dio MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL) NA ITÁLIA OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS COM O BRASIL Índice



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Transcrição:

dio MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL) NA ITÁLIA OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS COM O BRASIL Índice 1. INTRODUÇÃO... 2 2. O regime de comércio de quotas de emissões de gases de efeito estufa... 3 3. O MERCADO DE CRÉDITOS DE CARBONO NA EUROPA... 4 3.1 Funcionamento e arcabouço jurídico... 5 3.2 A atual tendência europeia em matéria de emissões... 8 4. O MERCADO DE CRÉDITOS DE CARBONO NA ITÁLIA... 9 4.1 O comércio de emissões na Itália (países de origem dos projetos, tipos e volumes). 12 4.2 O plano nacional de atribuição de licenças de emissão... 19 4.3 Registro Nacional das emissões e das quotas de emissões... 21 4.4 O Fundo de Carbono Italiano... 23 4.5 BioCarbon Fund (BioCF)... 25 4.6 O ciclo de um projeto de mecanismo de desenvolvimento limpo na Itália... 26 4.7 O investimento italiano nos projetos de mecanismo para o desenvolvimento limpo. 34 4 PERSPECTIVAS PARA O INTERCÂMBIO E A COOPERAÇÃO ENTRE BRASIL E ITÁLIA... 34 5. CONCLUSÕES... 36 6. ANEXOS... 37 6.1 Órgãos Italianos... 37 6.2 Feiras na Itália... 38 6.3 Outros Fundos de Carbono gerenciados pelo Banco Mundial... 41 6.4 Memorandos de Entendimento Brasil-Itália... 44 BIBLIOGRAFIA... 54 SITOGRAFIA... 55

1. INTRODUÇÃO O Protocolo de Quioto prevê instrumento baseado nas forças de mercado para coibir as emissões de gases produtores do efeito estufa. Esse instrumento chama-se Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Dessa forma, a um só tempo, estimula-se o emprego de tecnologias limpas, bem como o investimento estrangeiro direto. No âmbito do protocolo de Quioto, ratificado pela UE em maio de 2002 e que entrou em vigor três anos depois, em 16/02/2005, os países da UE-15 assumiram compromisso comum de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 8% em média, entre 2008 e 2012, em relação às emissões do ano de referência, 1990. Posteriormente, o compromisso foi prorrogado até 2017 durante a 17ª Conferência das Partes (COP, sigla em inglês) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês), realizada em finais de 2011, em Durban (África do Sul). Nesse contexto, desde o início da vigência do protocolo de Quioto, Brasil e Itália passaram a explorar com maior vigor essa nova dimensão em seu relacionamento bilateral, quando assinaram memorando de entendimento entre os dois países voltado à diminuição das emissões de gases de efeito estufa. O presente trabalho tem como objetivo analisar o funcionamento do mecanismo de desenvolvimento limpo na Itália e as perspectivas de incremento da cooperação com o Brasil. De início, será descrito o funcionamento do mercado de créditos de carbono na Europa. Posteriormente, será analisado o mercado italiano com ênfase nos tipos de projetos e volumes financiados por empresas italianas. Serão comentados o plano nacional de atribuição de licenças de emissão, os procedimentos para o registro nacional e o ciclo de um projeto de MDL na Itália. Também serão identificados os principais fundos para financiamento do comércio de créditos de carbono dos quais a Itália participa e identificadas as principais iniciativas desenvolvidas por empresas italianas. Por fim, serão tecidas conclusões e recomendações a empresas brasileiras para o incremento de parcerias com entidades italianas. 2

2. O regime de comércio de quotas de emissões de gases de efeito estufa O que torna os sistemas de comércio de emissões atraentes para a indústria e para os reguladores é a maior flexibilidade na escolha da redução das externalidades negativas (agentes poluidores) com a consequente possibilidade de obter custos mais baixos. Outras abordagens para enfrentar problemas ambientais como a taxação das externalidades ou instrumentos legislativos punitivos para resolver problemas ambientais não apresentam essa vantagem 1. Além disso, os custos da redução das externalidades negativas variam de empresa a empresa, o que significa que existe quase sempre potencial de ganho por meio de sistema de comércio de emissões. O proprietário de empresa pouco eficiente pode comprar a eficiência desenvolvida por outros a custo mais baixo da melhoria na própria empresa. O mercado será equilibrado de modo a estimular os comportamentos dos mais eficientes sem permitir aos menos eficientes manter nível de poluição excessivo. O regulador do sistema é o preço atribuído às emissões poluentes. Os sistemas de comércio de emissões incorporam o princípio do poluidor pagador. O comércio de emissões emergiu como alternativa às abordagens legislativas punitivas, principalmente após a entrada em vigor do Protocolo de Quioto. A principal vantagem ligada ao esquema dos direitos de emissão é representada pela possibilidade de reduzir as emissões poluentes a custos mais baixos. Quanto maiores forem as diferenças dos custos de redução entre os participantes do sistema de comércio de carbono, mais conveniente é a introdução do sistema por ser mais rica a possibilidade de comércio. O MDL, entretanto, ainda não foi capaz de estimular investimentos em larga escala, de forma a ter impacto infraestrutural significante nos sistemas de energia. Analistas apontam os seguintes desafios: Complexidade: o ciclo do projeto MDL é longo, complexo e custoso; logo, pode desencorajar investidores. 1 Veja os exemplos Atkinson e Tietenberg. 1991. 3

