Relatório Trimestral 1 RELATÓRIO TRIMESTRAL BOLSISTA/PESQUISADOR: LUCAS DA SILVA RUDOLPHO 1. APRESENTAÇÃO As atividades apresentadas a seguir foram desenvolvidas como etapas do projeto: DEFINIÇÃO DE CRITÉRIOS PARA A GESTÃO MUNICIPAL DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE EM MEIO URBANO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO ITAJAÍ. 2. DEFINIÇÃO DO RECORTE Definiu-se como área de estudo a sub-bacia do Ribeirão Fortaleza na área urbana de Blumenau e um trecho urbano do rio Itajaí-açú (Figura 01). Figura 01: Estado de Santa Catarina, com destaque para a Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí e município de Blumenau. Município de Blumenau, com destaque para a Subbacia do Ribeirão Fortaleza e trecho urbano do Rio Itajaí-açú. O recorte abrange áreas consolidadas, áreas em expansão, áreas com usos diversificados e áreas degradadas ou alteradas, contemplando as diferentes faixas definidas para cursos d água pelo Código Florestal.
Relatório Trimestral 2 3. OBJETIVO Propor um método simples e de fácil aplicabilidade como base para o desenvolvimento de propostas de gestão em APPs em meio urbano. 4. METODOLOGIA A fim de alcançar os objetivos, a proposta metodológica foi definida em três etapas: ETAPA 01: Elaboração e análise dos mapas temáticos dos aspectos físiconaturais; ETAPA 02: Cruzamento dos mapas temáticos e produção de mapa síntese; ETAPA 03: Proposta (a partir do diagnóstico/mapa síntese será elaborado o zoneamento e instrumentos do Estatuto da Cidade a fim de caracterizar um plano de ação para as áreas de preservação permanente da bacia hidrográfica). As etapas 01 e 02 foram concluídas e seus resultados serão apresentados neste relatório. A etapa 03 está em andamento e será apresentada no relatório seguinte.
Relatório Trimestral 3 4.1 ETAPA 01: ELABORAÇÃO E ANÁLISE DOS MAPAS TEMÁTICOS DOS ASPECTOS FÍSICO-NATURAIS. 4.1.1 MAPA TEMÁTICO LIMITE DE BAIRROS O mapa temático de Limite de Bairros foi elaborado a partir da base cartográfica (2003 - escala 1/2000, disponibilizada pela Prefeitura Municipal de Blumenau), com auxílio do Software Auto-Cad 2009 e ArcInfo 9.2. Segundo o levantamento, 11 bairros integram a área, sendo eles: Boa Vista, do Salto, Fortaleza, Fortaleza Alta, Itoupava Norte, Itoupava Seca, Nova Esperança, Ponta Aguda, Victor Konder e Vila Nova, somando 21,72 km². Figura 02: Mapa Temático Limite de Bairros.
Relatório Trimestral 4 4.1.2 MAPA TEMÁTICO DE USO DO SOLO O mapa temático de Uso do Solo foi elaborado a partir da base cartográfica - escala 1/2000, imagens aéreas escala 1/8000 (2003, disponibilizada pela Prefeitura Municipal de Blumenau) e saídas a campo, com auxilio do Software Auto-Cad 2009 e ArcInfo 9.2. Identificou-se em todo o recorte 3 principais Usos: Edificado, com Cobertura Florestal e Capoeira/Pastagem/Vazio Urbano. Segundo o levantamento, 2,54 km² (11,7%) do recorte encontra-se edificado, 7,11 km² (32,8%) possui cobertura florestal, e 12,07 km² (55,5%) possui capoeira/pastagem/vazio urbano. Figura 03: Mapa Temático de Uso do Solo.
