AULA 3 DIREITO EMPRESARIAL CAPACIDADE DA PESSOA FÍSICA Capacidade de direito ou capacidade jurídica É a aptidão que a pessoa física possui de exercer direitos e contrair obrigações. O ser humano possui capacidade de direito a partir do nascimento com vida, quando, então, adquire a personalidade civil. Assim sendo, podemos afirmar que todas as pessoas possuem capacidade de direito, pouco importando a idade, o estado de saúde, o sexo ou nacionalidade. Todos a possuem. O louco, por exemplo, possui capacidade jurídica ou de direito, porém, como não possui discernimento, não pode praticar pessoalmente atos jurídicos, pois lhe falta a capacidade de exercício. A capacidade de exercício, também é chamada de capacidade de agir ou capacidade de fato, é a aptidão para exercer, pessoalmente, os atos da vida civil. Nem todos possuem essa capacidade Os incapazes O incapaz é aquela pessoa que, por ser portadora de alguma deficiência natural, está impedida de praticar, por si própria, os atos da vida civil. Há dois tipos de incapazes: a. Os absolutamente incapazes O absolutamente incapaz não pratica nenhum ato da vida civil. Eles são representados pelos pais ou responsáveis. Aquele que é absolutamente incapaz não pode comparecer pessoalmente para praticar atos da vida civil. Se o fizer, tal ato será nulo. São considerados absolutamente incapazes2: a. Os menores de 16 anos.
b. Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos. c. Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Exemplo: Caso do surdo-mudo, que não consegue exteriorizar a sua vontade. b. Os relativamente incapazes O relativamente incapaz pode praticar, pessoalmente, negócio ou ato jurídico, porém, sempre assistido por seus pais ou representantes legais. Se não houver assistência dos pais ou representantes legais, o ato praticado será anulável. São considerados relativamente incapazes: a. Os maiores de dezesseis e menores de 18 anos. b. Os ébrios habituais, viciados em tóxico, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido. c. Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo. d. Os pródigos (indivíduo que gasta desordenadamente seu patrimônio). Cessação da incapacidade A incapacidade cessa: a) Pela maioridade A maioridade para o exercício da vida civil começa quando a pessoa completa 18 anos de idade. A partir de então, ela adquire capacidade plena para exercer qualquer ato da vida civil. b) Emancipação É a aquisição da capacidade de exercício antes de se completar a maioridade. A emancipação é irrevogável. Casos de emancipação a) Por concessão dos pais Para a emancipação do menor por vontade do pai ou da mãe é necessário que ele possua, no mínimo, 16 anos de idade. Neste caso, os pais comparecem em um cartório de notas e solicitam a lavratura de uma Escritura Pública de Emancipação. b) Pelo casamento Caso tenha havido união sexual e a mulher menor de 16 anos tenha engravidado, o juiz poderá autorizar o casamento. Neste caso, a mulher com menos de 16 anos passará a ser
capaz e emancipada. c) Por exercício de emprego público Todo menor que passa a exercer emprego público efetivo obtém emancipação. d) Colação de grau em curso de nível superior A colação de grau em nível superior dificilmente ocorrerá atualmente, pois uma pessoa conclui curso superior, geralmente, após os 18 anos de idade. Entretanto, se tal fato ocorrer antes da maioridade, o menor estará automaticamente emancipado. e) Por estabelecimento civil ou comercial, desde que, em função deles, tenha economia própria O menor de 16 anos não pode ser empresário. Entretanto, diz a lei que, estabelecendo-se com economia própria (por exemplo, montando uma loja), o menor com 16 ou 17 anos se emancipará automaticamente, ou seja, passa a ser empresário individual. A PESSOA JURÍDICA Conceito Pessoa jurídica é um agrupamento de pessoas ligadas por um mesmo interesse e fins comuns. Não possui uma exteriorização, ou seja, uma aparência física, pois sua existência é meramente abstrata. No entanto, ela é juridicamente reconhecida como capaz e, participando ativamente da vida dos negócios, é titular de direitos e obrigações. Início de sua existência legal A pessoa jurídica nasce a partir da vontade dos sócios, que se materializa por meio da inscrição de seu ato constitutivo no registro público competente. Para o início da existência legal da pessoa jurídica, a lei exige dois requisitos: I) Constituição por escrito. II) Registro no órgão público próprio. Cumpridas essas exigências legais, a pessoa jurídica adquire personalidade jurídica, tornando-se, pois, sujeito de direito. O documento que materializa a constituição da pessoa
jurídica recebe o nome de contrato social. No entanto, se a pessoa jurídica toma a forma de associações1 ou se se trata de uma sociedade por ações, o nome será estatuto social. As pessoas dos sócios não se confundem com a pessoa jurídica A pessoa jurídica não se confunde com a pessoa de seus sócios. Como dissemos anteriormente, a partir do momento em que seu ato constitutivo é levado a registro, ela passa a existir legalmente, portanto, torna-se sujeito de direito. A pessoa jurídica, enquanto sujeito de direito, possui patrimônio próprio, exerce direitos, contrai obrigações, além de possuir nome, domicílio e nacionalidade. Sabemos que a pessoa física é capaz de manifestar sua vontade porque fala, escreve, pensa. A pessoa jurídica é um ser abstrato, pois é uma criação da lei. Desta forma, para manifestar sua vontade no mundo dos negócios, necessita de uma pessoa natural que a represente, o que geralmente é feito por um ou mais sócios indicados para este fim, no contrato social. Portanto, é por meio dessa representação que a pessoa jurídica pode falar, agir e praticar atos da vida civil, figurando a pessoa física como simples intermediária da manifestação de sua vontade. Fim da existência legal da pessoa jurídica Conforme estudamos anteriormente, as pessoas jurídicas de Direito Privado começam a existir legalmente com a inscrição de seus contratos, estatutos ou atos constitutivos no Registro Público Competente. Termina, geralmente, a existência da pessoa jurídica da seguinte forma: a) Pela dissolução deliberada entre seus membros. b) Por determinação da lei. Desconsideração da personalidade jurídica da empresa Em algumas situações, o patrimônio da empresa se esgota completamente. Quando isso ocorre e existem credores com a intenção de impedir que a personificação da pessoa jurídica seja instrumento para assegurar a impunidade, nosso ordenamento jurídico adota a desconsideração da personalidade jurídica da empresa. Esta prática consiste em colocar de lado a autonomia patrimonial da sociedade, possibilitando a
responsabilização direta e ilimitada dos sócios pelas dívidas assumidas pela empresa.