Falhas no Regulamento: procedimentos relativos à validação e à verificação de projetos são, em geral, bastante vagos, o que resulta em interpretações substancialmente variadas em muitos países. Assim, criam-se incertezas da parte de desenvolvedores e compradores em potencial acerca da elegibilidade dos projetos e da quantidade de créditos que podem ser gerados. Falta de capacidade institucional: a capacidade de autoridades nacionais para gerenciar o processo nem sempre é adequada. Regulamentos locais, organização insuficiente e procedimentos pouco claros podem aumentar o risco dos investimentos, especialmente em certos países hospedeiros. Testes de Adicionalidade: a questão da adicionalidade continua sendo controversa. De acordo com as regras atuais, a avaliação da medida em que um projeto proporciona de fato emissões que sejam adicionais ao que ocorreria de outra forma é muitas vezes subjetiva. Além disso, dados específicos de um país para um cálculo das baselines são difíceis de encontrar. Isso representa mais uma fonte de incerteza para investidores, bem como fonte de preocupação para stakeholders ambientais. Apesar dos pontos fracos, o MDL provou ser ferramenta inovadora para promover a transferência de tecnologia para países emergentes e em desenvolvimento. Mecanismos similares ao MDL podem encorajar investimentos na redução de emissão pelo setor privado em todo o mundo, efetivamente contribuindo para o desenvolvimento global sustentável, ao proporcionar altas taxas de redução de emissões. As negociações em andamento para um acordo pós-quioto representam oportunidade de criar estratégias capazes de superar os pontos fracos apresentados do MDL e de desenvolver os pontos fortes para aumentar as potencialidades. 3. O MERCADO DE CRÉDITOS DE CARBONO NA EUROPA A União Europeia adotou o mercado de emissões dos gases de efeito estufa como um dos principais instrumentos para a sua política de combate às mudanças climáticas. Um dos motivos para esta escolha é a vantagem de redução das emissões do setor industrial em modo economicamente menos penalizador para as empresas. 4

Trata-se de grande desafio. Embora já tenham sido testados sistemas de comércio de emissões em alguns países, nunca tinha sido utilizado anteriormente esse tipo de sistema em escala tão grande como a da União Europeia. É o primeiro e maior sistema internacional para o comércio de certificados de emissões de gás de efeito estufa e atua em 11.000 instalações energéticas e industriais em 30 países, ou seja, os 27 Estados-membros da União Europeia além da Islândia, Liechtenstein e Noruega. As fontes incluídas no sistema são: centrais de produção energética, instalações de combustão, refinarias de petróleo e estabelecimentos de produção de ferro, aço, vidro, cal, tijolos, cerâmica, cimento, celulose, papel e papelão. Além das emissões de CO2 citadas acima, foram incluídos posteriormente emissões de óxido nitroso provenientes de determinados processos. Em 2012, foram acrescentadas ao sistema, apesar de vários protestos, as companhias aéreas. Posteriormente o sistema europeu de comércio de emissões será estendido às indústrias petroquímicas de amônia e alumínio e incluirá, também, as emissões de outros gases de efeito estufa. 3.1 Funcionamento e arcabouço jurídico O mercado europeu para o comércio dos certificados de redução das emissões (introduzido em 2005, após a adoção da Diretriz 2003/87/CE) funciona com o mecanismo de cap-and-trade 2, com a regulamentação e com a possibilidade de credenciamento dos direitos adquiridos. De acordo com esse modelo, os Estados-membros definem teto máximo para as emissões totais de determinados gases de efeito estufa provenientes de instalações industriais e de produção energética incluídos no sistema e, por meio dos Planos Nacionais de Atribuição (PNA), determinam as quotas anuais de emissões a serem atribuídas a essas 2 Cap-and-trade: é definido o nível máximo de emissões poluentes considerado aceitável, o chamado cap. É um teto máximo das emissões que pode ser expresso seja em termos de concentração (mg/m3), seja em quantidade de substância poluente emitida, quilos ou toneladas. O teto é calculado considerando as consequências ambientais e sanitárias produzidas pelas emissões e, uma vez estabelecido, os certificados são obtidos calculando o diferencial entre o cap e a quantidade efetiva das emissões. No caso em que uma empresa obtenha redução das emissões superiores ao nível solicitado, pode vender a quota excedente das emissões reduzidas às empresas que são menos eficientes e, portanto, superaram as emissões previstas pelo cenário de base. 5

