Palavras Chaves: O processo de morte e morrer; Tanatologia; Cuidados paliativos; Enfermagem.



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Curso de Enfermagem Artigo de Revisão A IMPORTÂNCIA DA TANATOLOGIA NA FORMAÇÃO DOS ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM Catiane do Nascimento Souza 1, Nayara Lorena Oliveira de Freitas 1, Alexandre Sampaio², 1 Aluna do Curso de Enfermagem 1 Aluna do Curso de Enfermagem 2 Professor Orientador Resumo INTRODUÇÃO: A formação acadêmica do enfermeiro ensina-o a ter a cura do paciente como objetivo e não a sua morte, mas esta precisa ser considerada na prática clínica e para ter essa experiência são necessários os conhecimentos teóricos da Tanatologia, o estudo da morte e dos processos de morrer. OBJETIVO: Realizar levantamento sobre o conhecimento da Tanatologia clínica pelos acadêmicos de Enfermagem e a importância da implementação da disciplina na grade curricular de uma instituição de ensino superior (IES) do Distrito Federal. JUSTIFICATIVA: O enfermeiro deve conhecer os conceitos da Tanatologia, para que desta forma possa se capacitar e se preparar para as fases do processo da morte do paciente, identificando cada uma delas e prestar uma assistência humanizada para o cliente e seus familiares. METODOLOGIA: Levantamento bibliográfico, a partir dos descritores morte, Tanatologia e Enfermagem. Os critérios de inclusão dos textos na pesquisa foram: publicação entre 2005 e 2014; completos; em língua portuguesa; e diretamente relacionados ao tema. Também foi realizada uma entrevista de campo estruturada, com quatro questões fechadas, de natureza qualitativa e quantitativa, com participação de acadêmicos de Enfermagem do 1º, 2º, 7º e 8º períodos da IES selecionada. RESULTADOS: Para a revisão da literatura foram selecionados 21 textos, que fundamentaram a pesquisa de campo, da qual participaram 85 alunos, com assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). CONCLUSÃO: O estudo da Tanatologia no Curso de Enfermagem é superficial e fragmentado, fazendo com que na prática clínica o profissional não tenha conhecimentos suficientes para lidar com a morte e o processo de morrer, de forma humanizada. Palavras Chaves: O processo de morte e morrer; Tanatologia; Cuidados paliativos; Enfermagem. Abstract INTRODUCTION: The academic nursing education teaches you to be patient and not intended to cure his death, but this needs to be considered in clinical practice and to have this experience theoretical knowledge of Pathology are needed, the study of death and the dying process. OBJECTIVE: To survey the knowledge of clinical thanatology by nursing students and the importance of implementing discipline in the curriculum of an institution of higher education (IHE) of the Distrito Federal. JUSTIFICATION: The nurse should know the concepts of Thanatology, so this way can empower and prepare for the phases of the process of death of the patient, identifying each one and provide humanized care for the client and their families. METHODOLOGY: The literature through bibliographic research, the descriptors "death", "Thanatology" and "Nursing". The criteria for inclusion of texts in the research were published between 2005 and 2014, complete, in Portuguese and directly related to the topic. One structured field interviews with four closed questions, qualitative and quantitative, with participation of nursing students from the 1st, 2nd, 7th and 8th semester of the selected IHE, totaling 85 students. RESULTS: For the literature review were selected 21 texts, which supported the field research. CONCLUSION: The study of Thanatology at the Nursing Course is superficial and fragmented, making the professional clinical practice does not have sufficient knowledge to deal with death and the dying process, in a humane way. Key Words: The process of death and dying; Thanatology; Palliative care; Nursing. Contato: catianek6@hotmail.com; naylorenaenfermagem@gmail.com; gv.sampaio@ig.com.br Introdução A Tanatologia significa estudo da morte e dos processos de morrer. Esse estudo surgiu como subsidio de conforto aos profissionais de saúde. Uma vez que os enfermeiros são os que mais lutam contra a morte, e este assunto não faz parte do programa de estudo nas universidades e quando ocorre o estudo é superficial, entende-se ser relevante a realização deste estudo (Paula, Deus, Lima, Carolina, Versiani, Silva, 2013). Entretanto, a formação acadêmica dos enfermeiros e dos outros profissionais de saúde ainda é direcionada e intensificada no cuidado para promoção, recuperação e preservação da vida, deixando-os despreparados, técnica e psicologicamente, para o enfrentamento da morte, a partir do entendimento que ela não faz parte da vida (Mascarenhas, Rosa, 2010). A todo instante e de modo intimo dos

