SISTEMA ALTERNATIVO DE CRIAÇÃO DE GALINHAS CAIPIRAS UTILIZADO NA GRANJA XINGU, ALTAMIRA, PARÁ



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Transcrição:

1 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA SISTEMA ALTERNATIVO DE CRIAÇÃO DE GALINHAS CAIPIRAS UTILIZADO NA GRANJA XINGU, ALTAMIRA, PARÁ Fernanda de Fátima Morbach Merencio Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira, como requisito para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Altamira-PA Agosto/2009

i 2 ii Fernanda de Fátima Morbach Merencio SISTEMA ALTERNATIVO DE CRIAÇÃO DE GALINHA CAIPIRA UTILIZADO NA GRANJA XINGU, ALTAMIRA, PARÁ BANCA EXAMINADORA Prof.M.Sc. Fernando Kidelmar Dantas de Oliveira - Universidade Federal do Pará Orientador Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto Universidade Federal do Pará Examinador I Prof. Dr. Miguel Alves Júnior Universidade Federal do Pará Examinador II

ii 3 DEDICO À Deus. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e a ciência do Santo é a prudência. Provérbio 9:10.

iii 4 AGRADECIMENTOS À Deus, o criador de todas as coisas, que permitiu a realização desse trabalho, dandome saúde, ânimo e conforto nos momentos de angústias e também, proporcionando momentos de muitas alegrias e realizações durante toda a minha vida acadêmica. Aos meus Pais Arno Morbach e Ana Maria Ribeiro Morbach, que sempre me apoiaram e acreditaram em mim. Obrigada pelo esforço, dedicação, sacrifícios feitos para que eu pudesse alcançar meus objetivos. Aos meus irmãos Leandro Ribeiro Morbach e Luciano Ribeiro Morbach pelo apoio, carinho e respeito. Ao meu cônjuge Rodrigo Almeida Merencio da Silva, homem de caráter, que muito respeitou, incentivou e ajudou de forma essencial para a realização desse trabalho. Ao Professor Fernando Kidelmar Dantas de Oliveira pela dedicação, compreensão que muito me apoiou e auxiliou através de sua atenção, experiência e conhecimento. A Universidade Federal do Pará por seu conhecido processo de interiorização, oportunizando o acesso ao ensino superior no interior do Estado. A todos os Professores do curso de Agronomia que me acompanharam durante esses cinco anos. Agradeço aos membros da banca examinadora o Professor Dr. Sebastião Geraldo Augusto e o Professor Dr. Miguel Alves Júnior, pela colaboração e sugestões apresentadas. Aos meus amigos e colegas de curso, em especial aos que estiveram presentes na realização desse trabalho, mais uma vez ao Rodrigo Merencio, a minha eterna amiga Kalila Pinheiro, ao meu grande amigo Ricardo Freitas, ao meu irmão Leandro Morbach e ao amigo Flaviano Tontini. Agradeço a Massao Shimon e sua família, pela paciência, compreensão e ajuda com as informações fornecidas para realização desse trabalho.

iv 5 A verdadeira descoberta não consiste em procurar novas paisagens, mas em possuir novos olhos. Marcel Proust

v 6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 1 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 3 2.1. ORIGEM DA GALINHA... 3 2.2. A AVICULTURA NO MUNDO E NO BRASIL... 4 2.3. CLASSIFICAÇÃO ZOOLÓGICA DAS AVES... 6 2.4. CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA CRIAÇÃO DE GALINHA... 7 2.5. INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS... 7 2.5.1 Escolha da área... 7 2.5.2 Tipos de aviário... 8 2.5.3 Construções de piquetes para sistema de produção semi-intensivo... 10 2.5.4 Equipamentos necessários... 11 2.6 SISTEMAS DE CRIAÇÃO DE AVES... 12 2.6.1 Frango Convencional... 13 2.6.2 Frango Caipira ou Colonial... 14 2.6.3 Frango Alternativo... 14 2.6.4 Frango Orgânico... 16 2.7 MANEJO ALIMENTAR... 17 2.7.1 Alimentos... 18 2.7.2 Água... 20 2.7.3 Concentrados... 20 2.7.4 Mineralização... 22 2.7.4.1 Macroelementos e sua importância... 23 2.7.4.2 Microelementos e sua importância... 23 2.7.5 Composição da pastagem nos piquetes... 24 2.7.6 Alimentação por fase... 25 2.7.6.1 Fase de cria... 25 2.7.6.2 Fase de recria... 26 2.7.6.3 Fase de terminação... 26 2.7.7 Conversão alimentar... 27 2.8 MANEJO SANITÁRIO... 28 2.8.1 Medidas Sanitárias... 28 2.8.2 Prevenção e Controle das Principais Doenças... 29

vii 7 2.8.3 Doenças parasitárias... 31 2.9 MELHORAMENTO GENÉTICO... 32 2.10 RAÇAS DE GALINHA... 32 2.10.1 Sem Raça Definida... 33 2.11 ANÁLISE FINANCEIRA DE MÓDULO DE PRODUÇÃO... 34 2.11.1 Módulo para corte... 34 2.12 COMERCIALIZAÇÃO... 34 3. MATERIAL E MÉTODOS... 35 3.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA... 35 3.2 DADOS METEOROLÓGICOS... 35 3.3 DIMENSIONAMENTO DAS INSTALAÇÕES... 36 3.4 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS... 37 3.4.1 Campânula... 37 3.4.2 Círculo de proteção... 37 3.4.3 Comedouros... 38 3.4.4 Bebedouros... 39 3.4.5 Balança... 39 3.4.6 Cama aviária... 39 3.4.7 Cortina... 40 3.4.8 Desinfecção... 40 3.5 COLETA DE DADOS... 40 3.6 VARIÁVEIS ANALISADAS... 42 3.6.1 Evolução peso vivo... 43 3.6.2 Ganho de peso médio diário... 43 3.6.3 Conversão alimentar... 43 3.6.4 Custo de produção... 44 4.1 EVOLUÇÃO DO PESO VIVO, GANHO DE PESO MÉDIO E CONVERSÃO ALIMENTAR... 45 4.2 DOENÇAS... 47 4.3 INSTALAÇÕES ZOOTÉCNICAS E EQUIPAMENTOS... 48 4.4 CUSTO DE PRODUÇÃO DO LOTE EM ESTUDO... 48 5. CONCLUSÃO... 50 6. BIBLIOGRAFIA CITADA... 51 7.ANEXOS... 63

