RECOMENDAÇÃO Ref. Inquérito Civil MPF/PR/RJ nº 1.30.001.002641/2013-27 O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelas Procuradoras da República que subscrevem, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, estabelecidas na Constituição da República e na Lei Orgânica do Ministério Público da União (Lei Complementar nº 75/93), e: I. CONSIDERANDO: I.1 que a regra estabelecida no art. 127, caput, da CR/88 define o Ministério Público como instituição permanente, essencial à função jurisdicional do estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis ; I.2 que dentre as funções institucionais do Ministério Público, estabelecidas no artigo 129, inciso II, da CR/88, analisado em cotejo com o artigo 2º da Lei Complementar nº 75/93, insere-se a função de zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia ; I.3 que o dispositivo 6º, inciso XX da Lei Complementar 75/93 prevê dentre as atribuições do Ministério Público Federal expedir recomendações, visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como ao respeito, aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover, fixando prazo razoável para a adoção das providências cabíveis ; I.4 que ao Ministério Público Federal compete, nos termos do artigo 6º, inciso VII, alínea c, da Lei Complementar 75/93, promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais indisponíveis, difusos e coletivos; 1
I.5 que as referidas atribuições do Ministério Público tornam possível submeter ao controle do Estado-Juiz as condutas administrativas transgressoras dos princípios constitucionais da Administração Pública; I.6 que a 5ª Câmara de Coordenação e Revisão, buscando a atuação coordenada dos órgãos de execução do Ministério Público Federal no contexto da transparência das informações relativas à organização dos serviços do SUS e da mobilização dos gestores públicos para a otimização dos escassos recursos humanos da área da saúde pública, expediu o Ofício-circular nº 04/2014/PGR/5ª CCR/MPF contendo minutas de recomendações para assegurar a adoção de medidas administrativas voltadas ao incremento da qualidade dos serviços de saúde, em benefício da população usuária do SUS, dentre as quais a publicidade das escalas dos médicos e demais profissionais de saúde; II. CONSIDERANDO, notadamente: II.1 que tramita no ofício da saúde da tutela coletiva o inquérito civil n 1.30.001.002641/2013-27, instaurado com o escopo de acompanhar o cumprimento da Portaria GM/MS 2.571/2012 para a implantação e uso do controle eletrônico de ponto para registro de assiduidade e pontualidade dos servidores públicos lotados e em exercício nos órgãos do Ministério da Saúde, situados no Município do Rio de Janeiro, nos termos do Decreto nº 1.867, de 17 de abril de 1996; II.2 que está em fase de desenvolvimento pelo DATASUS um software de controle eletrônico de frequências para atender às necessidades específicas das unidades de saúde, sendo estimada pela Secretaria de Assuntos Administrativos do Ministério da Saúde para março de 2015 a conclusão de todas as etapas do cronograma para efetivação do Sistema de Registro Eletrônico de Frequência (SIREF) nos hospitais federais no Estado do Rio de Janeiro, vinculados ao Ministério da Saúde; II.3 que a saúde é direito social constitucionalmente reconhecido (art. 6 da CF/88), e são de relevância pública as ações e serviços de saúde (art. 197, CF/88); 2
II.4 que, no cumprimento do dever de prestar assistência integral à saúde da população, o poder público atuará por intermédio do Sistema Único de Saúde SUS, seja diretamente, através de unidades públicas de saúde, ou indiretamente, arcando com o custo dos tratamentos efetivados por instituições de saúde conveniadas; II.5 que o controle social é princípio fundamental para as atividades de saúde pública no Brasil, nos termos do art. 198, inciso III, da CR/88; II.6 que é recorrente o recebimento no Ministério Público Federal de representações por parte de cidadãos que não são atendidos nos hospitais federais pela ausência ou atraso de médicos e demais profissionais de saúde, bem como de representações que noticiam fechamentos ou redução do atendimento de determinados serviços nestes hospitais por falta de recursos humanos; II.7 que é atribuição do Ministério Público promover as medidas necessárias para que o Poder Público, por meio dos serviços de relevância pública, respeite os direitos