2 sentimentos, das frustrações e dos medos que são próprios da cultura e dos vividos de cada individuo que padece. Neste sentido, é relevante valorizar a dimensão emocional da equipe de enfermagem, destacando que antes de cuidar do outro que está morrendo, é preciso cuidar da emoção dos que cuidam (Silva Júnior, Santos, Moura, Melo, Monteiro, 2011). A convivência com a morte faz parte do cotidiano dos profissionais de saúde, causando-lhes sobrecarga emocional, ansiedade e depressão. Assim esta convivência com a finitude gera sofrimento para os profissionais. Em sua formação os profissionais de saúde são preparados desde a graduação para recuperar a saúde e preservar a vida (Oliveira, Amaral, Viegas, Rodrigues, 2013). Apesar da morte ser o destino de todas as pessoas, indiscriminadamente, a duração da vida e a maneira de morrer são diferentes: dependem da classe socioeconômica em que a pessoa está inserida (Combinato, Queiroz, 2006). O conhecimento dos significados atribuídos pela equipe ás suas experiências permite definir conceitos, fortalecer teorias, aperfeiçoar métodos de pesquisa, ajudando os profissionais a intervirem efetivamente, respeitando as subjetividades das famílias diante das situações de perda, luto e tomada de decisão (Bousso, Poles, Rossato, 2009). A terminalidade e o evento da morte repercutem na ação do cuidador e na relação com o paciente, o que não significa, porém, que o processo seja irremediavelmente marcado pela desesperança. Técnicas, ações e posturas facilitadoras da elaboração das perdas, consequentes nos óbitos de crianças com câncer. A criança usufruirá melhores condições de cuidados se a ação paliativa for por um cuidador equilibrado em suas questões sobre a morte (Färber, 2013). A doença frequente causa sofrimento e desencadeia a procura de significados, na tentativa, de compreender uma experiência tão avassaladora. Esses significados são moldados pelas crenças e estes inseridos em historias de fé e compreensão do sagrado (Bousso, Poles, Rossato, 2009). A maioria das produções científicas na área de enfermagem e demais cursos da saúde, referem que os atuais conteúdos curriculares destacam, incisiva e enfaticamente, os tipos de tecnologias e medicamentos destinados à cura ou tratamento de enfermidades. Nesse contexto, a formação dos profissionais da saúde, está voltada à defesa da vida e ao combate da temida inimiga morte (Lima et al, 2012). Assim, a morte foi esquecida, sem que a sociedade percebesse que as pessoas sofrem, por não discutirem o tema; por ser algo inconveniente e proibido. Nessa lógica, não se pode expressar os sentimentos reais diante da morte, mesmo quando se perde alguém próximo, nem mesmo manifestar saudade (Mascarenhas, Rosa, 2010). Conforme as informações apresentadas o objetivo geral deste estudo é realizar levantamento sobre o conhecimento da tanatologia clínica pelos acadêmicos de Enfermagem e a importância da implementação da disciplina na grade curricular de uma instituição de ensino superior (IES) do Distrito Federal. Os objetivos específicos são: apresentar um histórico sobre as formas como o ser humano lida com a morte, especialmente nos serviços de saúde; analisar o processo de formação do enfermeiro, nele observando o possível lugar da Tanatologia clínica. Assim, o objetivo deste estudo é realizar levantamento sobre o conhecimento da Tanatologia clínica pelos acadêmicos de Enfermagem e a importância da implementação da disciplina na grade curricular de uma instituição de ensino superior (IES) do Distrito Federal. O estudo justifica-se pelo fato de que o enfermeiro deve conhecer os conceitos da Tanatologia, para que desta forma possa se capacitar e se preparar para as fases do processo da morte do paciente, identificando cada uma delas e prestar uma assistência humanizada para o cliente e seus familiares. Materiais e Métodos Trata- se de um levantamento bibliográfico e uma entrevista de campo estruturada, com quatro perguntas fechadas, de natureza qualitativa e quantitativa, aplicada aos acadêmicos de enfermagem de uma IES no Distrito Federal, com o objetivo de proporcionar o aprofundamento do conhecimento sobre o tema. A entrevista foi submetida ao Comitê de Ética, por meio da Plataforma Brasil. Para o levantamento bibliográfico foram utilizados os descritores Morte, Tanatologia e Enfermagem. Os critérios de inclusão foram: publicação entre 2005 e 2014; completos; em língua portuguesa; e diretamente relacionados ao tema. Os critérios de exclusão foram: publicação anterior a 2005, incompletos, idioma diverso da língua portuguesa e não relacionados ao tema. Os textos selecionados (21) foram

3 utilizados para o levantamento bibliográfico. A entrevista foi elaborada a partir da leitura prévia dos textos e aplicada aos acadêmicos do 1º, 2º, 7º e 8º período do curso de Enfermagem da IES selecionada. Os acadêmicos (85) foram informados a respeito do sigilo e anonimato das informações, assinando um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A entrevista foi aplicada no turno de estudo dos acadêmicos e foi constituída por quatro perguntas, de natureza aberta. A análise observou o conteúdo, mas também a quantidade de acadêmicos que opinaram sobre os temas tratados. O estudo seguiu as normas do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa (NIP), versão 2014, da Faculdade PROMOVE. Levantamento Bibliográfico A única certeza absoluta que o ser humano tem na vida é a de que um dia morrerá. Contudo, as ideias que envolvem os processos de morte e morrer são cheias de incertezas