POSSIBILIDADES DE ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE SERGIPE



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Transcrição:

POSSIBILIDADES DE ENSINO DE MÚSICA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE SERGIPE Kadja Emanuelle Araujo Santos 1 Mateus Tayslan Andrade de Carvalho 2 Karla Angelica Araujo Santos 3 Resumo: O presente trabalho relata experiências docentes de ensino de música em duas escolas da rede pública estadual de Sergipe e apresenta uma breve trajetória sobre a inserção do conteúdo de música no currículo escolar. O objetivo deste trabalho é de apresentar e discutir as possibilidades de inserção do conteúdo de música conforme a Lei 11.769/08, que torna a aula de música obrigatória no ensino fundamental e médio, e a Lei 10.639/03, que determina que o ensino da história e cultura afrobrasileira e africana deve ser aplicado nas grades de ensino. Por meio dessas práticas podemos perceber que é importante desenvolver atividades pedagógicas que envolva a cultura afro e popular na rede pública de educação básica, não apenas como cumprimento de Lei, mas para conhecimento das próprias raízes culturais. Palavras-chave: educação musical, cultura popular, ensino Abstract: This paper describes music education teaching experiences in two schools in the public schools of Sergipe and presents a brief history about the insertion of music content in the school curriculum. The objective of this study is to present and discuss the possibilities of integration of music content according to Law 11.769 / 08, which becomes mandatory music class in elementary and high school, and the Law 10.639 / 03, which states that the teaching of history and african-brazilian and African culture must be applied in the teaching grades. Through these practices we can see the importance of developing educational activities involving the african and popular culture in basic education of public, not only as the fulfillment of Law, but knowledge of their cultural roots. Keyword: music education, popular culture, teaches Introdução Os sons estão presentes na vida e por vezes estabelecem o ritmo das ações humanas. Na escola não é diferente, o toque da sirene é o estímulo sonoro que impulsiona o movimento de entrada e saída dos alunos e professores das salas de aula. Podemos observar que a música também está presente no contexto escolar seja em apresentações artísticas em eventos comemorativos da escola ou nos toques dos aparelhos celulares dos alunos. 1 Especialista em Pedagogia Musical pela Faculdade Pìo Décimo. Licenciada em Música pela Universidade Federal de Sergipe. Professora de artes na rede estadual de ensino de Sergipe e de musicalização na rede particular. kadjaemanuelle@hotmail.com 2 Graduando do Curso de Licenciatura do Departamento de Música da Universidade Federal de Sergipe (DMU- UFS). Bolsista do Programa de Iniciação à Docência (Pibid/Música) da Universidade Federal de Sergipe. Bolsista da Biblioteca Nacional. mateusufsmusica@gmail.com 3 Especialista em Ciências da Natureza e suas Tecnologias pela Universidade Potiguar Rio Grande do Norte /Natal. Licenciada em Matemática pela Universidade Tiradentes. karlaaraujo77@hotmail.com