instalações. As empresas que possuem as instalações podem então vender as quotas de emissão não produzidas (se são muito eficientes e não as utilizam inteiramente) ou comprar outras (se são pouco eficientes e emitem quantidade maior do montante estabelecido), ao preço definido do mercado. Os controles são feitos depois de um ano e as emissões das várias empresas não devem exceder a quantidade de permissões concedidas: em caso de superação são previstas multas significativas. A empresa que reduzir as suas emissões abaixo do nível da sua dotação inicial de certificados pode obter o crédito de certificados, que pode ser utilizado no futuro ou serem vendidos. A Diretriz 2004/101/CE, conhecida como Diretriz Linking, estabelece uma ligação direta entre os projetos MDL e o sistema europeu para o comércio das quotas de emissão. O artigo 11 da Diretriz estabelece que, no âmbito do sistema comunitário de comércio das quotas de emissão de CO2, os Estados-membros podem autorizar os operadores a utilizar as RCE (Reduções Certificadas de Emissões) e as URE (Unidades de Redução das Emissões) para cumprir a obrigação anual de restituição das quotas. A Itália aproveitou essa oportunidade. No caso de projetos hidrelétricos com capacidade de geração acima de 20 MW a Diretriz prevê que seja verificado, na fase de aprovação do projeto, o respeito aos princípios estabelecidos pela World Commission on Dams 3. Para assegurar uma interpretação harmoniosa de tais princípios em nível europeu foram elaboradas diretrizes ad hoc 4. Em síntese, a União Europeia conseguiu criar mercado de certificados de emissões de gases de efeito estufa em escala continental e fazê-lo funcionar obtendo vantagens ambientais e econômicas: a eficiência de muitas empresas aumentou e as emissões das instalações que fazem parte do sistema estão diminuindo. Os próximos passos que serão adotados para melhorar ainda mais o sistema são: redução do número das quotas oferecidas às instalações (de modo a abaixar o nível de poluição e alcançar em 2020 a diminuição total de 21%, em relação a 2005); e um 3 Report "Dams and Development A New Framework for Decision-Making", November 2000. 4 "Guidelines on a common understanding of Article 11b (6) of Directive 2003/87/EC as amended by Directive 2004/101/EC". 6

progressivo deslocamento da regulamentação para o leilão 5 no que se refere à atribuição de permissões (de modo a aumentar a eficácia do sistema). A União Europeia está procurando também vincular seu comércio de emissões com os sistemas de cap-and-trade criados em outros países. Tal processo foi descrito pelo Comissário Edgard Wallace por ocasião da reunião informal dos ministros do meio ambiente e clima, realizada em Horsens, na Dinamarca, em 19/04/2012, (memo./12/264): "Estamos nos aproximando rapidamente do início da terceira fase do mercado europeu de carbono. Grandes mudanças serão implementadas a partir do próximo ano nos mecanismos regulatórios do ETS (Emissions Trade System) da União Europeia (UE). O ano de 2012 marca a preparação final para a transição de novas regras. Nosso trabalho regulatório há muitos anos tem tido como objetivo uma transição suave para a fase 3. Circunstâncias macroeconômicas difíceis e inesperadas que surgiram da crise econômica complicam esse objetivo, uma vez que alteram substancialmente o equilíbrio entre suprimento e demanda no mercado europeu de carbono para os primeiros anos da fase 3. Portanto, pedi que DG Climate Action apresentasse o primeiro relatório anual sobre o ETS. Esse relatório seria concebido em 2013, o primeiro ano previsto para a fase 3, mas pedido que fosse preparado agora. Isso proporciona uma oportunidade de incluir revisão do perfil do leilão. Com base nesse relatório anual, vou considerar apresentar proposta para o Comitê de Mudança Climática decidir este ano." A Diretriz 2003/87/CE que introduziu as ETS na Europa foi recentemente alterada pelo Conselho Europeu pela Diretriz 2009/29/CE, que entrará em vigor a partir de 2013, com o objetivo de melhorar e ampliar o sistema comunitário para o comércio de quotas de emissões de gases de efeito estufa. A nova Diretriz introduz o princípio segundo o qual as reduções nas emissões de gases de efeito estufa podem aumentar até o nível em que, do ponto de vista científico, evita mudanças climáticas perigosas, enquanto anteriormente se referia somente à redução das emissões segundo critérios de validade em termos de custo e eficiência econômica. O 5 No sistema cap-and-trade a escolha do método de distribuição e alocação inicial das permissões de emissão é passo fundamental. Deve-se, assim, escolher entre o método de regulamentação ou de leilão. No caso de leilão, as empresas devem pagar pelos custos do controle de redução e pelas próprias autorizações. No caso de regulamentação legislativa (a chamada grandfathering ), as empresas pagarão somente os custos de redução porque as permissões são comercializadas somente entre empresas e não entre governo e empresas. Apesar da vantagem do leilão de fazer emergir os custos marginais, em quase todos casos é aplicado o sistema de 7

artigo 1, ponto 1, parágrafo 2, apresenta adequação da normativa. Foram alteradas as normas para permitir a implementação de compromisso mais rigoroso por parte da Comunidade em matéria de redução, superando o corte de 20% previsto anteriormente. Entre os desafios apresentados deve-se considerar, em especial em 2010 e 2011, a descoberta de furtos de licenças do registro nacional e de fraudes que levaram à suspensão temporária do sistema. Esse fato, no entanto, incentivou à União Europeia a buscar melhorias para tornar o instrumento ETS mais seguro e eficaz. A Comissão Europeia apresentou, em outubro de 2011, pacote de alterações para as duas principais diretrizes que regem o mercado financeiro europeu MiFID ( Market in Financial Instrument Directive ) e MAD ( Market Abuse Directive ), dentro do qual se encontra a grande maioria do comércio de mercado de carbono. Fora do novo regulamento permanecem de 5 a 10% das transações, ou seja, aquelas que são realizadas com contratos spot com entrega imediata e entram numa lacuna normativa que a Comissão está tentando definir 6. O sucesso do MDL pode ser explicado pelo direto envolvimento de entidades privadas. Por exemplo, a Enel, empresa de energia elétrica italiana, tem sido ativa desde 2004 na identificação e implementação de projetos MDL. O portfólio da Enel inclui vários projetos com potencial de redução de emissões da ordem de mais de 100 Mt CO 2eq no período entre 2008-2020. 3.2 A atual tendência europeia em matéria de emissões Para a UE-27 existe o compromisso de reduzir, até 2020, as emissões de gases de efeito estufa em pelo menos 20% (ou em 30% se as condições assim o permitirem) em relação a 1990. Esse compromisso foi incluído na estratégia europeia 2020, apresentada pela Comissão Europeia em 03/03/2010 para sair da crise e preparar a economia do bloco para os desafios da próxima década. É importante ainda salientar tendência interessante nas empresas europeias de maior utilização dos créditos internacionais, especialmente provenientes da China e Índia. regulamentação, que pode ser modificado em maneira substancial levando-se em consideração variáveis como desempenho ambiental, padrões técnicos e considerações de igualdade entre as empresas. 6 CO2 sul mercato, di Giulia Baroni; in: Qual Energia; febbraio/marzo 2012 anno X, n 1, pp79, 80. 8

