DISTRIBUIÇÃO DOS ACIDENTES COM TNM EM MONTES CLAROS/MG: UMA APLICAÇÃO DE SIG



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Transcrição:

DISTRIBUIÇÃO DOS ACIDENTES COM TNM EM MONTES CLAROS/MG: UMA APLICAÇÃO DE SIG Sara Seand Ferreira Antunes 1 Marcos Esdras Leite 2 Narciso Ferreira dos Santos Neto 3 Bruna Rosa Oliveira 4 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS Resumo O incentivo ao uso do Transporte Não Motorizado (TNM) é uma das alternativas para se chegar ao modelo de transporte sustentável, haja vista que os impactos negativos desse tipo de transporte ao ambiente urbano são insignificantes, além de contribuir para a melhoria do transito nas cidades. A bicicleta é o tipo mais comum de TNM, no entanto existem poucas políticas públicas implantadas efetivamente, no Brasil, para incentivar o uso desse meio de transporte. Nesse contexto, este trabalho objetivou analisar a distribuição dos acidentes com ciclistas na cidade de Montes Claros. Para isso, foi realizado o mapeamento das ocorrências com uso do Sistema de Informação Geográfica (SIG). Os resultados mostraram uma concentração dos acidentes na parte central da cidade de Montes Claros e ao longo das avenidas de transito rápido. Dessa forma, acredita-se que há uma necessidade de melhorias estruturais no transito de Montes Claros para incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte. Palavras-Chave: TNM, Acidente, Bicicleta, SIG, Montes Claros. Introdução O (TNM), conforme Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012, a qual institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, art 4 no inciso II, é caracterizado como modalidade que se utiliza do esforço humano ou tração animal. Enquadra-se assim, as bicicletas e carroça. As grandes cidades ao se tornarem sustentáveis, começam a implantar recursos e infraestrutura para o TNM. Ao inserir as bicicletas e incentivar a população à caminhada em pequenas distâncias, ocorre a redução da poluição advinda dos gases liberados pelos carros automotores oferecendo uma melhoria na qualidade de vida da sociedade com ar mais limpo, além do incentivo a prática de exercício físico. 1 Bolsista de Iniciação Cientifica PIBIC/FAPEMIG. saraseand@yahoo.com.br 2 Professor Doutor do Departamento Geociências/UNIMONTES. Bolsista de produtividade BIPDT/FAPEMIG. marcosesdras@ig.com.br. 3 Professor Mestre do Departamento de Administração/UNIMONTES. narciso.neto@ig.com.br. 4 Bolsista de Iniciação Cientifica FAPEMIG. brunarosa3@hotmail.com.

Algumas cidades não estão bem preparadas para o exorbitante número de veículos que a cada dia cresce nas vias, pois estas foram planejadas em tempos que só passavam carroças e pessoas. Com o crescente número de veículos, tanto motorizados com não motorizados, começou-se a ter cada vez mais ocorrências de acidentes envolvendo ciclistas, motoristas, motoqueiros e pedestres. Uma solução para a diminuição destes acidentes seria a criação de espaços que delimitem o local de circulação de cada veículo, como a implantação de ciclofaixas e talvez ciclovias para a separação das bicicletas dos demais veículos. O uso das geotecnologias, como o Sistema de Informações Geográficas (SIG)-, que faz o tratamento computacional utilizando qualquer dado que tenha objetivo e represente algum fenômeno, podendo neste caso ajudar na análise do trafego de veículos e acidentes de transito (GOMES, ZANDONADE e MORAES NETO, 2008). Esta pesquisa tem como finalidade ajudar os órgãos responsáveis pelo transito, na supervisão das vias que tiveram maiores ocorrências de acidentes e consequentemente ajudar no planejamento de melhorias, como por exemplo, implantação de ciclo faixas e ciclovias. REFERENCIAL TEÓRICO Transporte Não Motorizado (TNM) Nas cidades a preocupação com a sustentabilidade está diretamente relacionada com as atividades que são desenvolvidas no seu âmbito, das quais resultam pressões e impactos, no presente e no futuro. Estas atividades têm consequentemente, diferentes impactos em função da sua localização, especificidade e tipologia e dentre estas atividades, está a de transporte (motorizado ou não) que se faz necessária na medida em que dá suporte às ações sociais, econômicas e de lazer, entre outras. O sistema de transporte surge então, para dar mobilidade aos indivíduos em função da necessidade de integração dos mesmos com as diferentes atividades que são definidas pelo uso e ocupação do solo. Por outro lado, os grandes centros urbanos apresentam sérios problemas de transporte e qualidade de vida, como a queda da mobilidade e da acessibilidade, a degradação das

