VISÃO JORNALÍSTICA DO INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO



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Transcrição:

Universidade Cândido Mendes Pós-Graduação Lato Senso Instituto A Vez do Mestre Turma C32 Matrícula: C203525 VISÃO JORNALÍSTICA DO INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Gislandia Fulgencio Governo Fevereiro 2009

Gislandia Fulgencio Governo Aluna do Curso de Pós-graduação Lato Sensu VISÃO JORNALÍSTICA DO INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Trabalho monográfico de conclusão do curso de pós-graduação em Gestão Ambiental apresentado à Universidade Cândido Mendes para obtenção da especialização na área ambiental, sob a orientação da professora Jacqueline Guerreiro. Rio de Janeiro, fevereiro de 2009

TÍTULO VISÃO JORNALÍSTICA DO INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Elaborado por Gislandia Fulgencio Governo Aluna da Pós-Graduação de Gestão Ambiental Rio de Janeiro, Fevereiro de 2009

DEDICATÓRIA À memória de meus amados pais, Catharina Fulgencio Governo e Galdino Andrade Governo.

AGRADECIMENTOS À minha amiga Mônica Roberta Silva, pelo apoio incondicional e estímulo que me permitiram levar até o fim este projeto; aos colegas de curso, que de alguma forma também são responsáveis por este trabalho; aos meus queridos amigos, pela compreensão por tantos momentos de ausência e incentivo para que eu pudesse realizar mais esta etapa de minha vida.

RESUMO GOVERNO, Gislandia Fugencio VISÃO JORNALÍSTICA DO INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Cada ano que passa, aumenta a discussão em torno dos problemas gerados pelas mudanças climáticas, que por sua vez, são resultantes dos gases emitidos à atmosfera da terra provocando o efeito estufa. Em um Inventário produzido por especialistas da COPPE/UFRJ e de técnicos da Prefeitura do Rio de Janeiro no ano 2000, é possível ter uma idéia do que está acontecendo com o ar da cidade do Rio. Este estudo tem por objetivo relatar, usando a linguagem jornalística, o que Estado do Rio de Janeiro se prontificou a fazer para solucionar o problema. A autora tem como principal finalidade informar sobre a situação. No primeiro capítulo, o destaque é para os acordos internacionais criados para diminuir a emissão de gás carbônico (CO2) na atmosfera. Já no segundo capítulo, o texto revela o aumento dos números do problema em uma década. No último capítulo deste trabalho o destaque é para as emissões de gases provenientes dos lixos que produzem gás metano (CH4). Palavras-chave: Ar. Efeito Estufa. Meio Ambiente

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 8 2.OS NÚMEROS DO PROBLEMA ATÉ 1998... 11 2.1 Consumo de energia... 11 2.2 Características dos combustíveis...14 2.3 Mercado de geração de energia...16 3. Lixo: Um dos maiores emissores de CH4...20 3.1 Como o lixo urbano é tratado na cidade do Rio de Janeiro...20 3.2 Emissões de Metano através de esgotos domésticos e comerciais...23 3.3 Efeitos do metano e do dióxido de carbono na atmosfera...26 4. Descuido com o solo e florestas...28 4.1. Mau uso do solo...28 5.CONCLUSÃO... 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 32

1- INTRODUÇÃO A mudança climática global vem sendo tema de debates entre ambientalistas de todo o mundo. A preocupação com os impactos ambientais provocados pelo efeito estufa é o principal tema da discussão. O dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4) são os principais responsáveis pelo aquecimento global do planeta. Diante desta problemática, a prefeitura do Rio e a Coppe/Ufrj elaboraram em 2000, o Inventário de Emissões de Gases do Rio de Janeiro, estudo inédito no Brasil na época. O objetivo deste projeto é relatar, através de artigos jornalísticos, o que diz o inventário. De acordo com dados do documento, na década de 80 as mudanças climáticas despertaram a preocupação das comunidades internacionais. Esta questão passou a ser tema de conferências e seminários, e em 1990 foi criado o primeiro relatório científico sobre os resultados do efeito estufa na atmosfera terrestre. Intitulado de Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) 1, este é um documento reconhecido mundialmente. Nele é possível encontrar um consenso entre os estudiosos do assunto. Entre os destaques do documento estão: a forma de emissão do gás carbônico à superfície da terra e os impactos gerados e possíveis soluções para amenizar o problema. O painel foi criado há cerca de 20 anos e por isso as discussões tomaram outras diretrizes, e atualmente abrange ambientalistas de todo o mundo. Um exemplo é que na década de 90 os países emergentes não tinham obrigação de reduzir a emissão de carbono, mas nos dias atuais, com a piora da situação é necessário que todos os países entrem na luta contra o aquecimento global. Uma das perguntas mais freqüentes entre os ambientalistas é se ainda há possibilidade de reverter este quadro e quais seriam as mudanças necessárias? 1 = IPCC é uma sigla em inglês que significa: Intergovernamental Panel on Climate Change. Este é um painel das Nações Unidas que congrega mais de 300 cientistas do mundo. www.ipcc.ch

