CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ AMANDA DE ANDRADE ANA PAULA DE ALMEIDA BRUNA LOZANO DA HORA RAFFAEL GRILLENI TIAGO DE MELO ALONSO



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Transcrição:

CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ AMANDA DE ANDRADE ANA PAULA DE ALMEIDA BRUNA LOZANO DA HORA RAFFAEL GRILLENI TIAGO DE MELO ALONSO NORMAS CONTÁBEIS: CPC 03 DEMONSTRAÇÃO NOS FLUXOS DE CAIXA e CPC 13 ADOÇÃO INICIAL DA LEI 11.638/07 E DA MEDIDA PROVISÓRIA 449/08 SANTO ANDRÉ 2009

AMANDA DE ANDRADE ANA PAULA DE ALMEIDA BRUNA LOZANO DA HORA RAFFAEL GRILLENI TIAGO DE MELO ALONSO NORMAS CONTÁBEIS: CPC 03 DEMONSTRAÇÃO NOS FLUXOS DE CAIXA e CPC 13 ADOÇÃO INICIAL DA LEI 11.638/07 E DA MEDIDA PROVISÓRIA 449/08 Trabalho de conclusão de curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do grau e bacharel em Ciências Contábeis à Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas do Centro Universitário Fundação Santo André Orientador: Professor Marcos Antônio Rodrigues SANTO ANDRÉ 2009

FOLHA DE APROVAÇÃO Candidato(a) Amanda de Andrade Nº 17.264 Ana Paula de Almeida Nº 17.189 Bruna Lozano da Hora Nº 17.179 Rafael Grilleni Nº 17.154 Tiago de Melo Alonso Nº 17. Título: NORMAS CONTÁBEIS: CPC 03 DEMONSTRAÇÃO NOS FLUXOS DE CAIXA E CPC 13 ADOÇÃO INICIAL DA LEI 11.638/07 E DA MEDIDA PROVISÓRIA 449/08 Trabalho de conclusão de curso apresentado como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis, à faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas do Centro Universitário Fundação Santo André. A banca examinadora, em sessão pública realizada em 25/11/2009, considerou os alunos: ( ) Aprovados ( ) Reprovados Professor Marcos Antônio Rodrigues Centro Universitário Fundação Santo André Professor Mestre Jairo da Rocha Soares Centro Universitário Fundação Santo André Professor Francisco de Paula Reis Junior Centro Universitário Fundação Santo André Assinatura Assinatura Assinatura

Agradecemos Ao Professor Marcos Antônio Rodrigues que em todos os momentos nos orientou para a execução de um bom trabalho. Ao auxílio dos demais professores que partilharam conosco suas experiências e tempo durante o decorrer do curso. E principalmente a Deus, que concedeu com sua sabedoria Divina, o exercitar contínuo de nossa paciência.

RESUMO O objetivo deste trabalho foi promover um estudo detalhado sobre os principais aspectos previstos nos seguintes pronunciamentos: CPC s 03 (Demonstrações no Fluxo de Caixa) e 13 (Adoção Inicial da Lei 11.638/07 e da Medida Provisória 449/08). Demonstramos os objetivos dos pronunciamentos CPC s 03 e 13, os seus principais pontos, bem como os principais problemas para a adoção das normas previstas nos mesmos. Devido às mudanças das normas contábeis serem recentes, e que, por esse motivo ainda estão no começo às pesquisas científicas sobre os resultados dessas mudanças, a metodologia adotada neste trabalho foi, basicamente, através de pesquisa bibliográfica e de publicações de trabalhos e estudos sobre o tema. Palavras chaves: Comitê de Pronunciamentos Contábeis, Demonstrações Contábeis.

SUMÁRIO Introdução 9 1 Normas Internacionais 11 1.1 Histórico de criação das Normas IAS / IRFS 11 1.2 Estrutura das Normas Internacionais IAS / IRFS 12 1.3 Normas Internacional Accounting e International Financial Reporting Standard 12 1.4 Considerações sobre a Lei 11.638/07 na prática 16 2 Convergência das Normas Internacionais no Brasil 18 2.1 Os Impactos dos Pronunciamentos Contábeis no Brasil 18 2.2 Principais Mudanças no ambiente normativo e regulatório 20 2.3 Ações Voltadas as Convergências no Brasil 20 2.4 Processo de Convergência no Brasil 20 3 Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) 22 3.1 Origem do CPC 22 3.2 Características Básicas 22 3.3 Pronunciamentos Contábeis 23 4 CPC 03 Demonstrações do Fluxo de Caixa 30 4.1 Definições dos Termos Usados 30 4.2 Caixa e Equivalentes de Caixa 31 4.3 Apresentação da Demonstração dos Fluxos de Caixa 32 4.4 Divulgação dos Fluxos de Caixa das Atividades Operacionais 34 4.5 Divulgação dos Fluxos de Caixa em uma base liquida 36 4.6 Fluxos de Caixa em moeda Estrangeira 36 4.7 Juros e Dividendos 37 4.8 Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Liquido 37 4.9 Investimentos em Controladas, Coligadas e Joint Ventures 38 4.10 Aquisições e Vendas de Controladas, Coligadas e Outras Unidades de Negócio 38 4.11 Transações que não envolvem Caixa e Equivalentes de Caixa 39 4.12 Componentes de Caixa e Equivalentes de Caixa 40 4.13 Outras Divulgações 40 5 CPC 13 Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da MP nº 449/08 41 5.1 Balanço Patrimonial e a Lei 11.638/07 após a MP 449/08 42 5.2 Instrumentos Financeiros 42

5.3 Arrendamento Mercantil Financeiro 43 5.4 Ativo diferido despesas pré-operacionais e gastos de reestruturação 44 5.5 Ativo Intangível 45 5.6 Valor de Recuperação de Ativos 45 5.7 Ajustes a valor Presente 46 5.8 Equivalência Patrimonial 46 5.9 Prêmios recebidos na emissão de debêntures e doações e subvenções 47 5.10 Reserva de Reavaliação 48 5.11 Lucros Acumulados 48 5.12 Aquisição de bens e serviços e remuneração com base em ações 49 5.13 Operações de incorporação, fusão e cisão 49 5.14 Demonstração do Valor Adicionado e dos Fluxos de Caixa 50 5.15 Primeira Avaliação periódica da vida útil-econômica dos bens do imobilizado 50 5.16 Regime Tributário de Transição (RTT) Normatização 50 6 Estudo de Caso 56 6.1 Balanço Patrimonial 56 6.2 Demonstração do Fluxo de Caixa 61 Considerações Finais 66 Bibliografia 67

