UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DE RISCO PARA O TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGA NO BRASIL. Por: Bruno Souza de Medeiros Machado Orientador Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço Rio de Janeiro Abril/2011

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DE RISCO PARA O TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGA NO BRASIL. Monografia apresentada em cumprimento às exigências para obtenção de grau no curso de pósgraduação lato sensu de especialização em Gestão de Logística Empresarial. Por: Bruno Souza de Medeiros Machado

3 AGRADECIMENTOS A todos Durante a jornada desse curso, amigos e professores que dividiram comigo um pouco das suas energias, seus conhecimentos e das suas vidas. E com a ajuda dessas pessoas cheguei até aqui. Agradeço a Deus por ter me beneficiado através do contato com essas pessoas.

4 DEDICATÓRIA À minha família pelo apoio moral e financeiro e pela confiança depositada em mim, que proporcionou força, possibilidade e determinação para conclusão desse objetivo.

5 RESUMO Este estudo procura abordar sobre o roubo de carga no transporte rodoviário e de logística, checando as causas e as principais medidas preventivas empregadas no combate através do gerenciamento de risco. A função do gerenciamento de risco está relacionada a um conjunto de técnicas e medidas preventivas que permitem identificar, avaliar, evitar ou minimizar os efeitos de perdas ou danos que possam ocorrer no transporte de uma mercadoria, desde sua origem até o destino, incluindo o período de armazenagem. Dessa forma, faz com que as atividades da empresa sejam percebidas como eficientes pelos clientes, ao mesmo tempo em que diminui os prejuízos, pois são vários os custos associados ao transporte rodoviário de carga e logística que impacta diretamente na lucratividade das empresas, dentre outros fatores, foi realizado uma pesquisa bibliográfica objetivando relatar o cenário atual analisado por estes autores com relação ao roubo de carga. As conclusões apontam que o gerenciamento de risco é de fundamental importância não só para o setor de transporte de cargas e de logística, mais para toda a sociedade brasileira..

6 METODOLOGIA A pesquisa a ser apresentada, quanto aos objetivos que se propõe, será do tipo: bibliográfica e descritiva sobre o tema a importância do gerenciamento de risco para o transporte rodoviário de cargas no Brasil. Pois o desenvolvimento do trabalho será embasado nas informações contidas em livros, Sites, artigos e trabalhos acadêmicos disponibilizados na biblioteca da FUNENSEG (Escola Nacional de Seguros) e na Biblioteca Nacional. E descritiva, por respeitar as determinações de redação da monografia, conforme as regras estabelecidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e pela Universidade Candido Mendes (através do manual de nosso Trabalho de Conclusão de Curso).

7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Gerenciamento de Risco 10 CAPÍTULO II - Estratégia do Gerenciamento de Risco 19 CAPÍTULO III Impacto de Um Bom Gerenciamento de Risco 32 CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 39 ÍNDICE 42 ÍNDICE DE FIGURA 44

8 INTRODUÇÃO Este estudo tem por objetivo estabelecer a importância do gerenciamento de risco para o transporte rodoviário de cargas, já que com ferrovias precário, pouco incentivo para o transporte pluvial e os custos elevados de serviço aéreo, a opção mais utilizada para o escoamento da produção nacional é o transporte rodoviário que atualmente representa 61,5% do transporte de carga no Brasil, desempenhando um importante papel no cenário econômico de países desenvolvidos e em desenvolvimento, pois o transporte é fundamental para realização da distribuição de mercadorias. O Brasil é um país com características particulares, por apresentar uma diversidade de climas, vegetação e riquezas naturais. A região Sudeste é a mais desenvolvida economicamente devido a grande concentração de industrias que geram autos níveis de empregos para a população, com isso atraindo pessoas de outras regiões em busca de trabalho e oportunidades profissionais. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população brasileira atual é de, aproximadamente 191 milhões de habitantes, sendo 40% desse total concentrado na região sudeste, representando um valor aproximado de 76 milhões de habitantes. Em algumas capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre e Belo Horizonte, têm vivido nestes últimos anos um progressivo crescimento dos roubos e furtos de cargas em geral, somado ao péssimo estado da conservação da malha rodoviária brasileira que contribui bastante para a formação de um cenário nacional propício para o roubo, extravio, avarias, atrasos na entrega, quebra de contrato, desvalorização da marca e entre outros eventos imprevisíveis que possam ocorrer durante o trajeto da mercadoria. A falta de infra-estrutura, que atinge o modo de transporte rodoviário no Brasil, engloba uma série de fatores como balanças inoperantes, o envelhecimento de frota, a falta de sinalização e o próprio traçado das principais rodovias, que foram construídas a mais de

