ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA



Documentos relacionados
CAPITAL DE GIRO: ESSÊNCIA DA VIDA EMPRESARIAL

Tópicos Especiais de Análise de Balanços

Neste contexto, o Fluxo de Caixa torna-se ferramenta indispensável para planejamento e controle dos recursos financeiros de uma organização.

ASPECTOS AVANÇADOS NA ANÁLISE

- Gestão Financeira 1 -

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Administração Financeira

Pelotas, 24 de abril de 2012 Disciplina: Economia CAPITAL DE GIRO. Professor Alejandro Martins..

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS LIQUIDEZ: A CAPACIDADE DE PAGAMENTO DAS EMPRESAS

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS» ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA «

TÓPICO ESPECIAL DE CONTABILIDADE: IR DIFERIDO

10. Balanço Patrimonial Plano de Contas

Princípios Fundamentais Contabilidade

GESTÃO FINANCEIRA UMA ANÁLISE SIMPLIFICADA

Prof. Cleber Oliveira Gestão Financeira

GLOSSÁRIO DE TERMOS CONTÁBEIS

Questões de Concursos Tudo para você conquistar o seu cargo público ]

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS UNIDADE VI - ÍNDICES DE RENTABILIDADE

Ciclo Operacional. Venda

PLANEJAR, ELABORAR E CUMPRIR METAS

Análise das Demonstrações financeiras

Vamos à prova: Analista Administrativo ANEEL 2006 ESAF

EXEMPLO COMPLETO DO CÁLCULO DO FLUXO DE CAIXA COM BASE EM DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS

ANÁLISE E APLICAÇÃO DOS ÍNDICES DE LIQUIDEZ APLICADOS AS EMPRESAS EM GERAL COM BASE EM SEUS EMONSTRATIVOS CONTÁBEIS

Unidade II CONTABILIDADE. Prof. Jean Cavaleiro

Elementos Operacionais e Não Operacionais nas Demonstrações Contábeis

[ GUIA ] GESTÃO FINANCEIRA PARA EMPREENDEDORES

2.1. Referencial Histórico sobre o Modelo Tradicional de Liquidez

Boletim. Contabilidade Internacional. Manual de Procedimentos

Análise Econômico-Financeira

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

Contas. Osni Moura Ribeiro ; Contabilidade Fundamental 1, Editora Saraiva- ISBN

Lista de Exercícios ENADE

Demonstrações Financeiras Externas

Previsão da Necessidade de Capital de Giro utilizando os preceitos do Modelo de Entrada- Saída de Leontief

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA: UM INSTRUMENTO AO PROCESSO DECISÓRIO

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ORÇAMENTÁRIA

Sumário. 1 Introdução. Demonstrações Contábeis Decifradas. Aprendendo Teoria

Política monetária e senhoriagem: depósitos compulsórios na economia brasileira recente

IFRS TESTE DE RECUPERABILIDADE CPC 01 / IAS 36

! Revisão de conceitos importantes! Fluxo com VRG diluído! Fluxo com VRG no final do contrato! Comparação com outras alternativas de financiamento

FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO. Isabele Cristine e Vivian Vasconcelos

INVESTIMENTO A LONGO PRAZO 1. Princípios de Fluxo de Caixa para Orçamento de Capital

Eólica Faísa V Geração e Comercialização de Energia Elétrica S.A.

IBRACON NPC nº 25 - CONTABILIZAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONSTRIBUIÇÃO SOCIAL

Manual do Revisor Oficial de Contas IAS 7 (1) NORMA INTERNACIONAL DE CONTABILIDADE IAS 7 (REVISTA EM 1992) Demonstrações de Fluxos de Caixa

Introdução. Graduanda do Curso de Administração - FACISA/UNIVIÇOSA. geisesilva_3@yahoo. com.br. 2

Confederação Nacional da Indústria. - Manual de Sobrevivência na Crise -

CENTRO DE ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO DISCIPLINA: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA I CAPITAL DE GIRO

FLUXO DE CAIXA. Entradas a) contas à receber b) empréstimos c) dinheiro dos sócios

UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA - SP CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Prof. Izilda Lorenzo. Resumo 3

O mercado monetário. Mercado Financeiro - Prof. Marco Arbex. Os mercados financeiros são subdivididos em quatro categorias (ASSAF NETO, 2012):

Relação entre Capital de Giro e Necessidade de Capital de Giro.

PASSO 8 IMPLANTANDO OS CONTROLES

Professor conteudista: Hildebrando Oliveira

ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL. FASF - Faculdade Sagrada Família - Curso de Administração - Disciplina Contabilidade Geral - 3º periodo

Unidade II. Unidade II

Análise demonstrações financeiras instrumento de grande utilidade; Previsão de insolvência; Análise de informação objetiva do desempenho.

O TÊRMOMETRO DA EMPRESA

Unidade II ESTRUTURA DAS. Prof. Me. Alexandre Saramelli

A IMPORTÃNCIA DO CAPITAL DE GIRO E ALGUMAS SOLUÇÕES PARA O PROBLEMA DE CAPITAL DE GIRO

ESSE CURSO FOI CRIADO E É PROMOVIDO PELA INSTITUIÇÃO. Todos os Direitos Reservados

INDICADORES FINANCEIROS NA TOMADA DE DECISÕES GERENCIAIS

Indicadores de Risco Macroeconômico no Brasil

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Como elaborar o fluxo de caixa pelo método indireto? - ParteI


CPF DO CANDIDATO (A): DATA: 17/11/2014. NOME DO CANDIDATO (A): PROVA ESCRITA

1º CASO Cia. INVESTIDORA S.A.

ANÁLISE DE INDICADORES FINANCEIROS E A ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO FINANCEIRO

Fundamentos Decifrados de Contabilidade

Análise Financeira. Universidade do Porto Faculdade de Engenharia Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Economia e Gestão

Índices de Análise das Demonstrações Contábeis

FLUXO DE CAIXA: IMPORTANTE FERRAMENTA PARA AS DECISÕES EMPRESARIAIS Cristiane Aparecida MOTA 1 Hiroshi Wilson YONEMOTO 2 Marcela de Souza CABRAL 3

SIMCO 5.0 SIMULAÇÃO COMERCIAL

FLUXO DE FUNDOS E CAPITAL DE GIRO

Demonstração dos Fluxos de Caixa - DFC. Renato Tognere Ferron

De acordo com a NBC TG16(R1), estoques, seu item número 9 define como os estoques devem ser mensurados, assim transcrito abaixo:

PLANO DE NEGÓCIOS. Causas de Fracasso:

Olá, pessoal! Bons estudos! Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro.

UM CONCEITO FUNDAMENTAL: PATRIMÔNIO LÍQUIDO FINANCEIRO. Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira Rio, 07/09/2014.