Já como disciplina, atualmente a música está ausente do currículo escolar da rede pública do estado de Sergipe, porém presente como conteúdo da disciplina Arte. Nesse contexto, as experiências relatadas referem-se às práticas pedagógicas musicais realizadas no ano de 2014 em duas escolas da rede pública estadual de Sergipe, no Colégio Estadual Governador Albano Franco e no Colégio Estadual Edélzio Vieira de Melo, com alunos do ensino médio e têm em comum o processo de ensino-aprendizado dos conteúdos de música e da cultura afro-brasileira em projetos e atividades escolares. As atividades são fundamentadas na área de educação musical e na Legislação educacional, em específico, as Leis 11.769/08 e 10.639/03, que respectivamente, torna o conteúdo de música obrigatório, assim como, o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana. A música nas escolas públicas sergipanas Há mais de trinta anos a música como disciplina está ausente do currículo das escolas públicas da rede estadual de Sergipe, apesar do artigo 222 da Constituição do Estado de Sergipe determinar que O ensino religioso e o de música, de matrícula facultativa, constituirão disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. (SERGIPE, 1989, art. 222, p.73) Apesar da sua ausência nos dias atuais, a música como disciplina esteve presente nas escolas públicas sergipanas: no Instituto Rui Barbosa (1890-1971) com a denominação de Música Teórica, Prática e Música, Canto Orfeônico, Música e Canto Orfeônico, Canto; no Colégio Atheneu Sergipense, no Grupo Escolar Manuel Luís e no Grupo Escolar Gumercindo Bessa da cidade de Estância. (NASCIMENTO, 2003, p 31; SANTOS, 2012). O período de maior repercussão e atuação do ensino de música no contexto escolar aconteceu entre as décadas de 30 e 50 com o movimento de Canto Orfeônico, projeto de educação musical idealizado pelo compositor Heitor Villa Lobos, que teve como objetivo promover a educação musical de forma coletiva, fundamentada em ideais nacionalistas e como meio de estabelecer a ordem e incentivar o civismo e patriotismo. Em 1931, foi assinado pelo presidente Getúlio Vargas, o Decreto nº 19.890 de 18 de Abril de 1931, que determinava o Canto Orfeônico como disciplina nas escolas primárias, secundárias e de ensino profissional. Em 1941, ocorreu a criação do SEMA (Superintendência de Educação Musical e Artística) e do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico (1942), as

criações destas instituições tiveram como objetivo formar professores que pudessem disseminar o movimento do canto orfeônico por todo o território nacional. (PENNA, 2004) O projeto Canto Orfeônico declina com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 4.024, de 1961 (LDB 4.024/61) que substitui o canto orfeônico por Educação Musical. O pensamento da educação musical nesse momento era de que:... as aulas de música deviam utilizar jogos, instrumentos de percussão e até brincadeiras que proporcionassem o desenvolvimento corporal, auditivo, rítmico e também a socialização dos alunos que precisavam ser estimulados a improvisar e experimentar. O que se se viu na prática, porém foi uma realidade diferente em cada região, para não dizer em cada escola, que compunha seu currículo de acordo com as possibilidade e os recursos materiais e humanos que possuíam. (CÁRICOL, 2014, p.24) Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 5.692, de 1971 (LDB 5.692/71) a educação musical cede espaço para a educação artística e sua obrigatoriedade para o 1º e 2º graus que é o equivalente ao ensino fundamental e médio nos dias atuais. (PENNA, 2004) Com esta lei ocorre a junção dos conteúdos de artes Cênicas, plásticas e música, instaurando a polivalência em Arte e a decadência da música na escola. A música, em sua esmagadora maioria, não fazia parte dos currículos escolares de Educação Artística ficando restrita às atividades do contraturno. Ela passou a ser utilizada com funções secundárias, nas festas, comemorações e formaturas. Com isso, deixou de ser explorada como linguagem artística e de proporcionar um contato com o verdadeiro conhecimento. (CÁRICOL, 2014, p.24) O cenário modifica-se com a Lei 9.394, de 1996, (LDB 9.394/96) que altera a disciplina Educação Artística para Arte como Componente curricular obrigatório nos diversos níveis da Educação Básica, de forma a promover o desenvolvimento da cultura dos alunos (BRASIL, 1996, art. 26, 2). Também foram lançados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e ocorreu o surgimento dos cursos de Licenciatura em linguagens específicas. A discussão sobre a música no contexto escolar volta ao centro das atenções em 2008, com a promulgação da Lei Federal nº 11.769 que torna a música conteúdo obrigatório na educação básica. A Lei altera o artigo 26 da LDB 9.394/1996, e determina que a música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o 2 deste artigo. (BRASIL, 1996, art. 26, 6). A referida Lei estabeleceu três anos para sua implementação e diversas ações nas esferas federais, estaduais e municipais começaram a acontecer em todo o país. Em 2011, em resposta ao levantamento do livro A música na Escola sobre as iniciativas das secretarias estaduais sobre as de cada secretaria estadual, a Secretaria de Estado de Educação do Estado