e imprevisibilidade, pois ninguém sabe nem como e nem quando vai morrer. Mas a morte convive constantemente com o indivíduo, seja relacionada aos parentes e amigos ou pessoas desconhecidas. A morte e o morrer foram enfrentados de formas distintas pela humanidade, durante a história e assumiram significações diversas, de acordo com a época e a cultura dominante, passando do âmbito doméstico para o cenário hospitalar, na medida em que as pessoas passaram a ter acesso aos serviços organizados de saúde (Silva Júnior, Santos, Moura, Melo, Monteiro, 2011). Os estudos sobre a morte se desenvolveram após as Guerras Mundiais, mas a sistematização da Tanatologia foi feita a partir da década de 1970, nos Estados Unidos, com a fundação da Association for Death Education (ADEC), que passou a divulgar o tema do estudo da morte por meio de encontros e workshops, além de incrementar a educação e o preparo dos profissionais que mais diretamente lidam com o assunto, como enfermeiros e médicos. No Brasil, os estudos se intensificaram a partir da década de 1980 e contam com referências importantes, como o Laboratório de Estudos sobre o Luto, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e o Laboratório de Estudos sobre a Morte no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) (Kovács, 2008). O pioneirismo dos estudos sobre Tanatologia no Brasil é creditado à Wilma da Costa Torres, que, na década de 1970, começou a publicar estudos sobre o conceito da morte em crianças, nos Arquivos Brasileiros de Psicologia. Em 1981, criou, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), o primeiro curso de especialização em Tanatologia, desenvolvendo também um serviço de documentação e consultoria. Mais tarde, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde criou o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Tanatologia, com disciplinas também em alguns cursos de graduação. Publicou livros e artigos em periódicos sobre o tema da morte, em seus vários aspectos, inclusive o educacional (Kovács, 2004). Uma área dos estudos sobre a morte que se desenvolveu muito, acompanhado avanços tecnológicos, foi a dos cuidados paliativos, destinados a pacientes gravemente enfermos e sem perspectivas de recuperação, envolvendo toda uma estrutura de atendimento nos hospitais e às vezes no domicílio. Diante do caráter incurável da doença, o paciente ou seus familiares buscam se adaptar à ideia da morte, mas sem renunciar às possibilidades de vida, que são oferecidas pela tecnologia e pela ciência. Entretanto, esses recursos também têm seus limites e chega um momento em que o enfermeiro precisa lidar com a realidade da morte (Menossi, Zorzo, Lima, 2012). A morte refere-se ao momento em que o corpo biológico encontra sua finitude, mas morrer constitui um processo, construído socialmente, constituindo uma angústia metafísica, relacionada com a destruição biológica e a incerteza da vida espiritual, que representa o anseio da chamada eternidade. O processo de morrer começa no próprio ato do nascimento, a separação da mãe e depois a perda do corpo infantil e dos pais, durante a adolescência. Finalmente, a perda da juventude e o envelhecimento, que aproxima o homem cada vez mais da morte biológica. Assim, o processo de morrer também faz parte das relações sociais do ser humano (Brêtas, Oliveira, Yamaguti, 2006). A forma como uma sociedade lida com a morte mostra sua identidade e constitui uma tradição cultural comum. O corpo do morto era tratado de várias formas, com preparações cuidadosas, enterrado ou cremado, de acordo com as crenças de cada civilização. A morte do homem comum não tinha o mesmo significado da morte do herói e a condição social, juntamente com a religiosidade sempre marcou o processo de morrer ao longo da história. A introdução do Cristianismo trouxe o conceito de

4 ressurreição, de vida após a morte, de um eterno gozo ou eterno sofrimento (Caputo, 2008). Até meados do século XVIII a morte era um acontecimento público, do qual participavam parentes e vizinhança. O morto era velado em casa e os cortejos fúnebres eram concorridos. Os sepultamentos eram feitos em igrejas e os parentes cuidavam dos túmulos. Contudo, o desenvolvimento da Medicina racionalizou a visão da sociedade sobre a morte, transformando-a em um fenômeno privado e individualista. Os cuidados com o morto e seu túmulo passaram a ser feitos por serviços contratados. Contudo, no mundo ocidental, predominantemente cristão, as pessoas não perderam a preocupação em morrer dignamente. Mas a morte em casa é rara e o ambiente hospitalar passou a ser o seu cenário (Tavares, 2010). Nesse ambiente, a morte se deparou com um objetivo contrário dos profissionais de saúde, que é o de salvar vidas. Para isso, o paciente é submetido a toda sorte de avanços tecnológicos e medicamentosos, na tentativa de prolongar a vida e evitar o que seria o fracasso dos profissionais que dele cuidam. Contudo, existem doenças incuráveis e situações extremas, onde o paciente morre e o profissional se vê diante da impossibilidade da cura e da sua própria mortalidade. Para vencer a impotência diante do fenômeno de morrer busca-se um distanciamento