9 trinta anos quando a movimentação de mercadoria era muito inferior aos dias atuais. Com esse volume tão grande de produtos, muitas vezes de alto valor agregado circulando pelas rodovias nas caçambas dos caminhões, o roubo de carga se tornou crime comum. Para se ter idéia do impacto econômico dessa atividade criminosa, em 2008 foram registradas, segundo números apresentados pela FETCESP (Federação das empresas de transporte de carga de São Paulo e Região), 6.344 ocorrências de roubos, um aumento de 2,46% em relação ao ano anterior, para o transportador rodoviário de cargas que opera seus serviços em um ambiente desfavorável, devido aos problemas apresentados no parágrafo anterior, a continuidade dos trabalhos está condicionada a adoção de medidas estratégicas em termos de gerenciamento do risco visando à redução dos custos dos riscos que impacta diretamente no lucro financeiro da empresa. Este trabalho tem como objetivo principal apresentar soluções para gestão e integração dos processos logísticos de forma a obter a máxima eficiência e eficácia no gerenciamento de risco de uma empresa. O primeiro capítulo é dedicado à importância e a política do gerenciamento de risco. O segundo capítulo apresenta a estratégia e a estrutura do gerenciamento de risco. O terceiro capítulo configura o impacto de um bom gerenciamento de risco, como por exemplo, à redução dos custos e a otimização de processos através da ajuda de algumas ferramentas como: indicadores e medidas de desempenho.

10 CAPÍTULO I GERENCIAMENTO DE RISCO... É o processo de melhor lidar com a incerteza quanto à ocorrência ou não das perdas. Um risco pode se tornar aceitável através de seu gerenciamento. Ser capaz de gerenciar, neste caso significa tentar evitar perdas, tentar diminuir a freqüência ou severidade de perdas ou poder pagar as perdas que ocorrem apesar de todos os esforços em contrário. (HOPE, 2002, p. 04). O conceito de gerenciamento de risco pode ser traduzido justamente como um conjunto de técnicas e medidas que visa identificar, avaliar, evitar ou minimizar perdas que uma empresa pode sofrer no transporte de mercadoria, sem falar na possibilidade de perda de vidas. Embora, o termo risco significa incerteza sobre a ocorrência ou não de uma perda ou prejuízo, tendo como base a identificação dos eventos indesejáveis, aspectos que pressupõem alguma forma de tentar compreender a regularidade dos fenômenos e a outra linha refere-se à esfera dos valores, em que risco pressupõe colocar em jogo algo que é valorizado. Atualmente, um planejamento de uma política preventiva ajuda a diminui a ocorrência de eventos, como avarias, roubos de carga armazenada e assaltos nos diversos trajetos, para isso, contamos com normas rigorosas que direcionam, por exemplo, locais de paradas obrigatórias que os motoristas devem respeitar ao longo do percurso, aliado a contratação de empresa de segurança patrimonial, que tem dificultado bastante as ações dos meliantes. O processo de gerenciamento de risco, no transporte de cargas, tem inicio no recebimento da mercadoria pelo embarcador e estende-se até a chegada da mercadoria no destino, conforme o contrato firmado. Sendo o transportador o responsável pela carga enquanto esta estiver no seu poder (na coleta, armazenagem, transferência e na entrega).