Sergipe (SEED), representada pela Diretora de Educação, Izabel Ladeira, apresentou as seguintes ações:. São duas as ações da SEED para implantação do ensino de Música: 1 Organização curricular das escolas com discussão das habilidades, conteúdos estratégias(sic), em que o ensino de música será conteúdo da Disciplina Arte. 2 Realização de projetos específicos tais como os Concertos Didáticos, já em andamento. Trata-se da mobilização de 1.200 alunos por ano para assistir aos ensaios da Orquestra Sinfônica de Sergipe, com aulas do Maestro Guilherme Manis (sic). Outros projetos podem ser pensado e implementados pelas próprias escolas tais como as oficinas do Mais Educação que envolvem a criação de bandas e corais. (CÁRICOL, 2012, p. 31) Não é objetivo deste trabalho analisar estas ações de implementação da SEED, porém as atividades descritas neste trabalho é resultante dos desdobramentos das ações da SEED, que é a inserção da música como conteúdo da disciplina Arte e a realização do concurso público para professor da rede básica. Com a realização do concurso público em 2010, licenciados em Música, Teatro, Dança e Artes Visuais passaram a integrar o quadro de servidores como professores de Arte. Neste concurso, vinte estudantes e egressos do curso de licenciatura em música da Universidade Federal de Sergipe foram aprovados. Até o final de 2013, cinco foram convocados, estando dois em atuação no Conservatório de Música de Sergipe e três em escolas de ensino básico. (SANTOS; OLIVEIRA; CARVALHO; 2014, p. 7) Carlos Paula (2007, p. 72-78) em sua dissertação A música no ensino médio da Escola Pública do município de Curitiba: aproximações e proposições conceituais à realidade concreta nos alerta para alguns obstáculos no ensino de Arte no Paraná, tais como, a adaptação do ensino de música aos currículo escolar, a falta de recursos materiais específicos para o ensino de música e a constatação que a maioria das aulas de Arte no Ensino Médio é de História da Arte em Artes Plásticas, tendo como justificativa dificuldades em trabalhar os conteúdos de música. Segundo o autor: A questão, dos professores de música serem abertos ao trabalho com outras área, é denominada de polivalência, há mais de vinte anos tem sido uma bandeira de luta, de associações de profissionais e dos cursos de formação. A crítica destes professores é em relação aos cursos de formação em Educação Artística (que não existe mais) e a situação do professor de Arte nos sistema de ensino, que nos últimos anos é formado em uma área (Artes Visuais, Dança, Música ou Teatro e são orientados a trabalhar as quatro áreas na escola. (PAULA, 2007, p. 74)

Tal realidade não é diferente no estado de Sergipe, a problemática sobre a polivalência em Arte e a implementação do ensino de música nas escolas, são preocupações de estudantes e educadores musicais, principalmente por existir projetos temporários de música como, por exemplo, os projetos Mais Educação e Mais Cultura. Podemos considerar que a Lei 11.769/08 e o Parecer e o Projeto de Resolução que define as Diretrizes Nacionais para a operacionalização do ensino de Música na Educação Básica, aprovado em dezembro de 2013, pela Câmara de Educação Básica (CEB) do Conselho Nacional de Educação (CNE) são conquistas importantes para o retorno do ensino de música para as escolas e uma nova oportunidade para a construção de novos panoramas na educação brasileira. O conteúdo de música na aula de Arte Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN s), o ensino de arte é parte da área de Linguagem, Códigos e suas Tecnologias, no Referencial Curricular da Rede Estadual de Ensino de Sergipe a interdisciplinaridade e os temas transversais são destacados e indica que os conteúdos e conceitos devem ser desenvolvidos nas diversas séries e linguagens das Artes Visuais, Teatro, Música, Cultura Afro-brasileira e Indígena conforme a LDB 9.394/96 e as reformas posteriores através da Lei 11.769/08 e a Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio. De acordo com o Referencial Curricular da Rede Estadual de Ensino de Sergipe (SERGIPE, 2013, p.127-130), os conteúdos e conceitos de música para o Ensino Médio são: Ensino Médio Conteúdo Conceitos Básicos 1º ano Música Brasileira O Modernismo na música Brasileira Bossa Nova; Jovem Guarda; Tropicalismo; Rock anos 80/90 2º ano Música e Cultura Afro-Brasileira Blues; Jazz; Samba; Reggae; Rock; Heavy Metal; Punk; Rap; Break; Hip-Hop; Soul music; Funk 3º ano Música + Cultura Afro Brasileira Século XX Modinha; Lundu; Maxixe; Samba; Xote; Xaxado; Baião; Frevo; Forró; Maracatu; Pagode; Lambada; Timbalada; Axé Arte Popular Brasileira Festas Populares Quadro 1: Referencial Curricular/Arte - Conteúdos e Conceitos do Ensino Médio