dele, por meio da valorização da técnica e do uso de sinônimos, como óbito (Barros, Martins, 2009). O sentimento de impotência resulta não apenas da constatação pelo profissional que cuida do paciente, principalmente o enfermeiro, de sua própria finitude, mas também da formação insuficiente sobre os processos de morte e de morrer, especialmente nos cursos de graduação, onde o tema raramente é estudado e algumas vezes sob a forma de disciplinas optativas. Quando o enfermeiro passa à prática, no ambiente hospitalar, o conceito de morte se banaliza ainda mais, como forma de negação e de um possível fracasso diante dele (Silva, Ribeiro, Kruse, 2009). A Tanatologia faz parte da Bioética, cujos princípios norteiam as condutas éticas diante do processo de morte do paciente. Esses princípios são a beneficência e a não maleficência, que consistem em buscar o bem máximo do paciente, diminuindo o mal que a doença ou o trauma possam lhe causar; a autonomia, que confere ao paciente o autogoverno do seu processo de morrer; e a justiça, que propõe a imparcialidade na distribuição dos riscos e benefícios, independente das classes sociais a que os pacientes pertençam. Devido à falta de estudos sobre a morte nos cursos de enfermagem, nem sempre o enfermeiro aprende o valor desses princípios, bem como a coloca-los em prática no seu cotidiano de trabalho (Silva, 2011). A realidade da morte do paciente traz para a enfermagem uma forma especial de atuação, na aplicação de Cuidados Paliativos. A expressão tem origem na palavra latina palliare, ou seja, proteger, amparar, cobrir, abrigar e tem por objetivo aliviar o sofrimento do paciente com prognóstico terminal ou doença crônica progressiva. Podem ser aplicados pela equipe de saúde desde o nível da Atenção Básica, no ambiente hospitalar ou domiciliar. Objetiva oferecer apoio físico, psicológico e social ao paciente e sua família, para que tenham bem estar na fase progressiva ou terminal da doença, inclusive após a sua morte. Os Cuidados Paliativos envolvem amor, compaixão e respeito à dignidade do ser humano (Monteiro, Oliveira, Vall, 2010). Um dos principais componentes dos Cuidados Paliativos é a comunicação, que o profissional de enfermagem deve desenvolver com o paciente, caso seja possível, e com seus familiares ou representantes legais. O processo de comunicação pode ser dificultado pelo fato do enfermeiro não saber enfrentar o prognóstico da morte e, assim, deixa-se de estabelecer os elos de confiança e respeito mútuo, necessários nesse momento. Distanciar-se, ser frio e esconder sentimentos são mecanismos de defesa da enfermagem que não facilitam a comunicação. O enfermeiro precisa aprender a enfrentar a morte, refletir sobre o morrer e seus significados e aceitar que a vida humana é finita. Essas reflexões humanizam os Cuidados Paliativos (Rodrigues, Ferreira, Menezes, 2010). A humanização do cuidar relativo ao processo de morrer não prescinde, no entanto, da aplicação de conhecimentos científicos, por parte do enfermeiro, visto que envolve uma complexidade maior do que a cura da doença. Por isso, existem princípios que visam a humanização dos Cuidados Paliativos, mas sem deixar de lado os aspectos científicos. Para aplica-los o enfermeiro precisa ser preparado durante a sua formação e não apenas adquirir conhecimentos que se destinam à cura do paciente, pois a morte é inevitável e o ambiente hospitalar é onde ela é mais

5 constante, apesar de todo o aparato tecnológico existente (Silva, Campos, Pereira, 2011). A Organização Mundial de Saúde (OMS) enumerou, em 2002, os seguintes princípios inerentes aos Cuidados Paliativos (Davies, Higginson, 2004): a. Alívio da dor: pressupõe conhecimentos científicos para prescrever medicação adequada, além de considerar medidas não farmacológicas, envolvendo aspectos sociais e espirituais; b. Consideração da morte como um evento natural: a formação profissional direciona o enfermeiro para a cura, mas é preciso adquirir conhecimentos sobre a morte; c. Não acelerar e nem adiar a morte: o diagnóstico da doença deve ter um embasamento seguro, para que se possa acolher e respeitar as decisões do paciente e seus familiares; d. Promoção de atendimento total: o paciente e sua família devem ser tratados também em relação aos aspectos psicológicos e espirituais, para que possam lidar com as perdas inerentes ao processo de morrer; e. Oferecimento de suporte para uma vida ativa: muitos pacientes com prognóstico de morte podem desenvolver diversas atividades, caso estejam conscientes, e deve ser-lhes concedida essa oportunidade; f. Suporte para dificuldades sociais: devido às dificuldades do acesso ao sistema de saúde, o paciente sem possibilidade de cura pode não ter os medicamentos que precisa ou o atendimento necessário nos momentos mais críticos. Então, é preciso que o sistema de saúde esteja mais aberto para esse paciente e sua família; g. Não supervalorizar tempos estimados de sobrevida: muitos pacientes com pouco tempo de vida estimado vivem ainda mais tempo, justamente porque não tiveram sua vida social diminuída antes da hora, mantendo a qualidade de seus relacionamentos; h. Avaliar a capacidade funcional: o