A questão foi debatida em muitas conferências e em seminário, conforme cita o relatório da prefeitura do Rio. Em 1992, com o objetivo de analisar e discutir soluções, para os problemas ambientais globais, as Nações Unidas (ONU) promoveram o encontro UNCED 92 2, que contou com a participação de chefes de estado. Nesta conferência denominada de Rio 92, foram aprovadas duas convenções: a Convenção do Clima e a Convenção da Biodiversidade. Em 1995, 175 países já haviam ratificado e se comprometido com os termos da Convenção do Clima. A Conferência das Partes (COP) órgão supremo da Convenção do Clima, composto por todos os países signatários, teve sua primeira sessão em 1995, em Berlim. Na terceira sessão foi elaborado o protocolo de Quioto, em 1997. Este protocolo, que passou a valer em 2000, foi assinado por países desenvolvidos, entre eles Estados Unidos 3, que se comprometiam em diminuir a emissão de gás carbônico à atmosfera em 5%, entre os anos de 2008 e 2012, com relação as emissões produzidas em 1990. Os países em desenvolvimento precisavam apenas apresentar um relatório chamado de Comunicação Nacional para o Inventário de Emissões Antrópicas por Fontes e Remoções por Sumidouros de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo protocolo de Montreal. Este documento deveria conter informações sobre as emissões de gases provocadores do efeito estufa. Foi através do relatório apresentado por países emergentes que a prefeitura do Rio elaborou e concluiu o inventário de emissões de gases na cidade carioca e assim, direcionar as possíveis soluções. 2 = United Nations Conference on Enveronment and Developement. Também conhecida como a conferência Eco 92, ou Rio 92. 3 = considerado o maior poluidor de CO2, na terra 9

Os estudiosos constataram que todos os moradores da cidade são os responsáveis por emitir os gases: carbônico e metano. Ações junto às empresas de energia, indústria, tratamento de resíduos e agricultura poderiam reduzir as emissões destes gases na atmosfera. Vale ressaltar que a divulgação do inventário para a população carioca também seria um instrumento que poderá gerar ações locais visando à redução dos males que provocam o efeito estufa. 10

2. OS NÚMEROS DO PROBLEMA ATÉ 1998 2.1 Consumo de energia Assim como acontece no resto do planeta, o Rio de Janeiro também tem grande responsabilidade no aumento do aquecimento global. Para se ter uma idéia do tamanho desta responsabilidade, dados do inventário de gases do Rio de Janeiro mostram que no período entre 1990 e 1998, a Cidade emitia no ar algo em torno de 7,6 milhões de toneladas de gás carbônico. Ao longo da década de 90, somente o município obteve um crescimento de 5,4% na emissão deste gás. Ainda no início dos anos 90, a Cidade teve uma taxa de contribuição para o aquecimento global em torno de 31%. Percentual que em 1998 passou para 40%. O transporte desordenado e os veículos antigos que ainda circulam pelas ruas do município são os principais responsáveis por este aumento. A queima de combustíveis fósseis (gasolina, óleo, diesel, querosene de aviação, gás natural e GLP em ordem decrescente de importância) utilizados em diversos setores como, por exemplo, transporte, indústria e energia elétrica comercial e residencial, são os que mais produzem CO2 no Rio de Janeiro. O uso de energia de origem fóssil como o petróleo e seus derivados, gás natural e carvão, é a principal causa de emissões de CO2, gás que mais colabora para o efeito estufa. Ainda, de acordo com dados do inventário, acredita-se que no início da década de 90, a produção de energia representava 56% das atividades que contribuem para o efeito estufa. O que deve ser observado nesta questão é a forma como a energia destes combustíveis é liberada a partir da sua combustão. Este fenômeno físico vai ocorrer de acordo com o combustível usado; a quantidade; o tipo de combustão e a tecnologia desenvolvida. O procedimento de combustão gera energias diferenciadas. 11

De acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), os derivados de petróleo e gás natural são usados em diferentes setores da economia com a finalidade de gerar eletricidade (termoelétricas); calor (processos industriais e residenciais); força motriz (transportes) e matéria-prima. No caso da energia elétrica, percebe-se que houve uma leve redução no consumo na Cidade de Rio de Janeiro entre os anos de 1990 e 1994. Após este ano de 94 até 1998 ocorre um aumento contínuo do consumo de energia elétrica. Parte desta energia é distribuída pela Light. Durante o estudo da prefeitura, foi revelado que em 1997 a rede Light correspondia a 99,38% de todo o suprimento de energia elétrica utilizada no município do Rio, sendo 0,62% a contribuição total dos autoprodutores. A geração de energia elétrica dos autoprodutores, bem como a energia elétrica produzida ocasionalmente em pequenos geradores de emergência (por exemplo, em estabelecimentos comerciais e hospitais em casos de interrupção do serviço), emitem gases do efeito estufa, pois utilizam combustíveis como gás natural e o óleo diesel, respectivamente. A energia elétrica produzida em 1997 por esses autoprodutores, representa cerca de 8% da energia gerada pela usina termoelétrica de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. No estudo constatou-se que toda a energia elétrica usada pelos autoprodutores fosse gerada em unidades a gás natural em ciclo combinado, suas emissões de CO2, corresponderiam a cerca de 4% das emissões da Santa Cruz. O que se pôde perceber no estudo realizado pela prefeitura é que houve uma queda gradativa na participação das indústrias neste consumo. De acordo com dados do documento, a indústria consumia o equivalente a 33% da energia produzida pela Light. Em 1996, esse percentual caiu para 27,62% e dois anos depois o consumo de energia por parte da indústria gira em torna 24,91%. 12