9 INTRODUÇÃO O início do processo de Convergência das Normas Contábeis adotadas no Brasil às Normas Internacionais de Contabilidade se deu através da Lei 11.638/07, a partir do qual foi criado o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), que publicou os CPC s 01 a 20, até o dia 31 de agosto de 2009. Objetivos Esse trabalho tem por objetivo promover um estudo sobre os principais aspectos previstos nos seguintes pronunciamentos: CPC s 03 (Demonstrações no Fluxo de Caixa) e 13 (Adoção Inicial da Lei 11.638/07 e da Medida Provisória 449/08). A finalidade principal do CPC 03 é de demonstrar as alterações que ocorram no caixa ou em contas de mesmo funcionamento que a conta caixa, através de demonstrações que evidenciem os fluxos de caixa durantes os períodos que compreendem as atividades operacionais. Já a finalidade do CPC 13, é determinar quais serão as medidas a serem tomadas pelas empresas, necessárias à adoção inicial das regras de convergência das normas contábeis brasileiras às normas internacionais. Principais Pontos dos Pronunciamentos Os principais pontos abordados nos CPC s 03 (Demonstrações no Fluxo de Caixa) e 13 (Adoção Inicial da Lei 11.638/07 e da Medida Provisória 449/08) são: CPC 03 Atividades Operacionais; Atividades de Investimento; Atividades de Financiamento; Fluxo de caixa em moeda estrangeira; Juros e Dividendos; Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido; Investimentos em Controladas, Coligadas e Empreendimentos em conjunto (Joint Ventures); Transações que não envolvem caixa ou equivalentes de caixa; e Componentes de Caixa e Equivalentes de Caixa

10 CPC 13 Comparação das Demonstrações Contábeis de 2008 com 2007; Instrumentos Financeiros; Arrendamento Mercantil Financeiro; Ativo Diferido; Resultado de Exercícios Futuros; Ativo Intangível; Ajuste a Valor Presente; Equivalência Patrimonial; Prêmios na Emissão de Debêntures e Subvenções para Investimento; Prêmios na Emissão de Debêntures e Valores Mobiliários e Custos de Transação na Emissão desses Instrumentos Financeiros; Reservas de Reavaliação; Lucros Acumulados; Remunerações, Ativos e Serviços pagos com Ações (stock options); Combinações de Negócios; Vida útil econômica dos bens do Imobilizado; e Efeitos Fiscais sobre os ajustes no balanço de abertura de 2008. Os principais problemas para a adoção das normas previstas nos CPC s se referem à: - Falta de estrutura das empresas para a implementação das mudanças; e - Falta de profissionais capacitados para a implementação das normas introduzidas. Metodologia Considerando que as mudanças das normas contábeis são recentes, e que, por esse motivo ainda há poucas pesquisas científicas sobre os resultados dessas mudanças, a metodologia adotada neste trabalho será, basicamente, através de pesquisa bibliográfica e de publicações de trabalhos e estudos sobre o tema. 1. Normas Internacionais

11 As normas internacionais da contabilidade (Internacional Accouting Standard IAS) são um conjunto de pronunciamentos de contabilidade Internacionais publicados e revisados pelo IASB (Internacional Accouting Standards Board). As normas IFRS (Internacional Financial Reporting Standard) foram adotadas pelos países da União Européia a partir de 31 de dezembro de 2005 com o objetivo de harmonizar as demonstrações financeiras consolidadas publicadas pelas empresas abertas européias. A iniciativa foi acolhida internacionalmente acolhida pela comunidade financeira. 1.1 Histórico de criação das normas IAS / IFRS A criação de um comitê de pronunciamentos contábeis internacionais foi sugerida em 1972 durante o 10 congresso mundial dos contadores. O comitê de pronunciamentos contábeis internacionais chamado IASC (International Arctic Science Committee) em inglês, foi criado em 1973 pelos organismos profissionais de contabilidade de 10 países (Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos da América, França, Irlanda, Japão, México, Países baixos e Reino Unido). A nova entidade foi criada com o objetivo de formular e publicar de forma totalmente independente um novo padrão de normas contábeis internacionais que possa ser mundialmente aceito. O IASC foi criado como uma fundação independente sem fins lucrativos e com recursos próprios procedentes das contribuições de vários organismos internacionais assim como das principais firmas de auditoria. Os primeiros pronunciamentos contábeis publicados pela IASC foram chamados de International Accounting Standard (IAS). Em 1997, o IASC criou o SIC (Standing Interpretations Committee) um comitê técnico dentro da estrutura do IASC responsável pela publicações de interpretações chamadas SIC cujo objetivo era responder as duvidas de interpretações dos usuários. Em 1 de abril de 2001, foi criado o IASB (International Accounting standards Board) na estrutura do IASC que assumiu as responsabilidades técnicas do IASC. A criação do IASB teve objetivo de melhorar a estrutura técnica de formulação e validação dos novos pronunciamentos internacionais a serem emitidas pelo IASB