ADMINISTRAÇÃOFINANCEIRA ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

Contabilidade Geral - Teoria e Exercícios Curso Regular Prof. Moraes Junior Aula 10 Demonstração do Fluxo de Caixa. Conteúdo

INSTITUIÇÃO COMUNITÁRIA DE CRÉDITO DE LONDRINA CASA DO EMPREENDEDOR NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS EM 31 DE DEZEMBRO DE

COMO CONVERTER DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS BRASILEIRAS PARA A MOEDA AMERICANA (FAS 52)

Adoção do IFRS no Brasil, uma verdadeira revolução contábil

AGÊNCIA ESPECIAL DE FINANCIAMENTO INDUSTRIAL FINAME RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO 31 DE DEZEMBRO DE 2008

CADERNO DE QUESTÕES PROCESSO SELETIVO TRANSFERÊNCIA VOLUNTÁRIA (TRV) 2ª ETAPA EDITAL 02/2015-COPESE DATA: 08/02/2015. HORÁRIO: das 09 às 12 horas

No concurso de São Paulo, o assunto aparece no item 27 do programa de Contabilidade:

Fluxo de Caixa O dia-a-dia das finanças em sua empresa!

PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 07. Subvenção e Assistência Governamentais

CONTABILIDADE GERAL. Adquira esta e outras aulas em CONCURSO PÚBLICO PARA TÉCNICO DA RECEITA FEDERAL

Aula 2 Contextualização

Obrigações. Fornecedores Salários a pagar Impostos a recolher Patrimônio Líquido. Capital Social Reservas 30.

PME & E PEQUENAS, MÉDIAS EMPRESAS E ENTIDADES

Transcrição:

APOSTILA DE ESTUDO ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Marcelo Cauduro de Castro - Mestre mccastro@terra.com.br MINI CURRÍCULO: Marcelo Cauduro de Castro é Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Finanças Empresariais pela Fundação Getulio Vargas com complemento na UCI, Administrador de Empresas e Contador pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Sua experiência profissional inclui 13 anos em bancos estrangeiros como gerente, diretor e consultor de empresas, conveniado da FGV em Blumenau e Itajaí por sete anos e atualmente sócio gerente da PowerSelf Desenvolvimento Pessoal e Power Training Consultoria e Treinamento Empresarial. Atua como docente em diversos cursos na área de finanças e contábil.

3 - A ANÁLISE DINÂMICA NA ADMINISTRAÇÃO DAS NECESSIDADES DE CAPITAL DE GIRO Introdução A analise financeira tradicional está baseada muitas vezes numa simples comparação de índices estáticos (estes índices serão detalhados no capítulo 4). Por exemplo, é comum analisarem a capacidade de uma empresa honrar suas dividas de curto prazo a partir da utilização do conhecido índice de liquidez corrente, que relaciona o Ativo Circulante com o Passivo Circulante. Assim, se este índice é igual a 1,84 se conclui que para cada R$ 1,00 de dívida no curto prazo a empresa possui R$ 1,84 a receber no curto prazo, o que demonstraria uma certa folga financeira. Na realidade, trata-se de um índice estático, isto é, pressupõe a liquidação de seus ativos circulantes, com a conversão de estoques e duplicatas em dinheiro para que a empresa possa saldar suas obrigações. Esta idéia de realização somente seria possível com o fechamento da empresa, pois aí sim a empresa estaria liquidando seus ativos para poder saldar suas dívidas. Uma empresa em funcionamento normal ao dar baixa de um item de seu estoque deve substituí-lo por um novo, sendo sua reposição automática, no ritmo do negócio. Segundo Leite, H.P e Hopp, J.C.I, A análise financeira tradicional parece estar inspirada pelas hipóteses pouco plausível de que a empresa vai ser liquidada no momento imediatamente seguinte ao levantamento do balanço patrimonial...se a relação percentual entre o exigível total e o ativo total for igual a 50% ou maior do que este está diante de uma empresa endividada; se a relação entre ativos circulantes e passivos circulantes for inferior a dois, devemos começar a desconfiar de sua solvência; se for menor do que um, podemos ter certeza de que ela está em crise. Em todos esses raciocínios, está subjacente o pressuposto ingênuo de que o pagamento das dívidas da empresa depende da liquidação de seus ativos, algo que somente ocorre quando a empresa está efetivamente sendo fechada. A dívida atual da empresa não será saldada pela realização de seus ativos aos seus respectivos custos, mas sim pela capacidade da empresa gerar um fluxo de recursos a partir de suas operações. A análise financeira correta deve considerar a empresa funcionando normalmente, e sua capacidade financeira é função de diversos fatores de caráter operacional e das decisões estratégicas tomadas pela direção. Desta forma, é fundamental analisar em conjunto com os índices estáticos os índices de atividade.

Índices de Atividade Os índices de atividade nos permitem a análise da circulação dos valores, sendo importantes na análise de liquidez, pois estão relacionados com a velocidade de conversão em numerário dos ativos circulantes e passivos circulantes. As medidas de liquidez são geralmente inadequadas, pois diferenças na composição dos ativos circulantes e passivos circulantes podem afetar significativamente a verdadeira liquidez da empresa. Por isso é importante ir além das medidas de liquidez global. Há vários índices disponíveis. Alguns já foram vistos na administração do ativo circulante, mas este é o momento de uma análise melhor. Compreendendo Giro e Prazos Médios O exemplo a seguir facilita na compreensão dos conceitos de giro e prazo médio: Uma fila única numa agência bancária numa determinada manhã (das 8 às 12hs) Entraram 480 pessoas nessa agência e a fila média era formada por 20 pessoas Se dividir o número de pessoas que entrou na agência (fluxo) pelo número de pessoas na fila (estoque), tem-se como resultado o número de vezes que a fila girou. Assim 480/ 20 = 24 (a fila girou 24 vezes pela manhã). O prazo médio de permanência da fila foi de PM = 4 horas X 60 = 240 min / 24 = 10 minutos. Giro é sempre calculado dividindo-se uma conta do DRE Demonstrativo de Resultados por uma conta do BP Balanço Patrimonial O Prazo Médio é sempre calculado dividindo-se o período desejado pelo giro Deduzindo a fórmula pode-se calcular o Prazo Médio diretamente. A seguir será destacado o Prazo Médio de Recebimento esclarecendo eventuais dúvidas. PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE DUPLICATAS A RECEBER Corresponde ao número de dias decorridos entre as vendas e o seu recebimento. O volume de duplicatas a receber é função do montante de vendas a prazo concedido aos clientes. Assim, quando as vendas se elevam, cresce também o volume de duplicatas a receber. Muitas empresas concedem prazos maiores para clientes toda vez que necessitam incrementar vendas. É muito importante que o analista conheça os principais clientes da companhia, a fim de identificar o grau de concentração das vendas, isto é, a dependência de poucos clientes, e a qualidade desses clientes. Giro = Vendas Anuais / Contas a Receber (média) PMR = 360 / Giro deduzindo as fórmulas tem-se: PMR = Contas a receber X 360 /Vendas Anuais Contas a receber ou duplicatas a receber devem ser calculados os valores médios. Não tendo utilizar o saldo final.