viii 8 LISTA DE FIGURAS Figura 01. Aviário com capacidade para 600 aves na Granja Xingu, Altamira PA.... 36 Figura 02. Campânula com capacidade para 500 pintos utilizado na Granja Xingu, Altamira, PA.... 37 Figura 03. Círculo de proteção utilizado na Granja Xingu, Altamira PA.... 38 Figura 04. Comedouro utilizado na Granja Xingu, Altamira PA.... 38 Figura 05. Bebedouro utilizado na Granja Xingu, Altamira PA.... 39 Figura 06. Evolução do peso vivo do plantel de 50 aves.... 45 Figura 07. Ganho de peso médio por ave... 46 Figura 08. Conversão alimentar de galinha caipira na Granja Xingu, Altamira PA.... 47 Figura 09. Preparo da água com açúcar fornecida aos pintinhos.... 55 Figura 10. Uso do bebedouro infantil.... 55 Figura 11. Realização da pesagem das aves.... 56 Figura 12. Captura das aves para a realização da pesagem das aves.... 56 Figura 12. Aves pastando no piquete.... 57

ix 9 LISTA DE TABELAS Tabela 01. Composição de rações para galinha poedeira e de corte... 19 Tabela 02. Quantidade de ração consumida... 27 Tabela 03. Dados de precipitação e temperatura média diária em Altamira, Pará, no período de Nov/2008 a fev/2009... 35 Tabela 04. Registro de datas e visitas realizadas para coleta de dados, na Granja Xingu, Altamira PA.... 41

2 x LISTA DE QUADROS Quadro 01. Principais doenças, sinais clínicos, prevenção e tratamento.... 30 Quadro 02. Calendário de vacinação para galinhas caipiras de acordo com a fase de criação.31 Quadro 03. Demonstrativo do custo de produção, dados da comercialização e receita líquida.... 49 Quadro 04. Modelo utilizado para calculo dos custos e comercialização e receita líquida... 54

3 SISTEMA ALTERNATIVO DE CRIAÇÃO DE GALINHAS CAIPIRAS UTILIZADO NA GRANJA XINGU, ALTAMIRA, PARÁ RESUMO: A criação de galinhas caipira no território da Transamazônica no Estado do Pará é uma atividade importante para os agricultores uma vez que contribui tanto na alimentação da família quanto na geração de renda. Este trabalho teve como objetivo principal avaliar as técnicas de manejo alimentar e sanitário no sistema alternativo de criação de galinha caipira na Granja Xingu, Altamira-Pará. Tendo como objetivos específicos avaliar a conversão alimentar das aves no ciclo de produção; observar a ocorrência de endo e ectoparasitoses; avaliar as instalações zootécnicas e equipamentos usados e analisar custo de produção do lote estudado. O trabalho foi realizado no período de 11 de novembro de 2008 a 20 de fevereiro de 2009 onde foram realizadas 10 pesagens, que tiveram início no dia do recebimento dos pintos até o 85º dia. Os resultados indicaram valor para a conversão alimentar média de 3,28 kg de ração para 1 kg de peso vivo, a não ocorrência de endo e ectoparasitoses, as instalações zootécnicas estão de acordo com as recomendações técnicas ao indicado na literatura, faltando alguns ajustes estruturais. Conclui-se que as técnicas de manejo alimentar e sanitário adotadas foram adequadamente utilizadas o que contribuiu para que os resultados da conversão alimentar, as instalações e equipamentos usados estavam de acordo com as recomendações técnicas, e foi comprovado que a atividade gera uma rentabilidade significativa para o produtor. Palavras-chave: Avicultura; Manejo alternativo; Sistema de produção.

1 1. INTRODUÇÃO A procura de maior produtividade e rentabilidade, a agropecuária tem conquistado, no Brasil e no mundo, desempenho cada vez melhor. Animais que antes levavam certo tempo para chegar ao abate hoje atingem o peso ideal numa fração desse período. Um frango, por exemplo, com menos de um mês e meio de vida já está disponível no mercado. Essa tecnologia que proporcionou essa evolução, elevando a escala de produção, e com isso maiores lucros, tem um preço a cobrar. Esse acelerado processo produtivo solapou parte da autenticidade dos produtos agrícolas oferecidos no mercado para os consumidores, a maioria dos alimentos não tem mais o mesmo gosto de antigamente. Os cruzamentos industriais e as rações comerciais, sobretudo na cadeia da avicultura, impuseram uma padronização não somente ao desempenho dos exemplares, mas também ao sabor de sua carne (GLOBO RURAL, 2002). O aumento da procura por alimentos com características naturais, faz com que o próprio mercado demonstre que há espaço para esses produtos, resgatando os sabores perdidos. A procura cada vez maior, dos consumidores, por alimentos saudáveis e naturais, faz com que a criação de galinha caipira desponte como uma atividade rentável, devido ao valor dos alimentos produzidos sem agredir o meio ambiente, nem causar sofrimento às aves, assim como a não utilização de produtos químicos na sua criação. Figueiredo et al. (2001), descreveram que a produção alternativa de frangos de corte e galinhas de postura tornou-se uma esperança para pequenos e médios produtores de qualquer região do Brasil, tanto para consumo doméstico, como para produção comercial, com ofertas de produtos nos supermercados, açougues e feiras-livres. No município de Altamira, Pará, não é diferente de outros municípios brasileiros. Agricultores vêm desenvolvendo essa alternativa que segundo Muniz (2001), apud Figueiredo et al. (2001) explica que não se trata de uma novidade no mercado, mas sim de uma modalidade antiga de criação de aves, obviamente com novas correções conceituais. Aqui o sistema organizacional completa a produção dirigida no campo da sanidade, genética, nutrição e gerenciamento como negócio. Este trabalho teve como objetivo geral investigar as técnicas de manejo alimentar e sanitário no sistema alternativo de criação de galinha caipira na Granja Xingu, Altamira-Pará.

2 Os objetivos específicos foram: avaliar a conversão alimentar das aves no ciclo de produção; observar a ocorrência de endo e ectoparasitoses; avaliar as instalações zootécnicas e equipamentos utilizados na criação de galinhas caipiras e analisar custo de produção do lote estudado.

