REFELEXÕES SOBRE DESIGUALDADES REGIONAIS NO MUNDO: O CASO DAS 10 MAIORES E 10 MENORES RENDAS PER CAPITAS 1 RESUMO O presente trabalho além de refletir sobre as desigualdades regionais no mundo chama atenção à utilização de dois indicadores econômicos comumente usados em estudos dessa natureza. O IDH Índice de Desenvolvimento Humano e o Coeficiente de Gini. O Primeiro, como o próprio nome sugere, deve medir o Desenvolvimento de um país, região ou cidade e é aceito pela ONU Organização das Nações Unidas; o segundo mede a distribuição de renda num país, região ou cidade e quanto maior menor será a distribuição de renda analisada. Por conclusão, os autores chegaram a confirmar a necessidade dos países ricos (não necessariamente os aqui estudados), definirem como preocupação central de suas políticas públicas, o resgate do passivo que possuem com os países pobres do mundo. PALAVRAS-CHAVE: Desigualdades Regionais, Gini, Menores e Maiores Rendas Per capitas do Mundo, IDH. 1. INTRODUÇÃO A preocupação central deste artigo nasce na disciplina Economia Regional e Urbana, ministrada por um dos seus autores e assistida pela co-autora, na FACAPE Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina. Objetiva basicamente refletir sobre as desigualdades sociais e regionais do mundo e estimular ações para combater tão nociva realidade, que se abate sobre o planeta como um todo, mas é extrapolada a partir das micro e mesorregiões da imensa maioria dos países, pobres ou ricos, sendo vislumbrada a possibilidade que dos primeiros resultem, em princípio, as maiores desigualdades, ou pelo menos a partir deles se constate uma desigualdade, menor, mas refira-se a um estado de bem-estar infinitamente abaixo dos países ricos. 2. DESIGUALDADES SOCIAIS: COMO MEDIR? Dentre os indicadores de desigualdade ou de bem-estar que a Economia, enquanto ciência sugere aferição, destacaremos neste trabalho, três dos mais relevantesa 1 Genival Ferreira (Professor titular da FACAPE-genivalpetrolina@bol.com.br/ www.genival.com.br); Mary Stela Ferreira (Acadêmica de Economia da FACAPE- marystelafe@hotmail.com).
saber: a Renda Percapita, que representaria a média obtida a partir de toda a riqueza produzida de uma nação, em determinado período, dividida pelo número de habitantes daquela nação; o coeficiente de Gini que determinaria, como a Renda está distribuída, de maneira positiva (se atingisse zero) ou de maneira negativa (caso fosse igual a um); e o IDH Índice de Desenvolvimento Humano, que quantifica três aspectos do bem estar e é aceito pela ONU Organização das Nações Unidas, como um bom indicador do estágio de desenvolvimento de um país, região ou cidade. É de utilidade responder que o coeficiente de Gini, quanto menor melhor, mas dificilmente atingiria um dos seus extremos (zero, significaria distribuição perfeita da renda e um a renda seria gerada integralmente por único agente econômico). Um ou outro extremo é praticamente impossível de ocorrer. 3. A RENDA NO MUNDO Dos 192 países com dados disponíveis sobre a renda per capita,foram selecionados os 10 maiores e os 10 menores relativo ao ano de 2009, para que fossem possíveis as reflexões do presente trabalho. Em seguida foram associados a tais países, quando disponíveis, seus IDHs e coeficiente de Gini, objetivando testar o estágio de bem estar e com isso atingir o objetivo maior do presente trabalho. Quadro I: As 10 menores rendas per capitas do mundo RENDA PER CAPITA PAÍSES GRANDES Coeficiente de IDH REGIÕES Gini 151,00 Burundi África Oriental 0,424 0,394 170,00 Congo África Central 0,550 0,239 216,00 Libéria África Ocidental ND* 0,329 220,00 Somália África Oriental 0,300 0,284 318,00 Malawi África Oriental 0,390 0,385 324,00 Zimbábue África Oriental 0,501 0,140 343,00 Níger África Ocidental 0,505 0,295 345,00 Etiópia África Oriental 0,300 0,328 369,00 Eritreia África Oriental ND* 0,472 380,00 Mianmar Sudeste da Ásia 0,400 0,451 FONTE: IBGE (Dados primários ano 2009) e ONU (Gini e IDH Vários anos) *ND Não Disponível
Gráfico I Renda Percapita das 10 menores rendas per capitas do mundo FONTE:Elaboração própria a partir dos dados primários O gráfico I acimaevidencia os dados constantes no quadro I, enfatizando que dentre as 10 menores rendas per capitas do mundo, há distribuição por baixo, uma vez que tais economias mais pobres do mundo, suas rendas são próximas e seus coeficientes de Gini são relativamente baixos. Seis dos dez mais pobres países do mundo possuem rendas per capitas entre e 11 e 13% desse grupo e os demais quatro países situam-se entre 5 e 8%. Ora, como seus coeficientes de Gini são relativamente baixos (evidencia de pequena desigualdade), isso mostra que tal igualdade representa uma igualdade por baixo, ou numa linguagem mais ousada, o que há nestes países é distribuição de pobreza e não distribuição de riqueza. Adicione-se o fato que estes 10 países mais pobres do mundo, segundo o critério da Renda Per capita, 9 situam-se na África (Oriental e Central) e apenas um (Mianmar) está fora dela, que se situa no Sudeste da Ásia. O mais pobres destes países é Burundi e o menos pobre é exatamente o que se situa fora do continente africano. Todo este grupo de países foi ou é vítima de exploração do mundo rico e suas histórias são repletas de conflitos produzidos a partir de interesses dos países ricos em explorar seus recursos naturais. Por outro lado, tais países tiveram sua independências conquistadas ou reconhecidas no pós- guerra, o que mostra mais