Normalmente, o analista externo não possui a informação das vendas a prazo. Assim, o analista terá que trabalhar com o valor total das vendas, que não traduz o prazo real de recebimento, mas que auxilia na análise quando comparado com os demais índices da atividade e sua evolução através do tempo. Exemplo de fixação Para uma melhor compreensão, suponha que uma empresa venda diariamente $ 20 (vendas a prazo), e que tenha um prazo médio de recebimento igual há 60 dias. Assim, esquematicamente tem-se: Dias 1 2 3 4...59 60 61 62 Venda a prazo 20 20 20 20...20 20 20 20 Contas Receber 20 40 60 80...1180 1200 1200 1200 Recebimentos 0 0 0 0..0 0 20 20 Utilizando a fórmula abaixo podemos calcular o montante do contas a receber: PMR = Contas a receber X 360 /Vendas Anuais Contas a receber = Vendas Anuais X PMR / 360 60 = Contas a receber X 360 / (360 X 20) Contas a receber = 7200 X 60 / 360 = 1200 A empresa vende $ 20 por dia, com prazo de 60 dias. No primeiro dia ela apenas vende, não tendo nenhuma entrada de recursos em virtude desse prazo, mas ela acumula a venda em Duplicatas a Receber. No segundo dia ela continua sem receber, acumulando $ 40 em Duplicatas a Receber. Observa-se que as Duplicatas a Receber crescem diariamente até atingir o nível de $ 1.200, ponto em que se deixa de crescer. A partir do 60º dia (ou 61º dia) há uma geração de $ 20 duplicatas a receber e uma redução de $ 20 de duplicatas diariamente. Supondo-se vendas constantes ao longo do ano e prazo médio de recebimento constante, pode-se verificar que após o 60º dia em atividade, o fluxo de caixa da empresa (entrada de recursos) não é afetado pelo valor do prazo médio de recebimento de vendas. O valor do prazo médio afetará somente o total do investimento em duplicatas a receber. Desse modo, se o valor do prazo médio for igual a 60 dias, resultará num volume de duplicatas a receber de $ 1.200. No entanto, para prazo concedido de 90 dias, as duplicatas atingiriam $ 1.800. As duplicatas a receber funcionam como um reservatório no qual entram vendas e, ao mesmo tempo há uma saída para o caixa.

O fluxo de entrada e saída do reservatório não depende do seu nível, mas de quanto entra diariamente no reservatório. Assim, o prazo médio do recebimento de vendas (PMR) não afeta o fluxo de caixa, mas apenas o volume de investimentos. No entanto, como o PMR não é rígido, as suas alterações provocam modificações no fluxo de entrada em caixa. Assim, se a empresa resolve conceder um prazo de recebimento maior, aumentará o volume de duplicatas a receber no ativo circulante e o total do ativo. Deste modo, aumentando o nível de investimentos da empresa, os financiamentos sobem em igual volume. Durante os dias em que a empresa não tem entrada de caixa (por exemplo, 30 dias, se ela passou de um prazo médio de 60 dias para um prazo médio de 90 dias) e suas obrigações continuam existindo. A empresa não pode simplesmente suspender seus pagamentos. Ela precisa encontrar uma fonte para suprir as necessidades desse período. Para esses 30 dias do exemplo deixaram de entrar em caixa 30 x $ 20, isto é, $ 600. A empresa precisará obter um financiamento igual a $ 600 (possivelmente financiamento bancário). Após os 30 dias, estará restabelecido o fluxo de caixa da empresa. No entanto ela continuará usando suas entradas diárias para pagar os compromissos diários com fornecedores, funcionários, governo,...desse modo, a companhia não tem como liquidar o empréstimo bancário, uma vez que os recebimentos de caixa ($ 20) estão comprometidos com as saídas (que continuam existindo) e os lucros mensais provavelmente não serão suficientes para isso. Assim, se a empresa elevou os investimentos em duplicatas a receber por tempo indeterminado, provavelmente vai precisar de financiamentos também por prazo indeterminado. Supondo que no 100º dia a empresa resolvesse conceder um prazo de 60 dias (ao invés de 30 dias anteriores). Esquematicamente: Dias 100 101... 130 131 132...160 161 Vendas a prazo 20 20... 20 20 20...20 20 Contas Receber 600 600... 600 620 640...1200 1200 Recebimentos 20 20... 20 0 0...0 20 30 dias x $20 = $600 (déficit de caixa) A forma mais adequada de financiamento seria de longo prazo, que inicialmente poderia ser de terceiros, mas que dependendo da geração de lucro da companhia poderia ser substituída por capitais próprios. Naturalmente, se a empresa elevar o investimento em duplicatas a receber por um curto espaço de tempo (devido a sazonalidade de vendas, por exemplo, ou mesmo um aumento temporário do prazo médio de recebimento de vendas), a forma mais

adequada de financiamento seria de curto prazo. Assim que o volume de duplicatas a receber decrescesse haveria um aumento na entrada de caixa suficiente para pagar o empréstimo tomado. Esses novos financiamentos representam uma despesa adicional para a empresa. Assim, o lucro líquido poderá ser reduzido, a não ser que a empresa eleve o preço de seus produtos a fim de cobrir essa nova despesa. Naturalmente, os prazos de recebimento de vendas (ou prazo médio de duplicatas a receber) são antes de tudo uma questão de mercado. Para empresas de atividades semelhantes, os padrões de crédito tendem a ser parecidos, a não ser que haja uma empresa que detenha uma grande parcela no mercado ou que tenha um produto diferenciado em sua qualidade, o que possibilitará a concessão de prazos menores, além de um maior rigor nos processos de apreciação de crédito. PRAZO MÉDIO DE ESTOCAGEM Este prazo indica quantos dias em média os produtos da companhia ficam armazenados até o momento da venda. Estoque Médio = (Estoque Inicial +Estoque Final) / 2 Giro = Custo de Mercadoria Vendida / Estoque Médio Prazo Médio de Estocagem = 360 / Giro Prazo Médio de Estocagem = Estoque Médio X 360 / CMV Prazo médio de estocagem e Idade Médio dos Estoques tem o mesmo significado Deduzindo as fórmulas acima podemos definir o valor do estoque médio ou final, dependendo das informações existentes, através da fórmula abaixo: Estoque = Prazo Médio de Estocagem X CMV / 360 Diferenças entre empresas comerciais e industriais Empresas comerciais Numa empresa comercial ocorre uma simples revenda de mercadorias. O custo de mercadorias é determinado pelo respectivo valor de aquisição das mesmas. CMV = EI + Compras E.F CMV = Custo da Mercadoria Vendida - EI = Estoque Inicial - EF = Estoque Final Pode-se imaginar o estoque de uma empresa como sendo um reservatório pelo qual atravessa um fluxo de Custo de Mercadoria Vendida durante o período. Dividindo-se esse fluxo (DRE) pelo volume do reservatório (BP) pelo qual ele passa, tem-se uma idéia de quantas vezes o estoque girou no período; isto é, quantas vezes o reservatório foi cheio e esvaziado. OBSERVAÇÃO: A avaliação do estoque médio seria muito mais precisa se tivesse uma média de estoques mensais.