12 com o novo nome de pronunciamentos IFRS (International Financial Reporting Standard). O novo nome que foi escolhido pelo IASB demostrou a vontade do comitê de transformar progressivamente os pronunciamentos contábeis anteriores em novos padrões internacionalmente aceites de reporte financeiro com o fim de responder as expectativas crescentes dos usuários da informação financeira (analistas, investidores, instituições etc.). Dentre todos, o sistema alemão e canadense foram considerados os mais adequados, enquanto os sistemas inglês e americano como os que mais necessitam de adaptações. Em dezembro do mesmo ano o nome do SIC (Standing Interpretations Committee), foi mudado para IFRIC (International Financial Reporting Interpretations Committee). O IFRIC passou, portanto, a ser responsável pela publicação a partir de 2002 de todas interpretações sobre o conjunto de normas internacionais. Em março de 2004, muitas das normas IAS/IFRS foram publicadas pelo IASB, incluindo a norma IFRS 1 que define os princípios a serem respeitados pelas empresas no processo de conversão e primeira publicação de demonstrações financeiras em IFRS. Desde o 1 de janeiro de 2005, todos as empresas européias abertas passam adotar obrigatóriamente as normas IFRS para publicarem suas demonstrações financeiras consolidadas. Entrada em vigor das normas e padrões do IFRS, tornando-se obrigatória para todas as empresas de capital aberto e as de capital fechado de médio e grande portes. Os bancos podem passar a exigir as demonstrações finaceiras de acordo com o novo padrão. 1.2 Estrutura das normas internacionais IAS / IFRS As normas internacionais são compostas por um conjunto de cinco pronunciamentos técnicos, no qual todos são publicados pelo IASB em língua inglesa: - Framework (Framework for the preparation and presentation of Financial Statements) - IAS (Internacional Accouting Standard) - SIC (Standing Interpretations Committee)

13 - IFRS (International Financial Reporting Standard) - IFRIC (International Financial Reporting Interpretations Committee) A estrutura conceitual de preparação e apresentação das demonstrações financeiras internacionais é demonstrada no framework. Cabe ressaltar, que o framework não é uma norma internacional da contabilidade e caso tenha conflito entre qualquer norma internacional e o framework, as exigências da norma internacional prevalecem sobre o framework. 1.3 Normas Internacional Accouting Standard (IAS) e International Financial Reporting Standard (IFRS) As normas IAS e IFRS, inicialmente publicadas pelo IASC são atualmente revisadas pelo IASB. Até abril/2009 estão em vigor as seguintes Normas Internacional Accouting Standard (IAS), no qual totalizam a trinta normas: - IAS 1 "Presentation of Financial Statements" (Apresentação das demonstrações financeiras) - IAS 2 "Inventories" (Estoques) - IAS 7 "Cash Flow Statements" (Demonstração dos fluxos de caixa) - IAS 8 "Accounting Policies, Changes in Accounting Estimates and Errors" (Políticas contábeis, alterações de estimativas e Erros) - IAS 10 "Events after the Balance Sheet Date" (Eventos subseqüentes à data do balanço patrimonial) - IAS 11 "Construction Contracts" (Contratos de construção) - IAS 12 "Income Taxes" (Imposto de renda) - IAS 14 "Segment Reporting" (Relatórios por segmento)

14 - IAS 16 "Property, Plant and Equipment" (Ativo Imobilizado) - IAS 17 "Leases" (Arrendamentos) - IAS 18 "Revenue" (Receita) - IAS 19 "Employee Benefits" (Benefícios aos empregados) - IAS 20 "Accounting for Government Grants and Disclosure of Government Assistance" (Contabilidade de concessões governamentais e divulgação de assistência governamental) - IAS 21 "The Effects of Changes in Foreign Exchange Rates" (Efeitos das alterações nas taxas de câmbio) - IAS 23 "Borrowing Costs" (Custos de empréstimos) - IAS 24 "Related Party Disclosures" (Divulgações das partes relacionadas) - IAS 26 "Accounting and Reporting by Retirement Benefit Plans" (Contabilidade e emissão de relatórios para planos de beneficio de aposentadoria) - IAS 27 "Consolidated and Separate Financial Statements" (Demonstrações financeiras consolidadas e contabilidade para investimentos em subsidiarias) - IAS 28 "Investments in Associates" (Contabilidade para investimentos em Associadas) - IAS 29 "Financial Reporting in Hyperinflationary Economies" (Demonstrações financeiras em economias hiperinflacionárias) - IAS 31 "Interests in Joint Ventures" (Tratamento contábil de participação em empreendimentos em conjunto) - IAS 32 "Financial Instruments: Disclosure and Presentation" (Instrumentos Financeiros: divulgação e apresentação) - IAS 33 "Earnings per Share" (Lucro por ação)

15 - IAS 34 "Interim Financial Reporting" (Relatórios financeiros intermediários) - IAS 36 "Impairment of Assets" (Redução no valor recuperável de ativos) - IAS 37 "Provisions, Contingent Liabilities and Contingent Assets" (Provisões, passivos e ativos contingentes) - IAS 38 "Intangible Assets" (Ativos intangíveis) - IAS 39 "Financial Instruments: Recognition and Measurement" (Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e mensuração) - IAS 40 "Investment Property" (Propriedades para investimento) - IAS 41 "Agriculture" (Agricultura) Com relação às International Financial Reporting Standard (IFRS) estão em vigor até abril/2009 oito normas: - IFRS 1 "First-time Adoption of International Financial Reporting Standards" (Primeira aplicação das normas internacionais de contabilidade) - IFRS 2 "Share-based Payment" (Pagamentos em ações) - IFRS 3 "Business Combinations" (Combinações de negócios) - IFRS 4 "Insurance Contracts" (Contratos de seguro) - IFRS 5 "Non-current Assets Held for Sale and Discontinued Operations" (Ativos não correntes detidos para revenda e operações descontinuadas) - IFRS 6 "Exploration for and Evaluation of Mineral Resources" (Exploração e avaliação de recursos minerais) - IFRS 7 "Financial Instruments: Disclosures" (Instrumentos financeiros: Divulgações) - IFRS 8 "Operating Segments" (Segmentos operacionais)