4. O MERCADO DE CRÉDITOS DE CARBONO NA ITÁLIA A Itália assumiu compromisso de redução das emissões dos gases de efeito estufa mediante a ratificação do Protocolo de Quioto (lei n 120 de 1 de junho de 2001). O objetivo da redução para a Itália foi fixado em 6,5% em relação aos níveis de 1990 e deverá ser alcançado no período entre 2008 e 2017. Os dados de emissão dos gases de efeito estufa e as atualizações mais recentes das emissões italianas estão publicados, com defasagem de cerca dois anos (os últimos dados disponíveis são os de 2010), no sítio eletrônico do Instituto Superior para a Proteção e Pesquisa ambiental (ISPRA): http://www.sinanet.isprambiente.it/it/sinanet/serie_storiche_emissioni. Em relação aos dados mundiais de emissões, estão disponíveis no sítio eletrônico da Secretaria da Convenção sobre mudanças climáticas: http://unfccc.int/national_reports/annex_i_ghg_inventories/national_inventories_submissio ns/items/6598.php. Levando-se em consideração os dados registrados em 1990, a quantidade de emissões atribuídas à Itália não poderá superar, no período 2008-2017, o valor de 487,1 Mt CO2 equivalente (eq), definido como objetivo para o país. Esse número foi ligeiramente alterado depois da revisão do montante atribuído à Itália (10 dezembro de 2007) pelo Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Esta revisão identifica em 483,3 milhões de toneladas de CO2 equivalente/ano (como média anual do período) a quantidade de emissões de efeito estufa que não pode ser superada pela Itália no período 2008-2017. Em todo caso, o objetivo foi considerado bastante ambicioso porque a Itália é caracterizada por baixa intensidade energética, por apresentar grande dispersão das atividades produtivas e ainda por, depois de 1990, as emissões italianas de gases de efeito estufa terem aumentado consideravelmente e, sem a aplicação de políticas e medidas nacionais, pareciam destinadas a aumentar ainda mais. 9

A redução somente em âmbito nacional das emissões resultaria em custos muito elevados para a Itália, enquanto que o amplo uso dos mecanismos flexíveis ajudaria a reduzir os volumes necessários para esse esforço. Desse modo, foi elaborado Plano Nacional com o objetivo de reduzir as emissões que prevê o uso dos mecanismos flexíveis, conforme itens a seguir: Medidas aprovadas ou decididas no setor público incluídas no cenário de referência que deveriam levar os créditos de carbono e MDL para total de 12 Mt CO 2 eq/ano no período 2008-2012; Medidas para o setor privado, incluídas no cenário de referência, cujo montante será determinado pelos limites setoriais impostos em nível nacional e pela presença de incentivos de mercado; Opções adicionais para o uso dos mecanismos que poderá levar à redução potencial entre 20 e 48 Mt CO 2 eq/ano. O objetivo desses programas e iniciativas, além daquele de obter créditos de emissões, era o de utilizar o fator ambiental come fator determinante para o acesso aos financiamentos internacionais e como veículo de internacionalização da economia italiana. Uma vez que a redução das emissões de gases de efeito estufa deve ser entendida como redução das emissões líquidas, ou seja, quanto adicionado à atmosfera e quanto subtraído à atmosfera, deve-se também considerar o papel das intervenções de arborização e de reflorestamento. Tais intervenções são medidas do setor agrícola e florestal capazes de absorver dióxido de carbono, reduzindo a quantidade globalmente emitida na atmosfera. No âmbito do Plano Nacional de redução, tais medidas teriam o objetivo de permitir redução de emissões equivalente a 10,2 Mt 7. Desde o primeiro momento, ficou evidente que as empresas desempenham papel fundamental no âmbito das estratégias de atuação do Protocolo de Quioto. Toda e qualquer medida tomada em nível nacional para limitar as emissões de gases de efeito estufa deveria 7 Citado por MATTM- Home - Clima - I Meccanismi flessibili del Protocollo di Kyoto - Il Protocollo di Kyoto e le imprese. 10