3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. ORIGEM DA GALINHA O reconhecimento dos animais como sendo úteis para a humanidade se deu aproximadamente há 6.000 a.c., quando o homem primitivo, caçador e pescador, vendo escassearem os recursos em sua volta, apreendeu, multiplicou e domesticou os animais. Com essa domesticação o homem proporciona a esses animais cuidados e alimentação, e em troca recebe utilidades (TORRES, 1981). De acordo com Englert (1998), Perde-se nas cinzas da história o inicio da domesticação da galinha. Pesquisadores, concluem que a galinha foi domesticada no continente asiático, e a maioria destes sustentam a teoria de Darwin de que todas as raças existentes têm como origem o Gallus bankiva, também denominada de Gallus gallus que até hoje habita as selvas da Índia. Os autores Smith & Daniel (2000), apud Guelber Sales (2005), afirmam que há discussões sobre esse centro de origem, onde a teoria sustentada por Darwin defende que todas as raças existentes tiveram origem das raças asiáticas, pois o intenso cruzamento dessas aves com as aves européias, ocorridos a partir do século XV, não deixa nenhuma evidencia sólida de que esses argumentos sejam corretos. Atualmente os argumentos são sobre quatro espécies selvagens que contribuíram para o desenvolvimento da galinha moderna: a galinha de Java (Gallus varius); do Ceilão (Gallus lafayetti); de Bankiva (Gallus gallus), espalhada pela Índia Oriental, Malásia, Camboja, Sumatra e Filipinas; e a galinha de Sonnerat (Gallus sonneratti), na Índia Ocidental e Meridional. As pesquisas mais recentes têm indicado que essas quatro espécies não são uma simples variação de uma única espécie, como Darwin acreditava, mas espécies distintas entre as quais o cruzamento é quase impossível (SMITH & DANIEL (2000), apud GUELBER SALES, (2005). De acordo com Guelber Sales (2005), os arqueólogos mais recentes afirmam que a origem da galinha doméstica (Gallus domesticus) remonta há milhares de anos, onde a domesticação dessa espécie ocorreu a 3.000 a.c. Há evidencias de que as galinhas já eram conhecidas na Suméria no II milênio a.c.

4 Segundo o autor supracitado, no Egito a menção às galinhas data da segunda dinastia. Referências no século XIV a.c. e outras datadas do século IV a.c. mostram não só a continuidade da criação de galinha pelos egípcios, mas que estes foram capazes, também, de fazer incubação de ovos em larga escala. Segundo Mesquita (1970), apud Picoli (2004), a respeito da galinha no novo mundo, há vários questionamentos sobre estas terem origem na América através de Colombo ou se vieram com os espanhóis ou portugueses. As evidências favorecem a teoria pré-colombiana. Assim permanece uma questão se as galinhas eram naturais da América, se estas foram domesticadas pelos indígenas americanos, ou se elas foram trazidas pelo mar com os polinésios ou mesmo pelos próprios egípcios. De acordo com Cardozo & Yamamura (2004), os primeiros relatos da presença de galinha caipira no Brasil são do período colonial. Na carta enviada ao rei de Portugal, houve discrição do espanto dos indígenas brasileiros ao terem o primeiro contato com esta ave em uma nau da esquadra de Pedro Álvares Cabral. 2.2. A AVICULTURA NO MUNDO E NO BRASIL Em 1873 um grupo de criadores de várias regiões dos Estados Unidos e do Canadá fundaram a Sociedade Americana de Avicultura (American Poultry Association - APA). Sua proposta inicial foi padronizar as variedades de aves domésticas de modo a tornar imparciais e justas as decisões das premiações através das observações das características individuais marcadas. O espírito amador ainda muito evidente, e a criação de raças finas e sua exibição em exposições de aves tinha outros propósitos, mas não econômicos (GUELBER SALES, 2005). Foi a partir de 1888 depois das publicações de manuais, que passou a ser usado o manual dos criadores de aves adotado pela APA, com objetivos de estabilizar as raças comerciais e econômicas para obter uniformidade no tamanho, forma e cor, com boa produção e praticidade. No Brasil segundo Malavazzi (1977), no final do século XIX, foram importados para o país os primeiros galos e galinhas de raça pura e o homem passou a criar aves mais como

5 hobby, do que como meio de obtenção de lucros, onde a beleza das aves passava a ser valorizada, de acordo com as variadas cores das penas, tamanho e formação de cristas, posteriormente estas passaram a ser criadas para produção de ovos e carne. Segundo o referido autor, diversos fatos foram marcantes como: a criação do Instituto Biológico, dando início ao preparo de vacinas contra a bouba e a cólera; assim como a permissão do Governo Federal para a importação de material avícola, como incubadoras automáticas, permitindo dessa forma aos interessados iniciarem a venda de pintos de um dia em bases comerciais. A partir de 1960, principalmente na região sul do Brasil, houve o início da industrialização do sistema de produção de aves, com tecnologia adquirida na Europa e a implantação de técnicas de produção em escala industrial de acordo com os autores Cardozo & Yamamura (2004). Esse período ficou conhecido como especialização das raças, surgindo o sistema totalmente confinado, utilizado até os dias atuais. Segundo os autores supracitados com a introdução de diferentes linhagens estrangeiras no país, houve a rápida evolução de nossa avicultura, juntamente com a expansão da produção de grãos no Brasil e com isso a redução do custo devido à oferta dos subprodutos vegetal provenientes da soja e do milho. Com essa evolução agrícola a produção avícola atingiu índices de competitividade mundiais. Na Região Norte do país a criação de galinha caipira na agricultura familiar desempenha um papel importante na subsistência e na comercialização de ovos e aves podendo funcionar como uma renda emergencial ou até, como a principal renda do produtor. Segundo Ramos et al. (2001), a galinha caipira se encontra em 99,9% dos domicílios rurais da Região Meio-Norte do Brasil e também possui lugar de destaque no turismo gastronômico regional. No estado do Pará até meados da década de 1960 à avicultura era uma atividade restrita aos quintais das propriedades rurais, resumindo-se a uma avicultura tradicional, na qual se criavam as chamadas galinhas caipiras de dupla aptidão para auto-consumo (SANTOS et al., 2000). A partir de 1965 a avicultura do Pará passa a assumir padrões comerciais, devido ao convênio celebrado entre a Secretaria de Agricultura do Estado do Pará (SAGRI) e o