E.M = (Ejan + Efev +...+ Edez) / 12 No entanto, essa maior precisão só seria acessível ao analista interno. O analista externo está limitado às demonstrações financeiras publicadas periodicamente pelas empresas. Assim, o analista externo deve se preocupar mais com as tendências (e variações) dos índices calculados do que com a magnitude dos mesmos. Quanto maior o giro dos estoques, menor será o prazo que os diversos produtos permanecerão estocados. A eficiência como os estoques são administrados influenciarão a Taxa de Retorno sobre o Ativo Econômico (como será visto adiante). Um maior prazo de estocagem forçará uma necessidade de maiores investimentos no Ativo, o que reduzirá a rentabilidade sobre o Ativo Total. A princípio, quanto maior for o giro dos estoques da empresa, maiores serão suas vendas. Isto é correto até certo ponto, pois a empresa poderá estar mantendo níveis baixos de estoques. Empresas industriais A empresa industrial adiciona valor às matérias-primas adquiridas ao transformá-las em produtos. Giro de estoque = Consumo de / Estoque médio de matérias-primas matérias-primas de matérias-primas Consumo de = Est. inicial + Compras - Est.final matérias-primas mat.primas mat.primas mat.primas Giro de estoque = Custo de Estoque de prod. Pro.em elaboração produção em elaboração Custo de = Consumo de + Manutenção + Mão de obra + Depreciação Produção mat.prima Giro de estoques = Custo de produtos Estoque prod. de prod. acabados vendidos acabados C.P.V. = Estoque inicial + Custo de produção - Estoque final prod.acabados prod. acabados Um dos problemas do dia a dia das empresas industria consiste na harmonização entre as vendas e a produção. Estoques excessivos de produtos obsoletos ou de lenta rotação podem elevar substancialmente o fator risco. A fim de atender os seus clientes, a empresa necessita manter um certo volume de produtos acabados. Para produzir esses bens à empresa precisa de matériasprimas, materiais indiretos, componentes e embalagens. O gerente de produção

de uma indústria volta a sua atenção para os estoques de matérias-primas e outros materiais de modo a garantir a segurança contra eventuais problemas de atraso na entrega por parte dos fornecedores. O gerente comercial se preocupará com a manutenção de estoques de produtos acabados, a fim de poder atender os seus clientes com uma certa folga, isto é, sem qualquer atraso. O gerente financeiro, no entanto, defenderá o mínimo de investimentos em estoque, a fim de minimizar a necessidade de capital de giro da companhia. Muitas vezes se verifica uma variação do volume de estoques das empresas, que pode ser originado por diversos fatores, como por exemplo: É comum a elevação de estoques durante períodos de baixo volume de vendas, antes de a empresa recorrer à paralisação de máquinas. Para empresas cujas vendas sejam sazonais, é comum a elevação do investimento em estoque no período imediatamente anterior ao pico de vendas. As empresas, cujas compras de matérias-primas sejam sazonais, por exemplo, em período de safra, os estoques de matérias-primas serão bastante elevados inicialmente de modo a suprir a produção ao longo do ano. Deve-se tomar cuidado com o cálculo do giro de estoques trimestrais de empresas cujas vendas sejam sazonais e também daquelas cujas matérias-primas sejam sazonais. A partir dos cálculos desses componentes pode-se adotar medidas que ajudem a eliminar pontos de estrangulamentos e agilizem o fluxo de produção. PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO Este índice nos fornece o tempo médio que leva entre o recebimento das mercadorias para revenda, ou das matérias-primas para serem transformadas, e o seu respectivo pagamento. Giro = Compras Anuais a Prazo / Contas a Pagar (saldo médio de fornecedores) PMP = 360 / Giro deduzindo as fórmulas tem-se: PMP = Contas a Pagar X 360 / Compras Anuais a Prazo Este índice apresenta a dificuldade de não se encontrar o valor das compras anuais a prazo nos balanços. No entanto, para uma empresa comercial pode-se chegar ao valor das compras a partir da equação abaixo: Compras = CMV + Estoque Final Estoque Inicial. Para uma empresa industrial, o analista externo pode ter dificuldades para obter o valor de compras. Neste caso o analista deve trabalhara com o CPV. Finalmente, podemos calcular o valor dos fornecedores, deduzindo as fórmulas apresentadas: Fornecedores (contas a pagar) = Prazo Médio Pagamentos X Compras / 360

PRAZO MÉDIO DE RECOLHIMENTO DAS OBRIGAÇÕES FISCAIS Este índice nos fornece o tempo médio que leva entre as Vendas e o recolhimento dos impostos indiretos. Giro = Impostos sobre vendas / Obrigações fiscais PMROF = 360 / Giro deduzindo as fórmulas tem-se: PMROF = Obrigações Fiscais X 360 / Impostos sobre vendas Obrigações Fiscais = PMROF X Impostos sobre Vendas / 360 Dentro do mesmo conceito, pode-se calcular os prazos médios de salários a pagar. Conceitos Importantes Após verificarmos os conceitos de Administração do caixa, do contas a receber e do estoque no Capítulo 2 e os conceitos dos Índices de atividade relacionados as contas do ativo e passivo circulante, vamos buscar a integração destas informações. No entanto, é importante relembrar que os ativos circulantes (AC), são também chamados de capital de giro (dentro da visão contábil) ou capital circulante e representam a parcela de investimento que circula de uma forma à outra, durante a condução normal dos negócios. Essa idéia compreende a transição periódica de caixa para estoques, destes para duplicatas a receber de volta para caixa que compõe o ciclo operacional de empresa. Caixa Estoque Duplicatas a Receber Caixa Por outro lado, os passivos circulantes (PC) representam os financiamentos de curto prazo da empresa, pois incluem todas as dívidas que terão seus vencimentos em um ano ou menos. Tais dívidas incluem fornecedores, bancos, empregados, impostos, dentre outros. Subtraindo-se do ciclo operacional o prazo de pagamentos tem-se o ciclo de caixa ou financeiro da empresa Na medida que efetuamos o gerenciamento do ativo circulante e do passivo circulante, passamos a defini-lo como capital circulante líquido (CCL) ou capital de giro líquido que pode ser considerado como a diferença entre os ativos circulantes e os passivos circulantes da empresa. DETALHE: OS AUTORES APRESENTAM CONCEITOS DIVERSOS NESTA ABORDAGEM. VAMOS UTILIZAR A FIM DE ESTUDO O SEGUINTE: CAPITAL DE GIRO (CONTABILMENTE): SÃO AS CONTAS DO ATIVO CIRCULANTE CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (CCL): DIFERENÇA ENTRE ATIVO CIRCULANTE E PASSIVO CIRCULANTE CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO: IDEM AO CCL CAPITAL DE GIRO (NA GESTÃO FINANCEIRA): DIFERENÇA ENTRE AS CONTAS PERMANENTES DO PASSIVO E AS CONTAS PERMANENTES

