DIFICULDADES ENCONTRADAS NO APRENDER E NO ENSINAR DAS CIÊNCIAS NATURAIS E SUAS TECNOLOGIAS. Felipe Cavalcanti Ferrari 1 ; Rosalir Viebrantz 2.



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Transcrição:

DIFICULDADES ENCONTRADAS NO APRENDER E NO ENSINAR DAS CIÊNCIAS NATURAIS E SUAS TECNOLOGIAS 1 INTRODUÇÃO Felipe Cavalcanti Ferrari 1 ; Rosalir Viebrantz 2. A democratização ao acesso e a política de interiorização dos campi têm trazido alunos muitas vezes oriundos de ambientes culturais restritos, com escolarização frágil desafiando a lógica de meritocracia dos processos seletivos e que necessitam de uma formação de qualidade. Dessa forma, a expansão da educação tecnológica, no Brasil e no Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo em que representa a resposta a um anseio de inclusão dos jovens do país, impõe um desafio para os Institutos Federais em relação à qualidade da educação. Qualidade, na perspectiva aqui defendida, significa trabalho que se faz bem e em que todos se sentem bem. Nesse contexto, perguntamo-nos: Quais as dificuldades vivenciadas no processo de aprendizagem e ensino e como se dá qualidade desses processos em um dos campi do Instituto Federal Sul-rio-grandense? 2 OBJETIVOS Objetiva-se contribuir para as discussões acadêmicas referentes aos processos de ensino-aprendizagem, para que, assim, se possam construir indicadores de qualidade para a aprendizagem, o ensino e a formação de professores para a educação de nível técnico integrado, como oferecido pelos campi do Instituto Federal Sul-rio-grandense e outras instituições federais do Brasil. 3 MATERIAIS E MÉTODOS Optou-se pela realização de uma pesquisa, com formato de estudo de caso abrangendo todos os alunos do Curso Técnico de Nível Médio em Gestão Cultural do campus em estudo. Foram analisados os boletins finais do ano de 2011 dos alunos do curso, a fim de diagnosticar o rendimento individual de cada um. Após isso, foi feito um estudo referente à configuração atual das turmas, com base de dados nas listas de chamadas, para descobrir quais são os alunos regulares e quais cursam alguma dependência em cada uma das turmas. Também foi construído um questionário, o qual ainda não foi aplicado, mas servirá como instrumento que nos possibilite entender como o próprio aluno vivencia esta realidade evidenciada. O questionário será analisado a partir da técnica de análise de conteúdo. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 1º Ano Em 2011 o primeiro ano do curso estava dividido em duas turmas, uma para o turno da manhã (1M) e outra para o turno da tarde (1L). Haviam 96 alunos matriculados nas turmas de 1 Estudante do Curso Técnico Integrado em nível médio de Gestão Cultural do Instituto Federal Sul-riograndense campus Sapucaia do Sul. É também bolsista de iniciação científica do projeto de pesquisa Indicadores de qualidade na educação profissional para aprendizagem, ensino e formação de professores, financiado pelo programa institucional de bolsas EDITAL N 05/2011 PROPESP. e-mail para contato: flpe.cf@gmail.com 2 Pós-Doutora em Educação pela PUC/RS, Professora do IFSul, Campus Sapucaia do Sul - Orientadora e coordenadora dos projetos de pesquisa sobre Aprendizagem e indicadores de qualidade. e-mail para contato: rviebrantz@sapucaia.ifsul.edu.br