6 Ministério da Agricultura, permitindo a implantação de um incubatório com capacidade de 22 mil ovos/mês, no município de Ananindeua, visando solucionar um dos principais fatores limitantes ao desenvolvimento da atividade avícola na época, e no caso, assegurar a oferta de pintos de um dia e o início da avicultura de corte com bases comerciais, conforme Santos et al. (2000). Em 1977 a capacidade instalada da SAGRI havia sido ampliada em cerca de seis vezes mais, além da implantação feita pela iniciativa privada, e juntos geraram uma capacidade operacional para incubação de 300 mil ovos/mês. Essa foi uma das fases de maior exportação do Estado. Costa et al. (1995), apud Santos et al. (2000), destacam que no período de 1973 a 1980, o efetivo agrícola estadual evoluiu a taxas superiores a 10% ao ano, ou seja, praticamente duplicou no decorrer da década de 1970. Segundo Santos et al. (2000), o Estado do Pará está ocupando o décimo terceiro lugar entre os maiores produtores nacionais de frango. No conjunto dos Estados das Regiões Norte e Nordeste, o Pará ocupa o terceiro lugar, participando com 10,99% da produção total. Notadamente na Região Norte é o Estado que apresenta a avicultura de corte mais desenvolvida, dado que muitos produtores atingem índices zootécnicos compatíveis com aqueles obtidos nos grandes centros produtores do Brasil. 2.3. CLASSIFICAÇÃO ZOOLÓGICA DAS AVES Sobre as aves, segundo Englert (1998), estas podem ser classificadas através da classificação biológica que se refere ao esquema geral da classificação das espécies: FILO: Chordata; SUBFILO: Vertebrada; CLASSE: Aves; SUBCLASSE: Neornithes; SUPER ORDEM: Neognathae; ORDEM: Galliformes; SUBORDEM: Galli; FAMÍLIA: Phasianidae; SUBFAMÍLIA: Phasianinae; GÊNERO: Gallus; ESPÉCIE: Gallus domesticus.

7 2.4. CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA CRIAÇÃO DE GALINHA O bom êxito de uma criação depende de um planejamento minucioso e embasado em informações idôneas sobre os diversos pontos que a envolvem. Segundo Guelber Sales (2005) é importante que o criador se preocupe em obter a qualidade que o consumidor está buscando, com tecnologias poupadoras de energia e recursos. Para isso ele precisa buscar o máximo de informações sobre a atividade, capacitando se para fazer um planejamento do seu sistema de criação, adequando às informações recebidas às condições de sua propriedade procurando a autonomia da produção. Um bom planejamento em que as instalações a raça ou linhagem o manejo alimentar e sanitário a organização da produção e comercialização estejam bem definidos é essencial para o êxito na criação. 2.5. INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS As instalações em qualquer avicultura são indispensáveis para que exista produção rentável, seja para subsistência ou comercialização. Quando as aves são criadas soltas existe uma série de problemas que podem ser resolvidos com as instalações, devido o produtor poder controlar melhor o manejo alimentar e sanitário, a proteção contra predadores, a produção de carne e ovos, sendo todos fatores importantes para o sucesso da criação (ALBUQUERQUE et al., 1998). 2.5.1. Escolha da área Recomenda-se um local seco, ventilado, de pouca declividade evitando a formação de poças de água, é desejável manter o aviário de certa forma isolado e longe de outras criações de aves, que poderiam contaminar o ar com enfermidades. É importante que no local tenha uma vegetação que pode ser do tipo secundária, como capoeira, com árvores para sombreamento. Esta vegetação servirá de meio favorável para o criatório de insetos e moluscos que serão usados pela ave como fonte de proteína, complementando a alimentação (ALBUQUERQUE et al., 1998).

8 2.5.2. Tipos de aviário O aviário deve ser construído em um local seco, ventilado, com água de boa qualidade e quantidade, com energia elétrica, em terreno de boa fertilidade e que possua acesso fácil (SENAR, 2004). Segundo Silva (2006), o local ideal para as instalações é um terreno alto, seco e bem ensolarado, fora da rota de enxurradas e ventos. Galinhas resistem bem ao frio, mas umidade e calor excessivos podem ser fatais ao seu metabolismo. A sua localização no terreno deve ser no sentido leste oeste para que a linha do sol ao meio-dia passe pela cumeeira do aviário, evitando, assim que o mesmo entre na instalação no período de maior temperatura, aquecendo as aves, os ninhos, a ração nos comedouros e à água nos bebedouros (SENAR, 2004). O excesso de calor aumenta a mortalidade de aves no plantel. Além disso, aumenta o consumo de água e diminui o consumo de alimento, reduzindo, assim, o desenvolvimento das aves, a produção de ovos e o tamanho destes. Os tipos de aviário são: a) Aviário convencional para criação de galinha caipira Segundo recomendações do SENAR (2004), para a construção desse tipo de aviário são necessárias: - definir a quantidade de aves a criar, levando em consideração a disponibilidade de capital para investir, mercado consumidor, existência de mão-de-obra; - dimensionar o aviário, que dependerá do número de aves por metro quadrado, pois se recomendam 12 aves/m² no galinheiro e de 5m²/ave no piquete. Porém, segundo Albuquerque et al. (1998), se recomendam 5 a 6 aves/m² no galinheiro e no piquete 3m²/ave. - definir a altura do pé-direito, que deve ser no mínimo de 2,6m; - o beiral do telhado de um metro; - ter muretas nas laterais com 50cm de altura, isso serve para evitar respingos da chuva no galinheiro e vento frio; - estrutura que pode ser de alvenaria, madeira, concreto pré-moldado;

9 - usar telhas de barro; - fazer cabeceira e fundo do galpão, fechados; - fazer portas a cada seis metros de comprimento, em uma das laterais; - colocar tela de arame galvanizado nas laterais, acima das muretas e das portas; -fazer piso de cimento, possibilita a limpeza e desinfecção do galinheiro; -fazer rede de água e elétrica. b) Aviário alternativo O sistema alternativo de criação de galinha caipira preconiza a construção de instalações simples e funcionais, a partir dos recursos naturais disponíveis na propriedade do agricultor. As instalações devem oferecer principalmente um ambiente higiênico e protegido, que não permita a entrada de predadores e que ajude a minimizar os impactos de variações extremas de temperatura e umidade. Além disso, devem assegurar o acesso das aves ao alimento e a água (SILVA, 2006). O material usado para a construção do galinheiro alternativo, procura provocar o mínimo de danos ao meio ambiente, de aproveitar racionalmente os recursos naturais renováveis, procurando se adequar ao poder aquisitivo do produtor. Segundo Albuquerque et al. (1998), o material para a construção de um aviário pode ser encontrado na própria propriedade. Podendo ser utilizado madeira, bambu, taboca, palha, cavaco e outros. Para definir o tamanho do aviário, é necessário definir a quantidade de aves. Segundo Silva (2006) a lotação ideal para cada galpão varia conforme a construção e o clima. Recomenda-se de 9 a 12 aves/m². O comprimento deste galpão é variável, mas a largura não deve ultrapassar os 12 metros para que haja uma boa aeração. Segundo Albuquerque et al. (1998), o material utilizado na cobertura é irrelevante, podendo ser de qualquer tipo. Para os climas quentes como o da Região Norte do País, devese tomar cuidado de utilizar coberturas que absorva pouco calor, como: palha, cavaco e telha de cerâmica. O beiral tem que ter de 1 a 1,5 m para poder proteger as aves do sol e das chuvas durante o ano todo, principalmente das chuvas na Região Norte, onde a pluviosidade é elevada.

