Influenza A (H1N1) Aspectos Clínicos Dra. Dionne Rolim. Ceará, 2009



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Transcrição:

Influenza A (H1N1) Aspectos Clínicos Dra. Dionne Rolim Ceará, 2009

Influenza Vírus - RNA Vírus A, B e C Família Orthomyxoviridae Fonte: Los Alamos National Laboratory Fonte: CDC

Vírus Influenza Antígenos de superfície 16 H (Hemaglutinina) 09 N (Neuraminidase) Influenza aviária H5N1 Influenza H1N1

Alta transmissibilidade Mutações Zoonose entre aves selvagens e domésticas, suínos, focas e eqüinos Reservatórios - aves, suínos, equinos Influenza

Influenza A - H1N1 Vírus A RNA envelopado Tamanhho - 80-200nm ou 0.8 0.12 μm Família Orthomyxoviridae

Influenza A - H1N1 EUA (1990) - vírus H1N1 de origem suína triplo recombinante Califórnia - 15 a 17/04/09-2 crianças (9 e 10 anos) - vírus de origem suína com combinação genética nunca antes vista em humanos = quádruplo recombinante NEJM, 361, May 8, 2009

Transmissão

Transmissão - Influenza A H1N1 Respiratória - pessoa a pessoa Tosse ou espirro - gotículas Contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas

Transmissão - Influenza A H1N1 Não há registro de transmissão por meio da ingestão de carne de porco e produtos derivados

Transmissão - Influenza H1N1 Contato próximo - cerca de 1 m da fonte Potencial da via ocular, conjuntival ou gastrintestinal é desconhecida Toda secreção respiratória e fluidos corporais (diarréia) dos casos de Influenza H1N1 são considerados potencialmente infecciosos

Transmissão - Influenza H1N1 Período de transmissibilidade Adultos: um dia antes até o 7º dia de início dos sintomas Crianças (menores de 12 anos): um dia antes até o 14º dia de início dos sintomas

Quadro clínico Resfriado X Gripe - Influenza

Quadro clínico - Resfriado Vírus Rhinovírus (mais de 100 sorotipos) Parainfluenza Coronavírus Vírus Sincicial Respiratório Adenovírus Enterovírus

Quadro clínico - Resfriado Quadro brando e evolução benigna (2 a 4 dias) Sintomas - Congestão nasal - Rinorréia - Tosse - Rouquidão - Febre variável - Mal-estar, mialgia, cefaléia Complicações (raras) - otites, sinusites e bronquites, e quadros graves

Quadro clínico - Influenza sazonal Febre elevada - temperatura axilar 38 C - geralmente desaparece no 3º. Dia - duração até 7 dias Cefaléia Prostração Tosse Dor de garganta Congestão nasal e coriza Mialgia Artralgia Diarréia e vômitos - principalmente em crianças Sintomas respiratórios - 1 a 2 semanas

Quadro clínico - Influenza A H1N1 Febre Cefaléia Tosse Dor de garganta Rinorréia Mialgia Fadiga Vômitos Diarréia

Quadro clínico - Influenza A H1N1 Idades: 3 meses a 81 anos Somente 5% em > 51 anos 20% < 5 anos 50% dos casos entre 10 e 18 anos Quadro mais frequente: doença respiratória febril leve Sintomas mais frequentes: Febre 94% Tosse 92% Dor de garganta 66% Diarréia 25% Vômito 25% NEJM, 361, May 8, 2009

Quadro clínico Complicações - Influenza Quadros leves a moderados até pneumonia, desidratação, miocardite, pericardite, miosite, rabdomiólise, encefalite, convulsões, infeccões bacterianas secundárias e sepse.

