FACULDADE ASSIS GURGACZ JULIANA FONGARO IDENTIFICAÇÃO MICROBIANA DE UROCULTURA



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Transcrição:

0 FACULDADE ASSIS GURGACZ JULIANA FONGARO IDENTIFICAÇÃO MICROBIANA DE UROCULTURA CASCAVEL 2011

1 FACULDADE ASSIS GURGACZ JULIANA FONGARO IDENTIFICAÇÃO MICROBIANA DE UROCULTURA Trabalho apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, como exigência para obtenção do título de licenciado em Ciências Biológicas, da Faculdade Assis Gurgacz. Prof. Orientador: Greicy Kiel CASCAVEL 2011

2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 3 2. MATERIAIS E MÉTODOS... 5 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 6 4. CONCLUSÃO... 9 5. REFERÊNCIAS... 10 6. APÊNDICE... 12

3 IDENTIFICAÇÃO MICROBIANA DE UROCULTURA FONGARO, Juliana 1 KIEL, Greicy 2 E-mail: ju_fongaro777@hotmail.com RESUMO A infecção do trato urinário (ITU) é uma das causas mais frequentes que levam homens e mulheres a procurarem os hospitais. Este estudo tem como objetivo identificar a presença de micro-organismos de urocultura com e sem a prévia higienização da área genital em relação à coleta. Para tanto, foram coletadas 100 amostras de urina em pacientes do sexo feminino, da faixa etária entre 17 e 55 anos, que não tenham ingeridos antibióticos nos últimos três meses. As amostras foram processadas no meio lominocultivo (Culturin) nos meios Cled e MacConkey. Aquelas que apresentaram-se positivas foram classificadas através de análises microscópicas (após coloração de Gram) e provas bioquímicas indicadas para o determinado padrão morfológico. Dentre as amostras positivas para infecção, houve prevalência de Escherichia coli (63,63%), porém outras bactérias, tais como, Proteus, Klebsiella e Enterobacter foram encontradas. Percebeuse que algumas amostras apresentaram-se contaminadas apenas quando não houve a higienização, o que indica contaminação na coleta e não presença de infecções urinárias. Com isso, conclui-se que a boa orientação do preparo pré-coleta pode evitar contaminações e falsos positivos, além de que, percebe-se que as bactérias encontradas são predominantemente de origem fecal. PALAVRAS-CHAVES: Infecção urinária. Micro-organismos. Higienização. 1- INTRODUÇÃO A infecção do trato urinário (ITU) se caracteriza pela presença de microorganismos na urina. Os patógenos mais comuns são as bactérias. A infecção urinária pode se manifestar de diversas maneiras, ou ser assintomática (SOARES et al., 2006). De acordo com Carvalhal (2006), a urina do jato médio é mais representativa da bexiga, sendo a técnica mais comumente empregada para obtenção de urina para urinálise e urocultura. O jato inicial, que é desprezado, ajuda a eliminar os potenciais contaminantes presentes na uretra e no intróito vaginal. Em mulheres, é feita a higiene da vulva e do meato uretral com água e sabão, sendo os lábios afastados no momento da coleta de urina. A amostra deve ser coletada em jato médio na primeira urina da manhã em frasco estéril devidamente identificado, com o procedimento de limpeza adequada (KUNIN, 2001). Segundo Koneman (2001), as amostras devem ser transportadas ao laboratório 1 Acadêmica de Ciências Biológicas Licenciatura Faculdade Assis Gurgacz, Cascavel, PR 2 Bióloga. Mestre em Microbiologia. Docente da Faculdade Assis Gurgacz, Cascavel, PR