11 Historicamente o gerenciamento de risco é visto como uma das atividades fundamental da logística, utilizando-se de algumas ferramentas para coibir a previsibilidade nos trajetos percorridos. Criando assim, medidas preventivas a fim de minimizar os riscos que a carga transportada está exposta. Porém, sendo administradas de forma integrada. Através de identificação, dimensionamento e controle dos riscos, que é o ponto fundamental do método de gerenciamento de risco, fazendo com que se torne uma atividade altamente especializada que exige profissionais capacitados, aliados a uma tecnologia de ultima geração. Através da analise do risco é que podemos definir os pontos de maiores riscos e os de menores riscos e levar as empresas gerenciadoras ao tratamento adequado a cada etapa do processo. Logística é o processo de gerenciamento estratégico de compra, do transporte e da armazenagem de matérias-primas, partes e produtos acabados (além dos fluxos de informação relacionados) por parte da organização e de seus canais de marketing, de tal modo que a lucratividade atual e futura seja maximizada mediante a entrega de encomendas com o menor custo associado. (CHRISTOPHER, 2007, p.03). Atualmente o gerenciamento de risco é efetivamente integrado a logística, o seu objetivo é disponibilizar o material certo, no local de produção ou consumo certo, no momento certo e em condição utilizável ao custo mínimo para a plena satisfação do cliente. 1.1 - Importância do gerenciamento de risco O estudo da importância do gerenciamento de risco é uma atividade fundamental no processo logístico, por meio de métodos preventivos, que visam minimizar perdas materiais, financeiras e humanas. Com o auxílio de ferramentas corretas para apuração de possíveis adversidades no transporte, consistindo no planejamento das ações de prevenção de riscos operacionais relacionados à segurança das cargas transportadas, objetivando minimizar os

12 índices de prejuízos, garantindo a qualidade dos serviços prestados e o cumprimento dos prazos de entrega contratados. Segundo Moura (2004), o gerenciamento de risco permite que a empresa tenha um sistema de rastreamento instalado, oferecendo para seus clientes a mais ampla cobertura securitária, na forma da legislação vigente, assim como a administração da movimentação da frota. Esta movimentação é feita pelo sistema de rastreamento, que possibilita o acompanhamento ou rastreamento de cada veículo durante todo o percurso de transporte. O gerenciamento de risco é visto como um recurso produtivo que em conjunto com a logística agrega valor para o cliente, sendo vários os motivos para uma empresa manter de forma constante em suas operações de deslocamentos de cargas. Em 2006, de acordo com a estimativa da assessoria de segurança da associação nacional do transporte de carga e logística (NTC & LOGÍSTICA). O transporte nacional de cargas movimenta cerca de 70% do produto interno bruto, e que o Brasil possui mais de 1,5 milhão de veículos de carga e a segunda maior malha rodoviária do mundo, com 1,7 milhão de quilômetros, podemos dimensionar claramente a importância que as atividades de gerenciamento de risco têm para o transporte e nos concentrando em sua vertente mais flagrante que é roubo de carga, que causa anualmente cerca de Um bilhão em prejuízos para a economia nacional. Embora o tema da pesquisa esteja voltado para o transporte rodoviário de carga. No Brasil, a matriz de transporte está dividida da seguinte forma, em relação aos modos: Modo rodoviário: Representa 60,49% do total transportado, em termos de peso e volume. Modo ferroviário: Representa 20,86%, sendo a grande maioria o transporte de minério em geral. Modo aquaviário: Representa 13,86%. Alguns portos como o de Santos SP, Suape PE, Vitória ES, Rio de Janeiro - RJ e São Luiz MA, são de grande relevância para o setor, possuindo uma estrutura que proporciona maior operacionalidade.

13 Modo dutoviário: Representa 4,46%. Petróleo, derivado e gás natural. Modo aeroviário: Representa 0,33%. Destaca-se que, apesar de pouco peso e volume, o valor comercial transportado é bastante representativo, pois normalmente são embarcados volumes contendo, por exemplo, jóias, medicamentos e cosméticos importados. A figura 1 ilustra a representatividade de cada modo de transporte na matriz de transporte de carga no Brasil: Figura 1. Composição Percentual das Cargas (extraída ATC, 2006, p.100) Vale ressaltar que, o modal rodoviário é o principal responsável por escoar a produção do país e o motivo por manter o gerenciamento de risco está relacionado com eventos indesejáveis durante o percurso da mercadoria, por isso é necessário manter determinados níveis de serviços que possam atender as necessidades dos clientes, bem como minimizar os custos da movimentação. 1.2 - Tipos de gerenciamento de risco Como os riscos constituem parcela considerável no resultado das empresas, eles recebem atualmente um tratamento diferenciado principalmente pelo aumento na incidência do roubo de carga. Podendo ser classificado por diversas maneiras, os mais usuais são:

14 Consultoria de segurança para avaliação dos riscos: Utilizada para o conhecimento profundo das operações logísticas e de transportes. Buscando normalizar e detectar falhas na segurança e nas operações de transportes. Cadastro: Este trabalho é o responsável em detectar indivíduo ligado as operações de transportes que possuem qualquer tipo de limitações cadastrais que possam a vir comprometer a operação do transporte de carga. Manutenção preventiva: Providência tomada pelo transportador visando detectar problemas mecânicos no veículo transportador. Roterização: Mapeamento e pesquisa das principais rodovias no território nacional, com o objetivo de conhecer as condições das estradas, rastreada pelo GPS dos Postos Fiscais, Policias Rodoviárias, bases de abastecimentos que possuam e boa estrutura para a parada de veículos de carga. Rastreamento / Monitoramento: Busca a localização dos veículos de transporte de carga pelo GPS, transmitindo informações aos operadores, em escala de intervalos regulares, onde e como o veículo se encontra. Capaz de detectar várias situações como abertura de portas, velocidade, desengate de carretas e corte de combustível, possibilitando a tomada de medidas preventivas ou corretivas a partir da central de monitoramento. Escolta: Utilizadas como complemento do rastreamento para acompanhar o trânsito dos veículos, quando a mercadoria transportada for de alto valor agregado ou quando a mercadoria for visada para roubo. São utilizadas uma ou mais viaturas de escolta que acompanham o veículo transportador. Esse acompanhamento é realizado por empresas legalmente constituídas, especializadas e autorizadas pelo Ministério da Justiça. Podem ser ostensivas, quando os veículos de escolta são expressamente identificados e os funcionários uniformizados, ou veladas, quando são efetuadas por veículos que não possuem identificação.

15 Treinamento: Todas as pessoas ligadas à operação de transporte são submetidas a treinamentos de forma constante, sobre o manuseio dos equipamentos de rastreamento e monitoramento e sobre as normas de segurança da empresa. Sempre que possível, os conhecimentos de motoristas são reciclados em cursos de segurança, direção defensiva e operação dos equipamentos de Gerenciamento de Risco colocado nos veículos transportadores. Estes instrumentos são de muita importância no Gerenciamento de Riscos, pois trabalha diretamente com a conscientização de pessoas ligada a operação de transporte, das quais depende o sucesso de qualquer operação de Gerenciamento de Riscos. Desconcentração de risco: Devido aos altos índices de roubos de cargas, detectamos quais são as mercadorias mais visadas pelas quadrilhas. Cientes destes fatos, os transportadores não devem concentrar mercadorias de alto valor agregada ou visada de roubo num mesmo veículo, evitando ao máximo o transporte de mercadorias em comboios (dois ou mais veículos transportadores). Este método pode também ser aplicado na armazenagem em depósitos intermediários utilizados pelos transportadores. Segurança em depósito: O crime organizado em relação ao roubo de cargas possui dinamismo próprio significando em dizer que quando os envolvidos nas operações de transportes passaram a investir na segurança durante o deslocamento da carga, as quadrilhas começaram a desenvolver uma nova tática de furto especializada nos depósitos, armazéns utilizados pelas transportadoras e operadores logísticos. A lógica usada pelos meliantes é simples e têm como alvos as operações mais vulneráveis. Neste sentido, os investimentos em segurança em depósito encontram-se no rol das medidas de gerenciamento de riscos mais importantes atualmente.