Percebe-se que o conteúdo de música para o Ensino Médio enfoca basicamente os gêneros e ritmos da Música Brasileira e de forma não-cronológica. Segundo o Referencial, as habilidades para o 1º ano do Ensino Médio é Conhecer as mudanças na música brasileira relacionando-as ao seu contexto histórico ; e para o 2º ano e 3º ano, Conhecer a diversidade e a influência dos ritmos africanos na música brasileira. Já as competências relacionadas a música são: Desenvolver a interdisciplinaridade Arte História Literatura e Conhecer as manifestações artísticas dos grupos étnicos negros e indígenas brasileiros nas Artes Visuais e na Música, as suas características e a contribuição para a formação e diversidade cultural do país. (SERGIPE, 2013, p. 127-130) É notório que cabe ao professor de Arte fazer o planejamento de suas aulas de acordo com o referencial curricular e o projeto político pedagógico, adaptando as práticas pedagógicas ao contexto local e também driblando alguns problemas, como por exemplo, a tendência à polivalência no ensino da Arte. As experiências aqui relatadas estão relacionadas a perguntas comuns entre professores ao elaborar seus planos e projetos: O quê? (conteúdo), Como? (metodologia), Por que? (relevância), e no caso específico de Música, Onde? e Quando? (currículo escolar). Ou seja, levando em consideração as quatro linguagens artísticas, como é possível ministrar o conteúdo de Música (contextualização e prática) na disciplina Arte em turmas de ensino médio em escolas públicas? O relato que segue das atividades são experiências com resultados satisfatórios e que mostram a possibilidade da inserção da música no contexto escolar e também soluções pedagógicas encontradas pela profissional licenciada em Música, Kadja Emanuelle, para tornar a escola em um espaço de ensino-aprendizagem musical. O conteúdo de música no projeto Mostra Cultural A atividade pedagógica descrita a seguir aconteceu no Colégio Estadual Governador Albano Franco, na cidade de Riachuelo em Sergipe, como parte do Projeto Mostra Cultural, alusivo ao Dia Nacional da Consciência Negra (20 de Novembro). O objetivo da Mostra Cultural que acontece anualmente e faz parte do Projeto Político Pedagógico da escola é de valorizar as manifestações artísticas e a diversidade cultural, conhecendo a história, as contribuições e influências da cultura afro-brasileira e africana para a formação do povo brasileiro.