condições ambientais, congestionamentos crônicos e altos índices de acidentes de trânsito. Tais problemas decorrem principalmente, de decisões relativas às políticas urbanas de transporte e de trânsito, que nas últimas décadas priorizaram o uso do automóvel. Com o acentuado crescimento da frota de automóveis, as cidades brasileiras foram adaptadas para facilitar o uso desse modo de transporte, através de medidas que incluiu a ampliação do sistema viário, a utilização de técnicas de garantia de boas condições de fluidez e o direcionamento de recursos prioritariamente para este setor. Entretanto, a crescente motorização dos deslocamentos leva o meio urbano a apresentarse cada dia mais ambientalmente insustentável, e o aquecimento global fica cada vez mais evidente, sendo esse modo de deslocamento um grande contribuinte desta situação. Deve-se então, buscar a reversão dos padrões atuais de transporte optando-se por modos menos poluentes e mais eficientes, principalmente em situações de congestionamento de tráfego. O uso indiscriminado do transporte motorizado individual gera graves impactos ambientais, econômicos (deseconomias ligadas ao trânsito e aos congestionamentos) e sociais (doenças, violência no trânsito, etc). Nos anos recentes, houve um aumento significativo do número de automóveis particulares em circulação. Teve como causas, dentre outros fatores, o aquecimento da economia, o aumento da taxa de empregos, o acesso ao crédito, incentivos fiscais ao setor automobilístico, a precarização do transporte público, o crescente medo da violência urbana e investimentos públicos prioritários no sistema viário. Neste cenário, torna-se necessário abordar o conceito de mobilidade urbana sob uma nova perspectiva, com estruturas inovadoras que permitam o deslocamento contínuo de pessoas, bens e serviços e com menor impacto ambiental, econômico e social. Estabelece-se assim o conceito de mobilidade urbana sustentável, tendo como centro das atenções o deslocamento das pessoas e não dos veículos. As constantes discussões sobre políticas de mobilidade urbana sustentável, assim como os diversos estudos da área de engenharia de transportes, reforçam a tese que considera a necessidade de um sistema multi-modal nos centros urbanos, que inclua e integre primordialmente os transportes coletivos e o transporte não motorizado (TNM). Este último modo de transporte é reconhecidamente eficiente para promover a movimentação

das pessoas de forma confiável, saudável e de baixo custo, sem restrições de horário ou itinerário, evitando o consumo de combustível e a poluição atmosférica e sonora e representando, portanto, benefícios ao meio ambiente. Segundo Bantel (2003), a bicicleta ajuda o cidadão desempregado na busca de uma nova atividade, servindo como instrumento de economia e de integração social. Estima ainda, que existam cerca de 50 milhões de bicicletas na frota brasileira, das quais 2/3 não estão em circulação por absoluta condição de insegurança viária e do alto risco de acidentes de trânsito. De acordo com Kraft (1975), na busca de se cumprir diretrizes básicas estabelecidas na Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável, os municípios devem promover políticas e ações para atender os seguintes princípios: Estimular o uso de bicicletas como modo alternativo de transportes, priorizando sua integração à rede de transporte público; Assegurar mobilidade e acessibilidade aos usuários de bicicletas; Minimizar riscos de acidentes e interferências decorrentes do tráfego de veículos, mobiliário, vegetação, sinalização e publicidade; Facilitar destinos, concebendo rotas contínuas e integradas entre habitações, comércio, serviços, espaços públicos, equipamentos e lazer. A locomoção feita a pé ou de bicicleta, tão negligenciada nos projetos urbanos e de transportes nas últimas décadas, voltou a ser objeto de interesse, tornando-se uma modalidade de circulação prioritária nos planos de desenvolvimento sustentável das cidades que já realizaram ou estão realizando suas Agendas 21 locais (GONDIM, 2001). Assim sendo, o transporte não motorizado passou a fazer parte das discussões no âmbito das políticas de transportes, no que se refere tanto a questionamentos acerca do porque as pessoas vêm realizando um número tão elevado de deslocamentos por bicicleta e pelo modo a pé, para realização de suas atividades diárias; quanto se as cidades possuem infraestrutura adequada para a circulação de pedestres e ciclistas, tendo como parâmetros, as condições de conforto e de segurança. Para uma melhor circulação dos usuários dos transportes não motorizados teria primeiramente, que melhoraras vias da cidade, principalmente os bordos destas, pois