DO ATIVO. NOTE QUE MATEMATICAMENTE É O MESMO RESULTADO DO CÁLCULO DO CCL. Quando o AC > PC a empresa tem CCL positivo e significa que a empresa tem uma parcela do seu ativo circulante financiada por recursos de longo prazo (a soma do exigível a longo prazo e patrimônio líquido), também chamados recursos permanentes. Ativo Circulante Passivo Circulante CCL positivo Realizável a L.Prazo + Ativo Permanente Exigível a L. Prazo + Patrimônio Líquido Quando o AC < PC a empresa tem CCL negativo e significa que a empresa tem uma parcela do seu ativo realizável a longo prazo e/ou ativo permanente financiada por recursos de curto prazo (passivo circulante). Ativo Circulante Passivo Circulante CCL negativo Realizável a L.Prazo + Ativo Permanente Exigível a L. Prazo + Patrimônio Líquido ASPECTOS RELATIVOS O CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (CCL) De uma forma geral, as empresas possuem CCL positivo. Quanto maior a margem pela qual os ativos circulantes cobrem seus passivos circulantes, tanto mais apta ela estará para pagar suas contas nos vencimentos. Essa relação resulta do fato de que a conversão de ativos circulantes, de estoques para duplicatas a receber e destas para o caixa, provê os recursos necessários para pagamento das obrigações correntes, as quais representam o uso de caixa. Tais saídas de caixa são relativamente previsíveis. Quando uma obrigação é assumida, a empresa geralmente sabe a data do vencimento. Por outro lado, é difícil prever as entradas de caixa, isto é, a conversão de ativos circulantes para formas mais líquidas. Quanto mais previsíveis as entradas de caixa menores as necessidades de CCL por parte das empresas. Como a maioria das empresas não consegue

conciliarem entradas e saídas de caixa, os ativos circulantes precisam exceder os passivos circulantes. Fixando o conhecimento e a lógica, podemos afirmar o seguinte: CCL = AC PC ou matematicamente pode também ser calculado da seguinte forma: CCL = (Exigível a LP + Patrimônio Líquido) (Realizável a LP + Ativo Permanente) Equilíbrio Financeiro O Capital Circulante Líquido - CCL - constitui indicador de importância fundamental para julgar a situação de equilíbrio ou desequilíbrio financeiro da empresa. Uma empresa está em equilíbrio financeiro quando seu gerenciamento produz fluxos financeiros de entrada dimensionados e distribuídos ao longo do tempo, de tal modo que permitam enfrentar as necessidades financeiras correspondentes aos fluxos financeiros de saída (teoricamente CCL positivo). Ao contrário, encontrase em situação de desequilíbrio financeiro quando a gestão produz entradas relacionadas às receitas em montante insuficiente e/ou distribuídos no tempo de tal forma que não se cubra as necessidades financeiras relativas às necessidades de desembolsos (teoricamente CCL negativo). Alcançar uma situação de equilíbrio financeiro é indispensável para a sobrevivência da empresa. Podemos encontrar empresas que se encontram em condições de equilíbrio econômico (receitas superiores aos custos), que podem enfrentar dificuldades em decorrência de problemas financeiros, ou seja, de um desequilíbrio entre entradas e saídas. A Administração do CCL corresponde às operações de gerenciamento dos seus principais elementos: gerenciamento de liquidez, dos créditos de clientes, dos estoques e das diversas formas de passivos de curto prazo. A administração da empresa de um modo geral, e do CCL, em particular, não é composta de compartimentos estanques: a política eventualmente escolhida pela gerência em relação a um item determinado é, muitas vezes, suscetível de influenciar o desempenho de uma série de outras grandezas relacionadas de diversas maneiras como a primeira. A adoção de uma política diferente na concessão de créditos comercial (por exemplo, a redução drástica do prazo médio de recebimento de vendas) pode surtir efeitos relevantes sobre a dinâmica de toda uma série de outros itens da empresa. Dessa forma, dentro do CCL ocorrerão reflexos sobre a dinâmica dos estoques, tenderão a aumentar (se não houver intervenções simultâneas sobre a produção e sobre o suprimento de matérias-primas) com a provável queda nas vendas. RISCO X LUCRATIVIDADE (rentabilidade, taxa de retorno, lucro/receita) O investimento total de uma empresa engloba os ativos circulantes e os ativos permanentes, sendo que sua lucratividade e risco são afetados pela relação entre as duas categorias. O investimento em ativo permanente está relacionado

com a escala de produção e em ativo circulante com o nível de produção, acompanhando de forma direta os aumentos e reduções desta. Assim, se a empresa direcionar seus recursos para ativos de elevada liquidez (caixa, bancos e ativos financeiros de alta liquidez) em relação ao total de seu ativo, maior será a sua liquidez imediata e, portanto menor será o seu risco que ela estará assumindo. Assim, o administrador financeiro da companhia estará realizando uma administração conservadora. Por outro lado, se direcionados os investimentos para os ativos com prazo mais longo de realização (estoques, duplicatas a receber) o risco será maior, a liquidez imediata será menor e o pagamento pontual das dívidas no curto prazo dependerá da capacidade de recursos operacionais e novos financiamentos obtidos pela empresa. Trata-se, portanto, de uma administração mais agressiva. Se os investimentos forem direcionados para o ativo permanente, maior será o retorno alcançado pela empresa, mas maior ainda será o risco envolvido. Assim, a administração da liquidez, associa-se a uma escolha entre risco e lucratividade. É necessário um comportamento equilibrado da liquidez e muito atenção para antecipações de situações que possam favorecer uma modificação de seu grau. Numa empresa industrial o ativo circulante é tido como ativo de proteção e o ativo permanente como ativo gerador de lucro. Isto é, espera-se que numa empresa industrial os ativos fixos gerem a produção e conseqüentemente as vendas com lucros. Dentro do ativo circulante somente aplicações financeiras geram lucro, porém tal rendimento tende a ser inferior aquele que é gerado pela empresa em sua atividade. Caso contrário, os acionistas deveriam vender a empresa e aplicar os recursos no mercado financeiro. Assim, espera-se que se (AC/AT), tanto a lucratividade como os riscos decrescerão. E se (AC/AT), espera-se que tanto a lucratividade como os riscos se elevem. Lembrando, o CCL é a parcela do ativo circulante financiada por fundos permanentes. Naturalmente, quanto maior o CCL da empresa, maior será sua liquidez e menor o risco da empresa se tornar insolvente no curto prazo. A empresa se vê no dilema Risco X Lucratividade. A Lucratividade pode ser entendida como o lucro líquido que pode ser gerado por uma empresa através do maior volume de vendas ou da redução de custos. O Risco pode ser entendido como a probabilidade da empresa tornar-se tecnicamente insolvente (incapacidade da empresa pagar seus compromissos em dia). Uma empresa obtém financiamentos para seus ativos através de dívidas de curto prazo (passivo circulante) e fontes permanentes (exigível a longo prazo e patrimônio líquido). Dentro do passivo circulante existem os chamados créditos naturais: fornecedores, salários a pagar, encargos sociais obrigações fiscais que são fontes