O consumo de energia no setor de moradia sofreu um aumento de 5,11%, enquanto o segmento comercial teve uma elevação de 3,09%, no período entre1990 e 1998. Acredita-se que a redução no consumo de energia por parte da indústria foi proveniente da crise econômica no País. Com a criação do Plano Real (em 1994), que acalmou a economia e, o crescimento industrial foi uma conseqüência da nova situação econômica do País. O resultado foi um aumento no consumo de energia, a partir de 1996. Ainda devido o momento político-economico do País, o consumo de energia residencial disparou, em conseqüência da facilidade da compra de eletrodomésticos. Já no setor comercial, o responsável pelo aumento no consumo de energia desde 1996 foi a modernização e a tecnologia dos estabelecimentos comerciais, principalmente a construção dos hipermercados e shopping centers. A energia elétrica consumida na Cidade do Rio de Janeiro é em quase sua totalidade, de origem hidráulica, com pequena participação de uma usina termoelétrica (Santa Cruz), e outra nuclear (Angra I), em Angra dos Reis. O método utilizado pelo IPCC determina que somente as termoelétricas são responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa. No entanto, as usinas hidrelétricas também emitem gases do efeito estufa. Isso ocorre porque a biomassa da área atingida por barragens sofre decomposição, liberando CO2 e CH4 por certo tempo. A eliminação desses gases acontece de forma complexa, dependendo de muitos fatores, entre eles: o tipo de material que entrará em decomposição e o volume desta massa. Mas no caso do Rio de Janeiro, vale ressaltar que as emissões de gases não serão significativas, devido às características das hidroelétricas responsáveis por seu abastecimento. 13

2.2 Características dos combustíveis O petróleo é base de quase tudo o que é consumido pelas sociedades atuais. È dele que se deriva a energia utilizada para iluminar os ambientes, a construção e movimentação dos veículos, e até mesmo as vestes usadas pelas pessoas. Neste item do projeto, a autora visa mostrar alguns dos combustíveis mais poluentes. O primeiro será o óleo combustível. Trata-se de uma categoria de refinação que envolve vários tipos de produtos correspondentes às diferentes frações do destilado do petróleo que, embora sejam referentes a uma mesma categoria, possuem composições diferentes e propriedades distintas, com porcentagem de enxofre e viscosidade entre outras. O inventário da Prefeitura ressalta que a emissão de poluentes de óleo combustível depende de sua composição, do tipo e tamanho da caldeira. Já o gás natural (GN) possui baixas quantidades de enxofre. Este combustível é composto ainda, por metano (outro componente poluente). O uso do GN como combustível teve início no ano de 1987, mas até o 1993 não era considerado um combustível poluente. Alguns estudiosos acreditam que no futuro o gás natural irá substituir definitivamente o óleo diesel, que era usado apenas para dar partidas nas caldeiras das hidroelétricas. O que pode ser percebido com o inventário, é que o aumento da energia gerada a partir do GN se dá de forma significativa no ano de 1996. Mas devido ao aumento da tecnologia, é possível reparar uma redução na contribuição do GN nas emissões de CO2, em comparação a geração elétrica total. Em termos quantitativos, a participação do GN na emissão de CO2 é cercada de dois terços de sua participação na geração de energia. Na cidade do Rio de Janeiro existem dois tipos de GN. São eles: o gás canalizado (canalizado e manufaturado) e o gás de botijão (GLP, gás liquifeito e de petróleo). 14

A ANP estima que em 1999, o Rio de Janeiro consumiu aproximadamente 140,4 toneladas cúbicas de GN 4. A concessão do gás canalizado está a cargo da Companhia Estadual de Gás (CEG) desde 1997. Segundo dados da companhia, emitidos aos técnicos da Prefeitura e da Coppe, às vendas anuais de gás canalizado por setor, desde 1990, estão concentradas na região Metropolitana do Estado. Para finalizar este tópico, o inventário afirma que o suprimento de gás natural para geração elétrica refere-se ao abastecimento da Usina Termoelétrica de Santa Cruz, pertencente à Furnas e situada na Cidade do Rio de Janeiro. Foram utilizados os dados de vendas realizadas pela CEG, no período a partir de 1997. Embora ainda contenha componentes que poluam a atmosfera terrestre, o gás natural é menos agressivo ao meio ambiente por isso está sendo substituído por dezenas de empresas que trabalhavam com óleo combustível. 4 = Fonte Inventário de Emissões de Gases do Efeito Estufa, que citou a ANP 15