16 1.3 - Custos associados ao gerenciamento de risco Com o crescimento dos problemas, até aqui abordado, as atenções dos tomadores de serviços e das companhias seguradoras, se voltaram para as exigências quanto ao investimento em segurança. As empresas buscam sistemas e opções para prevenir, ou em alguns casos, reagir contra os problemas, contratando procedimentos de comunicação entre o caminhão e suas sedes operacionais que permitem hoje com o avanço da tecnologia que seus motoristas comuniquem fatos suspeitos durante o trajeto. Segundo Souza (2006), as empresas gastam em média de 12% a 15% do seu faturamento com medidas de segurança, algumas empresas de grande porte nas quais esse valor pode chega em torno de 17% deste total, o que inclui os custos com apólices de seguros e as atividades preventivas propriamente ditas, recomendando que a cobrança individualizada seja de 0,30% sobre o valor da mercadoria. Em face ao capital disponibilizado pelas empresas para este tipo de operações, não é a toa que algumas empresas estão montando sistemas próprios para tentar reduzir esses custos, sem comprometer a qualidade da operação e a satisfação de seus clientes e conseqüentemente aumentando o lucro sobre o capital investido. 1.4 - A política de prevenção de perdas no gerenciamento de risco A função da política de prevenção de perdas é planejar as atividades desenvolvidas pelo gerenciamento de risco. Os níveis de risco precisam ser estipulados para atender as necessidades dos clientes, sem empatar capital desnecessário. Para isso é preciso que o planejamento do risco tema as informações atualizadas de forma constantes para que a análise do risco seja feita. Para o desenvolvimento do estudo desta política de prevenção de perdas, elaboramos uma pesquisa de campo com o apoio da Companhia de Seguros Generali do Brasil, que segundo o gerenciador de risco Fernando

17 Pacheco (2009), o departamento de prevenção de perdas, possui as seguintes responsabilidades: Análise do Gerenciamento de Risco: Os seguros de transporte cujo gerenciamento de risco é obrigatório são analisados pelo Departamento de Prevenção de Perdas. Neste processo são verificadas as operações logísticas do segurado, os procedimentos operacionais e os de gerenciamento e controle de riscos. Neste momento são efetuadas recomendações de melhoria (quando necessário) para adequação dos quesitos mínimos de segurança e gerenciamento de risco. Referência de Empresas de Gerenciamento de Risco: todas as empresas de gerenciamento de risco passam por um rigoroso processo de homologação. Este processo consiste na visita técnica à matriz da empresa onde são avaliados os sistemas operacionais, de cadastro e consulta de motoristas, ajudantes, veículos, as centrais de rastreamento, os sistemas de segurança de acesso, os sistemas de segurança de informação, procedimentos operacionais, capacitação técnica de seus funcionários e contingências, redundâncias de seus sistemas e processos. Referência de Equipamentos de Rastreamento: as homologações dos equipamentos de rastreamento para as operações de transporte são efetuadas em parceira com empresas de gerenciamento de risco. Neste processo são verificadas as especificações técnicas do equipamento, bem como o hardware e software de rastreamento. Após esta verificação, são efetuados testes nos equipamentos para medição da confiabilidade, durabilidade e eficiência tanto do próprio equipamento como do sistema de rastreamento durante um prazo mínimo de 30 dias. Projetos de Gerenciamento de Risco: O Departamento de Prevenção de Perdas elabora, juntamente com seus parceiros gerenciadores de risco, projetos de gerenciamento de risco para os segurados que necessitam deste tipo de serviço. São analisados as operações logísticas e procedimentos operacionais para que o projeto possa ser

18 implantado de forma a não dificultar as operações cotidianas, porém também garantindo a segurança necessária para a operação. Análise de Modelos de Acompanhamento: Conforme os valores transportados, mercadoria transportada e local de trânsito é possível desenhar modelos de acompanhamento para uma garantia maior na segurança nas operações de transporte. Estão disponíveis os seguintes modelos: a. Escolta armada. b. Escolta velada. c. Patrulhamento. Estudo de Rotas: estes estudos podem ser realizados visando à redução do risco de roubo e / ou acidentes rodoviários. São efetuados principalmente nas operações de transferência de mercadorias devido ao alto valor transportado e do tipo de mercadoria transportado. Os critérios utilizados nos estudos de rotas variam de acordo com o tipo de mercadoria. Benchmark em Prevenção de Perdas: Troca de informações a respeito de novas tecnologias e metodologias de prevenção de perdas e controle de riscos com os Departamentos de Prevenção de outras Seguradoras. Através de reuniões periódicas são debatidas informações relativas ao mercado das gerenciadoras e empresas de rastreamento, além de experiências em projetos de gerenciamento de riscos e operações logísticas.