assegurados na Constituição Federal, como o direito social à saúde e ao irrestrito acesso a atendimentos e tratamentos médicos condizentes com a dignidade da pessoa humana; II.8 que a Lei 12.527/11 dispõe, em seu art. 5º, que é dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão ; II.9 que a Lei 12.527/11, em seu art. 7º, incisos, II e V, e 8º, caput e parágrafo 2º, afirma que o acesso à informação compreende informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos, bem como informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços ; II.10 que o art. 6º da Portaria GM/MS 2571/2012, em seu parágrafo 5º, estabelece que os órgãos do Ministério da Saúde deverão afixar, em local visível, relação nominal dos servidores com especificação individual do horário de entrada e saída, cabendo à chefia 3
imediata e à unidade de Gestão de Pessoas do respectivo órgão zelar pela fiel observância dos horários estabelecidos, nos termos do inciso X do art. 116 da Lei nº 8.112, de 1990. II.11 que, nesse contexto normativo, é direito do cidadão ser informado sobre os horários de atendimento de médicos e demais profissionais de saúde em exercício nos hospitais federais, revelando-se como importante instrumento de controle social dos serviços públicos de saúde, na forma do art. 198, inciso III, da CR/88; II.12 que a garantia dos usuários do SUS ao acesso à ampla informação revela-se, em última análise, como importante instrumento de fortalecimento desse sistema único e do efetivo alcance do direito constitucional à saúde; III. RESOLVE RECOMENDAR, nos termos do art. 6, inciso XX, da Lei Complementar 75/93, com o escopo de garantir a plena informação dos cidadãos usuários do SUS na forma determinada na Lei 12.527/2011, bem como garantir a existência de mecanismos que inibam irregularidades nos serviços executados pelos hospitais federais e auxiliem no atendimento ao parágrafo 5º do art. 6º da Portaria GM/MS 2.571/2012, III.1 ao Diretor-Geral do Instituto Nacional do Câncer INCA, LUIZ ANTONIO SANTINI, ao Diretor do Instituto Nacional de Cardiologia INC, JOSE LEONCIO DE ANDRADE FEITOSA e ao Diretor do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia INTO, JOÃO ANTONIO MATHEUS GUIMARÃES, que: III.1.1 adotem as medidas administrativas necessárias para assegurar a divulgação clara e objetiva dos nomes dos médicos e demais profissionais de saúde em atividade nos respectivos serviços dos hospitais federais, devendo indicar as especialidades e horários de início e término das jornadas diárias de trabalho; III.1.2 o material de informação/quadro informativo deve ser fixado nas dependências de cada um dos serviços das respectivas unidades hospitalares, em local visível ao paciente e ao público externo, devendo a informação ser também disponibilizada no sítio eletrônico do hospital, sem prejuízo da divulgação também em outros locais que essa direção entender pertinentes, desde que de fácil acesso ao público usuário do serviço. 4
III.2 ao Secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, FAUSTO PEREIRA DOS SANTOS, e à Secretária-Executiva do Ministério da Saúde, ANA PAULA MENEZES, que estabeleçam rotina destinada à fiscalização do cumprimento do disposto na presente recomendação. PRAZO: Em 30 (trinta) dias, contados do recebimento, na forma art. 6º, inciso XX, parte final, da LC n.º 75/93, deverão Vossas Senhorias informar à Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro as providências adotadas em atendimento à presente recomendação ou apresentação de cronograma para o seu cumprimento, sendo sua omissão entendida como negativa de cumprimento da recomendação. EFICÁCIA: A presente recomendação dá ciência e constitui em mora os destinatários quanto às providências recomendadas pelo Ministério Público Federal e poderá implicar a adoção de todas as medidas judiciais cabíveis para assegurar o cumprimento das regras e princípios acima sustentados. CIÊNCIA: Será encaminhada, para ciência, cópia da presente recomendação à Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, à Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde, à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e à 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal. Rio de Janeiro, 22 de setembro de 2014. ROBERTA TRAJANO Procuradora da República ALINE CAIXETA Procuradora da República 5
