Implantação e Partido Formal

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Transcrição:

CASA ATELIER Local Itanhangá, Rio de Janeiro Ano 2002 CASA MÍNIMA CASA RIO BONITO Local Nova Friburgo, Rio de Janeiro Ano 2005 CASA VARANDA Local Nova Friburgo, Rio de Janeiro Local Itanhangá, Rio de Janeiro Ano 2008 Ano 2008 Escritório Carla Juaçaba Arquitetura Autoras: Ana Elísia da Costa, Cristina Piccoli e Natasha Oltramari Implantação e Partido Formal Todas as implantações das casas analisadas priorizam as visuais como condicionante de projeto, enfatizando a relação interior e exterior e minimizando as necessidades de privacidade. As casas sempre se abrem para o exterior de maneira incisiva e nada tímida, criando uma permeabilidade visual e, muitas vezes, física com o entorno imediato. Esse aspecto parece direcionar o arranjo dos volumes edificados em relação à geometria do terreno e topografia do terreno. Observase, por exemplo, que ora os volumes estão paralelo às curvas de nível (Bonito -2005; Varanda, 2008) (Figura 1), ora perpendiculares (Atelier 2002; Mínima - 2008) (Figura 2). Figura 1: Modelos tridimensionais da Casa Rio Bonito (2005) e Casa Varanda (2008). Nova Friburgo, RJ. 2005. Itanhangá, RJ. 2008. Carla Juaçaba Arquitetura. Figura 2: Modelos tridimensionais da Casa Atelier (2002) e Casa Mínima (2008). Itanhangá, RJ. 2008. Nova Friburgo, RJ. 2005. Carla Juaçaba Arquitetura. O partido formal das casas apresentam volumes compactos e pavilhonares. Há neles uma contradição entre explorar o arranjo volumétrico ou planar. A Atelier e a Varanda projetam seus beirais além das paredes, no entanto, de forma leve e esbelta, sem eliminar a percepção do paralelepípedo. Na Casa Rio Bonito, o peso dos dois grandes planos de pedra fecham a gestalt da forma e sugerem a configuração de uma caixa (Figura 3).

Figura 3: Modelos tridimensionais da Casa Atelier (2002), Casa Varanda (2008), Casa Rio Bonito (2005). Itanhangá, RJ. 2008. Nova Friburgo, RJ. 2005. Carla Juaçaba Arquitetura. Algumas estratégias projetuais recorrentes no trabalho da arquiteta podem evidenciar a vocação planar de seus projetos: a) estrutura metálica aparente e independente, organizada numa grelha tridimensional, que organiza o arranjo formal e funcional (Atelier 2002; Varanda 2008); b) painéis (Atelier, 2002) e grandes aberturas entre planos (Rio Bonito 2005; Varanda 2008); c) laje de piso elevada do chão, com referência às obras de Mies Van Der Rohe ( Atelier 2002; Rio Bonito 2005; Varanda 2008); d) Uso de beirais nas coberturas, desarticulando os elementos de arquitetura verticais e horizontais. Neste contexto, a Casa Mínima é uma exceção e só faz referência ao vocabulário planar pelo uso da leve cobertura, com avantajados beirais. Sem grandes rasgos abertos ao entorno e maior peso em sua composição, configura dois blocos interligados bem introspectivos (Figuras 4, 5, 6 e 7).

Figura 4: Casa Atelier (2002). Itanhangá, RJ. 2002. Carla Juaçaba Arquitetura. Fonte: http://archtendencias.com.br/arquitetura/casaatelier-carla-juacaba-mario-fraga Figura 5: Casa Rio Bonito (2005). Nova Friburgo, RJ. 2005. Carla Juaçaba Arquitetura. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-159708/casa-rio-bonito-carlajuacaba Figura 6: Casa Mínima (2008). Nova Friburgo, RJ. 2008. Carla Juaçaba Arquitetura. Fonte: http://www.darchitectures.com/larcvision-prize-women-and-architecture-revele-denouveaux-talents-a1130.html Figura 7: Casa Varanda (2008). Itanhangá, RJ. 2008. Carla Juaçaba Arquitetura. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-161067/casa-varandacarla-juacaba Aspectos Funcionais Decorrente do programa compacto e das dimensões restritas, recorrentemente, se observa duas estratégias : a) o zoneamento não é rígido, organizado por faixas (Varanda, 2008) e não há preocupação em concentrar os núcleos hidráulicos (Rio Bonito 2005; Varanda 2008; Mínima 2008), como frequentemente nos programas de casas compactas (COSTA, 2014); b) não há uma clara hierarquia de acessos e as circulações não se espacializam, provocando percursos em suíte e periféricos em relação à geometria dos ambientes (Figuras 8 a 11). Figura 8: CASA VARANDA - Planta baixa com esquema de circulação. Itanhangá, RJ. 2008. Carla Juaçaba Arquitetura.

Figura 9: CASA ATELIER - Plantas baixas com esquema de circulação. Itanhangá, RJ. 2002. Carla Juaçaba Arquitetura e Mário Fraga. Figura 10: CASA RIO BONITO - Planta baixa com esquema de circulação. Nova Friburgo, RJ. 2005. Carla Juaçaba Arquitetura. Figura 11: CASA MÍNIMA - Planta baixa com esquema de circulação, acesso e indicação de hierarquia espaços da casa. Nova Friburgo, RJ. 2008. Carla Juaçaba Arquitetura. Espacialidade Através da observação das linhas de circulação e da posição dos elementos de composição irregulares, pode-se dividir o conjunto de casas em dois grupos: um é formado pela Casa Atelier e pela Casa Varanda; o outro pela Casa Rio Bonito e pela Casa Mínima. No primeiro grupo, a circulação mais dinâmica e menos impositiva possibilita ao usuário um percurso menos óbvio e com maior possibilidade de interações. As relações ora se estendem ao exterior, ora dão continuidade a outros espaços desconhecidos no trajeto. O segundo grupo, formado pelas casas Rio Bonito e Mínima, a posição dos elementos de composição irregulares torna os percursos menos dinâmicos, mesmo que na Rio Bonito este percurso ainda estabeleça forte relação com o exterior.

Nos dois grupos, com exceção da Mínima, as circulações periféricas, tangentes aos planos envidraçados, direcionam as visuais do usuário para o exterior, estabelecendo uma tensão multidirecional. Esta tensão é ainda mais dramatizada pela presença de elementos de iluminação zenital, que também revelam o exterior (Rio Bonito, 2003; Varanda 2008). É possível perceber que as casas refúgio de Carla Juaçaba permitem uma liberdade criativa dentro da tipologia residencial. Sem limites rígidos de legislação urbana, nem restrições de terrenos compactos, permitem ao arquiteto idealizar partidos bastante diferenciados. Característica do escritório estudado e/ou das demandas do cliente é que, mesmo possuindo terrenos amplos, opta-se pela construção de partidos compactos e programas mínimos, enfatizando a relação com a natureza. Tais características revelam uma constante experimentação de permeabilidades em busca da integração com exterior.