2º ETAPA DO CURSO EM TECNOCLOGIA DE PRODUÇÃO, TRANSFORMAÇÃO E MERCADO DE MORANGO (28, 29 e 30/ 10/2008. São José dos Pinhais) NUTRIÇÃO DE PLANTAS Dr. Volnei Pauletti Departamento de Solos e Engenharia Agrícola vpauletti@ufpr.br
Nutrição de plantas Absorção de nutrientes pelas raízes Contato nutriente x raíz Absorção Translocação Absorção de nutrientes pelas folhas Absorção foliar Fatores que afetam a absorção foliar Vantagens e limitações da adubação foliar Diagnose nutricional Análise foliar Sintomas de deficiência (morangueiro)
ABSORÇÃO IÔNICA ABSORÇÃO DE NUTRIENTES PELAS RAÍZES
ABSORÇÃO IÔNICA DEFINIÇÕES (Barber, 1984) ABSORÇÃO Entrada do íon na raiz da planta. Cada íon passa através da membrana até o citoplasma da célula da raiz. Isto pode ocorrer na epiderme, córtex ou endoderme. NUTRIENTE DISPONÍVEL É aquele que está presente na solução do solo e pode se mover para o sistema radicular. Um nutriente disponível precisa também estar na forma que pode ser absorvido pelas raízes.
ABSORÇÃO IÔNICA DEFINIÇÕES (Barber, 1984) DIFUSÃO Caminhamento do íon em uma fase estacionária imóvel (a curtas distâncias). Ocorre quando existe um gradiente de concentração, de um ponto de maior para um de menor concentração. FLUXO DE MASSA É definido pelo caminhamento do íon em uma fase aquosa móvel. Ocorre no sentido do movimento da água para a superfície da raiz. INTERCEPTAÇÃO RADICULAR A medida que a raiz se desenvolve entra em contacto com íons da fase sólida e líquida do solo. É proporcional a relação existente entre superfície das raízes e superfície das partículas.
ABSORÇÃO IÔNICA CONTATO NUTRIENTE - RAIZ
ABSORÇÃO IÔNICA MECANISMO DE ABSORÇÃO DE POTÁSSIO PELAS RAÍZES DAS PLANTAS
ABSORÇÃO IÔNICA QUANTIDADES RELATIVAS DE ABSORÇÃO DE NUTRIENTES PELOS PROCESSOS DE INTERCEPTAÇÃO RADICULAR, FLUXO DE MASSA E DIFUSÃO (Malavolta, 1980)
ABSORÇÃO IÔNICA DEFINIÇÕES (Barber, 1984) ABSORÇÃO Refere-se a entrada de um elemento na forma iônica ou molecular, no espaço intercelular ou qualquer região ou organela da célula viva. TRANSPORTE OU TRANSLOCAÇÃO Transferência do elemento em qualquer forma (igual ou diferente da absorvida) de um órgão ou região de absorção para outro qualquer. REDISTRIBUIÇÃO É a transferência do elemento de um órgão ou região de acúmulo, para outro em forma igual ou diferente da absorvida (de uma folha para um fruto ou de uma folha para outra).
ABSORÇÃO IÔNICA SISTEMA SOLO - PLANTA
ABSORÇÃO IÔNICA ABSORÇÃO DE NUTRIENTES
ABSORÇÃO IÔNICA 1.PROCESSO PASSIVO (RÁPIDO): MECANISMOS DE ABSORÇÃO Coloca o elemento nos espaços intercelulares, na parede celular e na superfície externa do Plasmalema.
ABSORÇÃO IÔNICA ESPAÇO LIVRE APARENTE (ELA) MECANISMOS DE ABSORÇÃO É o volume celular que é acessível à entrada de íons por processos passivos de absorção (parede celular, espaços intercelulares e superfície externa do plasmalema). A saturação do ELA apresenta duas características importantes: -Rapidez; -Reversibilidade.
ABSORÇÃO IÔNICA MECANISMOS DE ABSORÇÃO 2. PROCESSO ATIVO: É mais lento, coloca o elemento no citoplasma ou no interior do vacúolo (só ocorre em células vivas).
