Identificação Acórdão 38/2003 - Segunda Câmara Número Interno do Documento AC-0038-02/03-2 Ementa Representação formulada por unidade técnica do TCU. Supostas irregularidades praticadas pela Prefeitura Municipal de Goiás GO na execução de convênios firmados com o Ministério da Integração Nacional e em contratos de repasse com a CEF. Conhecimento. Determinação. Grupo/Classe/Colegiado Grupo I / Classe I / Segunda Câmara Processo 015.224/2002-6 Natureza Representação Entidade Entidade: Prefeitura Municipal de Goiás/GO Interessados Interessada: Secretaria de Controle Externo no Estado de Goiás Sumário Representação formulada por Unidade Técnica. Supostas irregularidades praticadas pelo Prefeito de Goiás/GO na execução de convênio destinado à reforma de infra-estrutura turística e urbana no referido Município. Conhecimento. Necessidade de acompanhamento das obras. Determinações. Assunto Representação Ministro Relator GUILHERME PALMEIRA Unidade Técnica SECEX-GO - Secretaria de Controle Externo - GO
Dados Materiais Grupo I - Classe VI Relatório do Ministro Relator Trata-se de representação formulada pela SECEX-GO em decorrência da publicação de matéria jornalística publicada no jornal O Popular, noticiando irregularidades que estariam sendo praticadas pelo Prefeito do Município de Goiás/GO, Sr. Boadyr Veloso, na construção da avenida Rio Vermelho, situada na cidade de Goiás. Inicialmente, ao tomar conhecimento da reportagem, a SECEX-GO, considerando a necessidade de obter mais informações a respeito da matéria denunciada, solicitou, por meio de diligência, ao Prefeito Municipal de Goiás/GO, os seguintes documentos: - cópia de todos os instrumentos de descentralização de recursos, acompanhado dos Programas de Trabalho firmados com a Administração Federal, em especial com o Ministério do Esporte e Turismo mencionados na instrução, objetivando a restauração dos estragos causados pelas últimas enchentes, bem como a municipalização do turismo, acompanhados do extrato bancário da conta específica de cada convênio; e - cópia da licitação e do contrato porventura firmado com vistas à construção da av. Rio Vermelho, bem como a origem dos recursos financeiros envolvidos e, ainda, o montante já repassado até o momento (extrato bancário). Em atendimento, foram acostados ao processo os elementos de fls. 23/76, os quais receberam a seguinte análise por parte da Sra. Diretora Técnica: A reportagem noticia que a construção da avenida, já interrompida por duas ordens judiciais, continua sendo motivo de polêmica. Desta feita a Superintendente da 17ª Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan, Sra. Salma Saddi, juntamente com o Procurador da República Carlos Vilhena, acusam o Sr. Prefeito de ter desviado para a obra recursos com destinação específica para a recuperação dos estragos causados pelas enchentes de dezembro. Por sua vez, o Sr. Prefeito afirma, na referida reportagem, que os recursos disponibilizados mas não liberados pelo Ministério do Esporte e Turismo logo após os estragos das chuvas, no valor de R$ 2,2 milhões, não são apenas para a recuperação das partes afetadas com as enchentes, complementando que se destinam também à construção de obras necessárias ao Município, as quais são suficientes para atender todos os projetos da Prefeitura para a restauração do que foi destruído pela enchente e a construção da avenida Rio Vermelho. Atendida a diligência proposta por esta Secretaria, fls. 22, sobrevieram aos autos as justificativas de fls. 23/25, acompanhada da documentação de fls. 26/76, de cuja análise pode-se constatar a firmatura de vários termos, dentre eles um convênio com o Ministério da Integração Nacional e mais três contratos de repasse firmados com a Caixa Econômica Federal, cuja posição atual assim se apresentam: Convênio nº 03/2002 Este convênio foi firmado com o Ministério da Integração Nacional, por intermédio da Secretaria Nacional de Defesa Civil, cujos recursos, no valor de R$ 997.499,12, destinavam-se à construção de várias pontes e calçamentos destruídos pelas enchentes do Rio Vermelho e foram liberados em