16 1.4 Considerações sobre a Lei 11.638/07 A Lei 11.638/07 foi sancionada em 28 de dezembro de 2007, no qual altera e revoga os dispositivos da Lei 6.404 de 15/12/1976, e da Lei 6.385 de 07/12/1976, cujo objetivo principal é a alteração das regras contábeis. As principais mudanças trazidas pela Lei 11.638/07 são: definição das empresas de grande porte, auditoria das demonstrações financeiras, demonstração do fluxo de caixa, demonstração do valor adicionado (DVA), ativos financeiros (incluindo derivativos), ativos e passivos de longo prazo, investimentos em coligadas, combinação de negócios / aquisições de empresas, ativo imobilizado, patrimônio liquido, escrituração mercantil, recolhimento do CPC, entre outras alterações. 1.4.1 Substituição da DOAR pela demonstração do fluxo de caixa As sociedades anônimas de capital fechado deverão publicar as demonstrações de fluxo de caixa e se for sociedade anônima de capital aberto além da demonstração de fluxo de caixa deverão publicar a demonstração do valor adicionado que de acordo com a NBCT. 1.4.2 Criação de dois novos grupos de contas O ativo permanente, após as alterações ficou dividido em: investimentos, imobilizado, intangíveis e ativo diferido. Além disso, a nova lei substituiu a faculdade de reavaliações de bens pela obrigação de se ajustar o valor dos ativos e passivos a preço de mercado. De acordo com a nova lei o Patrimônio Liquido passou a ser estruturado da seguinte forma: 1 - Capital social 2 - Reserva de capital 3- Ajustes de avaliação patrimonial 4- Reserva de lucros

17 5 - Ações em tesouraria 6 - Prejuízos acumulados 1.4.3 Alteração no critério de avaliação de coligadas No balanço patrimonial serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial os investimentos em coligadas cuja administração tenha influência significativa ou que participe com 20% ou mais das ações ordinárias em controladas. 1.4.4 Criação da reserva de incentivos fiscais As empresas poderão destinar a parcela do lucro líquido decorrente de doações e subvenções governamentais para a conta de reserva de incentivos fiscais, no qual poderá ser excluído da base de cálculo dos dividendos obrigatórios. Antes da criação da lei 11638/07 os benefícios fiscais concedidos pelo governo eram contabilizados na conta de reserva de capital, sendo assim não devem transitar por contas de resultado.

18 2. Convergência das Normas Internacionais no Brasil Com a publicação da Instrução 457 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em julho de 2007, o padrão global de demonstrações financeiras Internacional Financial Reporting Standards (IFRS) passará a ser obrigatório nos balanços emitidos a partir de 2011, em todas as empresas de capital aberto. A principal finalidade do IFRS é padronizar os balanços para que agentes de mercado em qualquer parte do mundo possam compreender as demonstrações financeiras da companhia. Em tempos de globalização, um balanço em conformidade com os padrões internacionais agiliza os negócios, proporcionando credibilidade e facilitando o acesso ao crédito estrangeiro. Sendo um dos sistemas mais avançados do mundo, adequar-se ao IFRS representa um expressivo aprimoramento na contabilidade e, conseqüentemente, no desempenho das organizações brasileiras. O impacto do novo padrão nas demonstrações financeiras das instituições promete ser positivo. Ao ser corretamente implantado, permitirá uma divulgação mais clara, com dados pertinentes ao público de interesse. 2.1 Os Impactos dos Pronunciamentos Internacionais no Brasil Os Impactos dos Pronunciamentos serão: Impactos para a Economia Brasileiras, Impactos para as Empresas, Impactos para os profissionais de contabilidade (preparadores e auditores) e Impactos para os usuários. Os Impactos para as Empresas A adoção das IFRS é um grande passo no caminho da maior transparência das informações financeiras e da melhoria das praticas de governança coorporativa das empresas brasileiras. Quanto maior a transparência e comparabilidade das demonstrações contábeis, mais úteis elas se tornam, facilitando o processo de tomada de decisão e aumentando a confiança dos investidores, principalmente os internacionais.

19 Os Impactos para a Economia e para as Empresas O mundo ruma claramente para a convergência contábil. Mais de 100 países já adotam as IFRS. Esse movimento traz uma serie de vantagens, mas também muitos desafios. Ajustar-se às Normas Internacionais (IFRS) representa hoje mais que uma obrigatoriedade para as empresas brasileiras. É uma grande oportunidade de se integrar à nova linguagem internacional da contabilidade, que favorecerá o entendimento das demonstrações contábeis por parte dos investidores, dos órgãos reguladores internacionais e de todos os agentes de mercados. Os Impactos para os Profissionais de Contabilidade O modelo contábil internacional foi concebido em uma filosofia diferente da que fomos treinados e que estamos acostumados. È um modelo em que a Essência sobre a forma é o pilar do processo contábil, o que requer a necessidade de realização de julgamentos, aumentando a responsabilidade de quem prepara as demonstrações contábeis. As Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) privilegiam a essência sobre a forma e ditam o principio a ser seguido, não trazendo uma formulação detalhada de como proceder (regras) em cada tipo de transação, o que implica em um maior exercício do julgamento profissional quando da aplicação das novas normas. Os Impactos dos Pronunciamentos Internacionais no Brasil Essa é a maior mudança de praticas contábeis no Brasil desde a edição da Lei 6.404, ou seja, é a maior mudança dos últimos 31 anos. Migrar o modelo contábil brasileiro para o padrão internacional exigirá a avaliação dos impactos nos negócios, nos sistemas de informação e das necessidades de treinamento e qualificação dos profissionais envolvidos.

20 A mudança além da técnica é cultural. A contabilidade muda a sua base das regras para os princípios, o que requer do profissional de contabilidade o desafio de pensar e decidir para produzir informação útil. 2.2 Principais mudanças no ambiente normativo e regulatório - Criação do CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2005); - Edição dos Atos Normativos dos Reguladores (2006 e 2007): BACEN Comunicado n 14.256/06; CVM Instrução Normativa nº 457/07 e SUSEP Circular nº 357/07. - Criação do Comitê Gestor da Convergência no Brasil (2007); - Edição da Lei nº 11.638/07 (2007); e - Edição da MP 449/08 (2008). 2.3 Ações Voltadas á Convergência no Brasil O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) tem por objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pelas entidades reguladoras brasileiras, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. 2.4 Processo de Convergência no Brasil Considerando a inclusão do Brasil no necessário e irreversível processo de convergência às Normas Internacionais, o CFC e o IBRACON identificaram a necessidade de ampliar a outras áreas, além da Contabilidade (Societária), as ações necessárias a serem implementadas para essa convergência, notadamente às áreas de Auditoria, Contabilidade Publica e Assuntos Regulatórios.