10 O piso do aviário pode ser de chão batido, tomando o cuidado de deixar a parte interna mais alta que a externa cerca de 0,2 m, para evitar a entrada de água no galinheiro, sendo importante também a utilização da cama aviária, que pode ser feita de palha de arroz ou capim seco picado, de sabugo de milho triturado, tomando-se o cuidado de utilizar o devido manejo higiênico e sanitário. As paredes poderão ser construídas com o material de fácil acesso na propriedade com varas de madeira, bambu e tábuas e telas de arame. Segundo Barbosa et al. (2007), a área construída deve apresentar detalhes que favorecem tanto a ventilação térmica, tornando o ambiente agradável para as aves. Com esse objetivo, recomenda-se um pé-direito de 2,1 m de altura, composto de rodapé 0,3 m e área vazada, limitada por tela de arame ou varas numa malha capaz de manter contidas as aves e de protegê-las de possíveis predadores. O rodapé poderá ser construído com tijolos, tábuas, taipa ou outro material disponível. A altura da cumeeira poderá variar, dependendo do material de cobertura. Se a opção for por telha, a inclinação será de 30, enquanto que para cobertura de palha se sugere uma inclinação de 45. Quanto à formação da cobertura, essa poderá ser tanto de quatro como de duas águas, desde que os beirais impeçam a penetração de raios solares nas horas mais quentes e as rajadas de ventos na época de chuvas. Com a mesma finalidade poderão ser usadas cortinas, desde que não escureçam o interior das instalações. 2.5.3. Construções de piquetes para sistema de produção semi-intensivo As aves devem ter a sua disposição áreas com gramíneas, que apresentem boa massa verde, para pastejo, denominados de piquetes. Quando não estão no aviário, as aves ficam no piquete, reduzindo, assim, o consumo de ração. Este local onde as aves ficam soltas para ciscar deve ser construído de tela ou varas de madeira e bambu, com altura aproximada de 2 metros. O tipo de pastagem deve ser resistente ao pisoteio e a períodos mais secos do ano e ter boa capacidade de rebrota. Ainda recomenda-se a construção de um piquete que fique em descanso para facilitar a rebrota da pastagem fazendo rodízio de piquete (MEGALE-FILHO & REIS, 199...). Devem ser

11 plantadas árvores para fazer sombra às aves, nos períodos mais quentes do dia, de preferência frutíferas, pois servirão de alimentos as aves (SENAR, 2004). 2.5.4. Equipamentos necessários Diversos equipamentos e acessórios são encontrados a disposição do produtor para serem utilizados durante a criação de aves, de acordo com idade e finalidade da produção (SENAR, 2004). a) Círculo de proteção e campânula O círculo de proteção mantém os pintos próximos a fonte de calor e uniformiza a distribuição destes. Pode ser feito com chapas de Eucatex, de compensado, de metal ou de plástico, com 60 cm de altura. A campânula é usada para o aquecimento dos pintos no início da criação. Segundo recomendações da Megale-Filho & Reis, [199...] nos primeiros dias, o principal inimigo da criação capaz de exterminá-la é a falta ou excesso de calor. As aves ainda não desenvolveram a capacidade de controlar a temperatura do seu corpo, por isso ficam inteiramente sujeitas às variações externas. Um pintinho nasce com 39,8ºC e cabe ao criador atenuar as diferenças entre as temperaturas do corpo e a do meio ambiente. Essa medida se faz com campânulas elétricas ou a gás, indicados para lotes de até 500 pintinhos. O comportamento da ninhada dirá se a temperatura dentro do círculo está ou não adequada. A altura correta da campânula é cerca de 90 cm, podendo variar em função da quantidade de pintos alojados por círculo e da temperatura externa. Todas essas variações devem levar em conta o bem-estar das aves, por isso, é importante ficar atento ao comportamento dos pintinhos, verificar se eles estão circulando a vontade, sem fugir da fonte de calor, sem se aglomerarem e também se estão comendo e bebendo a vontade. Pintinhos amontoados junto à campânula e piando indica calor insuficiente, ao contrário, se permanecerem distante da campânula, mas piando, há excesso, bom sinal é vê-los regularmente distribuído, em silêncio, alimentando-se normalmente.

12 b) Comedouros e bebedouros Segundo Barbosa et al. (2007), estão à disposição do criador de galinhas, no país, modelos de comedouros e bebedouros, manuais ou automáticos, que podem ser utilizados nas condições de criação alternativa de galinha caipira. Porém, fica a cargo da criatividade do criador utilizar modelos artesanais de bebedouros e comedouros, desde que as condições de sanidade e funcionalidade sejam mantidas. No caso específico do sistema alternativo a opção por bebedouros confeccionados com garrafas PETs e comedouros feitos com varas, de tubos plásticos em forma de calha foram bem sucedidos, facilitando a higienização. Para os primeiros dias de criação a recomendação é usar um comedouro tubular infantil para 60 pintos. Posteriormente, fornecer um comedouro tubular adulto para 35 aves. Os bebedouros de pressão, tipo copo, durante os três primeiros dias de idade para 80 aves, depois substituir por um bebedouro pendular automático, segundo sugestão do SENAR (2004). c) Cama aviária A cama é um material que se usa para forrar o piso do aviário. A finalidade da cama é impedir que a umidade do chão e das fezes passe para as aves e, também, evitar a formação de calosidades no peito que irão depreciar as carcaças quando da comercialização das aves. O material usado pode ser de sabugo de milho triturado, casca de arroz ou casca de café, além de outros materiais absorventes e isolantes (MEGALE-FILHO & REIS, 199...). É importante que o material utilizado esteja bem seco, sem resíduos químicos ou fungos (SENAR, 2004). d) Balança A balança é usada para acompanhar o desenvolvimento das aves, para pesar alimentos e as aves a serem comercializadas. 2.6. SISTEMAS DE CRIAÇÃO DE AVES