19 CAPÍTULO II Estratégia do Gerenciamento de Risco Para definirmos a estratégia do gerenciamento de risco, antes devemos ter como parâmetro qual a dimensão do problema e certamente como queremos eliminá-lo. Para tal, Devemos criar a estratégia. Segundo Oliveira (2007), estratégia é a ação ou caminho mais adequado a ser executado para alcançar o objetivo, desafio e a meta. É importante procurar substabelecer estratégias alternativas para facilitar as alterações dos caminhos ou ações de acordo com as necessidades. As estratégias podem ser estabelecidas por área funcional da empresa. A partir das estratégias, devem ser desenvolvidos os projetos, os quais são consolidados através de plano de ação, estabelecendo a melhor direção a ser seguido pela empresa. Para desenvolvermos a estratégia de gerenciamento de riscos faz-se necessária à nomeação de um gestor para o projeto, que deverá ter habilidade para conduzir um processo de integração entre os departamentos da sua empresa, como também, ter habilidade para desenvolver atividades que determinem mudanças de procedimentos dentro da logística de transporte de carga da empresa. Neste padrão, o projeto inicia-se pelo estudo do histórico sobre a empresa enquanto produtora de bens e, em paralelo, sobre o histórico de sinistros registrados ao longo dos anos. Segundo Silva (2003), o período histórico a ser pesquisado varia de acordo com a disponibilidade de informações, com a diversificação de problemas detectados ou mesmo com o nível de comprometimento que se queira impor ao Programa de Gerenciamento de Riscos, podemos ter um caso em que as ocorrências de acidentes no trânsito que tem como causa tombamentos, colisões e outras, são acumuladas durante anos e sazonalmente, tornam-se significativas em determinados períodos do ano. Em outros casos podemos ter ocorrências de roubos seqüenciais e de quantidade intensa em apenas dois meses, durante o ano, após longo período de ausência deste tipo de ocorrência.

20 Ao realizarmos uma pesquisa, conforme o perfil das ocorrências, e restringirmos ao máximo o período de análise, que estarão abrangendo informações significativas como, por exemplo, aquelas que nos digam que em um determinado momento da história, a empresa decidiu trocar os prestadores de serviços ou o tipo de transporte adotado, deixando de contratar transportadoras com veículos de frota própria, passando ao sistema de terceirização de veículos e mão-de-obra, através dos prestadores de serviços de transportes ou vice-versa. Considerarmos que um determinado transportador apresenta índices expressivos de ocorrência em um período restrito da sua história, e que, por uma associação de fatos e análise dos seus efeitos venhamos a concluir sobre o surgimento de uma organização voltada para expropriar seus bens, uma análise de longo período histórico de anos anteriores não será significativa para a descoberta da estratégia adequada à contenção das ocorrências. Esta servirá apenas para a confirmação de que os fatos são restritos ao período recente. 2.1- Métodos de Análise de Riscos As ocorrências com eventos indesejáveis durante o deslocamento da mercadoria devem ser interpretadas como um fator de desconformidade no processo logístico. Para analisarmos os fatores de vulnerabilidade devemos utilizar um método que possa explorar o processo de forma a conhecer seus fundamentos e os fatores diretos e indiretos que contribuam para a distorção dos resultados pretendidos. Para analisarmos e definirmos a estratégia a serem empregadas no gerenciamento de risco algumas ferramentas desenvolvidas pelo Dr. Ishikawa, podem ser usadas no levantamento dos sintomas ou causas que promovem os efeitos indesejados durante o deslocamento da mercadoria, dentre elas podemos destacar o Diagrama de Causa e Efeito e o ciclo de PDCA.