2.3 Mercado de geração de energia De alguns anos para cá, muito tem se dito sobre fontes de energias alternativa ou renovável. A dinâmica já está atraindo pessoas do mundo inteiro, que buscam soluções para a questão da redução de gases do efeito estufa. O debate chamou a atenção de líderes e presidentes de países de todos os continentes, entre eles o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, que promete investir em energias alternativas, para reduzir as emissões dos gases que causam o efeito estufa. Sabe-se que os Estados Unidos é um dos maiores poluidores do mundo e que também não fazem parte do tratado de Quito, mas o país já está preocupado com as mudanças climáticas geradas pelo aquecimento global. Para entender o que acontece atualmente, é preciso compreender como era mercado de energia no Rio de Janeiro há 10 anos. A demanda nas vendas para o mercado de energia elétrica no período de 1990 e 1996 foi obtida através de levantamento direto na Usina de Santa Cruz 6. Os dados passíveis de comparação têm uma diferença máxima de 3%, demonstrando uma alta confiabilidade quanto aos dados de uso de gás natural na geração elétrica na Cidade do Rio de Janeiro. Entenda melhor o aumento na utilização do gás natural no Rio de Janeiro através da tabela abaixo: Ano 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Consumo 0,21 0,18 0,5 6,59 8,69 8,08 9,80 30,61 51,32 76,01 Fonte: Furnas, Usina de Santa Cruz (1990 a1996) e CEG (1997 a1999) in Inventário de Emissões de Gases do Efeito Estufa no Rio de Janeiro 6 = Dados obtidos por técnico da Coppe-UFRJ 16

No mercado automotivo também houve um aumento no consumo de GN, no Rio de Janeiro, entre os anos de 1990 a 1999. Esse aumento é mais significativo a partir do ano de 1994 conforme a tabela. Ano 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Consumo 0 0 0 8,65 18,70 19,97 16,15 26,45 58,40 90,65 Fonte: CEG e Inventário de emissão de Gases do Efeito Estufa O setor que domina o mercado de geração de energia é o residencial. Sua totalidade de consumo, que representa 99,9%, está no Rio de Janeiro. O mesmo acontece com o mercado comercial (99,5% do consumo está na Região Metropolitana). Ano 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Consumo 5,63 7,53 9,70 12,99 16,04 18,36 22,51 27,34 29,92 35,84 Fonte: CEG e Inventário de emissão de Gases do Efeito Estufa Já o setor industrial é o que tem maior consumo de gás natural, segundo dados da CEG in Inventário da prefeitura. Veja tabela 4: Ano 1998 1999 Consumo Total 515,71 521,47 Mercado de Geração elétrica 51,32 76,01 Mercado Automotivo 58,40 90,65 Mercado residencial/comercial 29,92 35,84 Mercado Industrial 376,07 318,97 Vale ressaltar que em 2000, segundo o inventário, foi o ano em que se expandiu a rede de postos de combustíveis com o serviço de gás natural veicular (GNV) fora do Rio de Janeiro Fonte tabela 4: Inventário de emissão de Gases do Efeito Estufa 17

Como se pode ver, o gás natural utilizado pelo setor industrial é o principal responsável por emitir à atmosfera mais de 97% de gás natural consumido no Rio de Janeiro, no período entre 1990 e 1992. Um ano depois surge o mercado automotivo. Este novo segmento apresenta um número reduzido de emissões, entre 1994 e 1996. Mas a partir do ano de 97 acontece um crescimento elevado na emissão de GN, atingindo em 1999 um valor 3,5 maior de emissões desses gases. Por sua vez, o mercado de geração de energia elétrica passa a ter uma participação na emissão de gases do efeito estufa mais efetiva a partir de 1993. Estas emissões cresceram 1,5 vezes mais nos anos de 1993 até 1996. Um aumento três vezes maior acontece em 1997, chegando a 1999 com 2,5 mais emissões relativas ao gás natural. Em 1936 teve início no país a comercialização de gás em botijão. Essa técnica gerou um crescimento histórico. O principal fator para esta afirmativa, foi a utilização pública do serviço. O GLP é o gás mais consumido no setor residencial-comercial de energia, superando o gás manufaturado neste mercado. É usado principalmente para cocção de alimentos e em pequena escala para o aquecimento d água, além de ser indevidamente utilizado no setor de transporte e na indústria. O consumo do setor residencial/comercial relativo ao gás natural, apesar de responsável pelo crescimento das emissões em mais de seis vezes, no período entre 1990 e 1999, permanece com modesta participação em relação às emissão totais do gás natural, passando a contribuir de cerca de 2% para 8,6% deste total, no mesmo período. Já as emissões de gases manufaturados são exclusivamente de responsabilidades do setor residencial/comercial. Durante a década de 1990, houve uma significativa diminuição destas emissões, que em 1999 representavam 65% das emissões do total referente a 1990. Isso ocorreu devido a decrescente importância do gás manufaturado utilizado pela indústria energética do Rio de Janeiro. 18