13 Existem diversas formas diferentes de criação de frangos e galinhas caipiras em função da região, instalações, manejo, ambiência, nutrição, linhagens, medidas profiláticas, aspectos sanitários, planejamento da produção e capacidade de investimentos na atividade, desta forma, apresenta-se algumas destes formatos pesquisados. Segundo a Associação da Avicultura Alternativa AVAL (2004), citado por Demattê-Filho et al. (2005), os sistemas de criação de frangos podem ser assim classificados: 2.6.1. Frango Convencional Frangos produzidos em granjas de exploração e linhagem comercial geneticamente selecionada para alta taxa de crescimento e excelente eficiência alimentar, criados em sistema intensivo com uma densidade elevada segundo as normas sanitárias vigentes, sem restrição ao uso de antibióticos, coccidiostáticos, promotores de crescimento, quimioterápicos e ingredientes de origem animal na dieta. O período de alojamento fica em torno de seis semanas. Este sistema é caracterizado por apresentar alta densidade de produção, ganho de peso e crescimento corporal rápido, boa conversão alimentar e abate precoce. No Brasil a média de idade de abate é de 42 dias com peso médio de 2,350 kg, sendo permitido o uso de medicamentos preventivos e curativos (CARDOZO & YAMAMURA, 2004). Segundo Figueiredo et al. (2007), é o sistema utilizado em granjas de exploração comercial, de linhagens comerciais geneticamente selecionadas para alta taxa de crescimento e excelente eficiência alimentar, criados segundo as normas sanitárias vigentes, sem restrições ao uso de antibióticos, anticoccidianos, promotores de crescimento, quimioterápicos e ingredientes de origem animal. Segundo Englert (1998), ao decidir criar frango de corte, há necessidade de instalação da granja, onde devem ser levados em consideração vários fatores de ordem econômica e técnicas, para isso, o empreendedor necessitará de: capital inicial, mercado consumidor e potencial de consumo, estradas e vias de acesso, energia elétrica, água, condições climáticas, condições topográficas, tipo de solo e drenagem, encarregado da granja e mão-de-obra, telefone, área da granja, proximidade de abatedouros, proximidades de fábrica ou distribuidor de rações e concentrados. Esses são alguns pontos que devem ser levados em

14 consideração em qualquer empreendimento avícola, antes de tomar qualquer iniciativa devese calcular exatamente o custo necessário para tal investimento. 2.6.2. Frango Caipira ou Colonial Aves cuja alimentação é constituída por ingredientes exclusivamente de origem vegetal, sendo proibido o uso de promotores de crescimento, coccidiostáticos e antibióticos na ração. O sistema de criação é feito em galpões, até os 28 dias de idade. Após essa idade, soltos a campo, sendo sua criação semi-intensiva, recomendando-se 2 a 5m 2 de área no piquete por ave. O abate realiza-se com a idade mínima de 85 dias. As linhagens utilizadas devem ser próprias para este fim, sendo proibidas às linhagens comerciais específicas para frango de corte (DEMATTÊ-FILHO et al., 2005). 2.6.3. Frango Alternativo De exploração intensiva, sem restrição de linhagem, criado sem o uso de antibióticos, coccidiostáticos, promotores de crescimento, quimioterápicos, e ingredientes de origem animal na dieta. As linhagens podem ser as mesmas que as utilizadas no frango industrial, às diferenças estão por conta da densidade que deve ser bem menor e o tempo de alojamento que fica em torno oito semanas. Existe uma forte demanda, em todos os países, notadamente nos mais desenvolvidos, por alimentos não contaminados por agrotóxicos, que não contenham resíduos de qualquer natureza, que valorizem atributos tais como aparência e sabor, que estejam associados ao bem estar animal e social e, ambientalmente limpo. Isso questiona o paradigma do custo mínimo e abre espaço para novas formas de produção, menos intensiva, mas que asseguram os aspectos anteriormente mencionados (FIGUEIREDO et al., 2001). Esse novo sistema de produção oferece ao consumidor um produto saudável e de elevado valor nutricional, isentos de qualquer tipo de resíduos que ofereça risco a saúde do consumidor, do produtor e do meio ambiente. Esses modelos diferenciados atualmente atingem cada vez mais consumidores e vem apresentando uma demanda crescente, atualmente

15 mais se fala em consumo consciente, onde os consumidores estão preocupados em consumir alimentos que estejam sendo produzidos sob condições que preservem o meio ambiente e que são pautadas pela responsabilidade social. Segundo Demattê-Filho et al. (2005), em criações intensivas, ocorrem o aumento de reação de pânico, diminuição exagerada da locomoção e efeitos negativos em músculos, ossos e articulações de pernas e pés. Além disso, aliam-se a preocupação devido ao contínuo uso de medicamentos como os promotores de crescimento antimicrobianos e os anticoccidianos são práticas rotineiras na prevenção de doenças e melhoria da produtividade, reduzindo a idade de abate. O Sistema Alternativo, ao mesmo tempo em que resgata a tradição de galinhas caipiras, tem como objetivo o aumento do padrão econômico da agricultura, principalmente familiar, melhorando a qualidade e aumentando a quantidade da produção. Esse sistema minimiza os danos ao meio ambiente, as aves são criadas em ambientes mais naturais são submetidas a menos estresse, sua carne é considerada de melhor sabor e menor teor de colesterol. Lana (2000), apud Picoli (2004) publicou que em 1988 foi introduzida no Brasil a linhagem de galinha caipira francesa Label Rouge, dando o primeiro passo para o desenvolvimento da avicultura alternativa, que hoje no país apresenta pouco mais de 1% do mercado avícola e seu crescimento ainda não acompanha o potencial do mercado consumidor que é cada vez mais exigente em alimentos saudáveis e de qualidade. Segundo Schmidt & Figueiredo (2007), a criação de galinha alternativa no Brasil vem crescendo desde a década de 1990. Os empresários dedicados a essa atividade estão se multiplicando, abrangendo um leque de iniciativas baseadas em motivos ecológicos e principalmente na busca por saúde. Na Europa esse sistema de produção é conhecido como Label Rouge, que busca produzir alimentos saudáveis. No Brasil esse sistema pode ser chamado de sistema alternativo de produção de galinha caipira, os nomes são diferentes, mas o conceito é o mesmo: um frango rústico, criado fora do galpão em pelo menos parte do tempo para que possa movimentar-se pelo terreno e pastar, procurando os alimentos que mais lhe interessam é justamente o que garante a ave seus maiores diferenciais o sabor e a textura da carne.