Quadro clínico Grupos de Risco para Complicações Criança - 12-24 meses HIV Pessoas > 65 anos Gestantes (H1N1) Asma e DPOC Cardiopatia Imunossuprimidos Uso crônico de aspirina Câncer Diabetes Insuficiência Renal Crônica Artrite Reumatóide Doença de Kawasaki Convulsão e alterações cognitivas

Manejo clínico - Influenza H1N1 Objetivos - Detectar casos de doença respiratória aguda grave de maneira oportuna - Reduzir a ocorrência de formas graves e de óbitos - Monitorar as complicações da doença

Manejo clínico - Influenza H1N1 Orientações Gerais Utilizar equipamentos de proteção individual conforme orientações do protocolo Realizar avaliação clínica minuciosa Coletar amostra de secreção nasofaringeana e de sangue, até o 7º dia de início dos sintomas Recomenda-se fortemente internar o paciente, dispensando-lhe os cuidados que o caso requer

Manejo clínico - Influenza H1N1 Fatores de risco para complicações: Idade: inferior a 02 ou superior a 60 anos de idade Imunodepressão: pacientes com câncer, em tratamento para aids ou em uso regular de medicação imunossupressora Condições crônicas: hemoglobinopatias, diabetes mellitus; cardiopatias,pneumopatias e doenças renais crônicas Gestação

Manejo clínico - Influenza H1N1 Avaliação simplificada de gravidade em serviços de saúde de atenção primária e secundária Os casos de DRAG deverão serão encaminhados para o Hospital de Referência, se apresentarem um ou mais dos sinais e sintomas

Manejo clínico - Influenza H1N1 Avaliação em adultos - Confusão mental - Freqüência Respiratória > 30 mrm - PA diastólica < 60 mmhg ou PA sistólica < 90 mmhg - Idade > 65 anos de idade

Manejo clínico - Influenza H1N1 Avaliação em crianças - Cianose - Batimento de asa de nariz - Taquipnéia: 2 meses a menor de 1 ano (>50 irpm); 1 a 5 anos (>40 irpm) -Toxemia - Tiragem intercostal - Desidratação/Vômitos/Inapetência - Dificuldade para ingestão de líquidos ou amamentar - Estado geral comprometido - Dificuldades familiares em medicar e observar cuidadosamente - Presença de co-morbidades / Imunodepressão

Tratamento São elegíveis para tratamento: Indivíduos com doença respiratória aguda grave e seus contatos próximos que também apresentem doença respiratória aguda grave A utilização do medicamento deve ser realizada em no máximo, até 48 horas a partir da data de início dos sintomas

Tratamento O Ministério da Saúde alerta que todos os indivíduos com síndrome gripal que apresentam fator de risco para as complicações de influenza, requerem - obrigatoriamente - avaliação e monitoramento clínico constante de seu Médico assistente, para indicação ou não de tratamento com Oseltamivir, além da adoção de todas as demais medidas terapêuticas.

Tratamento - Influenza A H1N1 Dosagem - Oseltamivir 75 mg/2x ao dia por 5 dias (indivíduos 1 ano) Dosagem em crianças < de 40kg < de 15 kg 30mg 2x ao dia 5 dias 15 a 23 kg 45mg 2x ao dia 5 dias 23 a 40 kg 60mg 2x ao dia 5 dias > de 40 kg 75mg 2x ao dia 5 dias (*conforme orientação do fabricante, o uso do Oseltamivir deve ser usado durante a gravidez somente se o benefício justificar o risco potencial para o feto).

Tratamento - Influenza A H1N1 Efeitos colaterais Ajuste de dose - clearance de creatinina (<30 ml/min) Intolerância gastrointestinal - 5 a 15% (< 1 dia) Vômitos após administração (1h) - repetir dose 75mg

Tratamento - Influenza A H1N1 Medidas de suporte clínico Medidas não farmacológicas Não há vacina disponível

Quimioprofilaxia - Influenza A H1N1 APENAS nas seguintes situações: Os profissionais de laboratório que tenham manipulado amostras clínicas que contenham a nova Influenza A (H1N1) sem o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) ou que utilizaram de maneira inadequada

Quimioprofilaxia - Influenza A H1N1 APENAS nas seguintes situações: Os trabalhadores de saúde que estiveram envolvidos na realização de procedimentos invasivos (geradores de aerossóis) ou manipulação de secreções de um caso Suspeito ou confirmado de infecção pela nova Influenza A(H1N1) sem ou uso de EPI ou que utilizaram de maneira inadequada Dosagem recomendada: 75 mg uma vez ao dia, por 10 dias

Obrigada!!! notifica@saude.ce.gov.br nuepivep@saude.ce.gov.br