necessariamente envolver de forma significativa as empresas. Na Itália, de fato, as emissões atribuídas diretamente ao setor industrial e energético representam cerca de 52% das emissões totais. A parte destinada a outros setores, como o dos transportes e o civil, representa 33% das emissões, em parte relacionada com o uso de produtos industriais, como os automóveis 8. Na Itália, o resultado do compromisso de redução pode ser resumido na tabela abaixo: Emissões setoriais de gás de efeito estufa: 1990 * 1995 2000 2005 2007 2008 2009 2010 Usos energéticos, sendo: 419,5 432,5 449,7 471,9 458,3 449,3 405,5 415,7 Indústrias energéticas 134,8 140,5 152,6 160,5 161,6 156,9 131,8 133,2 indústria 90,6 86,8 84 80,4 75,9 72,4 56,0 61,4 transportes 104,0 115,6 122,6 127,5 128,9 123,8 119,4 118,8 Residencial e terciário 69,1 68,3 71,7 85,1 75,0 79,5 81,7 86,1 Agricultura 9,2 9,6 8,9 9,3 8,7 8,5 8,6 8,1 Outro 11,8 11,7 9,9 9,1 8,2 8,2 8,0 8,1 Usos outras fontes, sendo 97,0 99,5 101,9 102,8 97,5 92,3 86,0 85,6 Processos industriais 36,2 35,9 36,2 42,6 38,6 35,6 30,9 32,0 Agricultura 40,5 40,5 40,2 37,4 37,4 36,1 34,8 33,7 Resíduos 17,9 20,8 23,2 20,7 19,4 18,7 18,5 18,2 Outro 2,4 2,2 2,3 2,1 2,1 1,9 1,8 1,7 Total sendo 516,5 531,9 551,6 574,7 555,8 541,6 491,5 501,3 ETS n.a. n.a. n.a. 226,0 226,4 220,7 184,9 191,5 Não -ETS n.a. n.a. n.a. 348,7 329,3 320,9 306,6 309,8 Fonte: Italian GHG inventory 1990-2010. National Inventory Report (NIR) 2011 * As emissões setoriais de 1990 são aquelas utilizadas para determinar o total da Itália, valor que será tomado como referência para o controle do cumprimento dos objetivos de Quioto. Tal valor não coincide com o valor relativo de 1990 que consta no inventário nacional das emissões de gases de efeito estufa. O Comissário da Agência Italiana de Energia (ENEA), apresentou no Senado a situação energética nacional da seguinte maneira 9 : 8 MATTM Home - Clima - I Meccanismi flessibili del Protocollo di Kyoto - Il Protocollo di Kyoto e le imprese. 9 Pesquisa cognitiva sobre a situação estratégica energética italiana testemunho do Eng. Giovanni Lelli, 2011. 11

Em relação aos compromissos do Protocolo de Quioto, os últimos dados de referência relativos às projeções a 2012 revelam que a Itália não se encontra longe do objetivo de redução das emissões estipulado em 6,5% em relação ao ano de 1990. Em 2009, foi registrado o valor mais baixo de emissões desde 1990 até hoje, cerca de 491,12 Mt CO2 eq., diminuindo 9% em relação a 2008. Em geral, as emissões energéticas de gases de efeito estufa, em 2009, diminuíram 5,4% em relação a 1990; com base nessa tendência, a Itália poderia estar alinhada com os objetivos fixados pelo Protocolo de Quioto (483,3 Mton CO2 eq.). Em 2009, o desvio em relação ao objetivo foi de cerca de 8 Mt CO2 eq. 4.1 O comércio de emissões na Itália (países de origem dos projetos, tipos e volumes) Os resultados da redução das emissões de gases de efeito estufa na Itália foram alcançados graças aos mecanismos flexíveis introduzidos pelo Protocolo de Quioto. Na Itália, 1.034 fábricas estão sujeitas à redução das emissões dos gases-estufa, e 22 compradores autorizados operam no mercado internacional do carbono até 2017. O Fundo de Carbono Italiano é um desses compradores e a quantidade de CERs e de ERUs adquiridos através desse fundo, que foi criado junto ao Banco Mundial em 2005, foi estimado para o período 2008-2012 de acordo com a CIPE em cerca de 2,0 MtCO2 eq/ano. (Proposta de deliberação CIPE, 09/04/2012). Os compradores italianos autorizados são os seguintes: Compradores autorizados Tipologia organização de Numero total de projetos Contatos AMEST Mercado de carbono 01 (www.gesenu.it) gesenu@gesenu.it tel +30 075 57431 Asja Itália Ambiente Desperdício 12 www.asja.biz/ info@asja.biz - +39 011 9579241 Belo Horizonte +55 31 32863311 Biotec Sistemi Biomassa & Biogás 01 www.biotecsistemi.it Cementerie Aldo Barbetti biotec@biotecsistemi.it - tel. +39 010 7261209 Cimento 06 www.barbetti.it - info@barbetti.it tel.+39 07592381 Colacem Cimento 01 www.colacem.it - ambiente@colacem.it Consorzio Stabile Globus +39 07592401 Desperdício 01 www.consorzioglobus.it Consorzio.globus@libero.it Ing.Dario Gialain Edison Utility 15 www.edison.it - Francesca Magliulo +39 0262227057 sostenibilità@edison.it Electrade Utility 18 www.electrade.it - info@electrade.it 12