16 Segundo Demattê-Filho et al. (2005), sistema alternativo é o sistema de produção de aves de exploração extensiva ou não, sem restrições de linhagens, criados em o uso de antibióticos, anticoccidianos, promotores de crescimento, quimioterápicos e ingredientes de origem animal na dieta. A isenção dessas substâncias será total, se houver necessidade de uso para fins terapêuticos o lote será comercializado como convencional, implicando em perda da qualidade própria do frango alternativo. A produção de galinhas caipiras no Brasil concentra-se mais na agricultura familiar. Nessas condições ela representa muitas vezes a viabilidade econômica das propriedades rurais, dos assentamentos da reforma agrária e de alguns pequenos municípios em vários estados brasileiros ( Oliveira et al., 2007). Atualmente a produção conta com uma criação tecnificada, onde se busca melhorar o desempenho das aves via melhorias das linhagens ou raças utilizadas, melhoria na alimentação, no manejo e nos cuidados sanitários para garantir uma produção sistematizada e contínua, com a qualidade necessária para o abastecimento dos canais de comercialização, obedecendo toda a legislação sobre comercialização de alimentos de origem animal (BARBOSA et al., 2007). Segundo Barbosa et al.(2007), a produção alternativa de frango de corte pode ser uma opção interessante para produtores rurais localizados em agrovilas, assentamentos rurais, distribuídos nos municípios do interior do Brasil, entretanto é necessário que as iniciativas empreendedoras nesta área garantam a qualidade do produto, para se ter acesso a mercado, não danifique o meio ambiente e favoreça o bem-estar do homem e das aves. 2.6.4. Frango Orgânico Criado segundo as normas de produção orgânica, cujas principais características produtivas são a alimentação das aves com ingredientes que tenham origem orgânica, cultivada respeitando-se o bem-estar e o meio ambiente. O sistema de criação é feito em galpões, até os 28 dias de idade. Após essa idade, soltos a campo, sendo doravante sua criação semi-intensiva, recomendando-se 2 a 5m 2 de área no piquete por ave. O abate realiza-se com a idade mínima de 85 dias. As linhagens utilizadas devem ser próprias para este fim, não sendo

17 recomendadas às linhagens comerciais específicas para frango de corte (DEMATTÊ-FILHO et al., 2005). 2.7. MANEJO ALIMENTAR A crescente demanda de alimentos, de modo especial aqueles oriundos da exploração animal, foi e continua sendo o fator básico do extraordinário desenvolvimento verificado no campo da criação de aves, devido a seu rápido ciclo de produção (ANDRIGUETTO et al., 1983). De acordo com Englert (1998) a nutrição das aves faz parte da nutrição dos monogástricos e pode ser definida como o estudo dos processos pelos quais a ave ingere e assimila o alimento com finalidade de promover crescimento e repor tecidos. Segundo o autor supracitado até o final do século XX as aves eram criadas soltas e supriam suas necessidades alimentares ingerindo insetos, vegetais e grãos. Somente por volta de 1900 é que se começou a usar rações a base de grãos de cereais e alguns subprodutos de origem vegetal e animal. Naqueles tempos a produção se verificava na primavera, quando havia, quantidade suficiente de pastos, raios solares e insetos que contribuíam para um balanço nutritivo completo dos pintinhos. Hoje, a nutrição avícola tem um desenvolvimento científico e tecnológico que acompanha os avanços das técnicas nas viagens espaciais e na eletrônica. Isso porque ao criar aves no confinamento total, tornou-se indispensável fornecer a estas máquinas vivas todos os nutrientes necessários para que cresçam o mais rápido possível e produzam o máximo de ovos e carne (ENGLERT, 1998). Do ponto de vista econômico, é justamente sobre o fator alimentação que recai a maior parcela dos significativos ônus de produção, fazendo com que os benefícios finais da criação das aves sejam mais ou menos sensíveis, conforme varia a eficiência das rações utilizadas e, mais especificamente, os custos de produção destas mesmas rações. Daí a preocupação de melhorar a eficiência das rações, não apenas utilizando matéria prima de melhor qualidade, mas adotando ou introduzindo, paralelamente, tecnologia de fabricação,

18 com o objetivo de utilizar o máximo da potencialidade destas mesmas matérias primas (ANDRIGUETO et al., 1983). O objetivo econômico da alimentação das aves produtoras de carne e de ovos é a conversão de alimentos para animais em alimentos para uso humano, valorizados pelas transformações fisiológicas que sofrem. Sob este aspecto as aves são, possivelmente, os animais que operam tais transformações com maior rapidez e eficácia. Por exemplo, uma poedeira de 1,8 kg produz por ano cerca de 11,4 kg de ovos, ou seja, cerca de 6,3 vezes o seu próprio peso. Um frango de corte transforma cerca de 4,2 kg de ração em 2 kg de seu próprio peso vivo em aproximadamente 52 dias (ENGLERT, 1998). Segundo Oliveira et al. (2007), a alimentação apresenta 70% do custo da produção das aves, principalmente porque as matérias-primas são largamente usadas tanto para criação de aves quanto para consumo humano. Portanto, se deve buscar fontes alternativas de alimentos, principalmente energéticos e protéicos, como também de formulações que atendam as necessidades qualitativas e econômicas de produção da galinha caipira. Ramos et al. (2001), afirma que o objetivo principal desse manejo é suprir as necessidades nutricionais das aves em todos os seus estágios de desenvolvimento e produção, otimizando o crescimento, a eficiência produtiva e a lucratividade da exploração, já que o custo com alimentos representa 75% do custo total de produção. Diante disso, o manejo alimentar proposto para o sistema alternativo de criação de galinha caipira prevê a integração das atividades agropecuárias, com o aproveitamento de resíduos oriundos da atividade agrícola. 2.7.1. Alimentos Segundo Guelber Sales (2005), em relação à alimentação das aves, temos que ter em conta as exigências nutricionais, sua fisiologia e finalidade para que o sistema possa oferecer ao máximo a qualidade do que ela necessita o balanceamento, a quantidade certa. As rações devem prover proteínas, carboidratos, gorduras, minerais e vitaminas. Rações incompletas ou inadequadas poderão ocasionar queda no crescimento ou produção,

19 perda da eficiência ou sintomas nutritivos de deficiência (ENGLERT, 1998). O autor ressalta conforme a Tabela 1: que a energia e a proteína formam a parte mais cara de uma ração. Num estudo do custo dos vários nutrientes de uma ração para as aves em postura e outras para frango de corte, o Professor H. R. Bird da Universidade de Wisconsin chegou aos seguintes valores para uma ração formulada com matérias primas brasileiras. Tabela 01. Composição de rações para galinha poedeira e de corte NUTRIENTES RAÇÃO PARA RAÇÃO PARA POEDEIRAS FRANGO DE CORTE ENERGIA 50,0% 38,5% PROTEÍNAS 44,0% 50,0% MINERAIS 4,5% 2,5% VITAMINAS 1,5% 9,0% Fonte: Englert, (1998). Observa-se que o custo de energia e da proteína somadas fica em torno de 90% do custo total da ração, por isso, tudo o que poder ser feito para baixar este custo refletirá diretamente no custo total da ração. A energia de uma ração é aquela parte que a ave vai utilizar para; crescimento, produção de ovos, movimentos musculares, manutenção da temperatura do corpo, respiração, trabalho do coração, funcionamento do aparelho digestivo, síntese de inúmeros compostos e processos bioquímicos. Quando a ave ingere alimentos que contém energia em excesso, ela os deposita em forma de gordura. Uma ração deficiente em energia poderá determinar uma diminuição no crescimento da ave, bem como queda na postura e perda de peso. Todos os ingredientes com exceção dos minerais possuem energia (ENGLERT, 1998). Segundo Englert (1998), as proteínas são importantes para a formação e dos músculos, tecidos, sangue, penas, ovos, anticorpos, enzimas, hormônios e são necessárias para a constante reposição dos tecidos. Uma deficiência de proteína na ração poderá ocasionar uma queda no crescimento, canibalismo e diminuição de produção. As matérias-primas mais