uma vez as causas da exploração dos países ricos, que em sua maioria obtiveram seus status de desenvolvidos às custas de frágeis economias como estas. Analisando o IDH de tais países, chega-se a legitimar tal indicador como representa do estágio de desenvolvimento (ou de subdesenvolvimento) desses países, embora possa ser questionado o número de variáveis envolvido na metodologia do seu cálculo. Na análise do coeficiente de Gini, há um questionamento sobre distribuição de riqueza e distribuição de pobreza, de maneira que países ricos, segundo o critério da renda Percapita, podem ter coeficientes de Gini, próximos aos de países pobres e nem por isso, possam gozar de menor bem estar. Daí ter-se constatado que Gini mede tanto a distribuição da riqueza, quanto a distribuição da pobreza, o que requer cuidados especiais dos pesquisadores destes indicadores. RENDA PER CAPITA Quadro II: As 10 maiores rendas per capitas do mundo PAÍSES GRANDES REGIÕES Coeficiente de Gini 49.115,00 Irlanda Norte da Europa 0,343 0,895 54.104,00 San Marino Sul da Europa ND 0,944 54.138,00 Em. Árabes Oriente Médio 0,360 0,815 56.687,00 Dinamarca Norte da Europa 0,217 0,866 65.003,00 Suíça Oeste da Europa 0,337 0,903 69.754,00 Catar Oriente Médio 0,390 0,803 78.674,00 Noruega Norte da Europa 0,258 0,943 108.706,00 Luxemburgo Oeste da Europa ND 0,852 134.392,00 Liechtenstein Oeste da Europa ND 0,891 186.175,00 Mônaco Oeste da Europa ND 0,946 FONTE: IBGE (Dados primários ano 2009) *ND - Não Disponível IDH
Gráfico II Renda Percapita das 10 maiores rendas per capitas do mundo Fonte: Construção Própria a partir dos dados primários Quando se analisa os 10 países mais ricos do mundo, segundo o critério da Renda Per capita, observa-se que há uma distribuição de riqueza por cima, uma vez que a distancia entre a Renda Per capita de Mônaco (por exemplo, US$ 188.175), pode ser considerada desumana se comparada à de qualquer Renda Percapita dos 10 mais pobres (entre US$ 151 e US$ 380), o que daria algo em torno de 495 a 1246 vezes, a renda destes últimos. Aliás, esta foi uma restrição teórica que se teve para produzir uma Distribuição Normal de Student, uma vez que a distribuição de renda no mundo, considerando o 192 países, ficou totalmente fora da Distribuição de Student. Ao analisar-se os 10 países mais ricos, em termos de Renda Per capita, observa-se 7 deles detêm entre 6 e 9% da Renda Per capita do grupo e seus coeficientes de Gini, estão dentro de padrões baixos, embora alguns mais altos que outros do grupo dos pobres. Os destaques ficam com Luxemburgo, Liechtenstein e Mônaco, que detêm entre os mais ricos as maiores rendas per capitas.
4. CONCLUSÃO As reflexões sobre as desigualdades regionais aqui expostas, servem para estimular outros estudos sobre o assunto e até mesmo para legitimar ou não os indicadores econômicos, comumente aceitos nos estudos dessa natureza. O IDH se apresenta como um dos indicadores positivos, mas precisa ser questionado, quanto ao número de variarias nele envolvido (Renda, Expectativa de Vida e Educação). A distribuição de renda no mundo chega a ser desumana, quando comparados os 10 países mais pobres com os 10 mais ricos e esta deveria ser a preocupação central dos governos dos países ricos, para que pudesse ser resgatado o passivo que as economias ricas têm com os países pobres, uma vez que neste trabalho foi mostrado que a África, que historicamente foi explorada em benefício do desenvolvimento dos países ricos, necessita de políticas púbicas para minimizar sua pobreza. O Coeficiente de Gini, mostrou neste trabalho, que além de um indicador de distribuição de riqueza é um indicador de distribuição de pobreza, pois alguns países mais pobres, possuem Gini próximos a outros países mais ricos e nem por isso gozam de bem estar próximos a estes. 5. REFERÊNCIAS RANDS, Alexandre. Desigualdades regionais no Brasil: natureza, causas, origens e soluções. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 336 p. SOUZA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento regional. São Paulo: Atlas, 2009. 198 p.