primeiro ano, divididos entre alunos que ingressaram na instituição em 2011, repetentes dos anos anteriores e dependentes em alguma disciplina. Com o fechamento das notas, a situação verificada foi que para o primeiro ano as disciplinas de Matemática, Física e Química apresentaram os maiores índices de reprovação 50 alunos em [matemática], 15 alunos em [física] e 13 alunos em [química]. Na turma 1M dos seus 45 alunos 30 acabaram fracassando, sendo que cinco desses alunos reprovaram em mais de duas disciplinas, 21 fracassaram em até duas disciplinas e quatro evadiram o curso ou deixaram o IFSul. Portanto em 2012 cinco alunos não poderão avançar para o segundo ano, e 21 alunos foram para a próxima etapa cursando paralelamente disciplinas da anterior. Apenas 15 alunos da turma foram aprovados em todos os componentes curriculares do primeiro ano. Vale lembrar que nem todos os alunos da 1M ingressaram na escola naquele ano, ou seja, eles ou estavam repetindo o ano por terem sido reprovados no ano anterior, ou cursavam alguma dependência naquela turma. O componente curricular que representou o maior número de alunos reprovados foi Matemática com 25 alunos, o que significa que mais da metade da turma não obteve sucesso nessa disciplina. Além de Matemática como principal representante de dificuldade no processo da aprendizagem, observamos as disciplinas de Química com sete alunos reprovados, e Física, com seis alunos reprovados, como outros campos do saber que os alunos encontraram dificuldade no aprender. Em suma, todos os alunos reprovados em Química reprovaram também em Matemática, todos os reprovados em Física reprovaram em Matemática e cinco dos reprovados em Física reprovaram em Química, concluísse então que cinco alunos reprovaram nessas três disciplinas. Na turma 1L dos seus 51 alunos 37 reprovaram, sendo que três desses alunos reprovaram em mais do que duas disciplinas, 26 reprovaram em até duas e oito evadiram o curso ou deixaram o IFSul. Em outras palavras, no ano de 2012 três alunos não puderam avançar para o segundo ano e 26 alunos foram para a próxima etapa cursando paralelamente disciplinas da anterior. Apenas 14 alunos da turma foram aprovados em todos os componentes curriculares do primeiro ano. Vale lembrar que nem todos os alunos da 1L ingressaram na escola naquele ano, ou seja, eles ou estavam cursando novamente aquele ano por terem sido reprovados no ano letivo anterior, ou cursavam alguma dependência naquela turma. O componente curricular que representou o maior índice de alunos reprovados da turma foi Matemática com 25 alunos. Além de Matemática como principal representante de dificuldade no processo da aprendizagem, observamos as disciplinas de Química, com um índice de seis alunos reprovados, e de Física, com um índice de nove alunos reprovados, como outros campos do saber que os alunos encontraram dificuldade em termos de aprendizagem. Apenas um dos nove reprovados em Física não reprovou também em Matemática, cinco dos seis alunos que reprovaram em Química também fracassaram em Matemática e dois alunos reprovaram nas três disciplinas. 2º Ano Em 2011 o segundo ano do curso estava dividido em duas turmas, uma para o turno da manhã (2M) e outra para o turno da tarde (2L). Haviam 76 alunos matriculados nas turmas de segundo ano, divididos entre alunos que ingressaram na instituição em 2010, repetentes dos anos anteriores e dependentes em alguma disciplina. Com o fechamento das notas, das duas turmas, a situação verificada foi que para os segundos anos as disciplinas de Matemática, Química e Física apresentaram os maiores índices de repetência com 25 (matemática), 13(química) e 9 alunos (física) respectivamente.

Os resultados da turma 2M apresentam Matemática como sendo o componente curricular de maior índice de alunos reprovados na turma em 2011, com 22 reprovações. Além de Matemática como principal representante de dificuldade no processo da aprendizagem, observamos as disciplinas de Química, com um índice de 13 alunos reprovados, e de Física, com um índice de sete alunos reprovados, como outros campos do saber que os alunos encontraram dificuldade em termos de aprendizagem. Doze dos 13 reprovados em Química reprovaram também em Matemática, todos os reprovados em Física reprovaram também Matemática e em Química. O componente curricular que representou o maior índice de alunos reprovados da turma foi Matemática com três alunos. Além de Matemática como principal representante de dificuldade no processo da aprendizagem, observamos as disciplinas de Lazer e Recreação II, com um índice de dois alunos reprovados, e de Física, também com um índice de dois alunos reprovados, como outros campos do saber que alguns alunos encontraram dificuldade em termos de aprendizagem. 3º Ano Em 2011 o terceiro ano do curso estava dividido em duas turmas, uma para o turno da manhã (3M) e outra para o turno da tarde (3L). Haviam 70 alunos matriculados nas turmas de terceiro ano, divididos entre alunos que ingressaram na instituição em 2009, repetentes dos anos anteriores e dependentes em alguma disciplina. Com o fechamento das notas, a situação verificada foi que para os terceiros anos a disciplina de Matemática representava o maior índice de repetência, com 13 alunos reprovados, e apesar de alguns alunos terem reprovado em outros componentes curriculares, os índices dessas disciplinas são bem menores, não ultrapassando três alunos. Os resultados da turma 3M do ano de 2011 também foram relativamente satisfatórios, entretanto vale a pena observar que 10 de seus 39 alunos reprovaram na disciplina de Matemática. Outras disciplinas apresentam um índice bem menos expressivo de alunos, chegando ao máximo de três fracassos. Mesmo que o índice de reprovações da turma tenha sido baixo, a disciplina com o maior número de alunos reprovados foi Matemática com três alunos reprovados o que em conjunção com os dados das outras turmas anteriormente discorridos reafirma que os componentes curriculares da área das exatas apresentam o maior desafio no processo de ensino-aprendizagem dos alunos do curso de Gestão Cultural. Afunilamento Quarto Ano Percebe-se então uma redução dramática no número de alunos das turmas do quarto ano. Considerando que as disciplinas em questão se encontram como componentes curriculares estudados nos anos iniciais do curso, vemos um grande número de alunos em dependência nesses anos. Iniciativas tomadas Com o mapeamento das turmas e dos alunos foram evidenciadas como principais dificuldades de aprendizagem as disciplinas de Física, Química e Matemática. Nas turmas iniciais do curso, encontram-se indíces de até 50% de alunos com depêndencia em alguma dessas disciplinas. Como esses saberes são componentes curriculares apenas dos anos iniciais do curso, é observado um processo de afunilamento, no qual as turmas de primeiro e segundo