+39 02893531 ENEL Utility 67 www.enel.com - csr@enel.com +39 06 83051 Eni Utility & oil 1 www.eni.it - sampaolo_sostenibilita@eni.com ratti_sostenibilita@eni.com ERG Oil 6 www.erg.it - Claudio Pirani sustainability@erg.it - +39 0102401665 www.ergrenew.it - +39 010 24011 Eurecna Mercado de carbono 1 www.eurecna.it - +39 0412919411 Romina Carrer - cla@eurecna.it Gasgreen Group Biogás 1 Viale Cirene 7 20135 Milano Iride Mercato E distribution 6 www.iride-mercato.it gestione.calore@iride-mercato.it +39 0108363147 - www.gruppoiren.it Italcementi Cimento 8 www.italcementi.it - sdreport@itcgr.net +39 035396111 Italian Fund Carbon World Bank 4 www.worldbank.org Italian Ministry of Environment Público 25 Fricano.federica@minambiente.it +39 3358142027 Leonardi.vanessa@minambiente.it Orengine Power technology 1 www.orengine.com - gea@orengine.it +39 0185362748 - adm@orengine.it Pangea Energy Green Renewables 1 Info@pangealink.org - +32 (0)28931058 Unendo Energia Distribuição Energia www.unendo.it - infogruppo@unendo.it Fonte: UNEP Risø Centre 1 maggio 2012, Jørgen Fenhann A seguir serão apresentadas iniciativas de algumas das maiores empresas: ENEL Entre os principais protagonistas do mercado das emissões, encontra-se a empresa energética italiana ENEL, que com as emissões totais no valor de 78 MtCO2 eq se encontra em quarto lugar, depois das suas homólogas, RWE (Alemanha),Vattenfall (Suécia) e E.ON 13

(Alemanha) no ranking das empresas europeias incluídas no ETS. Quanto ao mercado de CERs, a ENEL entregou 7,5 milhões de CERs ao mercado Europeu 10. A empresa está comprometida em reduzir as emissões de CO2 de suas atividades e desempenhar papel ativo em diversas iniciativas que têm como objetivo a redução das emissões em nível global. Tais iniciativas incluem: a participação em diversos fundos de carbono; o desenvolvimento direto de projetos que visam à redução das emissões por meio de operações no mercado internacional; a compra de créditos de carbono criados por projetos desenvolvidos e realizados por terceiros. Projetos: 1. Decomposição de HFC23 junto à Limin Chemical Co. Ltd., localizada na província de Linhai Zhejiang, na China: O objetivo do projeto é a eliminação das emissões de HFC23, que na ausência das atividades desenvolvidas no âmbito deste projeto teria agravado o balanço de efeito estufa na atmosfera. A instalação de dispositivo para queimar as emissões deste potente gás de efeito estufa permite o desenvolvimento sustentável, na medida em que transfere tecnologia e know-how relativos à decomposição de HFC23 na atmosfera. Maiores informações: http://cdm.unfccc.int/projects/db/jqa1154594999.24/view.ht 2. A instalação da hidroelétrica de Matanzas, situada a cerca de 150km ao norte da cidade da Guatemala. A central tem capacidade de 11.70 megawatt. O proprietário e administrador da instalação é a Tecnoguat, S.A., sociedade controlada pela Enel da América Latina. A central hidroelétrica contribui aos objetivos de sustentabilidade, permitindo seja a conservação dos recursos seja o desenvolvimento das comunidades. 3. O parque eólico Huadin, situado no centro da Mongólia com capacidade de 100.25 megawatt. O projeto consiste na construção e gestão de parque eólico na área administrativa de Wulanchabu City na região autônoma da Mongólia Central. A Enel opera no mercado sul-americano por meio da Endesa Carbono. A aquisição da Endesa pela Enel consolidou a posição predominante das duas empresas no mercado de CO2. As atividades da Endesa Carbono, ou seja, a identificação e 10 Carbon market press release 29/05/2012. 14

desenvolvimento de projetos MDL foram incorporadas em 2010 na Carbon Strategy Unit, uma nova unidade da Enel. O portfólio de CERs/ERUs da Enel/Endesa está em primeiro lugar no ranking global. No final de 2010, as duas empresas juntas possuem carteira total de 105 projetos MDL, representando mais de 195 milhões de toneladas de redução de CO2 e cobrindo 13% dos créditos emitidos pelas Nações Unidas. Projetos MDL desenvolvidos pela Endesa A Endesa Carbono, em colaboração com as sociedades do grupo, identifica projeto MDL no interior de empresas nos países com os quais a Endesa é presente no setor de eletricidade como, por exemplo, a África do Sul, o Magrebe e a América Latina e os registra junto às Nações Unidades. Desse modo, investindo em tecnologias avançadas garante a redução das emissões de CO2 ganhando CERs. Projetos desse tipo realizados na America Latina incluem Ojos de Água, Callahuanca e Canela. - Ojos de Água A instalação hidroelétrica Ojos de Água é uma central de água corrente, ou seja, sem bacia de acúmulo, que utiliza diretamente a corrente do rio. A instalação é situada na VII região do Chile, que depende das águas do rio Cipreses. O projeto foi desenvolvido pela Endesa Eco com capacidade elétrica instalada de 9 megawatt. A previsão é que a central produza 48 gigawatt hora por ano. A redução das emissões de CO2 nos próximos sete anos é, indicativamente, igual a 146.000 toneladas, ou cerca de 28.000 toneladas por ano. Ojos de Água, o primeiro projeto da Endesa, foi registrado em abril de 2007 como MDL junto à UNFCCC. Atualmente está sendo submetido à auditoria para produzir os seus primeiros CERs. - Callahuanca A central hidroelétrica de Callahuanca funciona com a técnica de água corrente do rio Santa Eulália, próximo a Lima, no Peru. O projeto consiste no aumento da capacidade da instalação originária que deveria substituir a energia produzida pelas centrais termoelétricas que usam combustíveis fosseis. O projeto aumentou a produção da central de 75 a 82,5 megawatt. O projeto foi registrado como MDL no inicio de 2008 com redução total de cerca de 100.000 toneladas de CO2 equivalente durante o primeiro período de 15