Relatório Trimestral 5 4.1.3 MAPA TEMÁTICO DE LEGISLAÇÃO AMBIENTAL O mapa temático de Legislação Ambiental foi elaborado a partir da base cartográfica (2003 - escala 1/2000, disponibilizada pela Prefeitura Municipal de Blumenau), com auxilio do Software Auto-Cad 2009 e ArcInfo 9.2. Foi desenvolvido seguindo critérios estabelecidos pela Legislação Federal (Código Florestal - 1965), que define as seguintes faixas de APP: Faixa Marginal de 50m - ao redor de nascentes; Faixa Marginal de 30m - ao redor de lagoas; Faixa Marginal de 100m - ao longo dos cursos d água com largura entre 50 a 100m; Faixa Marginal de 30m - ao longo dos cursos d água com largura inferior a 10m; e 1/3 do topo superior dos morros. Segundo o levantamento, 1,22 km² (5,6%) do recorte são de preservação de nascentes; 0,59 km² (2,7%) de preservação de lagoas; 0,98 km² (4,5%) de preservação do rio Itajaí-Açú; 2,98 km² (13,7%) de preservação dos demais cursos d água; e 3,07 km² (14,1%) de preservação dos topos de morro. Ao todo, as áreas de preservação permanente somam 8,84 km², aproximadamente 40,6% da área total do recorte. Figura 04: Mapa Temático de Legislação Ambiental.
Relatório Trimestral 6 4.1.4 MAPA TEMÁTICO DE CHEIAS O mapa temático de Cheias foi elaborado a partir da base cartográfica (2003 - escala 1/2000, disponibilizada pela Prefeitura Municipal de Blumenau), e Carta de Enchente do município de 1984, com auxilio do Software Auto-Cad 2009 e ArcInfo 9.2. Analisando a Carta de Enchentes, traçou-se para a área em estudo os níveis de inundação mais críticos: 10m - com período de retorno de 4 anos, e 12m - com período de retorno de 7 anos. Segundo o levantamento, a área alagada pela linha de inundação de 10m chega a 0,61 km² (2,8%), e a área alagada pela linha de inundação de 12m chega a 0,92 km² (4,2%), somando o equivalente a 1,53 km² (7% da área total). Figura 05: Mapa Temático de Cheias.
Relatório Trimestral 7 4.1.5 MAPA TEMÁTICO DE DECLIVIDADE O mapa temático de Declividade foi elaborado a partir da base cartográfica (2003 - escala 1/2000, disponibilizada pela Prefeitura Municipal de Blumenau), com auxilio do Software Auto-Cad 2009 e ArcInfo 9.2. Foi desenvolvido seguindo critérios estabelecidos pela Lei de Parcelamento do Solo e também pela fragilidade ambiental. Traçou-se para a área de estudos as seguintes Classes de Declividade: <30% e >30%. Segundo o levantamento, 13,47 km² (62%) da área apresentam declividades menores que 30%, e 8,25 km² (38%) possuem declividades superiores a 30%. As declividades superiores a 30% estão localizadas predominantemente na porção leste do recorte, próximos aos divisores d água. Figura 06: Mapa Temático de Declividade.
Relatório Trimestral 8 4.1.6 MAPA TEMÁTICO DE HIPSOMETRIA O mapa temático de Hipsometria foi elaborado a partir da base cartográfica (2003 - escala 1/2000, disponibilizada pela Prefeitura Municipal de Blumenau), com auxilio do Software Auto-Cad 2009 e ArcInfo 9.2. Traçou-se para a área de estudos as seguintes alturas: 5-25m; 26-50m; 51-75m; 76-100m; 101-150m; 151-200m; 201-250m. Figura 07: Mapa Temático de Hipsometria.
Relatório Trimestral 9 4.1.7 MAPA TEMÁTICO DE HIERARQUIZAÇÃO VIÁRIA O mapa temático de Hierarquização Viária foi elaborado a partir da base cartográfica (2003 - escala 1/2000, disponibilizada pela Prefeitura Municipal de Blumenau), com auxilio do Software Auto-Cad 2009 e ArcInfo 9.2. Classificou-se o sistema viário em 5 tipologias: via local; via coletora; via arterial; via expressa; e via intermunicipal. Figura 08: Mapa Temático de Hierarquização Viária.