4 o mais rápido possível. Em um contexto hospitalar, recomenda-se um limite máximo de duas horas entre a colheita e a chegada da amostra ao laboratório em temperatura de 2 a 8ºC. Quando se prevê uma demora na remessa da urina ao laboratório, deve-se guardá-la no refrigerador e depois acondicioná-la com gelo numa caixa isotérmica para transporte (MILLER et al., 2007). De acordo com Palma e Dambros (2002), as cistites representam um problema de saúde na mulher, afetando entre 10 e 20% destas durante sua vida, sendo que 80% apresentam infecções recorrentes. Metade das mulheres terá cistite durante sua vida. Aquelas em atividade sexual desenvolvem, no mínimo, um episódio de cistite a cada dois anos. Normalmente, a urina não apresenta nenhum micro-organismo. A presença de qualquer contaminante pode levar ao desenvolvimento de infecção urinária. Algumas pessoas, principalmente as mulheres, podem apresentar bactérias na urina e não desenvolverem Infecção do Trato Urinário (ITU) propriamente dita, sendo assim completamente assintomática (MURRAY, 1999). Os homens têm menos infecção urinária porque é mais dificil de contaminar a uretra, por ser longa e não estar em contato com a região perianal. Já, a contaminação do trato urinário em mulheres se dá por via ascendente a partir de micro-organismos que colonizam o intróito vaginal. As bactérias entram pela uretra e se localizam na bexiga, podendo permanecer e crescer nesta ou atingir outras partes do trato urinário como os ureteres e os rins, causando uma infecção do trato urinário superior, o que é agravante à condição de saúde (RUBIN, 2006). As infecções do trato urinário causam a uretrite, ou inflamação da uretra, e a cistite, ou inflamação na bexiga e, estão entre as mais comuns de todas as infecções detectadas nas práticas clínica, vencidas apenas pelas infecções respiratórias, as quais são responsáveis por três milhões de visitas nos consultórios médicos nos Estados Unidos (MORA et al., 2008). A caracterização de uma infecção do trato urinário deve ser baseada em avaliação clínica e laboratorial. Os testes laboratoriais mais utilizados envolvem a urinálise, representada pelo exame de urina tipo I e a urocultura. Esta última tem grande importância, pois além de indicar a ocorrência de multiplicação bacteriana no trato urinário, também permite a identificação do micro-organismo causador e o estudo da sensibilidade frente aos

5 antimicrobianos (SATO et al., 2005). Conforme Koneman (2001), a E. coli é a espécie bacteriana mais comumente isolada nos laboratórios clínicos e já foi associada a doenças infecciosas envolvendo virtualmente todos os tecidos e sistemas orgânicos humanos. O gênero Proteus é encontrado em solos, água e materiais contaminados com fezes. P. mirabilis é a espécie isolada com mais frequência de humanos, em particular como agente de infecções urinárias e feridas. Já o P. vulgaris é principalmente isolado de hospedeiros imunossuprimidos, em especial daqueles que se encontram sob tratamento prolongado com antibióticos. A tribo Klebsiella inclui quatro gêneros principais: Klebsiella, Enterobacter, Hafnia e Serratia. As espécies de Klebsiella estão amplamente distribuídas na natureza e no trato gastrointestinal de seres humanos e animais. As bactérias Gram-positivas são amplamente distribuídas na natureza e podem ser isoladas de ambientes ou como habitantes comensais de pele, mucosas e outros sítios corpóreos dos seres humanos e animais. Os cocos Gram-positivos produzem uma variedade de doenças, incluindo foliculite, furúnculo e celulite (estreptococos), além da pneumonia e bacteremia (pneumococos). Entre as bactérias Gram-positivas encontram-se Enterococcus faecalis, e espécies do gênero Staphylococcus.O gênero Enterococcus inclui diversas espécies residente do trato gastrintestinal, da vagina e da cavidade bucal. Por outro lado, algumas espécies, como Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium, podem originar doenças, incluindo infecções urinárias e endocardite. Mais de 90% das infecções humanas enterocócicas são causadas por E. faecalis (PARADELLA et al., 2007). O Staphylococcus saprophyticus, causa infecção no trato urinário, especialmente em mulheres, podendo chegar a causar cistite, uretrite e pielonefrite, e em casos extremos bacteremia (KONEMAN, 2001). Através desse trabalho, pretendeu-se difundir a importância da higienização na coleta de urina para a realização da análise de urocultura. 2- MATERIAIS E MÉTODOS Após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Faculdade Assis Gurgacz (CEP/FAG), sob parecer 079/2011, foram selecionadas 50 pacientes do sexo feminino da faixa etária entre 17 e 55 anos que não tivessem ingerido antibióticos nos últimos três meses, no período de 05 de Setembro a 30 de Setembro de