sofrimento e não a doença propriamente dita pode diminuir a capacidade para o exercício de algumas atividades da vida diária. Assim, é preciso oferecer com cautela qualquer prognóstico de sobrevida que tome como base a capacidade funcional, mas proporcionar ao paciente as condições de viver com dignidade; i. Início precoce: os Cuidados Paliativos devem acompanhar o tratamento do paciente desde o diagnóstico da incurabilidade da doença, para permitir a antecipação dos sintomas e o seu alívio, por meio de um plano integral de cuidados. Esses cuidados foram recomendados pela OMS para todos os sistemas nacionais de saúde. Como o conceito de Cuidados Paliativos havia sido estabelecido pela OMS desde 1986, muitos países, incluindo o Brasil, já havia traçados estratégias para cumprir essas determinações e oferecer esse tipo de assistência aos pacientes sem possibilidade de cura, a qual se baseia no controle dos sintomas físicos, psicológicos, sociais e espirituais: avaliar antes de tratar; explicar as causas dos sintomas ao paciente; não esperar as queixas; adotar terapias mistas; monitorizar os sintomas; reavaliar as terapias regularmente; cuidar dos detalhes; e estar disponível (Oliveira, 2008). Na assistência em Cuidados Paliativos, o enfermeiro deve valorizar cada detalhe e registrá-lo, pois os pacientes sem possibilidade de cura podem ter sua situação alterada diversas vezes durante o dia. A atenção aos detalhes demonstra conhecimento da história natural da doença e contribui para antecipar determinados sintomas, os quais podem ser combatidos sem o uso de fármacos, por meio de tratamentos alternativos. Caso não deem resultado, o conhecimento também ajuda a escolher as melhores alternativas anestésicas ou cirúrgicas, juntamente com o médico, visando o bem estar do paciente (Oliveira, 2008). Na assistência de enfermagem em Cuidados Paliativos o enfermeiro nunca deve deixar de lado os aspectos éticos, respeitando a individualidade e a vontade de cada paciente ou de sua família, sempre que for manifestada. Cada paciente é único em sua doença e seu sofrimento e as regras de cuidado não podem ser generalizadas. Ao oferecer cuidado humanizado ao paciente sem possibilidade de cura o enfermeiro pode contribuir para aliviar seu sofrimento e até prolongar um pouco mais a vida e quando a sua morte chegar o profissional não precisa ter a sensação de fracasso, mas de dever cumprido, tanto no aspecto técnico e

6 científico, quanto humano (Souza, Martins de Souza, Alves e Souza, 2005). Para oferecer Cuidados Paliativos humanizados o enfermeiro precisa adquirir conhecimentos sobre a Tanatologia ainda na graduação, nível de ensino em que os professores precisam exercitar com os alunos a reflexão sobre a importância de existir, para depois refletir sobre o morrer. A experiência dos docentes, no entanto, aponta que os alunos pouco se interessam pelo tema da morte e dos processos de morrer (Pinho, Barbosa, 2010). Os docentes, quase sempre já com experiência hospitalar, sentem-se desconfortáveis, pois a morte para eles é uma experiência real, enquanto para os alunos é apenas um tema de Psicologia Aplicada. Além disso, sentem-se com dificuldades para transmitirem aos alunos uma experiência que, na maioria das vezes, é traumática, especialmente nos estágios iniciais da profissão (Bandeira, Cogo, Hildebrandt, Badke, 2014). No início do curso os acadêmicos veem a morte como inimiga, algo que precisam vencer, para preservar a vida. Se não conseguirem sentem-se fracassados. É preciso oferecer a esses alunos espaços para reflexão, a partir de que sendo a morte um fenômeno anterior a eles, precisam aprender a lidar com ela de forma humanizada, em benefício do paciente e seus familiares, bem como em benefício de si mesmos, para evitar o estresse. É necessário que os alunos cheguem ao final do curso com esses conhecimentos acumulados, pois logo serão profissionais, responsáveis por uma prática clínica (Santos, Bueno, 2011). Na atuação profissional, uma das formas que o enfermeiro encontra para não enfrentar a morte e lidar com o sentimento de impotência diante dela é a confiança excessiva na tecnologia. O conteúdo curricular de Tanatologia teria, assim, a complexa missão de desconstruir, construir e reconstruir novas bases para um ensino que não deixe de lado a morte e os processos de morrer (Lima, Nietsche, Teixeira, 2012). Os acadêmicos de Enfermagem precisam compreender que o seu trabalho lida com os ciclos vitais e isso inclui o último, a morte, que deve ser enfrentada como algo que faz parte da vida do ser humano. Isso não significa endurecer-se diante dela, mas se humanizar diante do paciente que a enfrenta, proporcionando-lhe atenção e conforto (Lima, Nietsche, Teixeira, 2012). Resultados Os sujeitos da pesquisa (85 acadêmicos de Enfermagem) estão distribuídos conforme o Gráfico 1: Gráfico 1 Distribuição dos sujeitos da pesquisa Fonte: Pesquisa Acadêmica, 2014 Foi perguntado ao grupo de acadêmicos se sabiam o significado de Tanatologia. As respostas estão representadas no Gráfico 2: Gráfico 2: Conhecimento autoreferido do significado de Tanatologia Fonte: Pesquisa Acadêmica, 2014 O conhecimento autoreferido é aquele que o sujeito acredita ter sobre determinado assunto. Assim, foi solicitado que marcassem o conceito correto de Tanatologia e as respostas podem ser observadas no Gráfico 3: Gráfico 3 Conhecimento do conceito de Tanatologia evidenciado pelos sujeitos da pesquisa Fonte: Pesquisa Acadêmica, 2014