O que se pode perceber é que o início da década de 90 resultou em um período de recessão na economia municipal, a recuperação se deu em meados desta década. Esta crise econômica gerou uma queda no setor de energia, que se recuperou nos depois. A participação de gasolina, do óleo diesel e do querosene de aviação no total das emissões são as mais significativas, seguidas pela contribuição do óleo combustível. É interessante notar, inicialmente, o efeito da crise econômica no início da década, acarretando uma queda das emissões. A recuperação econômica a partir de 1994, foi acompanhada por um aumento das emissões de CO2, puxado inicialmente pelo óleo diesel (em 1994) e depois pela gasolina (entre 1995 e 1998). Existe uma afirmação de que a intensidade de emissão de CO2 por unidade de energia consumida cresceu de 1992 para 1998. Isso devido a redução de biomassa líquida, ou seja, o álcool etílico hidratado. O aumento no consumo de álcool etílico anidro, adicionado à gasolina que passou de uma percentagem de 22% para 24% a partir de 1998, não foi suficiente para uma diminuição nesse coeficiente de emissão de CO2, por unidade de energia consumida. Uma análise mais aprofundada permite observar que ocorreu uma evolução das emissões de gases do efeito estufa, no período entre 1990 a 1998. Parte desta mudança foi gerada diante de oscilações na participação de grandes setores de uso final. 19

3. LIXO: UM DOS MAIORES EMISSORES DE CH4 3.1 Como o lixo urbano é tratado na cidade do Rio de Janeiro A emissão de gás metano (CH4) na atmosfera é ainda maior. Os Resíduos Sólidos são os principais causadores do problema. Em 1998, registrou-se um percentual de 91% de emissão deste gás, a maior parte proveniente das condições inadequadas dos aterros sanitários; o aumento da quantidade de lixo urbano e a falta de coleta seletiva. Um tratamento adequado para o lixo urbano ajudaria na redução da emissão do CH4. O lixão de Gramacho, em Duque de Caxias, é um exemplo de como o lixo da cidade é tratado. Cerca de 80% de todo material recolhido das ruas é levado para o local e, lá é jogado sem nenhum tipo de tratamento. Esse descaso provoca além da emissão de gás metano, a proliferação de doenças e roedores. Soluções para este problema não faltam: um bom exemplo, é o lixão de Adrianópolis, em Nova Iguaçu. Administrado pela CTR 7. A prefeitura daquela cidade aluga para a concessionária CTR, uma área pública usada como aterro. Todo o lixo é estrategicamente enterrado, com cuidados para evitar a contaminação do solo e do lençol freático. Fica a cargo da empresa a responsabilidade de criar projetos sustentáveis na comunidade daquele bairro. Entre os projetos está, o de energia eólica, usando os gases emitidos pelo lixo. Seguindo sempre as determinações do Protocolo de Quito. A fermentação anaeróbia dos resíduos sólidos libera para a atmosfera quantidades de CH4, que podem ser expressivas em função da quantidade de CH4, que pode ser expressivas em função da quantidade de lixo produzida, da composição deste lixo e das condições de sua disposição. A coleta de lixo, na cidade do Rio de Janeiro é de responsabilidade da Comlurb, que despeja todo o material coletado no lixão de Gramacho. 7= Empresa paulista que administra o lixão de Adrianópolis. Para utilizar o solo público a empresa se prontificou a conservar a comunidade e gerar ações de desenvolvimento sustentável junto aos moradores. 20

Em 1990, toda a disposição do material coletado pela Comlurb 90% da produção da época - se dava em vazadouros, em células de mais de 5 metros de altura, enquanto os 10% restantes eram dispostos diretamente pela população sem intermédio da Comlurb em vazadouros com células menores de 5 metros. No período entre 1996 e 1998, cerca de 70% de todo o material coletado pela Comlurb era destinado aos aterros sanitários. Outros 30% eram despejados em vazadouros com mais de 5 metros de altura, enquanto o lixo não coletado era jogado em vazadouros pela população. Uma solução viável para evitar a deteriorização do meio ambiente é a queima de gás metano recuperado. Essa técnica ajuda a reduzir os riscos de explosões e incêndios, a queima é benéfica para o efeito estufa, pois libera dióxido de carbono em vez de CH4 cujo potencial é 21 vezes maior no que diz ao malefício à atmosfera. Em 1990, deve ser considerada a redução das emissões de metano decorrente do incêndio queima espontânea, oxidação de cerca de 20% do material disposto no vazadouro de Gramacho. Este corresponde a 70% da destinação final dos resíduos coletados pela Comlurb no município do Rio. O dióxido de carbono ligado aos resíduos sólidos é proveniente de três fontes: queima de metano recuperado, oxidação da matéria orgânica em incêndios e emissões fugitivas do biogás 8. Dois fatores podem explicar o crescimento das emissões de metano. O primeiro é o aumento da produção de lixo, tanto decorrente do Plano Real como do aumento da eficiência na coleta, que passou de 2.028 mil toneladas para 2.881 mil toneladas anuais, assim como o fator de emissão de CH4, que nos aterros é ainda maior que nos vazadouros. 8 = De acordo com o Relatório, apesar do Biogás não ser considerado pelo IPCC, existem emissões fugitivas do biogás, que contem em sua composição de 40% do volume em CO2 21