28.06.2002. A prefeitura se comprometeu a contribuir com mais R$ 52.500,88, a título de contrapartida financeira municipal. Considerando-se a data de liberação dos recursos financeiros e o período de 240 dias estabelecido para a aplicação dos recursos financeiros, conforme extrato de publicação à fl. 37, pode-se concluir pela impossibilidade de se apontar, neste momento, alguma irregularidade na sua execução. Contrato de Repasse nº 0134.552-94/2001/MET-CEF Este contrato de repasse, firmado em 21.12.2001, tinha como finalidade a transferência de recursos financeiros da União para a implantação de um teleférico no morro Dom Francisco, no Município de Goiás, todavia nenhum recurso financeiro foi liberado até esta data, em razão de pendências relativas à não-liberação do Relatório de Impacto Ambiental pela Agência Ambiental do Estado de Goiás. Contrato de Repasse nº 0234.688-27/2001/MET/CEF Este contrato, no valor de R$ 50.000,00, também firmado em 21.12.2001, prevê a construção de uma quadra de esportes simples, sem cobertura, no Município. Segundo informado pelo Sr. Prefeito, a implementação dos repasses de recursos pela CEF está sendo feita mediante a liberação das medições realizadas pelos engenheiros responsáveis, sem,contudo, ter apresentado maiores informações sobre o andamento da obra. Contrato de Repasse nº 0137.420-61/2002/MET/CEF O contrato de repasse acima identificado, anexado por cópia às fls. 71/76, foi firmado em 22.03.2002, no valor de R$ 2.200.000,00 tendo como finalidade a transferência de recursos financeiros da União para a execução de serviços de reforma de infra-estrutura turística e urbana, com a construção e recuperação de pontes e galerias no Município, sendo que parte das obras a serem atendidas com tais recursos estão relacionadas no expediente de fls. 66/67. Afirma, ainda, o Sr. Prefeito que a execução da prorrogação da extensão da av. Rio Vermelho, objeto principal desta representação, foi inserida neste contrato de repasse. Todavia, nenhuma cópia do plano de trabalho foi inserida no processo, de modo a confirmar tal afirmativa. O Sr. Prefeito confirma também que a CEF ainda não liberou nenhum recurso financeiro para o cumprimento dos compromissos assumidos com a execução das obras a ele vinculados. Como se pode depreender, a execução da av. Rio Vermelho, objeto desta representação, segundo o Sr. Boadyr deve ser efetuada com recursos oriundos deste Contrato de Repasse. Todavia, o expediente originário da Caixa Econômica Federal - Escritório de Negócios de Anápolis, anexado às fls. 66/70, afirma que, embora a CEF tenha realizado vistorias in loco em 14.07.2002, dessas visitas não resultou qualquer liberação de recursos para a Prefeitura, em razão das pendências documentais a serem equacionadas pela Prefeitura. Assere, ainda, a CEF que o impedimento para a liberação da verba por parte daquela empresa decorre da existência de algumas situações noticiadas na imprensa, em especial o Embargo e Interdição pela Agência Goiana do Meio Ambiente, relativamente às obras da av. Rio Vermelho, restrições impostas pelo Iphan para o seu prosseguimento, pendências judiciais e outras exigências que pesam sobre as obras objeto do referido contrato de repasse. Em conclusão, a SECEX-GO, em pareceres uniformes, assim encaminhou a matéria: Assim sendo, considerando que esta SECEX poderá fazer o acompanhamento da execução do Contrato de Repasse nº 0137.420-61/2002/MET/CEF, à medida em que a CEF for noticiando a