de recursos não dispendiosas. No passivo circulante, somente empréstimos e duplicatas descontadas tem um custo estabelecido. Assim, conclui-se que a forma mais vantajosa para uma empresa se financiar, em termos de custo, é através das fontes de curto prazo. Deste modo, como o CCL representa a parcela dos ativos circulantes financiada por fundos permanentes, ele tem um custo que aumenta na proporção do seu volume. VISÃO FINAL DO MODELO DINÂMICO O capítulo apresentou os conceitos de prazos e giros, a abordagem do Capital Circulante Líquido (CCL) e suas características frente ao equilíbrio financeiro da empresa, bem como quanto às possibilidades de sua administração frente aos riscos e retornos. No artigo publicado pelo Professor Felix Theiss Junior, Análise do Capital de Giro: Modelo Dinâmico Versus Modelo Tradicional, buscamos conceitos e informações para o estudo final deste capítulo. Para qualquer análise dinâmica é necessário reclassificar as contas do balanço patrimonial por afinidade em obediência aos novos objetivos de utilização dos dados financeiros. Dessa forma, surgem 3 novas contas: as operacionais, que guardam relação com as atividades da empresa, ou seja, que se vinculam ao seu negócio; as estratégicas, que se referem às movimentações vinculadas à alta administração da empresa; e as táticas, que são aquelas de curtos e curtíssimos prazos, geralmente administradas pela tesouraria da empresa. Operacionais como contas operacionais podemos chamar aquelas que fazem parte do ativo e passivo operacional. Como essas contas giram rapidamente, elas são também chamadas de cíclicas. Assim, a diferença entre os Ativo Cíclico e Passivo Cíclico temos a Necessidade de capital de giro (NCG). Ativo Cíclico corresponde às contas principais de financiamentos espontâneos dados pela empresa. Elas guardam relação com as atividades operacionais da empresa. As operações se repetem constantemente num mesmo ritmo médio, a não ser que se introduzam mudanças estruturais no processo de produção. Essas contas estão sempre girando, isto é, sua reposição é automática, no ritmo do negócio, daí serem chamadas de cíclicas. Devemos observar a diferença entre a atual classificação e a tradicional. Por exemplo, estoques e duplicatas a receber eram contas denominadas realizáveis na classificação tradicional, isto é, supunha-se que o empresário poderia abrir mão delas a qualquer momento. No entanto, isso só é possível com a liquidação da empresa. Quando a empresa está em operação, ao ser retirado um item do estoque, outro deverá ser adquirido, caso se queira manter o mesmo nível de produção. Uma vez paga a duplicata, outra irá tomar-lhe o lugar. Ativo Cíclico = duplicatas a receber (-Provisão Devedores Duvidosos) + estoques + adiantamento a fornecedores + despesas antecipadas

Passivo cíclico corresponde às contas principais de financiamento espontâneo recebidos pela empresa, diretamente relacionada com a atividade operacional e que têm uma característica de renovação. Passivo Cíclico = fornecedores + despesas provisionadas (ocorridas, ainda não pagas): salários imposto indireto obrigações previdenciária + adiantamento de clientes Relembrando matematicamente: Necessidade de Capital de Giro (NCG) = Ativo Cíclico Passivo Cíclico o Conceito e considerações sobre a Necessidade de Capital de Giro (NCG) - pode ser definido como aquele necessário para que a rotação do ativo circulante seja suficiente para pagar o passivo nas datas dos vencimentos. Assim, a Necessidade de Capital de Giro nos mostra qual é o Capital de Giro mínimo que a empresa precisa ter, de modo que, através da rotação do seu ativo circulante ela possa gerar recursos suficientes para pagar as suas dívidas de curto prazo, sem precisar recorrer a empréstimos onerosos de curto prazo. A rotação, nesse caso, significa o ciclo necessário para criar dinheiro (movimento dos ativos desde a matéria-prima até o caixa). Por exemplo, se uma empresa tem um ciclo operacional de 120 dias desde o ingresso da matéria-prima até o ponto no qual a firma recebe dinheiro pela venda dos seus produtos acabados e, simultaneamente, tem um ciclo de 60 dias para pagar o passivo circulante, ela precisa ter um ativo circulante duas vezes maior do que o passivo circulante. Quando as saídas de caixa ocorrem antes das entradas de caixa, a empresa cria uma necessidade de aplicação permanente de fundos (necessidade de capital de giro), que é representada pela diferença positiva entre o ativo cíclico e passivo cíclico. Existe uma parcela dos recursos da empresa que estão imobilizados no ativo permanente. A Necessidade de Capital de Giro (investimentos que a empresa necessita fazer duplicatas a receber, estoques, adiantamentos a fornecedores, subtraídos das fontes de recursos operacionais, isto é, fornecedores, obrigações fiscais, obrigações trabalhistas e adiantamentos de clientes) é também um investimento permanente de recursos que a empresa faz, e que por isso, deve ser financiando preferencialmente por recursos permanentes. Esses recursos permanentes nada mais são do que Capital Circulante Líquido (parcela do Ativo Circulante financiada por recursos permanentes).

