Impactos da seca de 2012-2013 nas culturas agrícolas versus ações de convivência com a seca no município de Parari-Paraíba



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Transcrição:

1. Impactos da seca de 2012-2013 nas culturas agrícolas versus ações de convivência com a seca no município de Parari-Paraíba Drought impacts of 2012-2013 in crops versus living together of actions with drought in the municipality of Parari-Paraíba FARIAS, André Aires de 1 ; SOUSA, Francisco de Assis Salviano de 2 ; SOUZA, José Thyago Aires 3 Doutorando em Recursos Naturais, UFCG, Campina Grande-PB. e-mail: andreaires61@hotmail.com; 2. Professor do Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais, UFCG, Campina Grande-PB; 3. Mestrando em Agronomia, UFPB, Areia-PB. RESUMO: Seca é um fenômeno natural que ocorre quando a precipitação média fica abaixo dos níveis normais registrados, isso provoca um sério desequilíbrio hídrico que afeta negativamente o meio urbano e rural. Diante do que foi exposto, buscou-se identificar os impactos da seca de 2012-2013 nas culturas agrícolas do município de Parari-Paraíba e os motivos pelos quais as tecnologias de convivência ainda não acabaram com as vulnerabilidades do ambiente ao fenômeno da seca. A obtenção dos dados de área plantada (ha), área colhida (ha), quantidade produzida (ton) e valor da produção (R$) do algodão arbóreo e herbáceo; banana, batata-doce, castanha de caju, coco, feijão, goiaba, mamão, manga, mandioca e milho dos anos de 2011, 2012 e 2013 do município foram conseguidos através do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já os dados pluviométricos foram obtidos por meio da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA). Os maiores impactos na área plantada e colhida; quantidade produzida e valor da produção foram sentidos nas culturas do algodão arbóreo, batata-doce, caju, feijão, mandioca e milho. Palavras-chave: fenômeno natural; área plantada e colhida; quantidade produzida; valor da produção. ABSTRACT: Drought is a natural phenomenon that occurs when the average rainfall is below normal levels registered, it causes serious hydrological imbalances that adversely affects the urban and rural areas. Given what was found, we sought to identify the drought impacts of 2012-2013 in agriculture in the municipality of Parari-Paraíba and the reasons why the coexistence technologies have not yet finished with the vulnerabilities of the environment by the drought phenomenon. Obtaining the acreage data (ha), harvested area (ha), quantity produced (ton) and value of production (R$) of the tree and herbaceous cotton; banana, sweet potato, cashew, coconut, beans, guava, papaya, mango, cassava and maize the years 2011, 2012 and 2013 the city was achieved by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). As for the rainfall data were obtained through the Executive Agency for the Management of State of Paraíba Waters (AESA). The largest impacts in planted and harvested area; quantity produced and the value of production were felt in the tree cotton crops, sweet potato, cashew, beans, cassava and maize. Keywords: natural phenomenon; area planted and harvested; quantity produced; value of production. INTRODUÇÃO O Nordeste Brasileiro (NEB) é conhecido como uma região com alta variabilidade