21 Figura 2. Diagrama de Causas e Efeitos (extraída de ISHIKAWA, 1995, p.165). O Diagrama de Causas e Efeitos é largamente utilizado desde a década de 60, em ambientes industriais para a localização de causas da dispersão da qualidade no produto e no processo de produção. Este diagrama permite uma análise dos problemas organizacionais genéricos utiliza este método para a identificação de direcionadores que potencialmente levam a efeitos indesejáveis do processo. Ao aplicarmos o diagrama de causas e efeitos devemos explorar ao máximo todos os fatores previstos no processo operacional buscando o efeito satisfatório, definido, em nosso caso, pela garantia da entrega do produto transportado, dentro do prazo previsto e com os padrões de qualidade definido no processo de gerenciamento de risco. Considerando o fato de conhecer o processo e detectar as causas da quebra da segurança que traz como efeito o não atendimento do cliente no prazo e nas condições desejadas, devemos detectar a vulnerabilidade que quantifica o fator risco existente e que sujeitará a empresa aos problemas relacionados ao bem-estar do consumidor final. Segundo Silva (2003), a resposta está na consciência sobre o que esperamos obter com a análise do processo e sobre as críticas para encontrar

22 as vulnerabilidades. Não devendo confundir os meios com os objetivos e com o intuito de não obter reações negativas de prevenção para identificar o problema e propor o algo a mais. Para atingir a prevenção desejada é necessário reconhecer que, na pior das hipóteses, haverá necessidade de promover uma mudança radical sobre as liberdades existentes, mesmo que esta possa atingir o mais alto escalão do departamento envolvido no problema. Para isso devemos especificar a forma de desenvolver a mesma atividade, mas com controles que permitam agregar fatores de segurança nunca antes praticados. Confirmada esta consciência sobre a necessidade de mudanças, iniciase então, a aplicação do método P.D.C.A, onde faremos o planejamento do programa de gerenciamento de riscos abordando no primeiro passo a análise sobre o problema com suas causas e efeitos. Ainda na fase do planejamento estaremos estabelecendo as metas que desejamos atingir e os métodos que utilizaremos para essa finalidade. Este será o segundo passo e aqui estará envolvido todo o esforço para atingir a mudança e alcançar os objetivos. Na fase da execução (do) o terceiro passo será a aplicação do planejamento. Neste ato será desenvolvido o treinamento, os controles, a mudança da infra-estrutura ou a aplicação de novos métodos operacionais definidos aprovados na fase 2, a partir das análises realizadas na fase 1. A fase seguinte será a da verificação (check). Esta fase reúne as características de gestão plena sobre o processo conduzindo uma constante análise por indução ou dedução sobre a validade do programa proposto. Quer por interferência por amostragem ou por participação permanente em algumas das fases é nesta etapa que procedem aos testes sobre os conceitos planejados e na reformulação necessária. Finalmente, o programa se cumpre com as atividades dos passos 5 e 6 na fase da ação (action). Esta fase determina a agilidade para reformular os procedimentos inválidos detectados na fase anterior e, definitivamente, padronizar os processos que comprovadamente oferecem garantias para evitar os prejuízos indesejáveis. Esta padronização deve ser clara e mantida no ciclo operacional com permanente aferição sobre o seu cumprimento.

23 Figura 3. Ciclo de P.D.C.A (extraída de ISHIKAWA, 1995, p.143) A eficácia do programa proposto será atingida através da análise preliminar, elaborando um sistema que neutralize as causas fundamentais do risco e não apenas os seus sintomas. Para isso o programa de gerenciamento de riscos deverá contar com a participação incondicional de todos os envolvidos. Do patrocinador aos executores na mais simples atividades, todos deverão entender o seu papel e a sua importância no sistema preventivo. 2.2 - Estrutura do Gerenciamento de Risco Conhecidas as premissas que devem ser utilizadas para a análise e elaboração do programa adequado ao gerenciamento de riscos, passamos agora para o entendimento sobre a infra-estrutura normalmente requerida para o controle e condução do projeto. Segundo Silva (2003), um projeto de gerenciamento de risco passa por determinadas fases, conforme ilustrado na figura 4.

24 Setor De Cadastro Setor de Desenvolvimento Tecnológico Setor de Controle Operacional Projeto de Setor De Planejamento Gerenciamento de Risco Setor de Apoio Operacional Setor De Averiguações Setor de Análise de Informações Figura 4. Matriz de Infra-estrutura aplica ao gerenciamento de risco (adaptação própria). 2.2.1 - Setor de Planejamento O Setor de Planejamento é o responsável pela aplicação das técnicas previstas na etapa inicial do projeto. Este é o setor que interage com o cliente em busca das informações que ofereçam possibilidade de detecção da causa sobre os prejuízos que se pretende eliminar.