liberação dos recursos, opino pela remessa destes autos à relatoria do Ministro Guilherme Palmeira, nos termos do art. 20, 1º, da Resolução TCU nº 136/00, acompanhada das seguintes proposições: a) conhecer esta documentação como representação, por preencher os requisitos de admissibilidade previstos no artigo nº 69, inciso VI, da Resolução TCU nº 136/00; b) fazer determinações à Caixa Econômica Federal - Escritório de Negócios de Anápolis/GO -, no sentido de encaminhar a esta SECEX, para fins de acompanhamento, cópias dos relatórios de vistoria in loco realizadas nas obras beneficiadas com os recursos liberados através do Contrato de Repasse nº 0137.420-61/2002/MET/CEF, firmado com a Prefeitura Municipal de Goiás, noticiando as possíveis irregularidades encontradas, bem como as datas de liberação de recursos, com os seus respectivos valores; c) solicitar do Ministério da Integração Nacional informações quanto à prestação de contas dos recursos repassados à Prefeitura Municipal de Goiás/GO, através do Convênio nº 03/2002, destinados à construção de várias pontes e calçamentos destruídos pelas enchentes. É o Relatório. Voto do Ministro Relator No tocante aos requisitos de admissibilidade, a documentação em apreço pode ser conhecida como representação, nos termos do art. 237, inciso VI, do Regimento Interno do Tribunal. Quanto ao mérito, uma vez que não restaram comprovadas as irregularidades suscitadas na matéria jornalística que deu ensejo à presente representação, já que, até a instrução do presente, não havia sido repassado nenhum valor para execução das obras de extensão da avenida Rio Vermelho, localizada na cidade de Goiás/GO, entendo satisfatórias as medidas sugeridas pela Unidade Técnica. No que diz respeito ao Convênio nº 03/2002, objetivando a reconstrução de pontes e calçamento destruídos pelas enchentes ocorridas na cidade de Goiás/GO, em 31.12.2001, registro que, recentemente, em notícia publicada no jornal O Popular, edição de 28.11.2002, conforme republicação no informativo União, deste Tribunal, foi denunciada a existência de irregularidades na construção de pontes sobre o rio Vermelho, justamente o rio que sofreu as enchentes acima mencionadas. Segundo a notícia, o CREA apontou irregularidades na execução das obras e o embargo do Iphan foi ignorado. Sendo assim, considero pertinente a adoção da medida sugerida pela Unidade Técnica no sentido de também acompanhar a execução das obras objeto do mencionado convênio. Nesse contexto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à consideração deste Colegiado. Sala das Sessões, em 30 de janeiro de 2003. GUILHERME PALMEIRA Ministro-Relator Acórdão
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação formulada pela SECEX-GO, em decorrência da publicação de matéria jornalística publicada no jornal O Popular, noticiando irregularidades que estariam sendo praticadas pelo Prefeito do Município de Goiás/GO, Sr. Boadyr Veloso, na construção da avenida Rio Vermelho, situada na cidade de Goiás. ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 2.ª Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em: 9.1. conhecer da presente Representação, nos termos do art. 237, inciso VI, do Regimento Interno do Tribunal, aprovado pela Resolução TCU nº 155, de 4.12.2002, para: 9.1.1. determinar à Caixa Econômica Federal - Escritório de Negócios de Anápolis/GO - que encaminhe à Secretaria de Controle Externo no Estado de Goiás cópia dos relatórios de vistorias in loco realizadas nas obras beneficiadas com os recursos liberados mediante o Contrato de Repasse nº 0137.420-61/2002/MET/CEF, firmado com a Prefeitura Municipal de Goiás, noticiando as irregularidades porventura encontradas, bem como as datas de liberação de recursos, com os seus respectivos valores; 9.1.2. determinar ao Ministério da Integração Nacional que remeta à Secretaria de Controle Externo no Estado de Goiás informações quanto à prestação de contas dos recursos repassados à Prefeitura Municipal de Goiás/GO, por meio do Convênio nº 03/2002, destinados à construção de várias pontes e calçamentos destruídos pelas enchentes ocorridas na cidade de Goiás/GO em 31.12.2001; 9.2 determinar o arquivamento dos autos. Quorum 12.1 Ministros presentes: Adylson Motta (Presidente), Guilherme Palmeira (Relator) e Benjamin Zymler. Publicação Ata 02/2003 - Segunda Câmara Sessão 30/01/2003 Aprovação 06/02/2003 Dou 11/02/2003 Referências (HTML) Documento(s):TC 015.224.doc Indexação Representação; Prefeitura Municipal; Goiás GO; Execução de Convênio; Repasse; Contrato; CEF; Recursos Públicos;