Baterias representam dificuldades

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Página 1 de 6 Veículo elétrico: desafios para viabilidade Com o planeta em marcha para um provável cenário de mudanças climáticas diversas soluções são discutidas Matheus Gagliano, da Agência CanalEnergia, Reportagem Especial 10/02/2012 Com o planeta em marcha para um provável cenário de mudanças climáticas diversas soluções são discutidas para tornar o planeta mais sustentável. Uma delas é a criação do veículo elétrico, movido a energia elétrica, de forma a utilizar menos o combustível baseado na fontes fósseis origem da gasolina e do diesel e passar a usar mais outros tipos de combustíveis que não agridem o meio ambiente. Alguns institutos de pesquisas e empresas estatais do setor elétrico há algum tempo tem levado adiante estudos sobre esse tipo de tecnologia. Porém, no limiar desta nova era aonde o Brasil se encontra e para onde vai o futuro do veículo elétrico no Brasil? Além disso, como ficará a demanda por energia elétrica em um cenário de possível desenvolvimento do veículo elétrico? Estas são algumas questões que precisam ser respondidas antes que a tecnologia se desenvolva mais e os carros elétricos tomem mais espaço? Atualmente, empresas como a Light e a Copel, além da Itaipu Binacional investem em pesquisas com veículos elétricos. A empresa carioca fez uma parceria com a Kasinski, que tem uma unidade de produção de motocicletas e bicicletas elétricas em Sapucaia (RJ), enquanto a Copel realizou um projeto piloto com um táxi elétrico para servir aos passageiros que chegam ao Aeroporto de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Agora, a Copel estuda outras abordagens em maior escala. Já a hidrelétrica binacional mantém um projeto em parceria com a Kraftwerke Oberhasli, que controla hidrelétricas da Suíça, além da Fiat, Lactec, entre outros. Uma pesquisa conduzida pela consultoria KPMG, aponta que um contingente entre 9 milhões e 14 milhões de veículos elétricos estarão em circulação no mundo até 2026. Mas a sondagem, realizada com 200 executivos do mercado automotivo mundial entre agosto e outubro do ano passado, aponta que a maior parte dos entrevistados, cerca de 65%, mostra que hoje em dia a melhor solução é o veículo híbrido. Na China e no Japão, 33% e 46% dos entrevistados, respectivamente, acreditam que carros elétricos serão populares até 2025. Baterias representam dificuldades Pietro Erber, da ABVE Segundo o coordenador do Laboratório de Hidrogênio da Coppe/UFRJ, Paulo Emílio, existem oportunidades no Brasil em melhores condições para o veículo elétrico do que em outro países já que possui oportunidades de geração que podem ser usadas para o transporte. De acordo com ele, isso se deve a diversos fatores. Hoje usamos no Brasil ainda uma pequena quantidade do potencial hidráulico. Então quer dizer que o país ainda pode crescer muito em geração de energia elétrica por meio hidráulico. Acho que isso oferece uma oportunidade que não existe em outros países, avalia. O diretor da Enercons, Ivo Pugnaloni, avalia que o mercado do veículo elétrico no Brasil encontra muitas barreiras que precisa superar e hoje o cidadão comum brasileiro não tem acesso a tecnologia. Ele explica que países da Europa, América do Norte e o Japão existem estímulos econômicos com bônus para a compra dos veículos, seja puramente elétricos ou híbridos. Economicamente o brasileiro ainda não enxerga vantagens na aquisição de um veículo deste tipo, elétrico ou híbrido, principalmente porque os fabricantes não disponibilizam modelos com preços acessíveis, avalia. Já a Associação Brasileira do Veículo Elétrico tem um estudo no qual aponta que, desde o fim do século XX, o veículo elétrico tem apresentado um avanço considerado significativo pela entidade. Em 2010, representou 11% das vendas de automóveis no Japão e nos Estados Unidos, chegou perto de 3%. Mas no Brasil, este ainda é um mercado incipiente, embora seja promissor, na avaliação do presidente da ABVE, Pietro Erber. Hoje temos alguns veículos elétricos sendo vendidos no