ABSORÇÃO IÔNICA ABSORÇÃO DE NUTRIENTES
ABSORÇÃO IÔNICA FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO IÔNICA Fatores externos: - Aeração: a maior parte da absorção ocorre por processo ativo, que depende de energia fornecida pela respiração. - Umidade: a água é o veículo de transporte dos íons e da qual depende o processo de difusão. - Temperatura: geralmente o aumento da temperatura aumenta a absorção dos nutrientes
ABSORÇÃO IÔNICA Fatores externos: FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO IÔNICA - Próprio íon: Velocidade de absorção diferente: ÂNIONS: NO -3 > Cl - > SO 4-2 > H 2 PO -4 CÁTIONS: NH +4 > K + > Na + > Mg +2 > Ca +2 - Disponibilidade do nutriente - Outros íons: ANTAGONISMO: A presença de um íon diminui a absorção de outro cuja toxidez é eliminada ou diminuída (ex.: Ca2 +/ Cu 2+ ). INIBIÇÃO: A presença de um íon diminui a absorção de outro elemento. (ex.: K diminui Ca e Mg em banana, algodão. SINERGISMO: A presença de um íon aumenta a absorção de outro (ex.: P / Mo).
ABSORÇÃO IÔNICA Fatores internos FATORES QUE INFLUENCIAM NA ABSORÇÃO IÔNICA - Intensidade de crescimento - Nível metabólico: A absorção é função de respiração - Estado iônico interno: Uma planta saturada em íons absorverá menos que outra que tenha poucos íons. - Intensidade respiratória:
ABSORÇÃO IÔNICA REDISTRIBUIÇÃO/MOBILIDADE
ADUBAÇÃO FOLIAR de Plantas Nutrição Mineral ADUBAÇÃO FOLIAR
ADUBAÇÃO FOLIAR VIDA VEGETAL - começou no mar, durante o processo evolutivo as folhas não perderam a capacidade de absorver H 2 O e sais minerais. As folhas, assim como as raízes, também apresentam capacidade de absorver nutrientes
ADUBAÇÃO FOLIAR ABSORÇÃO FOLIAR Caminho percorrido pelo nutriente Solução Íon VACÚOLO CUTÍCULA PAREDE CITOPLASMA VASOS Transporte passivo (ELA) Absorção
ADUBAÇÃO FOLIAR ABSORÇÃO FOLIAR
ADUBAÇÃO FOLIAR ABSORÇÃO FOLIAR CUTÍCULA CUTÍCULA A cutícula é permeável à água e a todos os tipos de substâncias, sejam elas polares, apolares, lipossolúveis ou hidrossolúveis. Cera Hidrofóbica Composição: Cutina Pectinas Semi-Hidrofóbica Hidrofílica Celulose Hidrofílica
ADUBAÇÃO FOLIAR de Plantas ABSORÇÃO FOLIAR Nutrição Mineral CUTÍCULA Microprojeções de cera Taiz; Zeiger, 2004
ADUBAÇÃO FOLIAR ABSORÇÃO FOLIAR
ADUBAÇÃO FOLIAR FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO FOLIAR 1) Fatores inerentes à folha: 1. Estrutura da folha: Cutícula fina e alta frequência de estômatos favorecem a absorção foliar Malavolta, 1981 Absorção de zinco (como cloreto) pelo cafeeiro Parte tratada Absorção (% do aplicado) Raízes (solução nutritiva) 5,0 Folhas: Parte superior 12,0 Parte inferior 42,5 Folhas: ambas 20,5
ADUBAÇÃO FOLIAR FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO FOLIAR 1) Fatores inerentes à folha: 1. Estrutura da folha: 2. Composição química da cutícula: 3. Idade da folha:
ADUBAÇÃO FOLIAR FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO FOLIAR 2) Fatores inerentes aos nutrientes:
ADUBAÇÃO FOLIAR de Plantas Nutrição Mineral 1. Mobilidade na folha: MOBILIDADE COMPARADA DOS NUTRIENTES APLICADOS NAS FOLHAS Altamente móvel Móvel Parcialmente móvel Imóvel Nitrogênio Fósforo Zinco Boro Potássio Cloro Cobre Cálcio Sódio Enxofre Manganês Magnésio Ferro Molibdênio
ADUBAÇÃO FOLIAR de Plantas Nutrição Mineral TEMPO PARA ABSORÇÃO DE 50% DOS NUTRIENTES APLICADOS NAS FOLHAS Nutriente N (uréia) P K Ca Mg S Cl Fe Mn Mo Zn Tempo 1/2 a 36 horas 5-15 dias 10 a 96 horas 10 a 96 horas 6 a 24 horas 1 a 10 dias 1 a 4 dias 10 a 20 dias 18 a 48 horas 10 a 20 dias 11 a 36 horas