6 2011, no Município de Três Barras do Paraná. Cada coleta foi realizada antes e após a higienização em dias alternados, primeira amostra sem higienização prévia, primeira urina da manhã em jato médio e frasco esterilizado e a segunda amostra com higienização prévia, primeira urina da manhã em jato médio e frasco esterilizado, totalizando 100 amostras. Vale ressaltar que as pacientes foram instruídas em como proceder a coleta (Apêndice I). As amostras foram coletadas nas casas das mulheres selecionadas, e logo após foram recolhidas e transportadas em caixas térmicas e refrigeradas ao Laboratório de Análises Clínicas Biotest. As amostras foram então inoculadas em meio Laminocultivo (Culturin-LB). Após tal procedimento, o material foi incubado a 35º C durante 18-24 horas. Após a incubação, foi analisado se houve crescimento nos dois meios e realizada a leitura da contagem de comparação no ágar CLED (cystine lactose eletrolyte deficient). Foram consideradas amostras positivas com contagem superior a 10 4 UFC/mL e contaminadas com contagem inferior a 10³ UFC/mL com crescimento de duas espécies diferentes, conforme a instrução da LB. Os testes positivos foram selecionados e transportados para o Laboratório de Microbiologia da Faculdade Assis Gurgacz-FAG, em caixas térmicas e refrigeradas. As bactérias foram inoculadas no meio ágar nutriente inclinado para garantir o estoque dos isolados e incubadas a 37ºC por 24 horas. Após esse período foram acondicionados refrigeradas para posterior identificação. Após todas as coletas serem realizadas, as amostras foram inoculadas no meio caldo nutriente a 35ºC por 4 horas, e após este período realizada a coloração de Gram, a partir da qual classificou-se as bactérias quanto morfologia e organização de parede. Após a caracterização, foram realizadas provas bioquímicas de identificação tais como Citrato, Ágar tríplice açúcar-ferro (TSI), Lisina e Ágar semi-sólido de sulfetoindol-motilidade (SIM). 3- RESULTADOS E DISCUSSÃO Das 50 amostras analisadas antes da higienização, 19 foram consideradas contaminadas, 19 negativas para infecção e 12 positivas para infecção. Já nas 50 amostras analisadas após a higienização, 6 foram consideradas contaminadas, 35 negativas para

7 infecção e 9 positivas para infecção, apresentando-se os valores inferiores nestas condições, conforme Figura 01. Nº de amostras Figura 01: Números de amostras contaminadas, positivas e negativas antes e após a higienização. A partir desta análise, foram identificados aqueles micro-organismos presentes, os quais eram indicativo de infecção, portanto, deste modo, excluiu-se aquelas que apresentavam somente contaminação, não decorrente da urocultura, conforme metodologia indicada. Percebe-se então que nas duas situações houve prevalência de coliformes, especialmente de membros da família Enterobacteriaceae, como é o caso da Escherichia coli, presente em 63% das amostras, sendo 36% sem higienização prévia e 28% após higienização. Além desta bactéria foram encontradas também Klebsiella sp., Enterobacter sp., Proteus sp., Citrobacter sp. e Staphylococcus sp., conforme demonstrado na Figura 02. Os resultados encontrados vão ao encontro das informações indicadas em bibliografia, por segundo Koneman (2001), a urina é considerada estéril e pode sofrer contaminação de bactérias da pele, da roupa ou da genitália. Por isso, se não colhida, armazenada e transportada adequadamente, é possível a obtenção de falsos positivos em exames bacteriológicos. Os bacilos Gram-negativos pertencentes às Enterobacteriaceae são as bactérias isoladas em maior frequência nas amostras biológicas. Distribuídos

8 amplamente Porcentagem % Figura 02: Porcentagem bacteriana nas amostras sem higienização e com higienização prévia. amplamente na natureza, esses micro-organismos são encontrados no solo, água, plantas e, no trato intestinal de seres humanos e animais. A mais comum das bactérias Gramnegativas a Escherichia coli, seguida dos gêneros Proteus, Klebsiella e Enterobacter. Poletto e Reis (2005), indicaram que a E. coli foi o patógeno mais frequentemente isolado deste tipo de infecção, onde relatam um valor próximo ao nosso estudo com 67,9% de E. coli, seguida do gênero Klebsiella. Para Soares, Nishi e Wagner (2006), relataram que 63,64% sendo E. coli, onde a frequência encontrada de 18,18% Staphylococcus aureus, está acima do normal encontrado em publicações. A E. coli tem uma maior incidência nessas infecções por se tratar de uma bactéria da microbiota normal do intestino humano e poder, em determinadas situações colonizar e, por consequência causar infecções extra-intestinais, conforme Black (2002). Percebeu-se que 14 das amostras analisadas que haviam sido consideradas como contaminadas antes da higienização, foram consideradas negativas após este procedimento. O mesmo fato aconteceu com algumas amostras consideradas positivas antes da higienização. Tal fato indica que os micro-organismos detectados não tinham sua origem