21 Dessa forma, em complemento as ações que já vem sendo implementadas no Brasil, voltadas ao processo de convergência contábil (societário), conduzidas pelo CPC, desde 2005, foi criado em 2007 o Comitê Gestor da Convergência no Brasil. O plano de ação foi a proposição de ações e trabalhos a serem desenvolvidos visando a convergência, até 2010, nas áreas da Contabilidade Societária e Auditoria às Normas Internacionais emitidas pelo IASB e pela IFAC, respectivamente, e nos Assuntos Regulatórios às melhores praticas internacionais em matéria regulatória. A proposta para a Contabilidade Pública é que o prazo para a convergência integral às IPSAS (editadas pela IFAC) seja até 2012. 2.4.1 Principais Avanços e Impactos As principais ações implementadas são: Revisão da estrutura e do estilo das NBC s (Normas Brasileiras de Contabiilidade) considerando os requerimentos da IFAC e do IASB para aceitar as normas locais como correspondentes às normas internacionais, Revisão da estrutura das NBC s Resolução CFC nº 751 e Revisão das NBC s vigentes para determinar as atualizações necessárias. Com relação à convergência da Contabilidade Societária, em 2008 foram emitidos quinze pronunciamentos técnicos pelo CPC e duas orientações técnicas OCPC s. A estratégia adotada para o Setor Público: edição das NBC T SP (alinhadas às normas internacionais), disseminação e consolidação das NBC T SP (treinamento em 2009 e adoção a partir de 2010), tradução das IPSAS para o português e disponibilização aos Profissionais de Contabilidade atuantes no Setor Público no Brasil e Convergência das NBC T SP às IPSAS.

22 3. Comitê de Pronunciamentos Contábeis Faz-se necessário uma breve explanação sobre a origem do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), onde surgiram e as características básicas. 3.1 Origem do CPC O CPC foi idealizado a partir da união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes entidades: ABRASCA, APIMEC NACIONAL, BOVESPA, Conselho Federal de Contabilidade, FIPECAFI e IBRACON. Conforme o site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, o CPC foi criado devido às seguintes necessidades: - Convergência internacional das normas contábeis (redução de custos de elaboração de laboratorios contabeis, redução de riscos e custos nas análises e decisões, redução de custo de capital); - Centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil, diversas entidades o fazem); - Representação e processo democráticos na produção dessas informações (produtores da informação contábil, auditor, usuário, intermediário, academia, governo). O Comitê foi criado através da Resolução CFC nº 1.055/05 e tem como objetivo a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza. Além disso, tem como objetivo sempre levar em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. 3.2 Características Básicas As características básicas do CPC: são seis entidades que compõem o CPC, totalmente autônomo das entidades representantes, os membros não auferem remuneração e é o Conselho Federal da Contabilidade que fornece a estrutura. Além dos membros serão sempre convidados a participar representantes dos seguintes órgãos: Banco Central do Brasil, CVM, Secretaria da Receita Federal e Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Os produtos do CPC são: Pronunciamentos Técnicos, Orientações e Interpretações. Os pronunciamentos serão obrigatoriamente submetidos a

23 audiências públicas. Já as orientações e as interpretações poderão sofrer esse processo. 3.3 Pronunciamentos Contábeis O presente trabalho considera os Pronunciamentos Contábeis publicados até 31 de agosto de 2009. Nesta data, existem 17 Pronunciamentos Contábeis publicados, e neste trabalho estaremos descrevendo os seus objetivos principais, conforme os próprios Pronunciamentos: CPC 01 Redução ao valor recuperável de ativos O objetivo do Pronunciamento CPC 01 é definir procedimentos visando a assegurar que os ativos não estejam registrados contabilmente por um valor superior àquele passível de ser recuperado no tempo por uso nas operações da entidade ou em sua eventual venda. Caso existam evidências claras de que os ativos estão registrados por valor não recuperável no futuro, a entidade deverá imediatamente reconhecer a desvalorização, por meio da constituição de provisão para perdas. O Pronunciamento aplica-se a todos os ativos ou conjunto de ativos relevantes relacionados às atividades industriais, comerciais, agro-pecuárias, minerais, financeiras, de serviços e outras. No caso de pronunciamento específico que trate da matéria para alguma classe de ativos em particular, prevalecerá essa determinação específica. CPC 02 Efeito das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis O objetivo do pronunciamento é como registrar transações em moeda estrangeira e operações no exterior nas demonstrações financeiras de uma entidade no Brasil, registrar as variações cambiais dos ativos e passivos em moeda estrangeira e como converter as demonstrações financeiras de uma entidade de uma moeda para outra.

24 CPC 03 Demonstrações dos Fluxos de Caixa O objetivo do Pronunciamento CPC-03 é o de exigir o fornecimento de informação acerca das alterações históricas de caixa e equivalentes de caixa de uma entidade por meio de uma demonstração que classifique os fluxos de caixa durante os períodos provenientes das atividades operacionais, de investimento e de financiamento. Os usuários das demonstrações contábeis de uma entidade estão interessados em conhecer como a entidade gera e usa os recursos de caixa e equivalentes de caixa, independentemente da natureza das suas atividades e mesmo que o caixa seja considerado como o produto da entidade, como é o caso de uma instituição financeira. Assim sendo, o Pronunciamento requer que todas as entidades apresentem uma demonstração de fluxos de caixa. CPC 04 Ativo Intangível O objetivo do Pronunciamento é definir o tratamento contábil dos ativos intangíveis que não são abrangidos especificamente em outro Pronunciamento. Este Pronunciamento estabelece que uma entidade deve reconhecer um ativo intangível apenas se determinados critérios especificados neste Pronunciamento forem atendidos. O Pronunciamento também especifica como apurar o valor contábil dos ativos intangíveis, exigindo divulgações específicas sobre esses ativos. Um ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física. CPC 05 Divulgação sobre partes relacionadas O objetivo deste Pronunciamento Técnico é assegurar que as demonstrações contábeis de uma entidade contenham as divulgações necessárias para evidenciar a possibilidade de que sua posição financeira e seu resultado possam ter sido afetados pela existência de partes relacionadas e por transações e saldos existentes com tais partes.