espacial e temporal da precipitação. Desde que o Padre Fernão Cardin registrou a primeira longa seca do semiárido brasileiro entre 1583-1585, ocorreram diversas outras entre pequenas, médias e grandes. Em 1824-1825, seca e varíola juntas se espalharam, esterilizando o Sertão, a fome atingiu inclusive engenhos de cana-de-açúcar. Em 1831 a Regência Trina, diante da seca prolongada, autorizou a abertura de fontes artesianas profundas. Foi o primeiro sinal de reação do poder público diante do fenômeno. Existem relatos de que no período de 1844-1846 a farinha de mandioca chegou a ser trocada por ouro e prata (CANUTO et al., 2013). Uma das mais graves secas que atingiram o Nordeste foi a de 1877-1879. O Ceará, na época, com uma população de 800 mil habitantes foi intensamente atingido. Desses, 120 mil (15,0%) migraram para a Amazônia e 68 mil pessoas foram para outros estados. Conta-se que grande parte da população de Fortaleza foi eliminada. A economia foi arrasada, as doenças e a fome dizimaram os rebanhos (CANUTO et al., 2013). Villa (2002) relata: a seca de 1877-1879 foi uma das mais terríveis, teria dizimado cerca de 4,0% da população nordestina. A seca de 1979-1983 foi uma das mais prolongadas da história do Nordeste. Atingiu toda a região, deixando um rastro de miséria e fome em todos os Estados. Uma pesquisa da UNESCO apontou que 62,0% das crianças nordestinas, de 0 a 5 anos, na zona rural, viviam em estado de desnutrição aguda (SILVA et al., 2013). Já a seca de 1997-1998 resultou em uma diminuição de 72,0% na produção de feijão, milho, arroz, algodão, e mandioca, segundo estudos da Fundação Joaquim Nabuco (FUNDAJ), em uma pesquisa envolvendo 15 municípios de cinco estados afetados (NAE, 2005). As perdas na pecuária do Nordeste entre 1997 e 1998 chegaram aos impressionantes 42,2% de bovinos, 37,2% dos caprinos, 40,9% dos ovinos e 45,7% dos suínos (DUARTE, 2002). Em função das recorrentes secas, muitos estudos realizados nos séculos XVIII e XIX buscaram recomendações para o enfrentamento da seca e de suas consequências, com destaque para a construção de açudes e de estradas; o reflorestamento e a transferência da população que residia no semiárido para outras áreas. No século XX, surge outro discurso, sugerindo a implantação de sistemas de exploração de propriedades agrícolas para assegurar a convivência do homem com a seca, esta convivência é voltada para o uso sustentável dos recursos naturais do semiárido e para a quebra do monopólio de acesso à terra, à água e aos outros meios de produção, entre as ações adotadas para a convivência podem ser citadas as seguintes: cisternas de placas e calçadão; açudes, barragens subterrâneas, tanques naturais, poços, silagem, fenação, plantação de espécies vegetais resistentes à seca, utilização de raças adaptadas à região, entre outras. Diante do que foi exposto, buscou-se identificar os impactos da seca de 2012-2013 nas culturas agrícolas do município de Parari-Paraíba e os motivos pelos quais as

tecnologias de convivência ainda não acabaram com as vulnerabilidades do ambiente ao fenômeno da seca. METODOLOGIA O município de Parari situa-se na região central do Estado da Paraíba, Mesorregião da Borborema e Microrregião do Cariri Ocidental. Limita-se ao Norte com o município de Santo André, Leste com Gurjão e São João do Cariri; Sul com Serra Branca e São José dos Cordeiros; e Oeste com o município de São José dos Cordeiros (Figura 1). Figura 1: Localização geográfica do município de Parari-Paraíba. A obtenção dos dados de área plantada (ha), área colhida (ha), quantidade produzida (ton) e valor da produção (R$) do algodão arbóreo e herbáceo; banana, batata-doce, castanha de caju, coco, feijão, goiaba, mamão, manga, mandioca e milho dos anos de 2011, 2012 e 2013 do município foram conseguidos através do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já os dados pluviométricos foram obtidos por meio da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA). A intenção em utilizar dados de 2011 (chuvas acima da média) foi de fazer um comparativo entre um ano chuvoso e dois secos (2012-2013). RESULTADOS E DISCUSSÃO O ano de 2011 foi favorável às culturas agrícolas, caracterizando-se principalmente pela excelente média pluviométrica (1.007 mm). O mesmo não aconteceu com 2012 e 2013, a seca nesses anos reduziu drasticamente a produção agrícola do município. A Figura 2 mostra correlação entre precipitação e área plantada (ha), área colhida (ha), quantidade produzida (ton) e valor da produção (R$). Houve redução de área plantada e colhida (ha) em função da seca para todas as culturas analisadas. As que apresentaram maiores reduções foram algodão arbóreo, batata-doce, castanha de caju, feijão, mandioca e milho. Essa redução causou impactos gravíssimos, pois a maioria são culturas que garantem a subsistência da população. Por exemplo, as áreas plantada e colhida com feijão e milho saíram de 1.000,0 e 800,0 ha, respectivamente, em 2011, para 0,0 ha em 2012 e 2013. As