RECOMENDAÇÃO Ref. Inquérito Civil MPF/PR/RJ nº 1.30.001.002641/2013-27 O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelas Procuradoras da República que subscrevem, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, estabelecidas na Constituição da República e na Lei Orgânica do Ministério Público da União (Lei Complementar nº 75/93), e: I. CONSIDERANDO: I.1 que a regra estabelecida no art. 127, caput, da CR/88 define o Ministério Público como instituição permanente, essencial à função jurisdicional do estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis ; I.2 que dentre as funções institucionais do Ministério Público, estabelecidas no artigo 129, inciso II, da CR/88, analisado em cotejo com o artigo 2º da Lei Complementar nº 75/93, insere-se a função de zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia ; I.3 que o dispositivo 6º, inciso XX da Lei Complementar 75/93 prevê dentre as atribuições do Ministério Público Federal expedir recomendações, visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como ao respeito, aos interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover, fixando prazo razoável para a adoção das providências cabíveis ; I.4 que ao Ministério Público Federal compete, nos termos do artigo 6º, inciso VII, alínea c, da Lei Complementar 75/93, promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais indisponíveis, difusos e coletivos; 1
I.5 que as referidas atribuições do Ministério Público tornam possível submeter ao controle do Estado-Juiz as condutas administrativas transgressoras dos princípios constitucionais da Administração Pública; I.6 que a 5ª Câmara de Coordenação e Revisão, buscando a atuação coordenada dos órgãos de execução do Ministério Público Federal no contexto da transparência das informações relativas à organização dos serviços do SUS e da mobilização dos gestores públicos para a otimização dos escassos recursos humanos da área da saúde pública, expediu o Ofício-circular nº 04/2014/PGR/5ª CCR/MPF contendo minutas de recomendações para assegurar a adoção de medidas administrativas voltadas ao incremento da qualidade dos serviços de saúde, em benefício da população usuária do SUS, dentre as quais a publicidade das escalas dos médicos e demais profissionais de saúde; II. CONSIDERANDO, notadamente: II.1 que tramita no ofício da saúde da tutela coletiva o inquérito civil n 1.30.001.002641/2013-27, instaurado com o escopo de acompanhar o cumprimento da Portaria GM/MS 2.571/2012 para a implantação e uso do controle eletrônico de ponto para registro de assiduidade e pontualidade dos servidores públicos lotados e em exercício nos órgãos do Ministério da Saúde, situados no Município do Rio de Janeiro, nos termos do Decreto nº 1.867, de 17 de abril de 1996; II.2 que está em fase de desenvolvimento pelo DATASUS um software de controle eletrônico de frequências para atender às necessidades específicas das unidades de saúde, sendo estimada pela Secretaria de Assuntos Administrativos do Ministério da Saúde para março de 2015 a conclusão de todas as etapas do cronograma para efetivação do Sistema de Registro Eletrônico de Frequência (SIREF) nos hospitais federais no Estado do Rio de Janeiro, vinculados ao Ministério da Saúde; II.3 que a saúde é direito social constitucionalmente reconhecido (art. 6 da CF/88), e são de relevância pública as ações e serviços de saúde (art. 197, CF/88); 2
II.4 que, no cumprimento do dever de prestar assistência integral à saúde da população, o poder público atuará por intermédio do Sistema Único de Saúde SUS, seja diretamente, através de unidades públicas de saúde, ou indiretamente, arcando com o custo dos tratamentos efetivados por instituições de saúde conveniadas; II.5 que o controle social é princípio fundamental para as atividades de saúde pública no Brasil, nos termos do art. 198, inciso III, da CR/88; II.6 que é recorrente o recebimento no Ministério Público Federal de representações por parte de cidadãos que não são atendidos nos hospitais federais pela ausência ou atraso de médicos e demais profissionais de saúde, bem como de representações que noticiam fechamentos ou redução do atendimento de determinados serviços nestes hospitais por falta de recursos humanos; II.7 que é atribuição do Ministério Público promover as medidas necessárias para que o Poder Público, por meio dos serviços de relevância pública, respeite os direitos assegurados na Constituição Federal, como