este é o espaço que geralmente é destinado e utilizado pelos ciclistas, encontrando assim algumas impossibilidades para sua locomoção. Tendo como obstáculos bocas-de-lobo desniveladas, meio-fio desalinhado, bueiros sem tampas representando sérios riscos de acidentes para os biciclistas. Podendo ser resolvidos com pequenas obras de correção de infraestrutura (MIRANDA; LOBO; LACERDA, 2007). Com a melhoria das vias, um próximo passo seria instalado bicicletário ( local para o estacionamento das bicicletas), no qual sendo estes de baixo custo, fácil implantação e ajudando no incentivo ao uso da bicicleta, pois mostra aos ciclistas que estes têm um lugar seguro para deixar suas bicicletas. Segundo MIRANDA et al tendo a bicicleta uma maior vulnerabilidade ao furto, este é o maior problema que os ciclistas enfrentam, sabendo-se que existe local seguro e suporte adequado para prender suas bicicletas, as pessoas terão mais confiança neste tipo de transporte. Este investimento feito na infraestrutura sem o amparo de campanhas de educação e conscientização não terão eficiência alguma, uma vez que é a partir da mudança de hábitos das pessoas há uma melhoria na convivência em sociedade. Juntamente com as campanhas educativas, teria a instalação de sinalização tanto horizontal (pinturas feitas na pista de rolamento) como vertical (placas). A criação de ciclofaixas e ciclovias são formas de ajudar no problema da vulnerabilidade física do ciclista, sendo elas obras feitas para isolar parcialmente ou totalmente os ciclistas dos veículos automotores. As ciclofaixas são entendidas como a demarcação feita na pista de rolamento apenas com sinalização horizontal, separando parcialmente os ciclistas dos outros veículos, tendo um baixo custo e sendo uma maneira de ajudar o tráfego das bicicletas em um curto em médio prazo. Já as ciclovias, são vias que fazem o isolamento total dos ciclistas com os veículos automotores, ocorrendo em pistas com velocidade igual ou superior a 60 km/h e com grande fluxo de carros; sendo também obras de médio em longo prazo. Sistema de Informação Geográfica (SIG) Segundo Silva (1998), com os avanços tecnológicos da área de informática facilitando o manuseio de grande número de dados através do computador. Quando uma característica relevante do dado é a sua localização ou referência espacial, faz se o uso

do Sistema de Informações Geográficas SIG, que se baseia em uma tecnologia de armazenamento, análise e tratamento de dados espaciais, não espaciais e temporais. um SIG pode ser definido como um sistema destinado a captura, armazenamento, checagem, interação, manipulação, análise e apresentação de referidos espacialmente na superfície terrestre. Portanto, o sistema de informações geográficas é uma particularidade do sistema de informações sentido amplo. Essa tecnologia automatiza tarefas até então realizadas manualmente e facilita a realização de análise complexas, através da integração de dados de diversas fontes. (ROSA, 1995, p.21) Com essa vasta funcionalidade do SIG, ele é aplicado em várias áreas com a de sistemas e planejamentos que inclui: a manutenção de pavimentos e pontes; quantificação dos impactos causados pelo transporte e análise de tráfego. As ferramentas do SIG são apropriadas para o gerenciamento, planejamento e operação de manutenção das vias urbanas, análise de tráfego, acidentes de trânsito, entre outras (GOMES; ZANDONADE; MORAES NETO 2008 apud RAIA JUNIOR et al, 2001). MATERIAL E MÉTODOS Para a elaboração do mapa de acidentes foi disponibilizado pelo Centro Integrado de Informação Defesa Social (CINDS/BM) os dados de acidentes envolvendo bicicletas referentes ao ano de 2011 e os primeiros meses de 2012. A imagem Quick Bird da cidade de Montes Claros MG, os shapefiles de bairros do GEOMINAS e o dos logradouros da cidade pela SEPLAN/PMMC, tendo adaptações feitas pelo laboratório de geoprocessamento/unimontes. Com o uso da tabela das ocorrências de acidentes, que dispunha das informações de data da ocorrência, sexo, idade da vítima, rua/avenida, bairro, tipo de lesão, horário e destino na qual a vítima havia sido encaminhada; foi adicionada mais duas colunas que constavam as coordenadas geográficas. Para a elaboração do mapa, só foi usado desta tabela os logradouros e bairro, no qual foi criado a partir deles um shape de pontos utilizando o programa ARCGIS 10, para demarcar a localização dos acidentes. Inseriuse também a imagem Quick Bird e os shapefiles de logradouros e bairros da cidade de

