Xangai Sistema educacional UFRGS - Disciplina Ensino e Identidade Docente - 2014/2 Professoras: Dra. Cristiane Koehler, Dra. Marie Jane Carvalho Alunos: Eduardo Laschuk, Lydia Helena Wöhl Coelho, Rafael Machado Sebastião, Sissi Aida Breda
Xangai
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Protocolo de pesquisa 1º) Por que Pisa em uma cidade, não em todo o país? 2º) Contexto histórico-cultural da China e de Xangai 3º) Sistema educacional e carreira de professor
Dados Pisa 2013 Xangai - 23 milhões de habitantes - 3.200 hab / km². - 1,5 milhão de estudantes / 140 mil professores. - 6 a 14 anos 99,9% na escola. - 15 a 18 = 97% na escola. - 19 a 24 = 80 % na universidade. - Avaliação em alunos de 15 anos de idade.
Por que Pisa em uma cidade? - Como as cidades chinesas são extremamente populosas e possuem sistemas de ensino e avaliação particulares, a ORGANIZAÇÃO DO PISA optou por avaliar algumas grandes cidades chinesas de forma independente. - Xangai se destaca nacionalmente como a melhor cidade no quesito Educação. - Após a abertura política da China, em 1978, Xangai passou por uma reforma de currículo, que acarretou em mudanças na formação inicial e continuada dos professores e pela renovação do material pedagógico. Desde então, os exames de proficiência dos estudantes são constantemente refeitos. - Outro elemento importante da reforma de Xangai foi a criação de um sistema de avaliação das escolas. O governo avalia as escolas em termos de sua infraestrutura física e da qualidade da educação oferecida. - Xangai contempla a modernidade e a tradição na China.
Contexto histórico-cultural A China possui uma longuíssima história: cerca de 4 000 anos. Quando a dinastia Ming começou, o Brasil ainda era mata virgem e a Europa era uma colcha de principados feudais na Idade das Trevas. Enquanto isso, a China já era um império unificado havia 1 500 anos, já tendo passado por dois períodos de apogeu as dinastias Han (206 a.c. a 220) e Tang (618-907) e inventado a pólvora, o papelmoeda e a impressão por prensa móvel. Ajuda muito, portanto, um passado de glórias intelectuais e de apreço pelo estudo e pela disciplina. Graças a seus sábios oficiais, os mandarins, a China foi uma potência mundial, muito superior aos povos vizinhos, que eram tratados como bárbaros ou súditos, jamais como rivais. Durante os anos de Revolução Cultural, houve muito atraso econômico no país. Voltar a ser uma potência pelo poder do estudo e do intelecto é para a China apenas uma volta ao "passado glorioso".
Professor sendo humilhado, no auge da Revolução Cultural. Sob Mao Tse Tung, o estado chinês tentou sufocar o pensamento, a técnica e o saber.
Sistema Educacional Não há nada de especial na carreira de professor em Xangai, a não ser o grande respeito e admiração que ele tem na sociedade. O salário não é exatamente atraente. Nos três primeiros anos de carreira, fica entre 30 000 e 40 000 iuanes por ano (algo entre 400 e 500 dólares por mês), quase metade da renda média salarial da região - apesar de ser o dobro de outras regiões, para essa profissão. Nessa fase, muitos professores recorrem a outros trabalhos para complementar a renda. Os melhores podem até dobrá-la dando aulas particulares ou em escolas de reforço. Os professores de nível médio recebem 72 000 iuanes por ano. Os melhores entre eles ganham 90 000. Os bônus por desempenho acima da média podem chegar a 40% do valor do salário. Mas lá, assim como cá, ninguém se torna professor pelo salário.
Currículo Escolar 3-6 anos: Escola Elementar: Ensino de valores: respeito mútuo, respeito aos mais velhos e mais experientes, ideologia e moral (noções de "como ser uma boa pessoa"); 6/7-9/10 anos: Escola Primária: Divisão de disciplinas entre ciências exatas, naturais e linguagens. Preparação para o Jun Kǎo. 9/10-13/14 anos: Ensino Médio (Middle School, Intermediate School ou Junior High School): Disciplinas: matemática, física, química, biologia, artes, música, chinês, língua estrangeira, literatura, poesia, história, geografia e fisiologia e higiene. 14/15-17/18 anos: Ensino Médio Senior (Senior High School): Aprofundamento das disciplinas e preparação para o Gāo Kǎo (máx. 700 pontos).
Condição docente no país x Brasil As diferenças com o Brasil começam na formação do professor, em três grandes diferenças: 1) A prática de sala de aula se faz muito mais presente do que no Brasil. Ela começa já no segundo ano do curso, quando o futuro professor acompanha aulas em escolas regulares duas vezes por semana durante oito semanas e depois faz estágio de meio ano no penúltimo semestre do curso; 2) As escolas chinesas são mais pragmáticas e diversificadas na escolha de seus pensadores pedagógicos. Há um esforço constante de se abrir ao mundo e ver o que funciona, e pinçar de cada lugar as melhores ideias. O Brasil ainda é dominado quase inteiramente pelo construtivismo; 3) A ideologia: nas escolas chinesas os estudantes têm seu momento diário patriótico e de louvação do Partido Comunista. No Brasil, os professores são formados em universidades destinadas por ideologias de esquerda, no intento de nunca serem neutros, nem nas aulas de matemática ou de física. Em um país que compreende a sua situação política como "outra dinastia", há mais patriotismo e valores morais.
As universidades chinesas entregam professores competentes ao mercado, mas o que os torna excepcionais é o ritmo intenso e colaborativo de trabalho ao qual se submetem quando chegam às escolas. Aí eles passam a integrar um grupo de estudos dos professores, que é sem dúvida a inovação mais importante da educação chinesa. Cada professor faz parte de três grupos de estudo. Um com os colegas que ensinam a mesma matéria para a mesma série, que se encontra uma vez por semana para preparar as aulas. O segundo grupo é formado pelos colegas de disciplina de todas as séries da mesma escola. Esse se encontra duas vezes ao mês. O terceiro é formado pelos professores da mesma disciplina e série do seu bairro, que também se encontra duas vezes por mês. Nesses dois últimos grupos, o objetivo é compartilhar práticas de ensino de sucesso. Somando os três grupos, é um regime exigente: são duas reuniões por semana, toda semana. A maioria desses encontros leva entre duas e três horas.
Formação Os professores novos têm que se submeter a um curso de formação padronizada, um ano antes de começar a ministrar em sala de aula. Uma vez qualificados, eles são obrigados a completar a formação, pelo menos, 240 horas em seus primeiros cinco anos de docência. Os professores também são incentivados a assistir às aulas uns dos outros para promover uma cultura de "partilha e troca de ideias". Ainda, as horas de trabalho são divididas para a avaliação de trabalhos e planejamento das aulas.
Referências Destino Educação - Xangai - disponível em https://www.youtube.com/watch? v=z4ceswq0byo http://pt.wikipedia.org/wiki/confucionismo