Na primeira reunião do projeto foi determinado a divisão das turmas e escolha dos temas. Os professores Karla Angelica (Matemática), Kadja Emanuelle (Arte) e Rógenes Hipólito (Matemática) ficaram responsáveis por duas turmas de segundo ano do Ensino Médio do turno noturno. Por sugestão da professora de arte, o tema escolhido para as turmas do segundo ano foi Danças e Música Afro-Brasileiras e não ocorreu de forma aleatória. Percebeu-se que o tema seria oportuno para o contexto escolar, pois assim conteúdos de música poderiam ser trabalhados, não apenas pela obrigatoriedade da Lei 11.769, mas pelo interesse da turma em ter aulas de música, alguns dos alunos demonstrarem habilidades com instrumentos e com a dança. Outro aspecto motivador foi a empatia dos professores pelo tema, a professora de Arte é licenciada em Música, o professor de Matemática faz parte de um grupo de capoeira e a professora de matemática é uma entusiasta do gênero samba. O desenvolvimento das atividades musicais neste projeto pode ser dividido em duas partes: a pesquisa e as apresentações. O primeiro passo foi a pesquisa orientada dos subtemas: danças, ritmos, instrumentos musicais, artistas e grupos. Já para a apresentação artística sugerida pelos professores foram propostas a formação de um coral, a performance musical de um aluno (voz e violão) e a apresentação da dança da capoeira. Pela impossibilidade de reunir toda a turma para ensaios em horários alternativos, somente as propostas da apresentação do grupo de capoeira e do aluno foram aceitas. A condução das atividades musicais são fundamentas no modelo (T)EC(L)A do educador Keith Swanwick, que objetivava o desenvolvimento das habilidades musicais como um todo. O fazer musical e não apenas o conhecimento sobre a música. (FONTERRADA, 2005). De acordo com o método as atividades podem ser identificadas como: Literatura e Apreciação: A pesquisa e o estudo exploratório sobre a música brasileira, buscando conhecer a influência da cultura africana na música brasileira e a identificação e audição de instrumentos e gêneros musicais. Técnica: Pelo estudo da técnica instrumental para a execução de músicas a voz e violão. Composição: Decorrente das atividades de escolha de repertório, analise da música, estudo da música, modificação de tonalidade, arranjo para dois violões, ajuste de tonalidade, composição da forma musical, Execução: Apresentação musical (performance musical) O resultado das atividades foi apresentado em uma exposição da pesquisa, com a mostra de Cd s, Dvd s de alguns ícones da música brasileira que tem influência na cultura afro-

brasileira, de músicas e vídeos selecionados pelos alunos de canções sobre a cultura afrobrasileira. Houve a apresentação do Grupo de Capoeira com exposição de seus instrumentos, história e performance artística da roda de capoeira, Makulelê e samba de roda, envolvendo as pessoas presentes na apresentação. E encerrando a programação a apresentação voz e violão dos alunos do segundo ano, com o repertório do cantor Tim Maia. O resultado mais pontual desta atividade foi de promover maior conhecimento de elementos teóricos e práticos e de desenvolver a expressão artística musical de alguns alunos. Gêneros Musicais e o Carnaval No dia 12 de Fevereiro de 2015, quinta feira que antecedeu o Carnaval, foi realizada o projeto Aula em ritmo de Carnaval no turno noturno do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos do Colégio Edélzio Vieira de Melo em Santa Rosa de Lima. A proposta diferenciada de aula foi elaborada pela professora Kadja Emanuelle (Arte) e pelo professor José de Oliveira (História/Sociologia) que teve como objetivo resgatar a história do Carnaval Brasileiro e promover o conhecimento dos diversos ritmos e gêneros musicais presentes nas festas carnavalescas. Assim, a aula de Arte que seria realizada em cada sala de aula de forma isolada, tomou diferentes proporções ao ser levada para o pátio da escola sendo explorada de forma lúdica e interdisciplinar dialogando com as disciplinas de História e Geografia. A aula em Ritmo de Carnaval além de seus objetivos pedagógica, tinha o intuito de ser uma atividade lúdica e que fosse possível brincar e aprender com as mesmas intensidades por meio das brincadeiras propostas. O início das atividades ocorreu em cada sala de aula com a confecção de cartazes e escolha do nome da equipe para a competição remetendo aos estandartes dos blocos de rua, ranchos, escolas de samba e bloco do carnaval baiano. O objetivo desta atividade era de desenvolver as habilidades de cooperação e de desenho livre. O segundo momento, já na área externa, foi marcado pela explanação do professor José de Oliveira sobre a história do carnaval e análise crítica sobre semelhanças e diferenças do Carnaval atual. Foram utilizados os recursos tecnológicos como computador, datashow, microfone e caixa de som para a comunicação do professor. Após a explanação os alunos fizeram diversos questionamentos sobre o tema, que tiveram continuidade em aulas

