Proposta de Ensino de Geografia para o 3º ano do ensino fundamental rede de Escolas Municipais de Presidente Prudente SP



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Transcrição:

Proposta de Ensino de Geografia para o 3º ano do ensino fundamental rede de Escolas Municipais de Presidente Prudente SP Willian Henrique Martins Faculdade de Ciência e Tecnologia UNESP Email: willteenspirit@hotmail.com INTRODUÇÃO Este texto versa sobre a experiência de elaboração da proposta municipal para o ensino de Geografia no 3º ano do ensino fundamental, iniciada no ano de 2007, no município de Presidente Prudente, cidade localizada a oeste do Estado de São Paulo. Este projeto faz parte da elaboração da proposta de ensino de Geografia nas séries iniciais do ensino fundamental no município de Presidente, ainda em andamento e que passou a ser pensado através de discussões feitas no Grupo de Pesquisas Linguagens Geográficas (GPLG), vinculado ao Departamento de Educação da Universidade Estadual Paulista de Presidente Prudente. Estas discussões resultaram numa parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Presidente Prudente (SEDUC) e o respectivo grupo de pesquisa para o desenvolvimento da proposta de geografia a ser trabalhada nas escolas municipais, a qual deveria ser elaborada juntamente com os profissionais da educação do município. O desenvolvimento desta proposta contou com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão, num primeiro momento, e, posteriormente, da Pró-Reitoria de Graduação da UNESP, por meio do seu programa de Núcleo de Ensino. A elaboração da proposta para o ensino da Geografia nas séries iniciais em Presidente Prudente apresentava-se como uma necessidade da rede municipal há alguns anos, tendo em vista que a Lei de Diretrizes e Bases, a qual prevê, em seu artigo 211 que: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino.(...) e ainda que: 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei. (BRASIL, 1996). Com este artigo, a 1

referida lei tinha por intenção dotar de autonomia os entes federativos para que elaborassem suas propostas de ensino de acordo com a realidade local, tendo em vista que os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) versavam sobre o ensino a nível nacional, sem considerar as especificidades do local. Além do dispositivo legal, e da necessidade de abordar a questão local, existe também latente a questão da polivalência dos professores atuantes nas séries iniciais no município. Os professores, na grande maioria das vezes, com formação em Pedagogia, acabam por ser responsáveis por um rol de disciplinas do núcleo comum, e acabam, segundo constatação de DEAK (2009), privilegiando os estudos da Língua Materna e da Matemática, em detrimento de outras disciplinas, dentre elas a Geografia. Diante deste contexto, da busca de uma inserção efetiva e qualitativa do ensino de Geografia nas séries inicias, a construção da Proposta Municipal de Geografia no âmbito da Secretaria Municipal de Educação de Presidente Prudente iniciou-se no ano de 2007, envolvendo Universidade e Escola por diferentes etapas até que se chegasse à elaboração da proposta. OBJETIVOS A construção do discurso geográfico é imprescindível para que a criança possa construir seu pensar o mundo em que vive e, dessa forma, possa compreender-se inserida neste mundo. Esta construção deve ocorrer a partir das condições vivenciais da própria criança, para ser significativo o saber científico capaz de ampliar sua visão de mundo, assim como produzir conhecimentos no ambiente escolar. Dentro desta concepção, a proposta está sendo construída com o envolvimento dos professores na elaboração de seu texto, objetivando assim contribuir para que alunos e professoras possam efetivamente produzir conhecimento. (...)os professores e os alunos são treinados a não pensar sobre o que é ensinado e sim, a repetir pura e simplesmente o que é ensinado. O que significa dizer que eles não participam do processo de produção do conhecimento. (OLIVEIRA,2005, p.28). 2