inscrição. Foi o primeiro projeto aprovado pela entidade espanhola And. Atualmente está sendo submetido à auditoria para ganhar os primeiros CER. - Canela I O parque eólico de Canela está situado em Canela, na província de Choapa, na IV Região de Coquimbo (Chile). Está localizada a cerca de 80 quilômetros ao norte da cidade de Los Vilos. Canela, o primeiro parque eólico do Chile está ligado ao Sistema Interconectado Central (SIC). A capacidade instalada é de 18.15 megawatt e espera-se produção anual de cerca de 47.7 gigawatt hora. A redução das emissões de CO2 gira em torno a 27.000 toneladas por ano, ou quase 190.000 toneladas durante os sete anos de duração do MDL. O projeto foi registrado como MDL junto às Nações Unidas em abril de 2009 e, atualmente, está em fase de controle para obtenção da aprovação no mercado voluntário do carbono. Canela II, a segunda fase, está em andamento, a capacidade total do parque eólico poderá chegar a 87 megawatt. - Ventanilla O projeto Ventanilla no Peru está em fase de registro junto às Nações Unidas. Este projeto de MDL é baseado na transformação de dois ciclos de gás de 160 megawatt cada um em um ciclo combinado de 490 megawatt. - Quimbo Na Colômbia encontra-se em desenvolvimento o projeto El Quimbo que se refere à construção de central hidroelétrica na bacia do rio Maddalena na província de Huila. A capacidade prevista é de 400 megawatt. O projeto permitirá evitar a emissão na atmosfera de 600.000 toneladas de CO2 por ano. Além de desenvolver ou participar de projetos de MDL, a Endesa participa também de diversos fundos de carbono, como, por exemplo, aqueles geridos pelo Banco Mundial, como o Community Development Carbon Fund, cujo objetivo consiste em fornecer quadro estável e coerente para o desenvolvimento dos projetos MDL. A prioridade é dada aos projetos de pequena escala em países subdesenvolvidos. Outros fundos gerenciados pelo Banco Mundial que contam com a participação da Endesa são: o Spanish Carbon Fund, o Umbrella Carbon Facility, a Carbon Partnership Facility e a MCCF Fund gerido pelo Banco Europeu de Investimentos. 16

ENI A ENI desenvolveu estratégia de gerenciamento de carbono que coloca lado a lado intervenções operacionais e gerenciais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa e inovação tecnológica. redução das emissões flaring (gás proveniente das jazidas de petróleo); redução contínua dos índices de emissão de gases de efeito estufa em diferentes setores de atividade (produção de hidrocarbonetos, geração de energia, refinação e transporte de gás); formulação e implementação de programas que visam à melhoria contínua da eficiência das centrais industriais nos processos de transformação das atividades produtivas; substituição progressiva de combustíveis com alto teor de carbono por outros combustíveis mais limpos, em especial mediante a promoção do uso do gás natural; pesquisa e desenvolvimento de opções tecnológicas, tais como o confinamento geológico, a biofixaçao dos CO2 e as fontes renováveis; promoção de comportamentos que visam à economia energética entre os fornecedores, consumidores e os clientes. O plano de ação da ENI voltado para a mitigação das mudanças climáticas concentra-se principalmente na redução do gás flaring e na promoção da eficiência energética. Além disso, para aumentar a transparência e incrementar o ciclo virtuoso da redução das emissões, prevê-se o controle indireto (conhecido como scope 3), não se limitando somente às emissões relativas às atividades ENI, mas incluindo também aquelas ligadas aos produtos adquiridos e às atividades contratadas. Para confirmação do compromisso em relação a essa frente, em 2010, a ENI aderiu à iniciativa promovida pela Carbon Disclosure Project na cadeia de suprimento que permitirá à empresa italiana avaliar e gerir os riscos e as oportunidades ligadas às mudanças climáticas ao longo da cadeia de 17