7 Em seguida, foi solicitado aos acadêmicos que se posicionassem sobre a importância do estudo da Tanatologia para o seu futuro profissional. Esse posicionamento está no Gráfico 4: Gráfico 4 Importância atribuída ao estudo da Tanatologia para o futuro profissional Fonte: Pesquisa Acadêmica, 2014 Diante dessa questão, foi perguntado aos acadêmicos se achavam relevante que a Tanatologia fosse incluída como disciplina na grade curricular. As respostas são apresentadas no Gráfico 5: Gráfico 5 Inclusão da Tanatologia no currículo Fonte: Pesquisa Acadêmica, 2014 Discussão O percentual de alunos que admite não conhecer o conceito de Tanatologia é elevado (56,50%). Isso indica que esses acadêmicos não estão preparados para lidarem eficientemente com o fenômeno da morte, por falta de conhecimentos sobre o assunto. Essa situação ocorre no grupo de acadêmicos que inicia o curso de Enfermagem na IES selecionada (1º e 2º semestres), bem como no grupo de acadêmicos que finaliza o curso (7º e 8º semestres). O percentual de alunos que efetivamente sabe o conceito de Tanatologia ficou abaixo da metade (46,08%), sendo que 52,75% dos alunos preferiram deixar a resposta em branco e um aluno marcou uma resposta errada (1,17%). Esse resultado é pertinente com a pergunta anterior, onde a média de 45,24% dos acadêmicos afirmou saber o conceito, número que diferiu do conceito efetivamente correto em 2,58 décimos, favoravelmente aos acadêmicos. Alguns alunos que afirmaram não saber o conceito, na verdade marcaram corretamente a resposta. Entre as duas turmas que mais acertaram o conceito (2º sem. Matutino e 8º sem. Noturno), a primeira turma evidencia maior conhecimento, visto que os que participaram da pesquisa (10 alunos), todos marcaram a resposta correta, enquanto 12 em 26 alunos da outra turma fizeram o mesmo, sendo nessa turma um aluno marcou a resposta errada, em vez de deixar em branco, como os demais colegas. A importância da Tanatologia para o futuro profissional e a sua possível inclusão na grade curricular estão interligadas, contudo com divergência na questão da inclusão. Os acadêmicos consideram importante o conhecimento sobre Tanatologia, para lidar com a prática da Enfermagem, mas quando se trata de incluir na grade curricular os alunos estão concluindo o curso divergem entre si: os acadêmicos do 8% semestre Matutino não concordam com a inclusão da disciplina e os acadêmicos do 8º semestre Noturno são favoráveis. Os resultados apresentados pela pesquisa estão de acordo com a literatura pesquisada, onde os autores encontraram acadêmicos que não tinham conhecimentos sobre Tanatologia. Entretanto, encontraram a mesma situação na prática clínica, evidenciando que o tema da morte ainda constitui um assunto difícil para o enfermeiro. Essa dificuldade em lidar com o problema no cotidiano do seu trabalho pode provocar o distanciamento em relação ao paciente em processo de morte, da sua família, fazendo com que o enfermeiro assuma uma postura aparentemente fria. Considerações Finais O objetivo do estudo foi realizar levantamento bibliográfico e em campo sobre o conhecimento de acadêmicos de enfermagem sobre a Tanatologia, ou seja, o estudo da morte e dos processos de morrer. O levantamento bibliográfico revelou que a Tanatologia é uma disciplina que faz parte de poucos cursos da área de saúde, principalmente a Enfermagem. O posicionamento que se encontra nesses cursos é o de que a morte é algo a ser evitado, principalmente pelo uso de tecnologias cada vez mais sofisticadas.

8 Dificilmente se ensina aos acadêmicos a lidarem com um fenômeno que faz parte do ciclo vital do ser humano e que deveria ser encarada nem tanto de forma natural, mas humanizada, oferecendo-se ao paciente que passa pelo processo, Cuidados Paliativos adequados. Para comprovar ou não essas informações foi realizada uma pesquisa de campo, com acadêmicos iniciantes e concluintes do curso de Enfermagem, de uma IES situada no Distrito Federal. Os acadêmicos demonstraram que conhecem pouco sobre o conceito da Tanatologia, principalmente os que estão concluindo o curso. Quase 20% dos acadêmicos concluintes não consideram muito importante que os conhecimentos sobre a morte e o processo de morrer sejam fundamentais para o seu futuro profissional e quase 25% não concordam que a disciplina seja introduzida no curso de Enfermagem. Acredita-se que não desejem postergar sua formatura, o que não ocorre com os alunos iniciantes, os quais gostariam que a disciplina Tanatologia fosse implantada no curso que estão começando, como forma de se prepararem melhor para a prática profissional. A pesquisa não abordou os professores da IES, mas a literatura mostrou que falar sobre a morte não é fácil para os docentes, que se deparam com o desinteresse dos alunos, resultado de conteúdos distanciados da prática. Assim, a introdução de Tanatologia no currículo