menores reduções de área foram verificadas nas culturas de manga, mamão e goiaba (Figura 2 A e B). A quantidade produzida (ton) também apresentou redução. O algodão arbóreo, batata-doce, castanha de caju, feijão, mandioca e milho tiveram sua quantidade reduzida a 0,0 ton na seca de 2012 e 2013. A seca causou redução dessas culturas, pois no município não é possível realizar irrigação, com isso as culturas citadas são totalmente dependentes das chuvas. A quantidade produzida de algodão herbáceo, banana, coco, goiaba, mamão e manga também apresentou redução, porém, menor do que das outras culturas (Figura 2 C). O valor da produção da batata-doce, castanha de caju, feijão, mandioca e milho caiu de 10.000,00; 1.000,00; 194.000,00; 6.000,00 e 96.000,00, respectivamente, em 2011, para R$ 0,00 em 2012 e 2013. Esse é o tamanho do impacto social e econômico que as famílias tiveram. As outras culturas impactaram menos a economia e a alimentação das famílias (Figura 2 D). A B C D Figura 2. Impactos da seca de 2012-2013 na área plantada (ha) (A), área colhida (ha) (B), quantidade produzida (ton) (C) e valor da produção (R$) (D) no município de Parari-Paraíba.

Em períodos normais (07 a 08 meses sem chuvas) as ações de convivência mostraram se de grande importância, mas em uma seca tão prolongada como a de 2012-2013, o que foi feito ainda é pouco. Embora alguns impactos das secas já não sejam tão intensos quanto antes, não há como negar que ainda falta muito para que os da agricultura deixem de causar transtornos na vida e economia das famílias do município e de muitos outros municípios do semiárido nordestino. Os impactos da seca de 2012-2013 ainda continuaram porque faltou vontade política para resolver o problema, recursos para implantar programas e as políticas públicas de convivência não foram efetivas, só aparecendo com maior intensidade quando a região estava em meio à seca. Além disso, embora parte das famílias tivessem em 2012-2013 as cisternas de placas e calçadão, o principal não estava presente, a água. Com precipitação de 185,2 em 2012 e 239,2 em 2013, o município ficou muito vulnerável, passando a depender do abastecimento das residências por meio dos carros-pipa. Para redução dos impactos na agricultura é necessário aumentar o número de cisternas, principalmente a calçadão. É necessário também perfurar poços e construir açudes, além de fazer manutenção nos que estejam com capacidade reduzida ou desativados; construir barragens subterrâneas e tanques naturais; incentivar a gestão dos recursos hídricos, criar programas que visem o fortalecimento da agricultura familiar, incentivando a fenação, silagem, meliponicultura, apicultura, criação de animais e plantas adaptados à região, entre muitos outros. CONCLUSÕES Os maiores impactos na área plantada e colhida; quantidade produzida e valor da produção foram sentidos nas culturas do algodão arbóreo, batata-doce, caju, feijão, mandioca e milho. Isso é preocupante, pois a maioria gera produtos que fazem parte da subsistência das famílias. Além disso, esses cultivos permitem que as famílias obtenham renda extra ao trabalhar nas propriedades de vizinhos. Durante a seca também ocorreram muitos impactos em outros setores, porém não foi observado o que fazia parte de secas anteriores, como as intensas migrações, os saques a comércios, as frentes produtivas de emergência e a mortalidade de pessoas. Mesmo com algumas melhorias, os impactos na agricultura continuam praticamente idênticos aos das secas anteriores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Canuto, A.; Luz, C. R. S.; Lazzarin, F. 2013. Conflitos no campo Brasil 2012. Goiânia-GO: CPT Nacional. 188p. Duarte, R. S. 2002. Do desastre natural à calamidade pública: a seca de 1998-1999. Fortaleza: Banco do Nordeste. Recife: Fundação Joaquim Nabuco. 144p. Silva, V. M. A.; Patrício, M. C. M.; Ribeiro, V. H. A.; Medeiros, R. M. 2013. O desastre seca no Nordeste Brasileiro. Polêm!ca. v. 12, n.2, p. 284-293. Villa, M. A. 2002. Vida e morte no sertão: história das secas no Nordeste nos séculos XIX e XX. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 22, n. 43, p. 251-254.