A necessidade de capital de giro é influenciada pelos seguintes fatores: NCG = f (Vendas) o A NCG aumenta quando as vendas aumentam, permanece constante quando as vendas não oscilam e reduz quando as vendas decrescem. NCG = f (prazos concedidos) o A NCG aumenta quando a empresa concede um prazo maior e vice-versa. NCG = f (prazos recebidos) o A NCG aumente quando há uma redução dos prazos concedidos por fornecedores e vice-versa. NCG = f (política de estoques) o A NCG aumenta quando a empresa aumenta o seu volume de estoque e vice-versa. Estratégicas além das contas cíclicas existem as permanentes. Estes dois agrupamentos diferem em função de seus tempos de giro. Enquanto as cíclicas giram rapidamente, as permanentes não giram ou giram lentamente, ou seja, são de longo prazo. As contas permanentes podem ser reclassificados da seguinte forma: Contas Permanentes do Ativo: Realizável a Longo Prazo e Permanente Contas Permanentes do Passivo: Exigível a Longo Prazo e Patrimônio Líquido A diferença entre as contas permanentes do passivo e do ativo é conhecida como Capital de Giro (CDG) e esta definição já nos era familiar no modelo tradicional, calculado pela diferença do ativo e passivo circulante. Relembrando matematicamente: C.D.G. = (Patrimônio Líquido + E.L.P.) (Ativo Permanente R.L.P.) o Conceito e considerações sobre o Capital de Giro (CDG) - A importância da análise do capital de giro é devido à existência de uma defasagem entre os vencimentos das obrigações correntes e da realização dos ativos correntes. Por exemplo, quando uma empresa compra a prazo, sabe-se com antecedência as condições de crédito e as datas de vencimento das obrigações. A dificuldade existe em prever quando ocorrerão as entradas de caixa. Quanto mais previsíveis forem as entradas de caixa, menos capital circulante líquido será necessário, podendo a empresa operar com pouco ou nenhum CDG. As empresas que possuem entradas de caixa incertas necessitam manter níveis de ativos circulantes adequados para suprir as obrigações correntes, isto é, essas empresas necessitam de capital circulante líquido. Uma empresa possui duas fontes principais para financiar seus ativos: Dívidas de curto prazo (passivo circulante)

Recursos permanentes (exigível a longo prazo e patrimônio líquido). O capital circulante líquido é a parcela do ativo circulante financiada por fundos permanentes. Naturalmente, quanto maior o CCL da empresa, maior será sua liquidez e menor o risco da empresa se tornar insolvente no curto prazo conforme já analisado neste capítulo. Capital de giro é a fonte de recursos permanentes utilizada para financiar a necessidade de capital de giro da empresa. Transações que afetam o capital de giro Aumento do capital de giro Lucro líquido do exercício; Aumento do capital integralizado pelos acionistas; Obtenção de empréstimo de longo prazo; Transformação de realizável a longo prazo em ativo circulante; Recursos obtidos com a venda a terceiros de bens do ativo permanente (a vista ou a curo prazo) Redução do capital de giro Prejuízo líquido do exercício; Compra de ativo imobilizado a vista ou a curto prazo; Aquisição de novos investimentos permanentes em outras sociedades; Aplicação de recursos no ativo diferido; Fornecimento de empréstimo a longo prazo; Pagamento de dividendos; Resgate de dívidas de longo prazo, etc... Transações que não afetam o capital de giro Recebimento de duplicatas a receber; Aquisição de mercadoria a vista ou a curto prazo; Conversão de uma dívida a longo prazo em outra; Venda de bens do ativo permanente pagável a longo prazo; Aquisição de bens do ativo permanente pagável a longo prazo; Integralização de capital em bens do ativo permanente; Conversão de empréstimos de longo prazo em capital; Venda de estoques de produtos acabados a vista ou a curto prazo, etc... Táticas Para concluir a reclassificação do balanço, restam ainda um último agrupamento, que são contas de curtos e curtíssimos prazos, que não guardam relação com o processo produtivo e não são estratégicas como as de longo prazo. Estas contas são chamadas de erráticas ou financeiras e são divididas da seguinte forma: Contas Financeiras do Ativo: Caixa, Bancos e Aplicações de curto prazo

Contas Financeiras do Passivo: Duplicatas descontadas, dividendos a pagar e empréstimos. A diferença entre as contas financeiras do ativo e do passivo é chamada de Saldo de Tesouraria (T). Relembrando matematicamente: Saldo de Tesouraria (T) = Ativo Financeiro Passivo Financeiro o Conceito e considerações sobre o Saldo de Tesouraria (T) O Saldo sendo positivo significa que a empresa tem disponibilidades de recursos que poderão ser aplicados no mercado financeiro e utilizados a qualquer momento aproveitando as oportunidades comerciais. No caso do Saldo ser negativo, demonstra a dependência de recursos onerosos. Neste ponto, pode-se finalmente apresentar o modelo funcional dinâmico do balanço patrimonial, através da seguinte fórmula: Saldo de Tesouraria = Capital de Giro Necessidade de Capital de Giro ou T = CDG - NCG Atentando para todas as contas do balanço patrimonial, observa-se que os conceitos abordados nesta parte do estudo foram integralmente relacionados nestes três novos grupos. Complementando, as considerações sobre o Saldo de Tesouraria, é a diferença entre capital de giro e necessidade de capital de giro. Se os recursos permanentes (patrimônio líquido + E.L.P.) não forem suficientes para cobrir os investimentos no ativo permanente, realizável a longo prazo e na necessidade de capital de giro da empresa, o saldo de tesouraria será negativo, o que força a empresa a recorrer a empréstimos a curto prazo. O saldo da tesouraria positivo indica que a empresa dispõe de fundos de curto prazo que poderão ser aplicados em títulos de liquidez imediata, aumentando assim a margem de segurança financeira da empresa. A existência de saldo negativos nesta variável não implica necessariamente uma situação financeira apertada. Na realidade, poucas empresas no Brasil apresentam saldo de tesouraria positivo, o que deve ser analisado e acompanhado com muita atenção é a proporção da tesouraria negativa em relação à necessidade de capital de giro e a tendência dessa relação. Se essa relação (T negativa / N.C.G.) for negativa e crescente ao longo do tempo, indicará que a empresa está se desequilibrando financeiramente.

Deve-se analisar também a tendência da relação N.C.G. sobre Vendas (ou sobre o ativo total), pois quanto maior for este índice maior será o ciclo de caixa da companhia, o que implicará num maior custo para a companhia. Efeito Tesoura É um indicador de risco que evidencia o descontrole no crescimento dos recursos onerosos de curto prazo. Esta afirmativa significa que o crescimento da NCG esta sendo financiado por recursos onerosos de curto prazo (empréstimos). Desta forma o T passa a ser cada vez mais negativo, variando em proporção superior a NCG. Este resultado decrescente em diversos períodos evidencia que a empresa esta recorrendo cada vez mais a empréstimos bancários. A tendência evidencia que a empresa caminha para a insolvência. No entanto o fato isolado não é preocupante, grave é a tendência. Análise Tradicional X Análise Dinâmica A combinação dos três elementos que compõem a posição de capital de giro da organização (CDG, NCG e T) determina sua estrutura financeira em dado período de tempo além da tendência assumida para um horizonte de tempo mais dilatado. Isto define que a análise dinâmica é mais sensível para detectar mudanças na situação financeira da empresa do que a análise tradicional. Finalmente, o Professor Felix Theiss Junior destaca que o modelo de analise dinâmica é especialmente útil quando a empresa dispõe de um sistema que permite simular cenários e respectivos fluxos de caixa, constituindo-se como uma boa ferramenta para o planejamento de tomada de decisão. Apesar de requerer um trabalho adicional (reclassificação do balanço) para aplicação do modelo, os benefícios são compensadores. O FLUXO DE CAIXA COMO SUPORTE DE DECISÃO Este instrumento tem como objetivo administrar os recursos do dia-a-dia da empresa (recebimentos e pagamentos), aliado a projeção de entradas e desembolsos, decorrentes das vendas, custos e despesas porvir. Objetiva efetivar um link entre o passado, o presente e o futuro, pois estas informações devem se unir para a adequada visualização da situação financeira da empresa, ou seja, sua capacidade de geração de caixa. Imagine o seguinte case para ilustrar a importância do uso deste instrumento gerencial. Uma empresa de refeições coletivas, elaborou seu o fluxo de caixa para um período de seis meses. Era julho e a projeção foi realizada até dezembro do mesmo ano. Os números eram promissores, até mesmo após o pagamento do décimo terceiro salário e férias. No entanto, num momento de reflexão e obedecendo a forte sazonalidade do setor, visto que a maioria dos clientes desfrutam de férias coletivas entre Natal e Ano Novo, foi decidido ampliar o prazo