Página 2 de 6 mercado. Além disso, já tínhamos há mais de dez anos, ônibus híbridos fabricados no Brasil para serem usados aqui além daqueles que foram exportados. Em São Paulo há cerca de 40 ônibus rodando, principalmente em São Bernardo, afirmou. Aluguel de veículos é alternativa Paulo Roberto Pinto, da Light Embora tenha um potencial a ser explorado o desenvolvimento dos veículos elétricos ainda esbarra em uma grande dificuldade: as baterias. Pietro Erber, da ABVE, diz que os carros movidos puramente à bateria ainda têm um custo muito alto e, além disso, a autonomia de um veículo movido à bateria ainda é pequeno, comparado com um carro movido à combustível fóssil. Para a ABVE, a perspectiva é que durante esta década, o veículo híbrido ainda domine o setor. Depois, quem deverá ter uma participação importante, é o híbrido plug-in aqueles cujas baterias podem ser recarregadas diretamente na rede elétrica. É uma autonomia substancialmente menor do que um carro convencional. Então, nossa expectativa é de que inicialmente, o que vai realmente ocupar uma parte visível durante esta década será o caro híbrido. Em seguida, o híbrido plug-in, aposta. Ainda assim, o dirigente da ABVE diz que rodar com energia elétrica é mais barato do que andar com carro a movido a gasolina, principalmente quem se desloca da residência ao trabalho. Pelos cálculos do presidente da entidade, o custo com energia elétrica chega a, no máximo, 30% do que seria gasto com abastecimento com o combustível derivado do petróleo ou em comparação com o etanol. Mais tarde, com o desenvolvimento das baterias, certamente o carro puramente movido a energia elétrica vai predominar, aposta. Carlos Purim, gerente do departamento de Eletrônica e Tecnologia da Informação do Lactec, diz que ainda existe muita controvérsia envolvendo o desenvolvimento do mercado no Brasil. Ele diz que alguns fabricantes de veículos sem citar nomes deixaram claro para ele que o país não tem a perspectiva de ser um grande mercado para este tipo de veículo. Tudo por causa do custo da bateria. O gerente do Lactec explica que a autonomia da bateria está em torno de 120 km, o que representa algo em torno de duas horas de viagem, ininterrupta. Ele aponta que, enquanto a bateria não se tornar viável para percorrer grandes distâncias, o veículo elétrico deve ser aplicado para utilização urbana, já que teria uma autonomia necessária para o proprietário se deslocar nos ambientes das cidades, sempre reabastecendo o carro com energia elétrica onde ele estiver estacionado. Chego no trabalho, espeto o carro na tomada a começo a abastecer ou vou no shopping e consigo abastecer. Então, o carro teria uma autonomia excelente para área urbana, com deslocamentos pequenos e paradas para reabastecimento, exemplifica. Mobilidade urbana é o grande negócio do veículo elétrico, aposta. Outra aplicação do veículo elétrico, na análise do gerente do Lactec, está na utilização de ônibus e veículos coletivos. Uma aplicação considerada interessante para Carlos Purim, mais usadas para vans elétricas, é a instalação de locais de reabastecimento de energia elétrica nos pontos onde o veículo faz paradas para pegar passageiros. Estes veículos já usam uma outra tecnologia que não a bateria, que é o capacitor, que também armazena energia, mas utiliza um outro conceito tecnológico. O diretor de Novos Negócios da Light, Paulo Roberto Pinto, faz uma comparação com as baterias utilizadas hoje pelos carros

Página 3 de 6 elétricos com as usadas nos primeiros telefones celulares que, serem desajeitadas tinham baixa autonomia. Segundo o executivo, diversas possibilidades hoje são estudadas para superar o obstáculo da autonomia das baterias, como a troca do equipamento por outro quando há o esgotamento da energia semelhante como é feito com os botijões de gás e a instalação dos chamados eletropostos. Ele deu o exemplo de um caso que acontece hoje na França. Naquele país há o projeto de aluguem de veículos elétricos para curtas distâncias. Há um potencial enorme no mercado, mas volto para a questão da autonomia. O motorista não irá comprar um carro 'verde' se não conseguirá ir até a esquina, comenta. Brasil precisa estar inserido no mercado Celso Novais, da Itaipu Binacional Para Paulo Emílio, da Coppe/UFRJ, o veículo elétrico poderia ter um benefício maior ao país se fosse aplicado inicialmente em veículos coletivos, como o ônibus. Segundo o professor da Coppe, os coletivos são responsáveis por uma grande parte de emissão de gases poluentes na atmosfera. Eu acho que o Brasil mais facilmente, com maior benefício, poderia começar utilizando energia elétrica no transporte para veículos tipo ônibus, e não automóveis. Eles queimam diesel, então são responsáveis por uma parcela importante da poluição urbana, explica. O analista de tarifa e coordenador do projeto de veículo elétrico da Copel, Otto Armin Doetzer, diz que existe uma tecnologia de carregamento de bateria que ajudaria bastante