25 CPC 06 Operações de Arrendamento Mercantil O objetivo deste Pronunciamento é o de prescrever, para arrendatários e arrendadores, as políticas contábeis e divulgações apropriadas a aplicar em relação a arrendamentos mercantis. A classificação de arrendamentos mercantis adotada neste Pronunciamento baseia-se na extensão em que os riscos e benefícios inerentes à propriedade de um ativo arrendado são transferidos ao arrendatário ou permanecem no arrendador. Um arrendamento mercantil é classificado como financeiro se ele transferir substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade. Um arrendamento mercantil é classificado como operacional se ele não transferir substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade. CPC 07 Subvenção e Assistências Governamentais O objetivo deste Pronunciamento é o de prescrever o registro contábil e a divulgação das subvenções para investimento e a divulgação das subvenções para custeio e das demais formas de assistência governamental. A divisão formal entre subvenção para custeio e para investimento não está proposta neste Pronunciamento, já que o tratamento contábil é o de ambas transitarem pelo resultado. São incluídos como parte das subvenções governamentais os ganhos com empréstimos subsidiados, mas a aplicação completa desse conceito deve também obedecer ao Pronunciamento Técnico sobre Ajustes a Valor Presente. Por força de legislações específicas brasileiras, foi necessário incluir alguns parágrafos adicionais aos contidos na norma internacional tomada como base, principalmente por conta de certas isenções e reduções tributárias que, no Brasil, assumem a forma de subvenção governamental em certas circunstâncias, e da característica de perda do benefício tributário se o valor da subvenção não ficar retido em reserva própria, sem destinação como dividendos aos sócios.

26 CPC 08 Custos de Transação e Prêmios na emissão de títulos e valores mobiliários O objetivo é prescrever o tratamento contábil aplicável ao registro dos custos incrementais incorridos na distribuição pública primária de ações ou bônus de subscrição, na aquisição e alienação das próprias ações, na captação de recursos por meio de emissão de títulos de dívida, bem como dos prêmios na emissão de debêntures e outros títulos patrimoniais e de dívida. CPC 09 Demonstração do Valor Adicionado O objetivo deste Pronunciamento é estabelecer critérios para elaboração e divulgação da Demonstração do Valor Adicionado (DVA), a qual representa um dos elementos componentes do Balanço Social e tem por finalidade evidenciar a riqueza criada pela entidade e sua distribuição, durante determinado período. Sua elaboração deve levar em conta o Pronunciamento Conceitual Básico deste CPC Estrutura Conceitual Básica para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis; e seus dados, em sua grande maioria, são obtidos principalmente a partir da Demonstração do Resultado do Exercício. CPC 10 Pagamento Baseado em Ações O objetivo deste Pronunciamento é especificar procedimentos para reconhecimento, mensuração e divulgação, em suas demonstrações contábeis, das transações de pagamento baseado em ações realizadas por uma entidade. Especificamente, ele exige que os efeitos das transações de pagamentos baseados em ações estejam refletidos nos resultados e na posição patrimonial e financeira da entidade, incluindo despesas associadas com transações nas quais opções de ações são outorgadas a empregados. CPC 11 Contratos de Seguro O objetivo desse pronunciamento é especificar o reconhecimento contábil para contratos de seguro por parte das seguradoras. Haverá a segunda fase do

27 projeto sobre contratos de seguro em consonância com as normas internacionais de contabilidade. CPC 12 Ajuste a valor presente O objetivo deste Pronunciamento é especificar procedimentos para cálculo desses ajustes a valor presente no momento inicial em que tais ativos e passivos são reconhecidos, bem como nos balanços subseqüentes. A Lei 11.638/07 passou a exigir a obrigatoriedade do ajuste a valor presente nos realizáveis e exigíveis a longo prazo e, no caso de efeito relevante, também nos de curto prazo. As normas internacionais tratam desse assunto em inúmeros documentos, e este CPC está emitindo seu Pronunciamento Técnico CPC 12 sobre essa matéria com base em pesquisa feita junto a todas as normas internacionais. CPC 13 Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da MP nº 449/08 O objetivo deste Pronunciamento é especificar procedimentos para os registros, no primeiro ano, da adoção dessas Lei, Medida Provisória e Pronunciamentos, fornecendo um guia para facilitar a adoção dessas novidades. Isso envolve também a discussão das vigências de diversos Pronunciamentos deste Comitê. CPC 14 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação O Pronunciamento CPC 14 disciplina a contabilização e a evidenciação de operações com instrumentos financeiros, incluindo derivativos, visando atender ao exposto na Lei 11.638/07. O pronunciamento é válido para os exercícios terminados em 31.12.2008 e seguintes. O Pronunciamento CPC 14 considera os principais aspectos expostos em duas importantes normas contábeis internacionais, o IAS 32 Financial Instruments: Presentation, e o IAS 39 Financial Instruments: Recognition and Measurement. O projeto total de tratamento dos instrumentos financeiros elaborado pelo CPC consiste em duas etapas. A primeira é finalizada com a publicação deste CPC 14,

28 que considera os principais aspectos das normas internacionais, mas não sua totalidade. O CPC 14 visa, primordialmente, atender ao disposto na Lei 11.638/07, fornecendo orientação às companhias brasileiras em sua aplicação imediata. A segunda, a ser finalizada em 2009, irá contemplar a completa convergência das normas brasileiras de contabilidade às normas internacionais. CPC 16 Estoque O objetivo deste Pronunciamento é determinar a forma de avaliação dos estoques adquiridos para revenda, dos mantidos para consumo ou utilização industrial ou na prestação de serviços, dos em processamento e dos produtos acabados prontos para a venda. CPC 17 Contratos de Construção O Pronunciamento CPC 17 orienta sobre o tratamento contábil das receitas e despesas associadas a contratos de construção. Nesses contratos, normalmente de execução a longo prazo, as datas de início e término do contrato ocorrem em períodos contábeis diferentes, tornando primordial o reconhecimento das receitas e despesas correspondentes ao longo da sua execução. CPC 20 Custos de Empréstimos O Pronunciamento CPC 20 dá orientações para o tratamento contábil aplicável aos custos de empréstimos. O conteúdo deste pronunciamento técnico está integralmente fundamentado no IAS 23 Custo de Empréstimos, e não modifica substancialmente o tratamento dado no Brasil aos custos de empréstimos, inclusive aquele previsto na Deliberação CVM 193/96. Cabe ressaltar, que até o presente momento 31 de agosto de 2009 existem os seguintes pronunciamentos em Audiência Pública aguardando serem aprovados e publicados: - CPC 15 Combinação de Negócios (IFRS 3) - CPC 18 Investimento em Coligada (IAS 28)

