (pouco elevada) 18