a superar a questão de baixa autonomia, que é o quick charge. Ele disse que essa tecnologia permite abastecer até 80% do total em poucos minutos. Mas diz que o uso ideal do veículo elétrico é o perímetro urbano. Doetzer disse, entretanto, que estudos mostram que há casos de baterias com autonomia entre 160 km até 200 km. Mas a bateria é o que mais está sendo estudada agora e a tendência é que essa autonomia alcance valores altos muito em breve, aposta. Além da questão da bateria, o desenvolvimento do veículo elétrico esbarra em obstáculo importante: o preço. O chefe da Assessoria de Mobilidade Elétrica Sustentável da empresa e coordenador brasileiro do Projeto Veículo Elétrico da Itaipu Binacional, Celso Novais, diz que um dos principais países que está na vanguarda dos investimentos em veículo elétrico é a China, que está alocando recursos de forma pesada com o objetivo de se tornar exportador desse veículo. Quem pesquisar primeiro, quem desenvolver os produtos mais eficientes e mais robustos, vai dominar o mercado de peças e de automóveis. A gente sente que a China é um país com muito potencial e o Brasil, no meu entendimento, teria uma grande oportunidade de ocupar um pedaço deste mercado, avalia. "Brasil poderia começar utilizando energia elértica, para transporte, para veículos tipo ônibus", Paulo Emílo, Coppe/UFRJ Para o diretor da hidrelétrica binacional, o Brasil precisa estar inserido nesta nova perspectiva de mercado, que hoje é um caminho sem volta. Ele chama a atenção para uma legislação dedicada a auxiliar no desenvolvimento do veículo elétrico e lista algumas medidas tomadas ao redor do mundo para tornar essa tecnologia viável. Alguns países têm feitos leis,

Página 4 de 6 incentivos, isenções fiscais. Isso varia de um país para outro. Há outros cobrando uma taxa para veículos a combustão entrar no centro da cidade, então só os veículos elétricos e as bicicletas não pagam. Tem uma série de ações governamentais que estão estimulando de alguma forma o surgimento desse novo mercado, afirma. Governo poderia estimular produção Ivo Pugnaloni, da Enercons Carlos Purim, do Lactec, diz que mercado do veículo elétrico ainda deverá demorar para se desenvolver no país já que, além do governo ter uma aposta maior no etanol, não existe sinalização de que os automóveis movidos a energia elétrica tenham incentivos de impostos para fabricação ou importação destes veículos. Ele assinala que hoje o governo aposta no etanol como principal alternativa de combustível limpo no país e além disso, os fabricantes não veem o veículo elétrico como uma opção a se considerar como carro movido a energia limpa. Mesmo subsidiando ainda é um veículo caro. O veículo elétrico será um nicho de mercado muito pequeno para quem pode comprar e como o Brasil tem a solução do etanol, como energia limpa, os fabricantes não entendem como o país teria interesse em energia limpa se já tem o etanol como uma solução caseira, afirmou. Scooter elétrica, da Kasinski Otto Armin Doetzer, da Copel, diz que o custo de um veículo elétrico no Brasil chega a até algo em torno de R$ 300 mil. Não fossem os impostos, diz o analista da Copel, o custo do veículo elétrico cairia para 40% do valor atual. Os governos americano e da Europa estão concedendo incentivos. Em Portugal está muito avançado agora, no Brasil, a política do governo federal não incentiva o uso do carro elétrico. Os impostos são muito elevados, ele entra em uma classificação fiscal que torna quase que proibitiva a entrada destes carros. O valor dele chegaria a quase R$ 300 mil por causa dos impostos, diz. Pietro Erber, da ABVE, lembra que uma das barreiras fiscais que mais dificultam é a questão do imposto de importação. Ele observa que existem dificuldades para que o país possa fabricar o carro elétrico de forma integral. Diz que os ônibus são mais viáveis de se construir no país, já que é um produto feito sob encomenda e então não necessita de um grande investimento para ser feito em série. E é uma coisa muito concentrada localmente, completa. Para Ivo Pugnaloni, da Enercons, o governo brasileiro poderia adotar estímulos para a produção e consumo abrindo mão de uma parcela de impostos. Diz também que nos Estados Unidos e Japão há incentivos governamentais. O Brasil ainda está nos primeiros passos experimentais da tecnologia. O mercado está restrito ao segmento de luxo. O restante do mundo está desenvolvendo a tecnologia e consumindo veículos híbridos especialemente nos EUA e Japão com estímulo dos governos, ressalta.

