Loredana Gragnani Magalhães loredanamagalhaes@terra.com.br Mestre em Direito Professora de Direito de Família, Direito das Sucessões e de Prática Civil Advogada Abreviaturas utilizadas: CCB16 - Código Civil de 1916 NCCB - Novo Código Civil I- Sucessão Legítima e Testamentária - artigo 1572 CCB16/artigo 1784 NCCB. a) permanência do droit de saisine - artigo 1572CCB16/artigo1784 NCCB; b) permanência da natureza de bem imóvel do direito à sucessão aberta - artigo 44,III CCB16/ artigo 80, II NCCB 1 ; c) permanência da competência territorial para abertura da sucessão: último domicílio 2 do autor da herança - artigo 1578CCB16/artigo 1785NCCB; d) permanência da lei vigente ao tempo da abertura para regramento de legitimidade e sucessão; e) permanência do critério de que a herança é um todo unitário 3 até a 1 São inúmeros os julgados que, porém, autorizaram a cessão de direitos hereditários por termo nos autos sem exigência de escritura pública. O artigo 1793 do NCCB, sem correspondente no CCB16, parece ter redação bastante taxativa o que parece ter mudado aquela orientação. Vide, v.g., Sílvio Rodrigues: Cessão de direitos que não for feita por Escritura Pública é nula de pleno direito. RODRIGUES, Sílvio. Ob.cit., p. 27. Observar que remanesce a regra de que a renúncia poder ser feita por escrito público ou termo judicial - artigo 1581CCB16/artigo 1806NCCB. 2 O artigo 96 do Código de Processo Civil, em seu caput, determina ser competente para o inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de disposições de última vontade e de todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no exterior. O que deve ser observado é a regra de que deve o juiz abster-se de partilhar bens situados no estrangeiro. O artigo 5º, XXXI da CF em vigor prescreve em seu comando que a sucessão de bens de estrangeiro situados no país é regulada pela lei brasileira, no entanto, ressalvando sempre que não seja mais favorável ao cônjuge ou aos filhos a lei pessoal do de cujus Lembramos, p.ex., que algumas legislações permitem o pacto sucessório. Vide DINIZ, Maria Helena. Ob. Cit. p. 31. Neste sentido vide, ainda, RT 460:132. Além disto, determina o parágrafo único do mesmo artigo 96 que é também competente o foro da situação dos bens ou do lugar em que ocorreu o óbito. 3 Atentar, porém, para a hipótese de sucessão à título singular na sucessão testamentária. Vide
partilha com inclusão, porém, do critério das regras condominiais até a ultimação daquela - artigo 1580CCB16/artigo1791 NCCB; f) prazo de 60 dias para aforamento do Inventário - alteração dada pela lei n. 11.441/2007 que altera o artigo 1796 do CCB e o artigo 983 do CPC; g) inclusão do companheiro para administração da herança e de pessoa da confiança do juiz - artigo 1579 CCB16/ 1797 NCCB e modificação da tão comentada regra que proibia testar ao concubino 4 - artigo 1719, III CCB16/artigo 1801, III NCCB; h) passam a ser irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança quando era retratável a aceitação que não prejudicasse credores - artigo 1590CCB16/artigo 1812NCCB; i) permanência do critério de que não há direito de representação na renúncia - artigo 1588CCB16/artigo 1811 NCCB; j) exclusão do indigno (artigo 1595CCB16/artigo1814 NCCB não só quando pratica o crime contra o autor da herança, mas também quando pratica contra... o cônjuge, companheiro, ou familiares mais próximos do de cujus... 5 l) exclusão do indigno que incorrer não apenas em crimes contra a honra 6 do autor da herança mas também do cônjuge ou companheiro - artigo 1595, II CCB16/artigo 1814, II NCCB; m) permanência do direito de representação dos descendentes do herdeiro excluído 7 - artigo 1599CCB16/artigo 1816NCCB; n) permanência da regra de declaração de vacância decorrido 1 ano sem que haja herdeiro habilitado e, decorridos 5 anos, os bens arrecadados passam ao domínio do Município ou Distrito Federal; o) permanência da regra de que os colaterais ficam excluídos se não habilitarem-se antes da declaração de vacância; p) introdução da rubrica Petição de Herança, tratada nos artigos 1824 a 1828, sem correspondentes no CCB16 8 ; q) permanência da nomenclatura por cabeça e por estirpe na sucessão Sílvio Rodrigues: permanência da indivisibilidade do direito dos co-herdeiros. 4 Atentar para que a disposição não se aplica,...de modo nenhum... a quem viva em união estável. RODRIGUES, Sílvio, Ob.cit., p. 49. 5 Rodrigues, Sílvio. Ob.cit., p. 69. 6 À propósito são crimes contra a honra a calúnia, a difamação e a injúria. 7 Atentar para que o herdeiro excluído da sucessão, a teor do artigo 1693,IV do NCCB, não pode usufruir nem administrar bens que couberem aos filhos sob seu poder familiar. 8 Tudo indica que permanecerá o entendimento consubstanciado pela súmula 149 do STF: É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança..