20 usadas como fontes de proteínas nas formulações de rações para aves são, entre outras, a farinha de peixe, farinha de carne, farelo de soja, milho e sorgo. Os minerais e vitaminas como nos casos de outros nutrientes estudados, apresentam aspectos especiais em vista que devem ser dados na quantidade correta para o atendimento das necessidades, a fim de permitir o desenvolvimento da ave e suas funções normais. São as vitaminas que regulam as funções metabólicas. Os sintomas de deficiência vitamínica que normalmente podem aparecer são crescimento retardado, penas eriçadas, fraqueza geral, perda de apetite e palidez (ANDRIGUETO et al., 1983). 2.7.2. Água Segundo Englert (1998), ao determinarmos o local do aviário, devemos nos certificar se existe água potável em abundância, não somente para servir as aves, como também para a limpeza do ambiente e utensílios. O fornecimento de água para as aves deve ser feito em quantidades suficientes e com boa qualidade. Estima-se que as aves consomem de água o dobro da ração fornecida. A água de boa qualidade deve ser incolor, sem sabor, sem odor e livre de impurezas, devendo ser renovada diariamente (ANDRIGUETO et al., 1983). 2.7.3. Concentrados Os alimentos nesta categoria são ricos em carboidratos e denominados energéticos, cuja percentagem de energia esta acima de 60% na composição da matéria seca. Também estão às fontes de proteínas, de um modo geral são de origem vegetal e animal. As fontes vegetais fornecem outros nutrientes importantes, como carboidratos e fitoquímicos, que previnem doenças. Por outro lado, a proteína animal é rica em ferro, zinco e vitaminas do complexo B. Portanto não há como dizer que uma é melhor que a outra, mas sim que a composição da alimentação com alimentos de ambas as fontes é a ideal (GUELBER SALES, 2005).

21 De acordo com Englert (1998), os cereais são em geral de grande valor energético, pois possuem alta concentração de amido e baixo teor de fibra. São os cereais que fazem a parte volumosa da ração, daí a sua grande importância no cálculo de rações agrícolas. A sua palatabilidade é alta e de ótima aceitação pelas aves. Segundo Guelber Sales (2005), as principais fontes de energia e proteínas para a alimentação de galinhas são: a) Milho (Zea mays L.) é a principal fonte de energia e pigmentos naturais; a xantofila é importante para a coloração da gema do ovo, característica muito observada pelos consumidores. O autor Englert (1998), relata que é importante que o milho utilizado na mistura de rações avícolas esteja moído para evitar que as aves escolham apenas as partículas de milho ao comer, desbalanceando assim sua ração. b) Sorgo (Sorghum bicolor Moench) é uma gramínea bastante rústica e produtiva, cujo valor nutricional do grão é bastante semelhante ao do milho. c) Trigo (Triticum aestivum L.) e arroz (Oryza sativa L.) são importantes alimentos energéticos, especialmente nas regiões do país onde são produzidos em grandes quantidades. Seus subprodutos, os farelos de trigo e arroz, são ricos em carboidratos, proteínas e vitaminas do complexo B. Devido ao seu alto teor de fibras são mais recomendadas para aves adultas, principalmente frango de corte, pois para os pintinhos causam efeito laxante. Mesmo aos adultos seu emprego deverá estar condicionado aos valores de fibras tolerados (GUELBER SALES, 2005). d) Raízes e tubérculos são ricos em energia e poderão ser usados na alimentação das aves in natura ou desidratados e transformados em farelo. A mandioca (Manihot esculenta Crantz.) por ser popular, é muito cultivada em todo o Brasil, nesse sentido é o tubérculo mais usado na alimentação das aves, mas poderão ser usados também as sobras e os refugos de lavouras de outros tubérculos e raízes muito aproveitamento na alimentação das aves. e) Farelo de soja é o suplemento protéico de origem vegetal usado em maior quantidade para rações de aves, devido ao seu teor de proteína bruta que varia entre 44 a 47% no farelo de boa qualidade e sua excelente composição em aminoácidos essenciais, um subproduto da indústria de óleo, pois através desse processamento, o teor de proteínas fica concentrado e eliminam-se

22 fatores antinutricionais presentes na soja crua e também o óleo, que em excesso, prejudica a dieta. f) Guandu (Cajanus cajan (L.) Millsp.), tem assumido importância como fonte de proteínas e minerais na alimentação humana, como adubo verde e planta forrageira, pelo seu alto valor protéico. Haag (1987), apud, Guelber Sales (2005), verificou que, com a inclusão de ração com mais de 30% de guandu, houve um aumento na taxa de crescimento basal obtida quando se utilizou apenas milho e soja como fonte protéica. g) Farinha de peixe é também fonte de ácido ômega três. Ela é o produto obtido da cocção do peixe integral, extração de parte da gordura, secagem e moagem. No Brasil se produz a farinha de peixe de sardinha, possui aproximadamente 65% de proteína (ENGLERT, 1998). Outras formas de origem de proteínas de origem animal estão à farinha de carne, de osso, de ostras, através também de larvários, minhocas, lagartas nas pastagens, sendo estes três últimos, encontrados durante as pastagens das aves em sistema semi-intensivo (GLOBO RURAL, 2002). 2.7.4. Mineralização Os minerais são importantes na dieta alimentar das aves, alguns são na formação dos ossos e da casca do ovo, outros são necessários aos processos metabólicos, hormonais e enzimáticos. Os minerais mais críticos nas rações são chamados de macro elementos porque entram em maiores quantidades nas rações. Outros devem estar presentes em menores quantidades são os chamados microelementos, mas são igualmente essenciais (ANDRIGUETO et al., 1983). A quantidade e a qualidade dos minerais na ração são muito importantes, quando em quantidades abaixo das necessidades, aparecerão deficiências nutricionais, se em excesso o crescimento poderá ser retardado, a eficiência de antibióticos poderá ser afetada e vitaminas poderão ser destruídas (ENGLERT, 1998).