implicaria em realizar mudanças na forma de tratar o tema, para que os alunos aprendessem a lidar com ele desde o início do curso, de forma humanizada e responsável. Sugere-se, portanto, aos gestores da IES pesquisada que promovam estudos para analisar a viabilidade da introdução da disciplina no currículo do curso de Enfermagem, com palestras, debates, fóruns e ampla consulta aos docentes e discentes de todas as etapas do curso. Essa sugestão leva em conta que o tema tem sido pouco abordado nos cursos de Enfermagem, em disciplinas não específicas, o que deixa o preparo profissional a desejar, no que se refere à morte e aos processos de morrer, conhecimentos essenciais para o cuidado humanizado ao paciente e seus familiares. Agradecimentos: Agradeço em primeiro lugar a Deus, porque sem Ele jamais teria chegado até aqui. Aos meus pais, por terem me apoiado nos momentos difíceis. Eles me incentivaram a prosseguir e jamais desistir. Aos meus avós, que me acolheram em sua casa, pela paciência que sempre tiveram para comigo. Aos meus tios e meus irmãos, pelo carinho. Ao Professor Alexandre Sampaio, pela paciência na orientação, que tornou possível a conclusão desse artigo, e a todos os professores que me ajudaram nessa jornada. Agradeço especialmente a minha Coordenadora do curso, Professora Judith Trevisan, que me ajudou quando precisei dela. Aos meus colegas de curso, pela compreensão e pelo carinho que sempre tiveram comigo. Aos meus colegas de trabalho, que sempre me ajudaram quando precisei, sem questionar. Enfim, quero agradecer a todos que de alguma forma contribuíram para que meu sonho fosse realizado. Catiane do Nascimento Souza Agradecimentos: Obrigada a meu pai, que trabalha dobrado, sacrificou seus sonhos a favor dos meus e me ensinou a lutar com dignidade. Agradeço a minha mãe, que me deu carinho, me ajudou a superar as decepções e me aplaudiu pelas minhas conquistas. Obrigada a minha irmã, que me estendeu a mão quando mais precisei. Agradeço ao Thiago, que fez parte da minha luta diária e me ofereceu seu ombro amigo, quando eu não tinha mais forças para me levantar. Agradeço de coração a minha colega Catiane,

9 que soube compartilhar seu conhecimento, suas experiências, seguindo ao meu lado, para a conclusão do curso, com sucesso. Apesar de parecer uma pequena vitória pessoal, foi imprescindível contar com o apoio de todos vocês, para que ela se tornasse grande. Nayara Lorena Oliveira de Freitas

10 Referências: 1. Bandeira, D; Cogo, SB; Hildebrandt, LM; Badke, MR. A morte e o morrer no processo de formação de enfermeiros sob a ótica de docentes de enfermagem. Texto Contexto Enferm., 2014; 23(2): 400-407. 2. Barros AS, Martins CRM. A percepção do técnico de enfermagem sobre sua formação em Tanatologia. Rev. Psicol. UNESP, 2009; 8(1): 110-121. 3. Bousso RS, Poles K, Rossato LM. Desenvolvimento de conceitos: novas direções para a pesquisa em tanatologia e enfermagem. Rev. Esc. Enferm. USP, 2009; 43(Esp. 2): 1331-1336. 4. Brêtas JRS, Oliveira JR, Yamaguti L. Reflexões de estudantes de enfermagem sobre morte e o morrer. Rev Esc Enferm USP, 2006; 40(4): 477-483. 5. Caputo, RF. O homem e suas representações sobre a morte e o morrer: um percurso histórico. Rev. Saber Acadêmico, 2008; 6: 73-80. 6. Combinato DS, Queiroz MS. Morte: uma visão psicossocial. Est. Psicol., 2006; 11(2), 209-216. 7. Davies E, Higginson IJ (Edit.). Better Palliative Care for older people. Geneva: WHO, 2004. 8. Färber SS. Tanatologia clínica e cuidados paliativos: facilitadores do luto oncológico pediátrico. Cad. Saúde Colet., 2013; 21(3): 267-271. 9. Kovács MJ. Notícia: Wilma da Costa Torres (1934-2004): Pioneira da Tanatologia no Brasil. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 2004; 20(1): 95-96. 10. Kovács MJ. Desenvolvimento da Tanatologia: estudos sobre a morte e o morrer. Paidéia, 2008; 18(41), 457-468. 11. Lima MGR et al. Revisão integrativa: um retrato da morte e suas implicações no ensino acadêmico. Rev. Gaúcha Enferm., 2012; 33(3): 190-197. 12. Lima, MGR; Nietsche, EA; Teixeira, JA. Reflexos da formação acadêmica na percepção do morrer e da morte por enfermeiros. Rev. Eletr. Enferm., 2012;14(1):181-188. 13. Mascarenhas NB, Rosa DOS. Bioética e formação do enfermeiro: uma interface necessária. Texto Contexto Enferm, 2010; 19(2): 366-371. 14. Menossi MJ, Zorzo JCC, Lima RAG. A dialógica vida/morte no cuidado do adolescente com câncer. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 2012; 20(1): 1-9. 15. Monteiro FF, Oliveira M, Vall J. A importância dos cuidados paliativos na enfermagem. Rev. Dor, 2010; 11(3): 242-248. 16. Oliveira RA (Coord.). Cuidado Paliativo. São Paulo: CREMESP, 2008. 17. Oliveira PP, Amaral JG, Viegas SMF, Rodrigues AB. Percepção dos profissionais que atuam numa instituição de longa permanência para idosos sobre a morte e o morrer. Ciência e Saúde Coletiva, 2013; 18(9): 2635-2644. 18. Paula BC, Silva BC, Deus CS, Lima MDO, Carolina R, Versiani TC, Silva KR. A importância da tanatologia para o acadêmico de enfermagem artigo de revisão. Rev. NBC, 2013; 3(5): 58-67. 19. Pinho, LMO; Barbosa, MA. A relação docente acadêmico no enfrentamento do morrer. Rev.