Além disso, este trabalho objetiva mais do que o cumprimento do texto da Lei de Diretrizes e Bases de 1996, supracitado, visa também endereçar o ensino de Geografia no município de Presidente Prudente, contextualizando-o dentro de um espaço de uma cidade que tem suas especificidades, nem sempre retratadas nos livros didáticos e materiais didáticos trabalhados pelos professores da rede municipal. O projeto busca dar alternativas ao trabalho do professor, possibilitando o exercício da interdisciplinaridade, bem como uma oportunidade para que se produza conhecimentos no ambiente escolar, para que se pense o ensino da Geografia a partir da escola, para a qual se destina a proposta. METODOLOGIA Para a elaboração desta proposta, o grupo de professores e coordenadores pedagógicos municipais, estagiários, bolsistas ou de Prática de Ensino, assim como pesquisadores e especialistas envolvidos, tiveram que fazer opções e delimitar o rol de elementos envolvidos na discussão sobre o ensino de Geografia, notadamente para as séries iniciais. A princípio houve necessidade de se conhecer o professor da rede municipal em questão, sua formação, concepções de ensino e de Geografia. Depois foi necessário analisar os materiais didáticos utilizados, principalmente o Livro Didático de Geografia que esses professores utilizavam, quais os motivos da escolha desses e como trabalham tal recurso em sala de aula. Feitas essas análises e levantamentos gerais, deu-se início aos referenciais de ensino de Geografia que balizariam a proposta a ser construída. Primeiro ver o que os documentos oficiais, notadamente do Governo Federal, por meio do Ministério da Educação e do Conselho Federal de Educação, estipulam como devem ser a escola, o ensino nas primeiras séries do Fundamental e, principalmente, o trabalhar com Geografia nesses ciclos de ensino. Depois desses estudos, passou-se a analisar algumas das Propostas Curriculares elaboradas por outras Prefeituras Municipais. Paralelamente a isso, ocorreram 3

leituras de textos e relatórios de pesquisas voltadas ao ensino de Geografia para as séries iniciais. Após toda essa base de referências, deu-se o processo de delimitar nosso caminhar. Um dos fundamentos norteadores para elaborar a proposta foi o necessário envolvimento dos professores da rede municipal, os quais não possuem formação em Geografia. Portanto, a elaboração da mesma deveria partir das condições concretas do nível de conhecimento, ou desconhecimento, da linguagem científica de Geografia que esses educadores possuíam. Foi a partir dessas condições e dificuldades apresentadas por esses professores que se pode elaborar um documento voltado para a aprendizagem básica da linguagem de Geografia pelos alunos das séries iniciais, a partir da qualificação da mesma não pela perspectiva exclusiva de especialistas, mas em acordo com os limites conceituais e teóricos que esses professores apresentavam em relação ao discurso geográfico. Diante disso, foi necessário desenvolver cursos de alfabetização geográfica para os professores da rede e contar com eles nos debates de elaboração da proposta. A partir desse princípio, definiu-se que a proposta não deveria ser extensa e nem detalhista, idealizando abordar todas as dificuldades possíveis, assim como dar conta de uma suposta totalidade de conteúdos voltados para o processo de escolarização. A proposta teria que ser enxuta, clara e o mais objetiva possível, levantando os elementos mais comuns presentes nas diversas propostas e materiais didáticos voltados para as séries iniciais. Em 2010 o objetivo é de colocar em prática a proposta feita no ano anterior, Para isso, foram escolhidas duas escolas para a realização do projeto, sendo elas EMEIF Pe. Emílio Becker e EMEF João Sebastião Lisboa, ambas do município de Presidente Prudente. Para o desenvolvimento do trabalho, será necessário fazer o levantamento do perfil sócio-econômico-ambiental do bairro a partir da família dos alunos, dados do IBGE e CEMESPP (Centro de Estudos e Mapeamento da Exclusão Social para Políticas Públicas). Também será necessário fazer um levantamento com imagens do bairro, a partir do Google Earth, imagens áreas ou cartas topográficas por exemplo. O terceiro ano foi o qual fiquei encarregado. Nele o objetivo principal é de o aluno saber se localizar em relação a escala bairro/escola, e descrever as mudanças ocorridas com o decorrer histórico. Com o exemplo abaixo podemos visualizar o conteúdo e a matriz temática, as atividades e habilidades a serem desenvolvidas na série que por mim está sendo trabalhada. 4