Na tabela 5, é possível ter uma idéia de como foram concluídos os resultados obtidos para as emissões de metano de acordo com a fermentação dos resíduos sólidos gerados na Cidade do Rio. Uma evolução entre 1990 a 1998, assim como para as emissões de dióxido de carbono decorrentes da queima dos resíduos sólidos, até 1995 e da recuperação e queima de metano após 1995. Unidade 1990 1996 1998 Geração de lixo 10 3 ton 2.028 2.881 2.941 Emissão de Metano Gg 130 219,1 222,5 Emissão de dióxido de carbono Gg 188,6 21,3 21,3 Fonte: Relatório de Emissões de Gases do Efeito Estudo do Rio de Janeiro O problema do lixo é uma discussão recorrente entre os governos do município do Rio de Janeiro e Duque de Caxias. A prefeitura da Baixada Fluminense quer que o lixo do Rio seja vazado em outro lugar, diante da argumentação de que o Aterro Sanitário de Gramacho está operando com mais de sua capacidade. Mas enquanto o impasse não chega ao fim, o lixão continua a receber mais de 80% de todo o lixo coletado na cidade do Rio de Janeiro. 22

3.2 Emissões de Metano através de esgotos domésticos e comerciais Existem três sistemas de tratamento de esgotos domésticos, comerciais e de efluentes industriais. Esses sistemas podem ser classificados como Primário, Secundário e Terciário. O tratamento primário consiste na remoção dos resíduos sólidos maiores por intermédio de barreiras físicas, enquanto os particulados remanescentes se depositam. Já no tratamento secundário, existe combinação entre processos biológicos que geram a biodegradação causada por microorganismos. O terceiro sistema é utilizado na purificação do efluente de agentes patogênicos e outros agentes contaminadores que são gerados pela combinação de lagoas em maturação, filtragem, bio-adsorção, troca de íons e desinfecção. Tanto no primeiro quanto no segundo tratamento, o lodo é produzido. No primeiro método, o lodo consiste de sólidos removidos do esgoto e no segundo é resultado do crescimento biológico na biomassa, bem como na agregação de pequenas partículas. O tratamento do lodo inclui digestão anaeróbia e aeróbia, condicionamento, centrifugação composta e secagem. Os dois tratamentos, tanto de logo quanto do esgoto, resultam na produção de metano. Esta produção de CH4 é proveniente de dois fatores: características do esgotoefluente e da temperatura e tipo de tratamento. O principal fator da geração de metano é a quantidade de material orgânico degradado localizado no esgoto-efluente. Essa produção de CH4 se acentua com o aumento da temperatura. Este fenômeno acontece principalmente, em sistemas sem controle adequado e em climas quente, porque necessita de uma temperatura superior a 15 o C. Os sistemas de tratamentos que apresentam ambiente anaeróbio produzem metano, enquanto os sistemas aeróbios geralmente produzem muito pouco ou nenhum metano. 23

De acordo com o IPCC, as exceções em países em desenvolvimento ocorrem sob as seguintes condições Veja tabela 6: Método de tratamento Exceções na produção de metano Sistemas anaeróbios Lagoas e estação de tratamentos Projetos mal elaborados ou estações de tratamento (ETEs) mal operadas podem receber aeração e reduzir a produção de metano Sistemas aeróbios Fossas e Latrinas a céu aberto Alta temperatura e tempo de retenção inadequado podem propiciar a produção de metano Lagoas Lançamentos diretos em rios Profundidade acima de três metros pode resultar em produção de metano; rios com baixo nível de oxigenação e de águas paradas podem resultar em decomposição anaeróbia de matéria orgânica e, portanto, em produção de metano Fonte:IPCC Revised Guidelines1996 - Woorkbook in Relatório de Emissões de Efeito Estufa no Rio de Janeiro A Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae) é a empresa responsável pela coleta e tratamento de esgoto doméstico e comercial do município do Rio de Janeiro. Dados da empresa, fornecidos aos técnicos da prefeitura durante a coleta de informações para a elaboração do relatório utilizado como fonte neste trabalho, mostram que: 24