legítima. II- Herdeiros Necessários - artigo 1845 NCCB/sem correspondência no CCB16: os descendentes, os ascendentes e o cônjuge 9. III- Ordem de Vocação Hereditária - artigo1603 CCB16/artigo 1829 NCCB: a) descendente(s) e cônjuge sobrevivo, este SE: a.1. não separado de fato há mais de 2 anos, nem judicialmente, sem culpa sua; a.2. não casado pelo regime da Comunhão Universal; a.3. não casado pelo regime da Separação Obrigatória ou Parcial; a.4. se casado pelo regime da Comunhão Parcial, quando houver bens particulares 10. b) descendente(s) e companheiro (que não foi elencado expressamente como herdeiro necessário no artigo 1845 do NCCB), SE: b.1. não tratarem-se de bens particulares, isto é, somente haverá direito sucessório do companheiro sobrevivente por sobre bens adquiridos na constância da união; b.2. concorrendo com filho(s) comum(ns), será a mesma quota, isto é, rigorosos e idênticos quinhões; b.3. concorrendo com filho(s) só do autor da herança, cabe-lhe a metade do que couber ao filho ou a cada um deles, isto é, meia quota, meio quinhão 11. c) ascendente(s) e cônjuge sobrevivente, SE: c.1. remanescem as regras de que não há direito de representação entre ascendentes e que na igualdade em grau, herda-se por linha (a paterna e a materna); c.2 na concorrência com ascendentes, não remanescem as restrições decorrentes do regime de casamento previstas no artigo 1829,I do NCCB; 9 O companheiro não consta da nova ordem do artigo 1845, MAS alguns já atentaram para que o artigo 1850 do NCCB prevê presuma-se EXCLUÍDO da sucessão testamentária apenas os colaterais se o testador ao dispor de seu patrimônio, não os contemplou, sem mencionar os companheiros. 10 Segundo as diretivas dos artigos 1829, I e 1830 do NCCB. 11 Segundo o comando do artigo 1790 do NCCB. Sílvio Venosa assevera que na hipótese de existirem filhos comuns assim como filhos somente do autor da herança, é de se assegurar a quarta parte ao cônjuge. Nos pareceu lógico, então, de que no caso da participação do companheiro na sucessão do outro, em hipótese idêntica, isso é filhos comuns e filhos somente do falecido, também se assegurará ao sobrevivo a quota equivalente nos termos do artigo 1790,I do NCCB.
c.3 o cônjuge concorrer com ascendente(s) em primeiro grau, herdará 1/3 do acervo se forem dois os ascendentes ou metade se for apenas um; c.4 o cônjuge concorrer com ascendente(s) em segundo grau ou grau maior, herdará a metade assim como herdará a metade se houver um só ascendente 12 ; d)ascendente(s) e demais parentes sucessíveis e convivente (que concorre mas não é herdeiro necessário segundo o comando do artigo 1845 do NCCB), SE: d.1 não tratarem-se de bens particulares, isto é, somente haverá direito sucessório do companheiro sobrevivente por sobre bens adquiridos na constância da união; d.2 quando o companheiro concorrer com qualquer parente sucessível, isto é, até o quarto grau, tocar-lhe-á 1/3 do acervo 13. e) cônjuge e convivente, SE: e.1 não havendo descendente(s) ou ascendente(s) será herdeiro universal o cônjuge, segundo o disposto no artigo 1829, III do NCCB; e.2 o referido inciso III do artigo 1829, não menciona expressamente o companheiro e o artigo 1790 restringe o direito sucessório do companheiro à parcela patrimonial adquirida durante a convivência, embora possa ser beneficiado por testamento, autorizando entender-se que os bens particulares, se não houver descendentes, ascendentes, cônjuge ou qualquer parente sucessível serão arrecadados pelo Município, Distrito Federal ou União, conforme o local aonde se situem, após sentença de vacância 14 ; e.3 o cônjuge concorre com descendente(s) ou com ascendente(s), mas HERDA a totalidade do acervo na terceira ordem; e.4 o companheiro concorre com descendente(s), ascendente(s) e com qualquer outro parente sucessível (até o quarto grau) e somente HERDA a totalidade dos bens adquiridos durante a união, então, na quarta ordem; 12 Vide o que determinam os artigos 1836 e 1837 do NCCB 13 Observa-se recorrente crítica da doutrina publicada até aqui posto que, então, quando o convivente concorrer com um único colateral, o parente herdará o dobro do que herda o companheiro (os outros 2/3). 14 É o caput do artigo 1790 que define por sobre quais bens incidirá o direito sucessório do companheiro. No entanto, por óbvio, recomenda-se toda cautela na análise da doutrina e jurisprudência que está por vir pois nos parece razoável esperar que nossos tribunais orientemse para que, no caso do inciso IV do artigo 1790, o companheiro herde todo o acervo, mesmo os adquiridos em período anterior à união. Atente-se, ainda, para o artigo 1844 do NCCB na sucessão do Município, Distrito Federal ou União.
