EXERCÍCIO CIDADÃO E OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELA COMUNIDADE DO BAIRRO NOSSA SENHORA DA VITÓRIA EM ILHÉUS-BAHIA



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Foto: Harald Schistek

Transcrição:

EXERCÍCIO CIDADÃO E OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELA COMUNIDADE DO BAIRRO NOSSA SENHORA DA VITÓRIA EM ILHÉUS-BAHIA ISA FABÍOLA ALMEIDA SANTOS 1 JOCELMA SILVA NERES 2 LUIS CARLOS DO NASCIMENTO 3 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ (UESC) RESUMO A promoção da cidadania é construída, sobretudo com o fortalecimento de ações pensadas pela coletividade. Assim, o objetivo desse trabalho é analisar como os direitos sociais, de solidariedade, individuais e políticos são compreendidos na Organização não-governamental Fé a Alegria e na Associação do Bairro Nossa Senhora da Vitória na comunidade de Ilhéus. Foi realizado encontros para debates, análises e diante das expectativas dos participantes propomos a construção do empoderamento do grupo no sentido de ações pautadas na coletividade e alteridade. Palavras-chave: cidadania; coletividade; alteridade; direitos humanos Introdução A cidadania efetiva-se a partir do exercício de direitos políticos, civis e sociais com a participação de toda sociedade. Deste modo, a cidadania extrapola a ideia de que ser cidadão é apenas estar inserido em determinada nação ou cidade, ou seja, não existe exercício cidadão compartimentado. Pelo contrário, o exercício da cidadania compreende muito além de exercer o direito ao voto, por exemplo. Tal fenômeno é complexo e varia de acordo com a 1 Bacharelanda em Direito pela Universidade Estadual de Santa Cruz. Bolsista ICB/UESC. E- mail:isafabiola@hotmail.com 2 Bacharelanda em Direito pela Universidade Estadual de Santa Cruz. Bolsista ICB/UESC. E-mail: jocelmaneres@hotmail.com 3 Orientador de ICB das autoras acima. Mestre em Direito Público pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor do Departamento de Ciências Jurídicas da UESC. E-mail: luiscanascimento@hotmail.com.

conjuntura social, perpassa pela afirmação dos direitos sociais, políticos e individuais de toda coletividade. Para tanto, a cidadania torna-se referencial de conquista da humanidade ao passo que está em permanente construção, através daqueles que sempre buscam mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas. Nesse sentido só se exerce a cidadania quando da prática da reivindicação, na ocupação dos espaços para fazer valer os direitos do cidadão. O empoderamento social destaca-se enquanto ferramenta de grande importância no sentido de possibilitar estratégias para mudança, para que cada vez mais, todas as garantias sociais alcancem maior número de pessoas. Nesse sentido quanto maior for a organização da sociedade civil no sentido de propor mudanças sociais, haverá ainda mais fortalecimento da cidadania. Quanto maior for a participação, atuação e o engajamento, maior será o desenvolvimento e o progresso do espaço local, na constante atuação de atores sociais, por meio de espaços de poder que lhes são conferidos/conquistados. Partindo desses pressupostos é que propomos à comunidade do bairro Nossa Senhora da Vitória em Ilhéus a discussão acerca da compreensão de cidadania, discussão dos direitos sociais, dos desafios para o exercício cidadão em parceria com a Organização nãogovernamental Fé e Alegria, e o grupo de Pesquisa em Direitos Humanos da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) melhorias nas áreas da educação, saúde e lazer no bairro. A iniciativa do grupo de pesquisa para as atividades realizadas com a comunidade buscou construir não apenas espaços de discussão como também fomentar estratégias para que ações iniciadas pudessem ser multiplicadas pelos participantes, principalmente no que diz respeito às lideranças da comunidade. Mas afinal, o que é ser cidadão? Quando se afirma que a cidadania é exercício cotidiano, abre-se um leque de questionamentos em torno de tal afirmativa. A Constituição Federal de 1988, Inciso II do artigo 1º aponta para cidadania como fundamento do estado democrático de Direito. Mas, afinal o que é ser cidadão? É, tão somente, ter garantias constitucionais à saúde, educação, liberdade de expressão, igualdade, votar e ser votado?

Segundo Jaime Pinsky, o conjunto de direitos, civis, políticos e sociais significa o exercício da chamada cidadania plena. Tal exercício cidadão, no entanto requer consciência de que a cidadania não é uma definição estanque, mas um conceito histórico, o que significa que seu sentido varia no tempo e no espaço. (PINSKY, 2005, p. 09). Os direitos e deveres alcançados pela sociedade ao longo da história da cidadania foram frutos de lutas travadas em diversas esferas da sociedade. Cidadania esta, conquistada por atores sociais que não se conformaram em serem meros espectadores. Pelo contrário, atuaram de forma participativa em uma fulgente perseguição pelo bem-estar coletivo e pela qualidade de vida. Nesse sentido, é que o trabalho realizado pelo grupo de pesquisa junto à comunidade do bairro Nossa Senhora da Vitória buscou inicialmente diagnosticar qual a compreensão e amplitude do ser cidadão, muito bem definido nas palavras de um dos moradores do bairro Nossa Senhora da Vitória, de que muitas das pessoas da comunidade querem (e devem) grifos nossos desenhar seus próprios destinos. Em outras palavras, cidadania é a possibilidade de o indivíduo desenvolver suas potencialidades e conscientizar-se de seu papel social que pode e deve fazer a diferença. Na construção de uma sociedade mais justa, livre e solidária. Desenhar seu próprio destino 4 : um diálogo com a comunidade Quando se pensa em mudança social, geralmente imaginam-se grandes revoluções, mudanças radicais na estrutura política, econômica e social para que se construa uma nova sociedade. Buscar a mudança é também compreender-se enquanto ator social em sua comunidade, estas atitudes representam o conceito de empoderamento social, que são ações coletivas para tomada de decisões e consciência dos direitos sociais, para superação das dificuldades e fortalecimento dos sujeitos nos espaços de participação social. A promoção da cidadania é construída, sobretudo com o fortalecimento de ações pensadas pela coletividade. Nesse sentido é que foi importantíssimo ouvirmos a comunidade do bairro, e a partir do diagnóstico dos avanços e dificuldades apresentadas pelo grupo propormos ações específicas. 4 Frase de um dos participantes dos encontros no Fé e Alegria e morador do bairro Nossa Senhora da Vitória.