posteriores. Na segunda parte do projeto, aconteceu uma competição musical ao estilo perguntas e respostas sobre gêneros musicais, artistas e ritmos brasileiros que fazem parte do carnaval brasileiro. O objetivo era de que por meio da percepção e apreciação musical e do seu conhecimento musical prévio os alunos pudessem identificar os gêneros e ritmos musicais (frevo, maracatu, axé...). Entre versos, gritos de torcida e pagamento de prendas em caso de erro, os alunos ouviram, cantaram e dançaram marchinhas, frevo, maracatu, samba-enredo, pagode, axé music, dentre outros. Este momento mais lúdico e enérgico resultou em maior interesse pelas aulas de artes, fazendo com que as duas aulas seguintes fossem realizadas uma longa discussão sobre os gêneros musicais. Comparando com outras aulas sobre mesma temática foi muito mais proveitoso, realizar o estudo sobre a festa popular, envolvendo as linguagens artísticas (dança, teatro e música) e analisando a trajetória histórica e a atualidade deste festejo com a área de História, obtendo assim uma noite de entretenimento e conhecimento sobre a cultura brasileira. Considerações Finais Pelos resultados positivos e objetivos alcançados com as atividades, podemos afirmar que há espaço na escola pública para o desenvolvimento de atividades que envolvam as linguagens artísticas, em específico, o ensino de música. Os discentes são receptivos às atividades musicais e há uma empatia de toda a comunidade escolar. Sabemos que tais atividades não substituem e não se caracterizam como modelo de aula de música. Também não é paleativo, acreditamos que é um primeiro passo, uma experiência e um bom cartão de visita de que é possível ter música na escola, em sua teoria e prática, e conforme a Lei 11.769/08. Ensinar música na educação básica ainda é um desafio e um compromisso de todos, por isso é preciso discutir os caminhos da sua implementação para que a música possa contribuir para a formação de bons cidadãos. Bibliografia. Parecer CNE/CEB nº 12/2013 e Projeto de Resolução. Define Diretrizes Nacionais para a operacionalização do ensino de Música na Educação Básica. Diário Oficial de

União, Brasília, DF, 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11769.htm Acesso: 12 abr. 2015. BRASIL. Lei 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/listapublicacoes.action?id=102480&tipodocumento =LEI&TipoText=PUB >. Acesso em: 12 abr. 2015.. Lei 11.769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Diário Oficial de União, Brasília, DF, 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11769.htm Acesso: 12 abr. 2015. CÁRICOL, Kassia. Panorama do Ensino Musical. In: ALUCCI, R. et al. (Coord.) A Música na Escola. Alucci & Associados Comunicações: São Paulo, 2012. Disponível em: <http://www.amusicanaescola.com.br/pdf/marisa_foterrada.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2015. FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De Tramas e Fios. São Paulo: Editora da UNESP, 2005. NASCIMENTO, Joel Magalhães. O ensino de Música em Sergipe: O conservatório de Musica de Sergipe 1971-2000. Monografia (Licenciatura em História). Centro de Educação e Ciências Humanas. Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2003. PAULA, Carlos Alberto de. A música no Ensino Médio da Escola pública do município de Curitiba: aproximações e proposições conceituais a realidade concreta.. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007. Disponível em: < http://dspace.c3sl.ufpr.br:8080/dspace/handle/1884/15145?show=full> Acesso em: 23 abr. 2015 PENNA, Maura. A dupla dimensão da política educacional e a música na escola: I analisando a legislação e termos normativos. Revista da ABEM, Porto Alegre, n. 10, p.19-28, Mar. 2004 SANTOS, Elias Souza dos. Educação musical escolar em Sergipe: uma análise das práticas da disciplina Canto Orfeônico na Escola Normal de Aracaju (1934-1971). Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. SANTOS, Kadja; OLIVEIRA, Thiago; CARVALHO, Mateus. Articulações para implementação da Lei 11.769/08 em Aracaju/SE. XII Encontro Regional Nordeste da Abem. De Educação Musical.Goiânia, 2010. Anais do XII Encontro Regional Nordeste da ABEM. São Luís: UFM, 2014. SERGIPE. Secretaria de Estado de Educação do Estado Sergipe. Referencial Curricular da Rede Estadual de Ensino de Sergipe. Aracaju, 2013..