ano apresentam um número elevado de alunos, enquanto as turmas de terceiro e quarto ano apresentam um número bem menos expressivo. Em função desta realidade, foram construídas duas alternativas, visando tanto a compreensão desses problemas como a sua resolução. Uma delas foi a criação de um espaço onde alunos e professores pudessem discutir a respeito de tópicos referentes à educação, tais como: aprendizagem, ensino, formação de professores e avaliação; e a outra foi o início de monitorias de Física, Química e Matemática, que se desdobrou em um segundo projeto de pesquisa que tem como objetivo descobrir novas metodologias e abordagens para a aprendizagem e o ensino dessas disciplinas. No espaço de diálogo e discussão entre alunos e professores vemos um evento que apresenta grande rotatividade de participantes: aqueles que participaram de uma edição do evento não tem o costume de participar da próxima, mesmo que tenham a vontade. O provável motivo de este encontro apresentar tal característica é que no campus em estudo esse tipo de reflexão, a respeito da prática pedagógica, encontra muita resistência em especial pelos professores das disciplinas exatas (Física, Matemática e Química). 5 CONCLUSÃO Conseguimos diagnosticar as principais dificuldades de aprendizagem dos alunos nas disciplinas física, química e matemática e dos professores em participar de discussões a respeito de sua prática pedagógica, de seu método de ensino. Entretanto, isso não é suficiente para determinarmos indicadores de qualidade no campo da aprendizagem, do ensino e da formação de professores. Assim, as discussões realizadas por professores e alunos no espaço que foi criado, em conjunção com as monitorias e o questionário que será aplicado deverão abrir possibilidade de novas interpretações e considerações referentes aos indicadores. Levando em consideração que a problemática constatada no campus em estudo é a do insucesso, a da falta de empoderamento e a da desmotivação na aprendizagem principalmente, nas ciências exatas. Dessa forma, tornam-se afetados o indivíduo, a escola, a cidade, a comunidade, a região, o nível da aprendizagem escolar e a própria qualidade dos cursos técnicos integrados. 6 REFERÊNCIAL TEÓRICO CUNHA, Maria Isabel da, LEITE, Denise. Decisões pedagógicas e estruturas de poder na Universidade. Campinas, Papirus, 1996. DEWEY, J. how we think. new york: d. c. heath. 1933. FREIRE, Paulo. Medo e Ousadia. O cotidiano do Professor. Rio de janeiro, Paz e Terra, 1986. KOLB, D. A.; FRY, R. Toward an applied theory of experimential learning. In.: C. COOPER (ed.) Theories of grups process, London: John Wiley. 1975. LAYTE, M.; RAVET, R. Rethinking quality for building a learning society. In. EHLERS, D.; PAWLOWSKI, J. M. (Ed.). Handbook on quality and standardisation in elearning. Berlin: Springer, 2006 PIAGET J.; CHOMSKY N. Théories du langage et theories de lápprentissage (le débat entre Jean PIAGET et Noam CHHOMSKY). Le Seuil. Paris, 1975. PIAGET J. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: Jsé Olympio Editora, 1974.. Biologia e conhecimento. Lisboa: RES, 1978.. O nascimento da inteligência na cirança. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.. Psicologia e pedagogia. Rio de janeiro: Forense/Universitária, 1988.

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