Relatório Trimestral 10 4.1.8 MAPA TEMÁTICO DE CATEGORIZAÇÃO DE RIOS O mapa temático de Categorização de rios foi elaborado a partir da base cartográfica (2003 - escala 1/2000, disponibilizada pela Prefeitura Municipal de Blumenau), com auxilio do Software Auto-Cad 2009 e ArcInfo 9.2. Com base nos estudos de Strahler (apud Silva,1998), classificou-se os cursos d água em ordens distintas, de acordo com o seu fluxo hidrológico: os cursos d água sem tributários foram considerados de primeira ordem; os canais de segunda ordem foram considerados aqueles que se originam da confluência de dois canais de primeira ordem; os canais de terceira ordem quando se originam da confluência de dois cursos d água de segunda ordem, podendo receber afluentes de segunda e primeira ordens, e assim sucessivamente. Com base neste estudo, foram encontrados canais desde a primeira ordem (cursos d água sem tributários) até de quinta ordem (confluência de dois cursos d água de quarta ordem, recebendo ainda afluentes de terceira, segunda e primeira ordem). Figura 09: Mapa Temático de Categorização de Rios.
Relatório Trimestral 11 4.1.9 MAPA TEMÁTICO DE ANEAS (Áreas não edificáveis e não aterráveis) O mapa temático de Aneas foi elaborado a partir da base cartográfica (2003 - escala 1/2000, disponibilizada pela Prefeitura Municipal de Blumenau), com auxilio do Software Auto-Cad 2009 e ArcInfo 9.2. Foi desenvolvido seguindo critérios estabelecidos pelo Código de Diretrizes Urbanísticas do Plano Diretor de Blumenau, que define as seguintes faixas de ANEAS: Faixa marginal de 5 metros para os cursos d água em bacias com área de até 1 km²; Faixa marginal de 8 metros para os cursos d água em bacias com área entre 1,1-5 km²; Faixa marginal de 12 metros para os cursos d água em bacias com área entre 5,1-25 km²; Faixa marginal de 16 metros em bacias com área entre 25,1-125 km²; Faixa marginal de 20 metros em bacias com área superior a 125 km²; Faixa Marginal de 45 metros ao longo do Rio Itajaí-açú (não se aplicando a ANEA de 45m nos loteamentos ao longo do rio Itajaí-Açú, aprovados até 28 de fevereiro de 1997, onde a ANEA da faixa marginal mínima é definida em 33 metros; nos imóveis situados ao longo do rio Itajaí-Açú, com via pública oficial localizada entre o rio e esses imóveis, hipótese em que será considerada como ANEA a faixa marginal mínima até a via pública; e nos imóveis localizados ao longo do rio Itajaí-Açú, com edificações aprovadas com ANEA de 33 metros, hipótese em que será considerada como ANEA esta faixa marginal mínima). Com base nesses critérios, foi traçado para o recorte as seguintes faixas: 33 metros ao longo do Rio Itajaí-Açú, e 12 metros ao longo dos demais cursos d água.