A parcela do esgoto coletado que recebe tratamento, não é tratado por sistema aeróbio. Somente o lodo resultante deste tratamento passa por um sistema anaeróbio e, portanto, somente haveria produção de metano nesta etapa do tratamento de esgotos. No caso das fossas sépticas residenciais, um dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que 19,72% 9 da população tinha seu esgoto retido, no ano de 1991. Nos anos de 1997 e 1998 apenas indústrias de café e refrigerante (duas no total) tinham seus esgotos tratados no sistema anaeróbio de efluentes, que operavam na região da Bacia Hidrográfica 10 da Baía de Guanabara (BHBG). Outras duas empresas do ramo de cervejarias operam na região de Campo Grande e Itaguaí com o sistema anaeróbio de tratamento de efluentes. Para o ano de 1997, pode-se computar apenas as emissões de uma das empresas. De acordo com o relatório citado neste trabalho, as duas empresas juntas somam 100% da produção de efluentes tratados anaerobicamente na região no período de 1997 a 1999, por esta razão as duas empresas foram incluídas como responsáveis pela produção de gás metano na Zona Oeste do estado. 9 = Dado fornecidos pelo IBGE após o Censo de 1990. Este estudo foi utilizado como fonte do Relatório do Rio de Janeiro 10 = A bacia hidrográfica é uma estação de medição da qualidade do ar monitorada pela Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA), existe mais três na Baixada Fluminense 25

3.3 Efeitos do metano e do dióxido de carbono na atmosfera O comportamento e a origem das emissões dos gases do efeito estufa no município do Rio de Janeiro, no período entre 1990 e 1998, pode ser analisada de duas maneiras separadas por combustíveis e setores. O total de combustíveis alcança fontes de emissão ligadas ao fornecimento de energia e transporte, no entanto a totalização por setores engloba mudanças no uso do solo e de florestas e o tratamento e disposição de resíduos. O que se pode verificar neste estudo é que a fermentação anaeróbia dos resíduos sólidos é a principal responsável pela emissão de CH4, isso representa cerca de 80% das emissões contabilizadas em 1990. Esse percentual sobe para 91% no ano de 1998. Índice bem mais elevado que a soma de todos os demais setores, que tiveram uma queda em 1998 se comparar os dados entre 1990 e 1996. O que se pode perceber é que houve uma elevação nas emissões de gás metano durante os anos entre 1990 e 1996. Esse aumento se deu em função dos resíduos sólidos, gerados principalmente pelo aumento na produção, coleta e disposição de lixo em aterros. Já a emissão de CO2, da queima de combustíveis fósseis teve crescimento absoluto entre 1996 e 1998 equivalente à redução observada de 1990 a 1996, apesar de proporcionalmente os valores não terem sido alterados neste período. Isso se deve em primeiro lugar, aos efeitos da crise econômica no início da década. A recuperação da economia em 1994 propiciou uma rápida expansão da frota de veículos particulares, conjugada com uma queda no uso do álcool, refletindo-se num grande aumento de CO2 devida à gasolina utilizada no transporte individual entre 1994 e 1996. Entre 1996 a 1998, a emissão de C02 passou a ser liberado pela gasolina consumida nos veículos. A argumentação acima é contextada por diversos ambientalistas, que procuram 26

soluções para amenizar a emissão de CO2 provocada pelo transporte motorizado. Uma dessas soluções foi citada pela primeira vez no Brasil, no ano de 2004. Pesquisadores da Universidade Estadual de Santa Catarina, criaram um veículo movido a energia solar. No projeto estava previsto: pontos de carregamento de bateria. A motocicleta seria utilizada em trajetos curtos a fim de evitar que as pessoas pegassem seus carros para percorrer pequenas distâncias. A partir daí surgiram nova idéias para o problema do CO2 e do metano emitidos pelos veículos em geral. Também é possível acompanhar a manutenção na tendência de emissões decorrentes do uso do solo, uma vez que o acréscimo do início da década ampliou-se absoluta e proporcionalmente, apesar dos programas de reflorestamento e de urbanização das favelas da Prefeitura Municipal que pretende minimizar o problema do desmatamento na Cidade. Este item será mais aprofundado no capítulo seguinte. 27

4.DESCUIDO COM O SOLO E FLORESTAS 4.1. Mau uso do solo A biosfera influi significativamente na composição química da atmosfera, pois emite e absorve grande variedade de gases de carbono, nitrogênio e enxofre. O uso e, consequentemente, a alteração da biosfera pelo ser humano em busca de alimento, combustível e fibras, ou mesmo sua remoção em busca de espaço, contribui para aumentar a concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. Esta frase é uma mostra de como o ser humano é capaz de usufruir das matérias-primas geradas pela terra, sem se preocupar com a reposição. Para se ter uma idéia do que é lançado para atmosfera, basta fazer um levantamento da quantidade de composições químicas produzidas pela raça humana. O gás predominante nas questões relativas ao efeito estufa devido a alterações da biosfera é o dióxido de carbono (CO2). Outros gases como o metano (CH4), óxido nitroso (N2O), os óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos voláteis não metano, também são produzidos por mudanças no uso do solo e atividades de manejo florestal, particularmente quando há uso de fogo. O desmatamento é a principal causa da mudança do solo. Tecnicamente, existem outras categorias para demonstrar como o mau uso do solo pode contribuir para o aquecimento global. Mudanças na floresta e outros estoques de biomassa (alterações no volume de fitomassa em culturas agrícolas, florestas plantadas e ou cortadas, e árvores urbanas) Conversão de florestas e campos (em culturas agrícolas permanentes) Abandono (regeneração natural) de terras cultivadas, pastos ou outras terras manejadas 28