29 - CPC 23 Políticas Contábeis, Mudanças de Estimativa e Retificação de Erro (IAS 8) - CPC 24 Evento Subseqüente (IAS 10) - CPC 25 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes (IAS 37) - CPC 26 Apresentação das Demonstrações Contábeis (IAS 1) - CPC 27 Ativo Imobilizado (IAS 16) - CPC 28 Propriedade para Investimento (IAS 40) - CPC 29 Ativo Biológico e Produto Agrícola (IAS 41) - CPC 30 Receitas (IAS 18) - CPC 31 Ativo Não-Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada (IFRS 5) - CPC 32 Tributos sobre o Lucro (IAS 12) - CPC 33 Benefícios a Empregados (IAS 19) - CPC 34 Exploração e Avaliação de Recursos Minerais (IFRS 6) - CPC 38 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração (IAS 39) - CPC 39 Instrumentos Financeiros: Apresentação (IAS 32) - CPC 40 Instrumentos Financeiros: Evidenciação (IFRS 7)

30 4. CPC 03 Demonstração de Fluxos de Caixa As informações sobre os fluxos de caixa de uma entidade são úteis para proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa e as necessidades da entidade para utilizar esses recursos. As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários exigem uma avaliação da capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como da época e do grau de segurança de geração de tais recursos. Com a determinação dada pela Lei nº 11.638/07 e pelo CPC 03, não há o que se falar em diferenças entre as normas internacional e brasileira. A norma internacional que trata do assunto é o IAS 7. As demonstrações de fluxo de caixa tornaram-se obrigatório para todas as companhias a partir de 31/12/2008. 4.1 Definições dos termos usados - Caixa: compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis; - Equivalentes de caixa: são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor; - Fluxos de caixa: são as entradas e saídas de caixa e equivalente de caixa; - Atividades Operacionais: são as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades diferentes das de investimento e de financiamento; - Atividade de investimento: são as referentes à aquisição e venda de ativos de longo prazo e investimentos não incluídos nos equivalente de caixa; - Atividades de financiamento: são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e endividamento da entidade.

31 4.2 Caixa e equivalentes de caixa Os equivalentes de caixa são mantidos com a finalidade de atender a compromissos de caixa de curto prazo e não para investimento ou outros fins. Para uma aplicação financeira se qualificar como valor equivalente de caixa deve ser prontamente conversível em caixa e estar sujeita a um insignificante risco de mudança de valor. Saldos bancários a descoberto, decorrentes de empréstimos obtidos por meio de instrumentos como cheques especiais ou contas-correntes garantidas, devem ser considerados como empréstimos bancários Os fluxos de caixa excluem movimentos entre itens que constituem caixa ou equivalentes de caixa, porque esses componentes são parte da gestão financeira de uma entidade e não parte de suas atividades operacionais, de investimentos ou de financiamento. A gestão do caixa inclui o investimento do excesso de caixa em equivalentes de caixa. Comparando o CPC e a norma internacional (IAS 7), podemos concluir que as principais diferenças com relação a Caixa e Equivalentes de caixa são: - IAS 7: caixa e equivalentes de caixa incluem, em alguns casos, saques a descoberto em bancos; - BR GAAP: caixa e equivalentes de caixa não incluem saques bancários a descoberto. De acordo com a NPC nº 01/1992, em seu artigo 17 item b, saques a descoberto são os saldos bancários credores apresentados como parcela do passivo circulante. Além disso, no pronunciamento CPC 03 não há definição quanto ao período em que um investimento ou aplicação é considerado como sendo de curto prazo. Já o IAS 7, por sua vez, determina um equivalente de caixa quando tiver um vencimento três meses ou menos a partir da data de aquisição. Dessa forma, entende-se que existe uma diferença entre as normas, todavia, sem ter caráter relevante.

32 4.3 Apresentação da Demonstração dos Fluxos de Caixa A demonstração de fluxos de caixa deve apresentar os fluxos de caixa durante o período classificados por atividades operacionais, de investimento e de financiamento. A entidade apresenta seus fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais, de investimento e de financiamento de forma mais apropriada a seus negócios. A classificação por atividade proporciona informações que permitem aos usuários avaliar o impacto de tais atividades sobre a posição financeira da entidade e o montante de seu caixa e equivalentes de caixa. Essas informações podem também ser usadas para avaliar a relação entre essas atividades. Uma única transação pode incluir fluxos de caixa que são classificados diferentemente. Por exemplo, quando o desembolso de caixa para pagamento de um empréstimo inclui tanto os juros como o principal, a parte dos juros pode ser classificada como atividade operacional e a parte do principal, como atividade de financiamento. 4.3.1 Atividades Operacionais O montante dos fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais é o indicador-chave da extensão em que as operações da entidade têm gerado suficientes fluxos de caixa para amortizar empréstimos, manter a capacidade operacional da entidade, pagar dividendos e fazer novos investimentos sem recorrer a fontes externas de financiamento. Exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades operacionais: - Recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação de serviços; - Pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços; - Pagamentos de caixa a empregados ou por conta de empregados. Algumas transações, como a venda de um ativo imobilizado, podem resultar em ganho ou perda, que é incluído na apuração do lucro líquido ou prejuízo.