9 em infecções urinária e, sim, de realização incorreta no procedimento da coleta. Apenas seis amostras que tinham sido catalogadas como positiva para infecção na coleta realizada sem higienização, mantiveram seus resultados. Deste modo, percebe-se que a higienização correta e orientada garante a credibilidade dos resultados encontrados em exames laboratoriais. Por este motivo, o setor de saúde não pode se acomodar, especialmente com relação a infecção urinária, um problema que pode ser facilmente evitado, mas que pode, por outro lado, trazer danos consideráveis como graves problemas renais (SOARES et al., 2006). Fatores de prevenção sugeridos são: ingerir líquido em maior quantidade para facilitar o fluxo urinário, evitar manter a bexiga cheia por tempo prolongado, fazer a higiene anal no sentido genitália-ânus, para evitar a contaminação próximo a uretra (SOARES et al., 2006). 4- CONCLUSÃO A boa orientação do preparo pré-coleta pode evitar contaminações e falsos positivos, o que é imprescindível para um diagnóstico preciso e assim, garantir o tratamento eficaz na maior parte das situações clínicas, devendo ser de conhecimento geral do profissional envolvido no atendimento básico de saúde. Pode-se concluir também que a Escherichia coli foi o micro-organismo mais frequente causador de infecção no trato urinário em mulheres analisadas no Município de Três Barras do Paraná.

10 5-. REFERÊNCIAS BLACK, J. G. Microbiologia Fundamentos e Perspectivas. Ed. 4ª. Rio de Janeiro, RJ. Editoria Guanabara Koogan S.A. Pág. 520-521. 2002. CAMARGO, C. B.; MASCHIETO, A.; SALVINO, C.; DARINI, A. L. C. Diagnóstico bacteriológico das infecções do trato urinário - Uma revisão técnica. Medicina, Ribeirão Preto. v.34, p.70-78, 2001. CARVALHAL, G. F.; ROCHA, L. C. A.; MONTI, P. R. Urocultura e exame comum de urina: considerações sobre sua coleta e interpretação. Revista da AMRIGS. v.50, n.1, p.59-62, 2006. KONEMAN, E. W.; ALLEN, S. D.; JANDA W. M. Diagnóstico Microbiológico. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2001, 1465 p. MILLER, O.; GONÇALVES, R. R. Laboratório para o Clínico. 8 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2007. MORA, J. F.; MENEZES, I.; REQUIA, M. K.; SARDIGLIA, C. U. Perfil dos Pacientes com Infecções do Trato Urinário Diagnosticados no Município de Flor do Sertão SC. RBAC. v.40, n.4, p.321 323, 2008. MURRAY, P. R. Manual of clinical microbiology. 7 ed. Washington: ASM Press, 1999. PALMA, P. C. R.; DAMBROS, M. Cistites na mulher. Revista Brasileira de Medicina. v.59, p.346-350, 2002. PARADELLA, T. C.; KOGA-ITO, C. Y.; JORGE, A. O. C. Enterococcus faecalis: considerações clínicas e microbiológicas. Revista de Odontologia da UNESP. v.36, n.2, p.163-68, 2007. POLETTO, K. Q.; REIS, C.; Suscetibilidade antimicrobiana de uropatógenos em pacientes ambulatoriais na cidade de Goiânia, GO. Revista da sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v.38, n.5, p.416-420, 2005. RUBIN, E. Patologia: bases clínicopatológicas da medicina. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

11 SATO, A. F. et al. Nitrito urinário e infecção do trato urinário por cocos Gram-positivos. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v.41, n.6, p.397-404, 2005. SILVA, C. H. P. M.; Urocultura. NewsLab. N.88. p.132-137, 2008. SOARES, L. A.; NISHI, C. Y. M.; WAGNER, H. L. Isolamento das bactérias causadoras de infecções urinárias e seu perfil de resistência aos antimicrobianos. Rev Bras Med Fam e Com. v.2, n.6, p.084 092, 2006.

12 APÊNDICE Orientação para coleta de urina: 1- Retire toda a roupa interna e sente confortavelmente no assento, abrindo as pernas tanto quando puder. 2- Afaste os grandes lábios com umas das mãos continue assim em quanto se limpa e colhe a amostra. 3- Limpeza. Esteja certa de ter se limpado e enxaguado muito bem antes de colher a amostra de urina. Usando uma por uma das quatro compressas de gazes, limpe de frente para trás. Limpe entre as dobras da pele com todo cuidado possível. 4- Enxague. Passando uma compressa úmida com o mesmo movimento da frente para trás. Não use a mesma compressa mais de uma vez. 5- Mantenha a área genital aberta e deixe que as primeiras gotas de urina caiam no vaso sanitário. Pegue o recepiente para colheita pela parte externa e urine dentro do mesmo. 6- Coloque a tampa do recepiente ou peça a enfermeira que o faça.