e.5 não há, no NCCB, artigo correspondente ao artigo 1611, par. primeiro do CCB16 o que autoriza concluir que o usufruto vidual não mais vigora face à posição de herdeiro necessário do cônjuge permanecendo, PORÉM, o direito real de habitação, qualquer que seja o regime de bens, nos termos do artigo 1831 do NCCB (desde que único bem destinado à residência da família a inventariar) 15 ; e.6 razoável o entendimento de que remanesce o comando do artigo 7o. da Lei n. 9.278/96 pois o NCCB não menciona expressamente o direito real de habitação do companheiro MAS também não revoga a norma especial. f) colaterais, SE: f.1 remanescem as regras de que os mais próximos excluem os mais remotos, o direito de representação dos sobrinhos que EXCLUEM os tios do autor da herança e a distinção entre irmãos bilateral(is) e unilateral(is) quando este últimos herdam a metade da quota que couber aos primeiros bem assim, PORÉM, herdando todos os irmãos unilaterais em partes iguais se não concorrerem irmãos bilaterais; f.2 os colaterais são chamados na seguinte ordem: irmãos (o unilateral herda por metade o que herdar o bilateral, MAS herdam todos o mesmo quinhão conforme sejam todos unilaterais ou bilaterais); sobrinhos (que EXCLUEM os demais de mesmo grau, os tios); tios; sobrinhosnetos; tios-avós; primos-irmãos). g) do Município, Distrito Federal ou União - artigo 1844 BIBLIOGRAFIA DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 6: direito das sucessões. 16 ed. atual. de acordo com o novo código civil (Lei n. 10.406, de 10-1-2002). São Paulo: Saraiva, 2008. RODRIGUES, Sílvio. Direito civil, v. 7: direito das sucessões. 25 ed. atual. de acordo com o novo código civil (Lei n. 10.406, de 10-1-2002, com a colaboração de Zeno Veloso). São Paulo: Saraiva, 2008. Direito de família e o novo código civil. Coordenação Maria Berenice Dias e 15 Segundo Maria Helena Diniz, o STJ já firmara entendimento, afastando-se do texto legal, de que descabia usufruto quando o regime fosse o da Comunhão Parcial ou Separação Obrigatória se o cônjuge tivesse sido contemplado por cláusula testamentária com bens de valor igual ou superior àqueles sobre os quais recaísse o usufruto ou se meeiro já que, ENTÃO desnecessária a técnica de proteção que só viria a ser empeço à circulação de riqueza, só deferindo o usufruto no caso de Separação Absoluta.
Rodrigo da Cunha Pereira. 3.ed. rev., atual. e ampl. Belo Horizonte: Del Rey, 2003. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil, v. VII: direito das sucessões. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Comentários ao Código Civil. Parte especial: do direito das sucessões, vol 20 (arts. 1.784 a 1.856). Coord. Antonio Junqueira de Azevedo. São Paulo: Saraiva, 2007. VELOSO, Zeno. Comentários ao Código Civil. Parte especial: do direito das sucessões, vol 21 (arts. 1.857 a 2.027). Coord. Antonio Junqueira de Azevedo. São Paulo: Saraiva, 2006. Novo código civil brasileiro/lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002: estudo comparativo com o código civil de 1916, constituição federal, legislação codificada e extravagante/ obra coletiva de autoria da Editora Revista dos Tribunais com a coordenação de Giselle de Melo Braga Tapai. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002.