33 Entretanto, os fluxos de caixa relativos a tais transações são fluxos de caixa provenientes de atividades de investimentos, e não operacionais. Uma entidade pode ter títulos negociáveis e empréstimos para fins de intermediação que sejam semelhantes a estoques adquiridos especificamente para revenda. Portanto, nesse caso, os fluxos de caixa decorrentes da compra e venda de títulos negociáveis são classificados como atividades operacionais. Da mesma forma, os adiantamentos de caixa e empréstimos feitos por instituições financeiras são comumente classificados como atividades operacionais, uma vez que se referem à principal atividade geradora de receita dessas entidades. A principal diferença do CPC 03 em relação ao pronunciamento sobre a demonstração de fluxos de caixa do IASB (IAS 7) referem-se à exigência, no pronunciamento local, de apresentação de uma reconciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais, diferença esta que não compromete a apresentação da demonstração de fluxos de caixa para fins de IFRS. 4.3.2 Atividades de Investimento A divulgação em separado dos fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimento é importante porque tais fluxos de caixa representam a extensão em que dispêndios de recursos são feitos pela entidade com a finalidade de gerar receitas e fluxos de caixa no futuro. Exemplos de fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimento são: - Desembolsos de caixa para aquisição de ativos imobilizados, intangíveis e outros ativos de longo prazo (inclusive os custos ativados e ativos imobilizados de construção própria). - Recebimentos em caixa resultantes da venda de ativos imobilizados, intangíveis e outros ativos a longo prazo; - Recebimentos em caixa provenientes da venda de ações ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures (exceto

34 recebimentos de títulos considerados como equivalentes de caixa e os mantidos para negociação). 4.3.3 Atividades de Financiamento A divulgação separada dos fluxos de caixa decorrentes das atividades de financiamento é importante por ser útil para prever as exigências sobre futuros fluxos de caixa pelos fornecedores de capital à entidade. são: Exemplos de fluxos de caixa decorrentes das atividades de financiamento - Numerário recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos de capital; - Numerário recebido proveniente da emissão de debêntures, empréstimos, títulos e valores, hipotecas e outros empréstimos a curto e longo prazos; - Amortização de empréstimos a pagar; - Pagamentos em caixa por um arrendatário, pela redução do passivo relativo a um arrendamento financeiro. 4.4 Divulgação dos Fluxos de Caixa das Atividades Operacionais usando: A entidade deve divulgar os fluxos de caixa das atividades operacionais, - Método direto, segundo o qual as principais classes de recebimentos brutos e desembolsos brutos são divulgados; ou - Método indireto, segundo o qual o lucro líquido ou prejuízo é ajustado pelos efeitos das transações que não envolvem caixa, de quaisquer diferimentos ou outras apropriações por competência sobre recebimentos ou pagamentos operacionais passados ou futuros, e de itens de receita ou despesa associados com fluxos de caixa das atividades de investimento ou de financiamento. Uma reconciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais deverá ser fornecida independentemente de a entidade usar

35 o método direto ou indireto para apurar o fluxo líquido das atividades operacionais. A reconciliação deve apresentar, separadamente, por categoria, os principais itens a serem reconciliados (classes de diferimentos, provisões e outros ajustes ao lucro líquido etc.). As entidades são encorajadas a divulgar os fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais usando o método direto, pois dispõe de informações que podem ser úteis para estimar futuros fluxos de caixa e que não estão disponíveis com o uso do método indireto. Características do método direto: De acordo com o método direto, as informações sobre as principais classes de recebimentos e de pagamentos brutos podem ser obtidas: - Dos registros contábeis da entidade; - Ajustando as vendas, os custos das vendas (no caso de instituições financeiras, receitas de juros e semelhantes e despesas de juros e demais despesas semelhantes) e outros itens da demonstração do resultado referentes as: Mudanças ocorridas no período nos estoques e nas contas operacionais a receber e a pagar, outros itens que não envolvem caixa e outros itens cujos efeitos no caixa sejam fluxos de caixa decorrentes das atividades de financiamento e de investimento. Características do método indireto: De acordo com o método indireto, o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais é determinado ajustando o lucro líquido ou prejuízo quanto aos efeitos de: Mudanças ocorridas no período nos estoques e nas contas operacionais a receber e a pagar, itens que não afetam o caixa, tais como depreciação, provisões, impostos diferidos, variações cambiais não realizadas, resultado de equivalência patrimonial em investimentos e participação de minoritários, quando aplicável e todos os outros itens cujos efeitos sobre o caixa sejam fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimento ou de financiamento.

36 4.5 Divulgação de Fluxos de Caixa em uma base líquida Os fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais, de investimento e de financiamento podem ser apresentados numa base líquida nas situações em que houver: - Recebimentos e pagamentos em caixa por conta de clientes, quando os fluxos de caixa refletirem mais as atividades de cliente e do que as da própria entidade; - Recebimentos e pagamentos em caixa referentes a itens cuja rotação seja rápida, os valores sejam significativos e os vencimentos sejam de curto prazo. Os fluxos de caixa decorrentes das seguintes atividades de uma instituição financeira podem ser apresentados numa base líquida: - Recebimentos e pagamentos em caixa pelo aceite e resgate de depósitos a prazo fixo; - A colocação de depósitos ou sua retirada de outras instituições financeiras; - Adiantamentos e empréstimos em caixa feitos a clientes, e a liquidação e amortização desses adiantamentos e empréstimos. 4.6 Fluxos de Caixa em moeda estrangeira Os fluxos de caixa decorrentes de transações em moeda estrangeira devem ser registrados na moeda funcional da entidade, convertendose o montante em moeda estrangeira à taxa cambial na data de cada fluxo de caixa. Os fluxos de caixa de uma controlada no exterior devem ser convertidos para a moeda funcional da controladora, utilizando-se a taxa cambial na data de cada fluxo de caixa. Os fluxos de caixa denominados em moeda estrangeira devem ser divulgados de acordo com o CPC 02. Uma taxa média ponderada de câmbio para um período poderá ser utilizada para registrar as transações em moeda estrangeira ou para conversão dos fluxos de caixa de uma controlada no exterior, se o resultado não for