Conteúdo/ Matriz Temática Mudanças que aconteceram de um ano para outro -Forma, organização, representaçã o e escala da sala na escola -Localizar escola no bairro e forma do bairro. Atividades -Descrever e analisar, escrever e desenhar as mudanças ocorridas nos alunos, pessoas e lugares próximos (sala, escola, casa); Comparar com os registros feitos no ano anterior, destacando as mudanças das formas, de localização/distribuição e de funções -Aplicar o padrão metro para fazer a escala da sala e objetos. Definir as legendas e os critérios de elaboração da representação. -localizar, por atividade grupal, a sala na escola fazendo uso da planta da mesma e de um referencial (norte), uma bússola ou o sol. -Comparar a representação da sala, a localização da mesma na escola, com a fotografia do Google da escola no Bairro e deste na cidade. O norte comum a todos. -Iniciar a descrição do bairro. Alunos devem observar e descrever, por texto e desenhos, as características principais do bairro da escola (comércio, lazer, tipos das moradias, das ruas, árvores, relevo, movimento). Comparar fotos e imagens do Google do bairro com as de outro bairro e pedir análise dos alunos. -Entrevistar moradores ou comerciantes mais antigos para saber como o bairro era e quais os problemas atuais. Comparar fotos desses períodos e destacar datas e episódios importantes (construção da igreja, da escola, asfalto etc.) Habilidades/ Competências -Descrever; Analisar; Observar; Ler, Comparar; Localizar; Sistematizar Analisar; Deduzir; Observar; Mensurar, Localizar; Orientar (Organizar, Cooperar, Interagir) Deduzir; Localizar; Descrever; Analisar; Ler; Escrever; Observar; Desenhar ; Sistematizar (Solidarizar, Organizar; Comunicar) 5

RESULTADOS PRELIMINARES Com base no que já foi abordado neste trabalho, chegamos à conclusão de que, tendo o primeiro ciclo do ensino fundamental à base para o aluno, nisso se dá a importância do projeto, fazendo assim qualificar o aluno desde as series iniciais para um melhor desempenho posteriormente, pois os alunos chegam às series seguintes com grande dificuldade de assimilar o conteúdo exposto por não dominar pelo menos os conceitos básicos. Outro ponto positivo é a qualificação dos estagiários para o futuro, quando irão lecionar e para os próprios professores envolvidos, que terão um rendimento superior do que antigamente. Por outro lado, enfrentamos dificuldades, como por exemplo desmotivação por parte dos professores, que em grande parte são inflexíveis em relação a metodologia praticada em sala de aula. Uma alternativa para motivá-los é de conceder-lhes certificados ao término do projeto, já que certa parcela dos docentes não vê com muito entusiasmo um novo método de ensino. 6

Bibliografia BRASIL. Ministério da Educação: Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental. Brasília: MEC, 1997. BRASIL. Ministério da Educação: Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Brasília: MEC, 2000. BRASIL. Ministério da Educação: Diretrizes Curriculares Nacionais - Formação de Professores do Ensino Básico. Brasília: MEC/CNE, 2002. CARNOY, M. Mondialisation et réforme de l éducation: ce que les planificateurs doivent savoir. Paris: Unesco; Institut International de Planification de l Éducation, 1999. FERRAZ, Cláudio B. Geografia e Paisagem: entre o olhar e o pensar. 2001.Tese de Doutorado. FFLCH/USP, São Paulo. FERRAZ, C. B. O. A Geografia da educação na sociedade do conhecimento sombras do desconhecimento. In: NUNES, F. G. (orga.). Ensino de geografia novos olhares e práticas. Dourados: Ed.UFGD, 2009, p. 116-147. SANTOS, Douglas. O que é Geografia?. São Paulo, 2007. SANTOS, Milton. A natureza do espaço técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: HUCITEC, 1997. 7