ADUBAÇÃO FOLIAR FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO FOLIAR 2. Interações entre nutrientes: - Sinergismo entre uréia e Mn - Antagonismo entre Cu e Zn
ADUBAÇÃO FOLIAR FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO FOLIAR 3) Soluções pulverizadas: 1. Solubilidade dos nutrientes: Fonte Temperatura Solubilidade o C g L -1 Sulfato de amônio 20 760 Sulfato de Mn 0 1050 Sulfato de Zn 20 965 Sulfato de Cu 0 316 Uréia 20 1050 Nitrato de amônio 20 1950 Fosfato diamônio (DAP) 20 408 Fosfato monoamônio (MAP) 20 374 Molibdato de amônio -- 430 Ácido bórico 30 63,5 Bórax 0 21 Fonte: Vitti; Boareto; Penteado (1994)
ADUBAÇÃO FOLIAR FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO FOLIAR 2. Concentração das soluções: Fitotoxicidade de adubo nitrogenado em milho
ADUBAÇÃO FOLIAR CONCENTRAÇÃO DE URÉIA NA CALDA DE PULVERIZAÇÃO PARA ALGUMAS CULTURAS Cultura % uréia Cultura % uréia Abacaxi 2,4-6 Cereja 0,6-3,0 Aipo 2,4 Cítricas 0,6-1,2 Alface 0,5-0,7 Feijão 0,5-0,7 Alfafa 2,4 Fumo 0,3-1,2 Algodão 2,4-6 Lúpulo 5,0-6,0 Ameixa 0,6-1,8 Maçã 0,5-0,7 Banana 0,6-1,2 Milho 0,6-2,4 Batatinha 2,4 Morango 0,5-0,7 Beterraba 2,4 Pepino 0,3-0,6 Cacau 0,6-1,2 Pêssego 0,6-3,0 Café 2,5 Pimenta 0,5-0,7 Cana 1,2-2,4 Repolho 0,7-1,4 Cebola 2,4 Trigo 2,4-9,6 Cenoura 2,4 Videira 0,5-0,7 Adaptado de: OLEYNIK et al., 1998
ADUBAÇÃO FOLIAR FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO FOLIAR 3. Composição das soluções: 4. Surfactantes: - espalhantes - adesivos - humectantes
Mineral de Plantas ABSORÇÃO FOLIARNutrição
ADUBAÇÃO FOLIAR Efeito de agentes quelatizantes na absorção e translocação do Ferro Forma aplicada Absorvido Translocado % do aplicado % do absorvido % do aplicado Sulfato 0,9 b 7,1 c 0,06 EDTA 19,9a 26,8a 5,33 EDDHA 15,0a 19,4 b 2,91 DTPA 14,1a 22,0a 3,10
ADUBAÇÃO FOLIAR INFLUÊNCIA DE QUELATIZANTES NA ABSORÇÃO E TRANSLOCAÇÃO DE Zn Forma aplicada Absorvido Translocado % do aplicado % do absorvido % do aplicado Sulfato 74,4a 7,7a 5,71 EDTA 24,5 b 10,0a 2,45 EDDHA 3,7 c 10,0a 0,37 DTPA 5,7 c 7,5a 0,43
ADUBAÇÃO FOLIAR FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO FOLIAR 5. ph da solução: Absorção de Zn pelas folhas do cafeeiro
ADUBAÇÃO FOLIAR FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO FOLIAR 3) Fatores externos: 1. Luz: 2. Disponibilidade de água no solo: 3. Umidade atmosférica: 4. Temperatura: 5. Modo de aplicação:
ADUBAÇÃO FOLIAR de Plantas FATORES QUE INFLUENCIAM A ABSORÇÃO DO ZINCO PELAS FOLHAS DO CAFEEIRO Nutrição Mineral
ADUBAÇÃO FOLIAR VANTAGENS DA ADUBAÇÃO FOLIAR 1. Correção das deficiências a curto prazo: 2. Alto índice de utilização pelas planta dos nutrientes aplicados: 3. Contornar restrições de absorção de nutrientes pelo solo: 4. Doses totais de micronutrientes geralmente são menores que via solo: 5. Possibilidade de aplicação de micronutrientes com tratamentos químicos:
ADUBAÇÃO FOLIAR LIMITAÇÕES DA ADUBAÇÃO FOLIAR 1. Não ocorre efeito residual ou é menor que as aplicações no solo: 2. Aplicações no início do crescimento da cultura podem não ser efetivas: 3. Alto custo de aplicação caso não seja possível aplicar com os tratamentos químicos: 4. Pode haver incompatibilidade com agroquímicos ou antagonismo entre nutrientes:
ADUBAÇÃO FOLIAR ADUBAÇÃO FOLIAR - GERAL 1. Deve ser encarada como suplemento da aplicação de fertilizantes no solo. Em ALGUMAS situações, a adubação foliar poderá substituir totalmente, ou quase a aplicação de fertilizantes no solo, corrigindo deficiências. 2. O fornecimento dos micronutrientes (exceto B) pode ser feito totalmente por via foliar, com vantagens sobre a aplicação no solo, pois evita-se a sua fixação pelo mesmo.