de estudo do fluxo de caixa para abril do ano seguinte. O saldo negativo ficava evidenciado nos meses de fevereiro, março e abril, reflexos da queda das vendas no período sazonal. O fato de ter sido visualizado esta situação com oito meses de antecedência permitiu ações preventivas que minimizaram substancialmente o saldo negativo. Desta forma verifica-se que a empresa em situação financeira relativamente confortável pode ter surpresas negativas perante um efeito sazonal e de mercado. Agora, tratando-se de empresas com dificuldade, o não conhecimento de seu caixa projetado poderá trazer conseqüências muito mais danosas. Zdanowicz (1988, p.24-25) ratifica afirmando que o fluxo de caixa tem como objetivo básico à projeção das entradas e das saídas de recursos financeiros para determinado período visando prognosticar a necessidade de captar empréstimos ou aplicar excedentes de caixa nas operações menos rentáveis para a empresa. Complementando, Zdanowicz (1988, p.25) apresenta outros objetivos a serem considerados para a elaboração do fluxo de caixa nas empresas: o proporcionar o levantamento de recursos financeiros necessários para a execução do plano geral de operações e também da realização das transações econômicos financeiras pela empresa; o utilizar a melhor forma possível os recursos financeiros disponíveis na empresa para que não fiquem ociosos estudando antecipadamente a melhor aplicação o tempo e a segurança dos mesmos; o planejar e controlar os recursos financeiros da empresas em termos de ingressos e desembolsos de caixa através das informações constantes nas projeções de vendas, produção e despesas operacionais assim como de dados relativos aos índices de atividades, prazos médios de rotação de estoques, valores a receber e de valores a pagar. o saldar as obrigações da empresa na data do vencimento; o buscar o perfeito equilíbrio entre ingressos e desembolsos de caixa; o analisar as fontes de crédito que proporcionam empréstimos menos onerosos em caso de necessidade de recursos; o evitar desembolsos vultuosos em época de pouco encaixe; o desenvolver o controle de saldos de caixa o dos créditos a receber; o permitir a coordenação entre os recursos que serão alocados em ativo circulante, vendas, investimentos e débitos. A existência do fluxo de caixa numa empresa permite que todos os aspectos supracitados sejam atendidos e de forma eficaz. No entanto o cenário empresarial demonstra uma utilização insuficiente deste instrumento, visto a má gestão financeira levando um número significativo de empresas a sofrerem problemas de caixa, inclusive encerrando suas atividades. O fluxo de caixa é considerado como um dos principais instrumentos de análise e avaliação das empresas, uma vez que ele auxilia o entendimento do movimento do dinheiro num determinado período. O processo de decisão das melhores aplicações e fontes de recursos reflete-se nas diversas transações das empresas. As decisões relacionadas à compra de matérias-primas, investimentos em ativo permanente, desinvestimentos, aporte de

capital, aumento de empréstimos, reembolso de fundos constituem um contínuo fluxo entre os usos dos investimentos e as fontes geradoras. O fluxo de recursos de uma companhia se apresenta como um movimento que pode ser iniciado com a compra de matérias-primas. Estes recursos podem ser originados por um crédito dado à empresa pelos fornecedores ou mesmo pela redução das aplicações financeiras, no caso de compra a vista. Além da aplicação em matérias-primas, a empresa aplica fundos adicionais para fazer frente aos custos e despesas operacionais, de modo a transformar os produtos em elaboração em produtos acabados. Em seguida vêm as vendas dos bens, que pode ser feita à vista (os recursos recebidos são direcionados à conta caixa) ou prazo (há uma redução de estoques contrabalançada por uma elevação em duplicatas a receber, até que se inicie o pagamento por parte dos clientes, quando então os recursos se direcionarão para a conta caixa). A projeção do fluxo de caixa da companhia permite avaliar a capacidade da companhia de gerar recursos para cobrir o incremento de sua necessidade de capital de giro (função do volume de vendas e do ciclo financeiro da empresa), além de satisfazer as necessidades relativas ao pagamento de dividendos, de imposto de renda, pagamento de juros e das parcelas do financiamento de longo prazo que estejam vencendo. Assim, o modelo de fluxo de caixa possibilita avaliar a política de investimentos e de financiamentos e o realizado, podendo-se identificar eventuais variações e causas dessas ocorrências.

MODELO DE FLUXO DE CAIXA: a. RECEBIMENTOS RELACIONADOS ÀS VENDAS Vendas Brutas + duplicatas a receber (inicial) - duplicatas a receber (final) b. PAGAMENTOS RELACIONADOS ÀS OPERAÇÕES + impostos s/ vendas + obrigações fiscais (inicial) - obrigações fiscais (final) + compras de matéria prima + manutenção + mão de obra + fornecedores (inicial) - fornecedores (final) + despesas administrativas + despesas com vendas + despesas gerais + salários e encarregados (inicial) - salário e encargos (final) + outros passivos operacionais (inicial) - outros passivos operacionais (final) + outros ativos operacionais (inicial) - outros ativos operacionais (final) + pagamento de impostos de renda e contribuição social = FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL (A B) + pagamentos de empréstimos de longo prazo transferidos para o circulante + pagamento de juros + pagamento de empréstimo de curto prazo = FLUXO FINANCEIRO (C) + aumento de capital - compras de imobilizado + vendas de imobilizado - aquisição de investimentos + alienação de investimentos - aumento no ativo diferido + aumento no financiamento de longo prazo - variação do realizável a longo prazo - pagamento de dividendos = FLUXO DE CAIXA APÓS DECISÕES ESTRATÉGICAS (D) = FLUXO DE CAIXA PRELIMINAR = (A B C + D) + baixas em aplicações financeiras = FLUXO DE CAIXA APÓS BAIXA EM APLICAÇÕES FINANCEIRAS + novos financiamentos para capital de giro = FLUXO DE CAIXA FINAL