Montes Claros MG. Para a marcação dos pontos foi consultado a tabela de atributos dos shapes para uma melhor localização destes. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir da consulta dos dados e com a observação do mapa resultante (Figura 1), podemos observar que há uma maior ocorrência de acidentes no centro da cidade e bairros adjacentes. Dentre os demais bairros destacaram-se São Judas Tadeu, Major Prates, Jardim Eldorado, Santa Lúcia, Jardim Palmeiras, Santos Reis e Independência que também obtiveram altos índices de acidentes. Em relação às ruas e avenidas sobressaíram-se Deputado Esteves Rodrigues, Belo Horizonte, João XXIII, Mestra Fininha Silveira, Francisco Caetani, Osmane Barbosa, Cula Mangabeira, Imperatriz Leopoldina, Antônio Lafeta Rebello, Sidney Chaves, Nossa Senhora de Fátima, Padre Vieira, Duce Sarmento, Governador Magalhães Filho, Coronel Luiz Maia e Deputado Plinio Ribeiro.

Figura 1: localização dos acidentes ciclísticos na cidade de Montes Claros MG ocorridos no ano de 2011 e 2012. Dentre as ruas e avenidas destacadas, verifica-se que, a maiorias dos acidentes ocorrerão em avenidas que estão localizadas ao redor do centro da cidade. Como nessas vias não ha espaço para uma duplicação, criando uma terceira faixa, a melhor forma de diminuir os acidentes seria a implantação de ciclofaixas e futuramente uma ciclovia, caso não diminua as ocorrências. Na Avenida Deputado Plinio Ribeiro, a qual já contém uma ciclofaixa, ainda é evidente um alto número de acidentes o que indica a necessidade de implantação de uma ciclovia em toda a sua extensão, como já foi discutido em estudos feitos por MIRANDA, LOBO e LACERDA (2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS Desse modo este trabalho mostrou uma das aplicabilidades que a geotecnologia dispõem para ajudar os órgãos de transito, através de software como o ARC GIS, que contem o Sistema de Informações Geográficas SIG, com os dados de acidentes no planejamento de melhorias das vias da cidade de Montes Claros MG, diminuindo assim as infrações de transito que dificultam a movimentação da população. Agradecimentos Os autores agradecem a FAPEMIG pelas bolsas de produtividade e de iniciação científica, bem como pelo apoio financeiro. Referências BANTEL, G.; Transporte Individual: Bicicletas, Veículos Não Motorizados. Anais do 14º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, Associação Nacional de Transportes Públicos - ANTP, Vitória, Espírito Santo, 2003. BRASIL. Lei n.12.587, de 3 de Janeiro de 2012. Institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana. Lex: Publicado no Diário Oficial da União, Brasília, 4.jan.2012. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12587.htm>. Acesso em : 21.jul.2012. GODIM, M. F.; Transporte Não Motorizado na Legislação Urbana no Brasil.[Rio de Janeiro] 2001, XVI, 185 p. 29,7 cm. (COPPE/UFRJ, M.Sc., Engenharia de Transportes, 2001), Tese Universidade Federal dominas Gerais/COPPE. GOMES, R. de. J.; ZANDONADE, E.; MORAES NETO, G. C. de. Análise espacial dos acidentes de trânsito do município de Vitória utilizando sistema de informações geográficas. 2008. 114f. Dissertação (Pós- Graduação em Engenharia Civil) Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, 2008. Disponível em: <http://www.cbtu.gov.br/estudos/pesquisa/anpet/pdf/2_47_rt.pdf>. Acesso em: 4.ago.2012. GOMES, Rosiane de Jesus; ZANDONADE, Eliana; MORAES NETO, Gregório Coelho de. Análise espacial dos acidentes de trânsito do município de Vitória utilizando sistema de informações geográficas. 2008. 4f. Dissertação (Pós- Graduação em Engenharia Civil) Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, 2008. Disponível em: <http://www.cbtu.gov.br/estudos/pesquisa/anpet/pdf/2_47_rt.pdf>. Acesso em: 4.ago.2012. KRAFT, W. H.; Planning Design and Implementation of Bicycle and Pedestrian Facilities.New Orleans, Louisiana, 1975.

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