Figura 10: Mapa Temático de Aneas. Relatório Trimestral 12
Relatório Trimestral 13 4.2 ETAPA 02: CRUZAMENTO DOS MAPAS TEMÁTICOS E PRODUÇÃO DE UM MAPA SÍNTESE A etapa de cruzamento dos mapas temáticos foi realizada utilizando o Sistema de Informação Geográfica - SIG com o aplicativo Arc GIS 9.2. Após o estudo dos aspectos físico-naturais do recorte por meio dos mapas temáticos, definiu-se o cruzamento de quatro mapas: Figura 11: Mapas temáticos cruzados. Elaboração: Lucas da Silva Rudolpho e Sandra Irene Momm Schult, 2009. A partir deste cruzamento, traçou-se 16 combinações possíveis, que foram agrupadas em 07 zonas: DELIMITAÇÃO USO DO SOLO CHEIAS DECLIVIDADE ZONA DE APP 01 Dentro Edificado 10m >30% Faixa de APP Edificadacom Risco 02 Dentro Edificado 10m <30% 03 Dentro Edificado >10m >30% 04 Dentro Edificado >10m <30% Faixa de APP Edificadasem Risco 05 Dentro Capoeira/Pastagem/Vazio Urbano >10m <30% Faixa de APP não Edificada, sem Cobertura Florestale sem Risco 06 Dentro Capoeira/Pastagem/Vazio Urbano 10m >30% Faixa de APP não Edificada, sem Cobertura 07 Dentro Capoeira/Pastagem/Vazio Urbano 10m <30% Florestale com Risco 08 Dentro Capoeira/Pastagem/Vazio Urbano >10m >30% 09 Dentro Cobertura Florestal 10m >30% Faixa de APP com Cobertura Florestale com 10 Dentro Cobertura Florestal 10m <30% Risco 11 Dentro Cobertura Florestal >10m >30% 12 Dentro Cobertura Florestal >10m <30% Faixa de APP com Relevância Ecológica 13 Fora Cobertura Florestal >10m <30% 14 Fora Cobertura Florestal 10m >30% Áreas comrelevância Ecológica fora da APP 15 Fora Cobertura Florestal 10m <30% 16 Fora Cobertura Florestal >10m >30% Figura 12: Combinações de cruzamento possíveis. Elaboração: Lucas da Silva Rudolpho e Sandra Irene Momm Schult, 2009.
Relatório Trimestral 14 Com o cruzamento destas informações, obteve-se o mapa de Síntese do Diagnóstico, sendo possível caracterizar as áreas de preservação permanente da Subbacia. Figura 13: Mapa Síntese do Diagnóstico Elaboração: Lucas da Silva Rudolpho e Sandra Irene Momm Schult, 2009. Segundo o levantamento, 0,04 km² (0,9%) das faixas de APP estão edificadas com risco (incidência de cheias pela cota 10m e/ou declividade >30%); 0,53 km² (11,6%) das faixas de APP estão edificadas e não possuem risco; 1,72 km² (37,8%) das faixas de APP não estão edificadas, não apresentam cobertura florestal e não possuem risco; 0,42 km² (9,2%) das faixas de APP não estão edificadas, não apresentam cobertura florestal e possuem risco (incidência de cheias pela cota 10m e/ou declividade >30%); 1,11 km² (24,3%) das faixas de APP possuem cobertura florestal e apresentam
Relatório Trimestral 15 risco (incidência de cheias pela cota 10m e/ou declividade >30%); e 0,74 km² (16,2%) das faixas de APP possuem cobertura florestal e não possuem risco. Observa-se que a maioria das nascentes e os cursos de água de 1 ordem ainda encontram-se em condições de serem preservados. Isso contradiz o que a maioria dos Planos Diretores da Bacia vem definindo para os cursos de menor dimensão as menores faixas de preservação - 5m. Em muitos casos, os Planos Diretores não apresentam definições para a proteção de nascentes. A cota emergencial (10m) representa de fato um controle na ocupação, porém, isto é pouco em termos territoriais considerando a área da Bacia e atingir somente a Foz. Observa-se que 87,5% das faixas não estão edificadas sendo que destas: 37,8%não apresentam Cobertura Florestal e não possuem risco; 49,7% das faixas de APP ainda não estão ocupadas, possuem Cobertura Florestal e/ou apresentam risco, sendo necessariamente áreas a serem preservadas. Segundo o formato atual do Plano Diretor nestas áreas atualmente as faixas incidentes são de 5, 8, 12 e 20 metros, incentivando assim a ocupação nestas áreas.