Diante das expectativas dos participantes propomos a construção do empoderamento do grupo no sentido de ações pautadas na habilidade do grupo de organização e controle, como propõe Pedro Demo(2006), em seu livro Pobreza Política, ao discutir a questão do associativismo. Segundo o autor, diante da falta de participação de base, ainda é um grande problema no Brasil, pois estamos habituados a colocar nossas expectativas governantes e no Estado, não em nossa habilidade própria de organização e controle. (DEMO, 2006, p. 68). Tal tarefa, de organização e controle da associação deve ter como base o planejamento participativo e auto-sustentado visando internalizar a ideia de que a associação é de todos e todos precisam contribuir para sua sustentação objetivando a autonomia associativa, em especial sua capacidade de controle democrático. A consolidação dos direitos de solidariedade no âmbito urbano As ações realizadas pela ONG Fé e Alegria e a Associação do Bairro, consolidam os direitos de solidariedade como elemento fundante dos direitos humanos. O apelo à solidariedade no mundo contemporâneo ganhou espaço e força na esfera urbana, essa perspectiva coloca uma nova abordagem a respeito dos sujeitos citadinos. Compreender os direitos de solidariedade nas realidades das cidades implica uma reflexão pública e difusão dos direitos humanos. Percebe-se que as discussões, encontros promovem democratização política e desconstrução do individualismo, já que a discussão acerca da solidariedade social é contraditória com o comportamento humano que costuma ser mesquinho e individualista. Nesse sentido, não se pode negar que a solidariedade social é negligenciada pela mais triste relações humanas, que cultua o individualismo. Os direitos de solidariedade se apresentam como categoria dos direitos humanos, que busca inserir esses direitos ao espaço urbano a partir da difusão da cultura de alteridade. Além disso, colabora para superação das dificuldades do grupo, pois, existe uma crise do conceito de solidariedade social: ora se tem a necessidade de coesão social como fonte de desenvolvimento humano, mas diante dos ditames da organização produtiva capitalista, o cidadão se isola, desconfia de sua autoestima cívica e ao mesmo tempo questiona em seu subconsciente o papel de cidadão e as instituições que o representam,

lançando-se no limbo da inconsistência cívica. Assim, a mobilização da Organização nãogovernamental junto à Associação do bairro representa o início da superação dessa crise, com a organização social, democratização de opiniões que aproxima os indivíduos. Compreender os direitos de solidariedade nas realidades das cidades implica uma reflexão pública e difusão dos direitos humanos. Promover a solidariedade social caracteriza o exercício dos direitos sociais e inserir esses direitos ao espaço urbano abre um novo espaço para uma atuação social maior no âmbito da alteridade dos direitos humanos citadinos. Considerações Finais É nesse recinto que o cidadão pode debater e intervir na tomada de decisões, demonstrando que o geral e o coletivo são responsabilidade de todos. A participação social comprometida representa então a construção de um espaço local onde as políticas públicas sejam eficientes e efetivas, pois é neste lugar que os indivíduos se unem, empoderando-se, com um único propósito, o bem comum. Foram apresentadas nos encontros as possíveis soluções para superação das dificuldades, inclusive debates para a melhoria dessas soluções. Pode-se perceber que essas ações fortalecem os direitos sociais e seus objetivos. No entanto, muito ainda deve ser realizado e fortalecido, como aprofundar o conhecimento nos direitos humanos e suas dimensões, uma aproximação maior da sociedade com as instituições sociais e sistemas jurídicos. Certamente, as atividades desenvolvidas pelo Fé e Alegria e da Associação do Bairro são o caminho mais correto para exercer a cidadania. Portanto, propagador dos direitos humanos, e da compreensão para o exercício da cidadania como fundamental ferramenta para construção de uma sociedade mais justa, e para avanços em prol de melhorias nesse sentido, ou seja, ações como tais devem ser fortalecidos e incentivados. Referências Bibliográficas CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 14 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

COVRE, Maria de Lourdes Manzini. O que é cidadania.são Paulo: Brasiliense, 2002. Coleção primeiros passos. DEMO, Pedro. Pobreza Política: a pobreza mais intensa da pobreza brasileira/ Pedro Demo. Campinas, SP: Armazém do Ipê (autores associados), 2006.. Solidariedade como efeito de poder/ Pedro Demo São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2002. (Coleção Prospectiva; v. 6). PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi. (orgs.) História da cidadania. 3 ed. São Paulo: Contexto, 2005.