Mudanças em carbono do solo No caso do Rio de Janeiro, as mudanças no solo ocorrem devido ao crescimento da área urbana e o aumento das construções civis. O carbono que é emitido na cidade é proveniente da modificação da vegetação (retirada de árvores). Na área rural também existe uma emissão de gás carbônico proveniente do excesso de produtos ácidos (agrotóxicos). Para evitar estes problemas, a prefeitura precisaria intensificar o trabalho de reflorestamento na cidade a partir do ano da elaboração do relatório utilizado para este trabalho. Em todo o Rio de Janeiro há áreas de preservação ambiental (Apas). Entre elas está o Jardim Botânico e a Floresta da Tijuca. Na Baixada Fluminense há ainda a Apa do Gericinó Mendanha, além de mangues e a Floresta do Maciço Branco. A área ambiental da Floresta da Tijuca está em avançado estágio de regeneração natural, onde a maioria das árvores não possuem fostes muito desenvolvidos, apesar das mesmas apresentarem altura compatível com as de espécies florestais que já atingiram seu ápice. Já o Gericinó Mendanha é uma área cujas matas estão conservadas, principalmente na altura de 200 metros. Diante disso, em 1984, pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em parceria com o Ministério da Agricultura e com o antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) elaboraram um Inventário Florestal Nacional. O Maciço de Pedra Branca é uma região onde só estão preservadas as florestas em áreas de difícil acesso, em Jacarepaguá. Nesta região, a predominância é de matas secundárias em estado médio de regeneração. No Mangue do Rio Guaxindiba, em Itaboraí, foi realizado um estudo em 1979, em 37 árvores da região. A conclusão deste trabalho assinado por Araújo Maciel 29

foi o encontro de 56,4 toneladas de matéria seca por hectare. Nas áreas de restinga foram encontradas caatinga e savanas totalmente degradadas. Estima-se, assim, um volume de material lenhoso de 38 metros cúbicos por hectare de terra, correspondente a 19 toneladas de matéria seca por hectare. Uma possível solução para reverter este quadro é o Programa de Reflorestamento da Prefeitura. Esta medida é considerada uma das formas mais eficazes de absorção do gás carbônico. Pois árvores plantadas acumulam carbono durante sua fase de crescimento. Este programa de Reflorestamento vem sendo desenvolvido no município do Rio desde 1987. O principal objetivo deste trabalho é reconstruir a Mata Atlântica, revertendo o desmatamento urbano e de melhorar as condições sócio-economicas dos assentamentos humanos de baixa renda nas encostas da cidade. Estima-se que no ano de 1999, cerca de 192 hectares de área verde foram reflorestados. 30

5.CONCLUSÃO A conclusão a que se chega com esta pesquisa é de que, há muito tempo, ambientalistas estão chamando atenção para os problemas gerados pelos gases de efeito estufa. E a demora em buscar e iniciar os processos de solução para evitar que a situação se agrave está indo longe demais. O uso dos recursos naturais da Terra está sem limites, e as conseqüências por este ato será alto. A quantidade de lixo produzido pelos seres humanos é cada vez maior, a ganância pelo dinheiro provoca o excesso da destruição da terra que, segundo informações da mídia, já está fornecendo material natural 30% a mais de sua capacidade. O que se pode ver diante de todas as informações sobre a questão ambiental é que é preciso dar início imediatamente a programas intensos de reflorestamento, educativos e soluções viáveis de desenvolvimento sustentável. Soluções já começam a surgir, mas não há mais tempo para esperar. Reciclagem, coleta seletiva, veículos que funcionam através de energia solar, sem falar na energia elétrica gerada pelo ou vento. Tudo isso pode ser feito o quanto antes, ainda há tempo para que o Inventário de Emissões dos Gases do Efeito Estufa seja usado como uma base e que passam dar-se início ao trabalho para salvar o planeta. Falta vontade política e informação para a população. A mídia em geral deveria dar mais destaque aos projetos de desenvolvimento sustentável, gerando assim, conhecimento inesgotável para a população, que é carente deste tipo de conhecimento. As soluções são fáceis e possíveis, basta dar o primeiro passo. Houve várias revoluções na humanidade: a revolução industrial, a revolução do petróleo, a revolução da internet, entre muitas outras. Atualmente vivemos a revolução tecnológica e estamos a um passo da revolução da energia alternativa. O recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, está tendo esta

visão futurista e, diante disso, já prometeu em suas campanhas e durante a posse que está buscando alternativas para salvar o Meio Ambiente. Entre estas alternativas, Barack Obam quer as propostas voltadas para a utilização das energias eólica e solar. 31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Rio, prefeitura - Inventário de Emissões de Gases do Efeito Estufa na Cidade do Rio de Janeiro. Ano 2000.