11 Esc. Enferm. USP, 2010; 44(1): 107-112. 20. Rodrigues MVC, Ferreira ED, Menezes TMO. Comunicação da enfermeira com pacientes portadores de câncer fora de possibilidade de cura. Rev. enferm. UERJ, 2010; 18(1): 86-91. 21. Santos, JL; Bueno, SMV. Educação para a morte a docentes e discentes de enfermagem: revisão documental da literatura científica. Rev. Esc. Enferm. USP, 2011; 45(1):272-276. 22. Silva AS. Tanatologia: Bioética, enfermagem e a morte da criança. WebArtigos, 28 abr. 2011. 23. Silva RS, Campos AER, Pereira A. Cuidando do paciente no processo de morte na Unidade de Terapia Intensiva. Rev Esc Enferm USP, 2011; 45(3): 738-744. 24. Silva KS, Ribeiro RG, Kruse MHL. Discursos de enfermeiras sobre morte e morrer: vontade ou verdade? Rev. Bras. Enferm., 2009; 62(3): 451-456. 25. Silva Júnior FJG, Santos LCS, Moura PVS, Melo BMS, Monteiro CFS. Processo de morte e morrer: evidências da literatura científica de enfermagem. Rev. Bras. Enferm., 2011; 64(6): 1122-1126. 26. Souza LB, Martins de Souza LEE, Alves e Souza AM. A ética no cuidado durante o processo de morrer: relato de experiência. Rev. Bras. Enferm., 2005; 58(6): 731-734. 27. Tavares, TR. Um ritual de passagem: o processo histórico do bem morrer. Juiz de Fora: UFJF, 2010.

12 APÊNDICE 1: Entrevista Estruturada Curso: Turno: Semestre: 1 Você sabe o que significa Tanatologia? ( ) Sim ( ) Não 2 Se sabe, marque o que significa: ( ) estudo da vida profissional do enfermeiro; ( ) estudo dos processos de morte-morrer e de como lidar com eles; ( ) estudo das práticas de enfermagem na UTI; ( ) estudo das práticas de enfermagem no Pronto Socorro; ( ) estudo das práticas de gerenciamento de enfermagem. A Tanatologia significa estudo da morte e tem como objetivo estudar o processo de mortemorrer, abordando particularidades desse processo, para auxiliar a compreensão daqueles que com eles se defrontam, identificando meios de lidar e avaliar a dor psíquica e as dificuldades impostas pela morte. 3 Você, como acadêmico de enfermagem, acha o tema importante para o futuro profissional? ( ) Sim ( ) Não 4 Como acadêmico de enfermagem, você acha relevante a implementação do tema em sua grade curricular? ( ) Sim ( ) Não

13 APÊNDICE 2: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE O(a) Sr.(a) está convidado(a) a participar do projeto: A IMPORTÂNCIA DA TANATOLOGIA NA FORMAÇÃO ACADÊMICA DO ENFERMEIRO, desenvolvido pelas pesquisadoras Catiane do Nascimento Souza e Nayara Lorena Oliveira de Freitas, acadêmicas de Enfermagem da Faculdade ICESP/PROMOVE. O nosso objetivo é realizar levantamento sobre o conhecimento da Tanatologia clínica pelos acadêmicos de Enfermagem e a importância da implementação da disciplina na grade curricular de uma instituição de ensino superior (IES) do Distrito Federal. O(a) senhor(a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da pesquisa e lhe asseguramos que seu nome não aparecerá, sendo mantido o mais rigoroso sigilo, através da omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-lo(a). A sua participação será através de um questionário que o(a) Sr.(a) deverá responder quando solicitado pelos pesquisadores, no lugar e horário em que se encontrar, com um tempo estimado para seu preenchimento de cinco (5) minutos. Pode solicitar mais tempo, se assim o desejar. Informamos que o(a) Sr.(a) pode se recusar a responder qualquer questão que lhe traga constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em qualquer momento, sem nenhum prejuízo. Os resultados da pesquisa serão divulgados no mural ao lado da Secretaria, na Faculdade ICESP/PROMOVE, podendo ser publicados posteriormente. Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficarão sob a guarda das pesquisadoras. Se o(a) Sr.(a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor telefone para a acadêmica Catiane do Nascimento Souza, telefone: 8588-8467, no horário vespertino. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da SES/DF, com base em modelo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido elaborado pela FEPECS e adaptado para a presente pesquisa. As dúvidas com relação à assinatura do TCLE ou os direitos do sujeito da pesquisa podem ser obtidos através do telefone: (61) 3325-4955. Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com as pesquisadoras responsáveis e a outra com os sujeitos da pesquisa. Nome/Assinatura Catiane do Nascimento Souza Pesquisadora Responsável Curso de Enfermagem Nayara Lorena Oliveira de Freitas Pesquisadora Responsável Curso de Enfermagem Brasília, de de 2014.

ANEXO 1: FOLHA DE ROSTO PARA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS 14