Página 5 de 6 Projeto táxi elétrico da Copel Erber lembra que o veículo elétrico precisa ter o suporte dos locais de reabastecimento. Para ele, fica mais fácil quando o proprietário mora em casa, mas as dificuldades aumentam para quem vive em apartamentos. O sucesso do carro a bateria não depende só de preço. Exige uma rede de abastecimento. Para quem mora em prédio, precisa adaptar as garagens para as tomadas. A mesma coisa para estacionamentos. Então, isso é um elemento extremamente importante, alerta. Doetzer, da Copel, lembra também que o desenvolvimento do veículo elétrico não pode ser feito sem as distribuidoras de energia. Segundo ele, ainda que seja possível abastecer o automóvel em uma ligação elétrica residencial, há a limitação do usuário poder andar mais com ele. Ele explica que uma rede de eletropostos, distribuídos pela cidade torna a possibilidade do uso de forma mais ampla. É neste ponto, nos abastecimentos públicos, onde entra o papel das distribuidoras, segundo Otto. Elas tem de disponibilizar, além da energia necessária, o local para abastecimento e o sistema de faturamento pelo uso da eletricidade. Portanto, para Otto, a inserção do veículo elétrico não pode ocorrer isoladamente. Deve ser uma ação junto com a disponibilização da infraestrutura necessária para atendê-lo. Tudo isso envolve a disponibilização de uma infraestrutura para abastecimento do carro elétrico e isso, as distribuidoras de energia elétrica têm de fazer. Então, são duas coisas que têm de acontecer junto: a introdução do carro elétrico e logística de abastecimento. Não adianta ter muitos carros se não ter essa logística. E não adianta as distribuidoras trabalharem no abastecimento se não tiver carro. Precisa ser organizado, senão não irá funcionar, comenta. Há um ponto importante que precisa ser observado com o desenvolvimento do veículo elétrico: a demanda de energia. Estudo da escritório de consultoria Andrade & Canellas, aponta que os veículos elétricos exigiriam uma demanda adicional de 190.108 GWh por ano ao parque gerador brasileiro. Isso significa que o Brasil precisaria construir o equivalente a cinco hidrelétricas de Belo Monte ou três UHEs do porte de Itaipu para conseguir dar conta dessa demanda. Segundo o estudo da Andrade & Canellas, os veículos elétricos realmente ajudariam a reduzir o consumo de combustíveis para um patamar de 16 milhões de toneladas equivalentes de petróleo ao ano, porém uma carga maior de energia elétrica. Paulo Emílio, da Coppe/UFRJ, diz que a maior utilização dos veículos elétricos irá forçar uma demanda maior por eletricidade. Mas ressalta que o país tem condições de suprir as necessidades de acréscimo na demanda. Celso Novais, da Itaipu, ressalta que a hidrelétrica realiza um trabalho sobre os impactos dos veículos elétricos no consumo. Ele acredita, entretanto, que esses efeitos podem ser pequenos do ponto de vista energético, uma vez que os veículos elétricos são mais eficientes do que os carros a combustão. Ele diz que, em um cenário onde 100% da frota de novos veículos brasileiros fossem elétricos, isso representaria um acréscimo de até 3,5% a mais na demanda por energia elétrica brasileira. Se observar a expectativa dos países mais otimistas do mundo, que considera 10% da frota elétrica, é alguma coisa em torno de 0,3% ao ano, sublinha. O gerente do Lactec, Carlos Purim, diz que se houver uma demanda significativa pelo veículo elétrico com um grande impacto na rede, já que acaba sendo mais um fator de consumo. Ele cita que, para isso, é necessária a criação de uma política que não torne a situação do consumo no horário de pico que já apresenta algumas complicações se torne ainda pior. Se a pessoa chegar em casa às 18h, e já ligar o veículo elétrico, justamente irá piorar esta situação de disponibilidade de energia elétrica no sistema. Então teria de ter algum tipo de recarregadores inteligentes que possam disponibilizar [energia] para o

Página 6 de 6 veículo apenas nos horários que tivesse maior disponibilidade de energia elétrica, diz. Já o analista da Copel, Otto Doetzer, informou que a companhia paranaense irá conduzir estudos que incluem os impactos do carro no consumo de energia. Mas diz que o carro elétrico tem uma característica que pode ser bem aproveitada. Ele diz que, em determinadas situações, a bateria do carro poderia também suprir energia ao sistema, conforme estudos de smart grid que são feitos no exterior. Qualquer problema que aconteça com a rede, em vez de estar abastecendo a bateria com energia, poderia fazer o contrário. Abastecer a rede com energia que há armazenada na bateria do carro elétrico. Isso está sendo muito estudado mundo afora. Não estou dizendo que vai acontecer daqui a pouco, mas é um potencial muito importante que esses carros oferecem, disse Doetzer. Pugnaloni, da Enercons, avalia que, como o crescimento do segmento ainda é baixo, o aumento da demanda deve ocorrer a médio prazo. Haveria uma demanda maior de potência que poderia ser deslocada para horários noturnos, preferencialmente para a madrugada, período em que a demanda normal cai muito, completa. Doetzer ressaltou que a adoção da tarifa branca, aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica no ano passado, abre-se essa possibilidade do consumidor poder abastecer o carro elétrico durante a madrugada, quando há ociosidade no sistema. Considerando que o custo será muito mais barato, teoricamente teria sistema disponível para fazer o abastecimento desses veículos, explica. É vedada a utilização e/ou reprodução total ou parcial do conteúdo gerado pelo CanalEnergia sem prévia autorização.