Diagnose nutricional DIAGNOSE NUTRICIONAL
Diagnose nutricional EXIGÊNCIA DAS CULTURAS Tabela 1. Extração máxima de macronutrientes por algumas cultivares de morangueiro. Nutrientes Campinas kg/ha-1 Camanducaia kg/ha-1 Monte Alegre kg/há-1 N 241,55 288,47 199,06 P 54,05 42,62 35,23 K 280,77 217,05 203,86 Ca 109,73 107,98 109,28 Mg 44,52 45,22 37,34 S 31,04 29,26 30,56 Fonte: Souza et all. (1976).
Diagnose nutricional
Diagnose nutricional DIAGNÓSTICO - Análise foliar - Sintomas visuais
Diagnose nutricional Amostragem Primeira folha recém madura a partir do ápice (3ª ou 4ª)
Diagnose nutricional Amostragem Limbo foliar Coleta de folhas sem pecíolo em 30 plantas
Faixas adequadas de teores de macro e micronutrientes em folhas de morangueiro. Regiões Macronutrientes N P K Ca Mg S Micronutrientes B Cu Fe Mn Mo Zn Fonte: Raij et all (1996) Teores g kg -1 15-25 2-4 20-40 10-25 6-10 1-5 mg kg -1 35-100 5-20 50-300 30-300 0,5-1,0 20-50 Diagnose nutricional
Diagnose nutricional Nitrogênio Desenvolvimento de coloração vermelha a partir das margens internas dos folíolos MÓVEL
Diagnose nutricional Potássio Coloração púrpuro-avermelhada a partir das margens externas dos folíolos. Evolui envolvendo a metade da superfície do folíolo, formando um triângulo esverdeado, que tem como centro a nervura central. MÓVEL
Diagnose nutricional Magnésio Entre as nervuras dos folíolos, há o desenvolvimento da coloração púrpuroavermelhada. No início, as margens dos folíolos e, posteriormente, somente as nervuras centrais e áreas bem próximas a elas, apresentam coloração normal MÓVEL
Diagnose nutricional Excesso de Na
Diagnose nutricional Ca Os ápices das folhas em início de desenvolvimento apresentam uma coloração castanha e, com o desenvolvimento da folha, tornam-se necróticos, originando folíolos de tamanho menor que o normal IMÓVEL
Diagnose nutricional B Sintomas progressivos aparecem nas folhas em início de desenvolvimento, como necrose nas pontas, retorcimento e clorose nos folíolos. Frutos deformados. IMÓVEL
Diagnose nutricional Fe Clorose internerval, permanecendo as nervuras mais internas com coloração verde intenso. IMÓVEL
Diagnose nutricional Zn IMÓVEL
Diagnose nutricional Cu IMÓVEL
Diagnose nutricional Mn Os folíolos de folhas recém formadas são foscos e verdeamarelados, com nervuras verde-escuras e margens apresentando pontuações púrpura. IMÓVEL
Dr. Volnei Pauletti Departamento de Solos e Engenharia Agrícola vpauletti@ufpr.br OBRIGADO