o direito social à saúde e ao irrestrito acesso a atendimentos e tratamentos médicos condizentes com a dignidade da pessoa humana; II.8 que a Lei 12.527/11 dispõe, em seu art. 5º, que é dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão ; II.9 que a Lei 12.527/11, em seu art. 7º, incisos, II e V, e 8º, caput e parágrafo 2º, afirma que o acesso à informação compreende informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos, bem como informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços ; II.10 que o art. 6º da Portaria GM/MS 2571/2012, em seu parágrafo 5º, estabelece que os órgãos do Ministério da Saúde deverão afixar, em local visível, relação nominal dos servidores com especificação individual do horário de entrada e saída, cabendo à chefia 3
imediata e à unidade de Gestão de Pessoas do respectivo órgão zelar pela fiel observância dos horários estabelecidos, nos termos do inciso X do art. 116 da Lei nº 8.112, de 1990. II.11 que, nesse contexto normativo, é direito do cidadão ser informado sobre os horários de atendimento de médicos e demais profissionais de saúde em exercício nos hospitais federais, revelando-se como importante instrumento de controle social dos serviços públicos de saúde, na forma do art. 198, inciso III, da CR/88; II.12 que a garantia dos usuários do SUS ao acesso à ampla informação revela-se, em última análise, como importante instrumento de fortalecimento desse sistema único e do efetivo alcance do direito constitucional à saúde; III. RESOLVE RECOMENDAR, nos termos do art. 6, inciso XX, da Lei Complementar 75/93, com o escopo de garantir a plena informação dos cidadãos usuários do SUS na forma determinada na Lei 12.527/2011, bem como garantir a existência de mecanismos que inibam irregularidades nos serviços executados pelos hospitais federais e auxiliem no atendimento ao parágrafo 5º do art. 6º da Portaria GM/MS 2.571/2012, III.1 à Diretora do Hospital Federal da Lagoa, ROBERLI HELENA BICHARRA PINTO; à Diretora do Hospital Federal de Ipanema, SELENE MARIA RENDEIRO BEZERRA; ao Diretor do Hospital Federal do Andaraí, CARLOS HENRIQUE MELO REIS; ao Diretor do Hospital Federal Cardoso Fontes, PAULO ROBERTO MARÇAL ALVES; ao Diretor do Hospital Federal dos Servidores do Estado, MIGUEL CARDIM PINTO MONTEIRO; ao Diretor do Hospital Federal de Bonsucesso, FLÁVIO ADOLFO SILVEIRA, que: III.1.1 adotem as medidas administrativas necessárias para assegurar a divulgação clara e objetiva dos nomes dos médicos e demais profissionais de saúde em atividade nos respectivos serviços dos hospitais federais, devendo indicar as especialidades e horários de início e término das jornadas diárias de trabalho; III.1.2 o material de informação/quadro informativo deve ser fixado nas dependências de cada um dos serviços das respectivas unidades hospitalares, em local visível ao paciente e ao público externo, devendo a informação ser também disponibilizada no sítio eletrônico 4
do hospital, sem prejuízo da divulgação também em outros locais que essa direção entender pertinentes, desde que de fácil acesso ao público usuário do serviço. III.2 ao Diretor do Departamento de Gestão Hospitalar, LUIZ CARLOS MORAES, que estabeleça rotina destinada à fiscalização do cumprimento do disposto na presente recomendação. PRAZO: Em 30 (trinta) dias, contados do recebimento, na forma art. 6º, inciso XX, parte final, da LC n.º 75/93, deverão Vossas Senhorias informar à Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro as providências adotadas em atendimento à presente recomendação ou apresentação de cronograma para o seu cumprimento, sendo sua omissão entendida como negativa de cumprimento da recomendação. EFICÁCIA: A presente recomendação dá ciência e constitui em mora os destinatários quanto às providências recomendadas pelo Ministério Público Federal e poderá implicar a adoção de todas as medidas judiciais cabíveis para assegurar o cumprimento das regras e princípios acima sustentados. CIÊNCIA: Será encaminhada, para ciência, cópia da presente recomendação à Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, à Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde, à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão e à 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal. Rio de Janeiro, 22 de setembro de 2014. ROBERTA TRAJANO Procuradora da República ALINE CAIXETA Procuradora da República 5