suprimento, com a finalidade de endereçar melhor as próprias escolhas e ações, além de aumentar a consciência do próprio carbon footprint incluindo as emissões indiretas de gás de efeito estufa gerados pelas atividades e pelos produtos contratados. No que diz respeito às reduções no setor de exploração e produção, o compromisso da ENI é reduzir, até 2014, em 80% o gas flaring em relação aos níveis de 2007. Para alguns desses projetos, a ENI promove também o reconhecimento no âmbito dos mecanismos flexíveis do Protocolo de Quioto, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. As emissões correspondentes de gas flaring/venting representam aproximadamente 30% das emissões totais de gases de efeito estufa da ENI. As emissões de gases de efeito estufa pela ENI, em 2010, aumentaram em 5,2% em relação ao ano anterior, após duas reduções sucessivas de 7% em 2008 e em 2009. O aumento de quase 3 milhões de toneladas de CO2eq é determinado pela maior atividade E&P (exploração e produção) e pela maior produção de energia elétrica entrada em funcionamento pelas novas instalações de produção. O plano de ação da ENI voltado à mitigação das mudanças climáticas concentrase principalmente na redução dos gases flaring e na promoção da eficiência energética. Para atingir tais objetivos está em andamento a implementação de vários projetos na Argélia, Congo, Líbia, Indonésia, Nigéria, Tunísia e Cazaquistão, voltados à realização de novas infraestruturas: gasodutos, centrais termoelétricas de alta eficiência e instalações para liquefação de gás. Em especial no setor de refinarias e petroquímica, as intervenções realizadas em 2010 permitiram economia de aproximadamente 29 ktep (cerca de 77 kton de CO2). As mesmas intervenções, quando totalmente implementadas, permitirão economia de aproximadamente 54 ktep/a (mais de 150 ktco2/a). A divisão de marketing da empresa lançou o projeto Stella Polare, que introduz visão inovadora da gestão de energia, com maior atenção às intervenções de natureza gerencial em relação aos tradicionais investimentos intensivos em capital. Algumas dessas iniciativas referem-se a ações voltadas a minimizar as emissões das instalações submetidas ao comércio de emissões. Além disso, a divisão Gas & Power colabora com os clientes 18

finais, fornecendo serviços de consultoria técnica para promover iniciativas de economia energética. ASJABIZ ASJABIZ é um grupo internacional que projeta, constrói e administra centrais de produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis (biomassa, eólico, fotovoltaico, hidroelétrico).por meio da empresa do grupo Asja Market opera no setor de energia limpa e dos certificados verdes. Mediante suas filiais no exterior, incluindo uma no Brasil, a Asja tem desenvolvido desde 2005 instalações para redução das emissões de gases de efeito estufa no âmbito do Protocolo de Quioto e comercializa créditos de carbono (CERs ERUs - VERs) no mercado italiano e internacional. Em 2011, inaugurou instalação de valorização energética de biogás realizada no maior aterro de resíduos sólidos urbanos RSU de Belo Horizonte. A instalação é a terceira, em ordem de importância e de potencial, em todo o Brasil e produziu 2.885.000 CERs. A Asjabiz trabalha também com outros dois projetos, que envolvem a extração, o flaring de gás de descargas e a produção de eletricidade. O primeiro está sendo realizado em Natal-RN, com previsão de produção de 1.847.000 CERs. O segundo projeto está localizado em Uberlândia -MG e deverá render 2.483.000 CERs. 4.2 O plano nacional italiano de atribuição de licenças de emissão - Primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto: 2005-2007 Em 2005, foi publicado pelo Ministério do Meio Ambiente italiano o esquema de atribuição por setor e por cada uma das cerca de 1.100 instalações industriais (período 2005-2007) das quotas de emissão de dióxido de carbono, esquema regido pela diretriz 2003/87/CE Comércio de emissões. As quotas de dióxido de carbono atribuídas a cada atividade incluíam também a reserva a ser destinada às instalações que entrariam em exercício no período 2005-2007. Para promover o cumprimento da diretriz, foi adotada a inovação tecnológica e de processo. Além disso, foram colocados à disposição créditos de emissão adquiridos pela ativação dos mecanismos flexíveis previstos pelo Protocolo de Quioto: por intermédio do 19

Fundo de Carbono Italiano, segundo quanto previsto pela diretriz linking 11, esses créditos foram atribuídos a preço compreendido entre quatro e seis dólares por tonelada de dióxido de carbono. - Segundo período de compromisso previsto pelo Protocolo de Quioto: 2008-2012 Em dezembro de 2006, o ministro do Meio Ambiente e o ministro do Desenvolvimento Econômico, com o decreto DEC/RAS/1448/2006, aprovaram o Plano Nacional de Atribuição de licenças de CO2 para o período 2008-2012. O Plano Nacional de Atribuição e o relativo parecer da Comissão Europeia (decisão da Comissão de 15/05/2007) são a base para o esquema de decisão de atribuição para o período 2008-2012. - Lançamento anual das ações no registro das emissões Conforme o artigo 11 do Decreto-Lei 216/06, até 28 de fevereiro de cada ano o Comitê Interministerial de Programação Econômica (CIPE) emite, com base nas atribuições do período de referência, as quotas de emissão aos administradores de cada uma das instalações autorizadas que, até o 1 de janeiro do mesmo ano, não se encontre em estado de fechamento ou de suspensão, conforme o artigo 21 ou para o qual, em caso de variação na razão social, o processo de solicitação de atualização da autorização do registro esteja concluído. - A alteração do Decreto-Legislativo 216/06 O Ministério do Desenvolvimento Econômico, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério dos Negócios Estrangeiros criaram plataforma institucional de reconciliação com a função propulsora dos projetos MDL. O Decreto Legislativo 51/2008 que modifica o Decreto Legislativo 216/06, aprovado pelo Conselho de Ministros em 27 de fevereiro de 2008, enfatiza o recurso aos mecanismos flexíveis e coloca o Ministério dos Negócios Estrangeiros no comando da promoção de atividades projetuais dos setores público e privado, juntamente com os outros Ministérios mencionados anteriormente. Em 2006, foram investidos 75,4 bilhões de dólares em projetos, empresas e tecnologias especializadas na produção de energia limpa. Em 2007, esse investimento passou a quase 120 bilhões. Muitos destes financiamentos foram 11 E -gazzette, 28 novembro 2005, publicaçao n 37. 20