Casa da Agenda 21 Préprojeto Associação dos Pais e Amigos da Escola Nova Terra Visconde de Mauá (RJ) / Bocaina de Minas (MG) Histórico A Agenda 21 é um plano de desenvolvimento sustentável a ser implementado a curto, médio e longo prazos. Foi criada na Rio 92, durante a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Em Visconde de Mauá, a Casa da Agenda 21 tem como objetivos principais, além da própria implementação do plano e da condução de atividades voltadas à educação ambiental, possibilitar resgate à cultura local, já que pretende trazer também o Espaço do Visconde de Mauá onde estarão reunidos objetos e dados que remontam a historia da região. Espera-se com a construção da Casa da Agenda 21 que as experiências na implementação do plano vividas em outras cidades, as das diversas ONG's que atuam na região e as ações desenvolvidas junto a APA da Mantiqueira possam ser aperfeiçoadas e multiplicadas com abrangência, para o crescimento da consciência de preservação ecológica sendo nítidas as preocupações com os rios, as matas e a possibilidade de ocupação desordenada na região. Memorial Descritivo Bases do Conceito A construção da Casa da Agenda 21 em Mauá objetiva demonstrar procedimentos adequados do ponto de vista ecológico na construção civil, reunindo soluções tecnológicas de ponta com soluções antigas, para minimizar os problemas de impacto do meio ambiente, como desperdícios nas obras, destino final do lixo caseiro, problemas no abastecimento de água, crise energética, tratamento de esgoto, entre outros. Objetiva também demonstrar procedimentos ecológicos na construção civil adotando critérios coerentes com a política de gerenciamento ambiental, quer seja na escolha de materiais construtivos como nas técnicas de aproveitamento dos condicionantes naturais, no tratamento de resíduos oriundos do uso e na busca de racionalização e eficiência energética, reaproveitando materiais, usando tecnologia de baixo impacto como a captação da energia solar, o reaproveitamento da água e aplicando técnicas de conforto ambiental. A casa da Agenda 21 foi idealizada para oferecer o máximo de conforto e o mínimo de impacto ambiental. Foi desenvolvida como uma proposta educativa e plano-piloto para futuros programas habitacionais para a região. Hoje já existe na região quem desenvolva uma produção do tijolo ecológico que nos permite a concepção de rapidez de montagem, facilidade de manutenção e possibilidade de desenvolvimentos de habitação de interesse social. Diretrizes do Projeto Proposta economicamente viável e tecnicamente coerente com os princípios ambientais estabelecidos. Utilização de materiais construtivos renováveis com aproveitamento dos condicionantes naturais (sol e vento), tratamento de resíduos oriundos do uso e na busca de racionalização e eficiência energética. O tijolo ecológico (argila e cimento), a madeira eucalipto tratado, e o bambu, foram escolhidos como materiais principais para o projeto. Considerando como materiais renováveis na construção civil tradicional. Ao integrar na prática vários conceitos ambientais, o projeto foi desenvolvido para servir de divulgação de um novo conceito de sustentabilidade e autonomia energética. Para a execução do projeto, foi necessário o desenvolvimento de uma metodologia cíclica de projeto, baseada em uma concepção sistêmica de interações onde a arquitetura conceituada pelos requisitos formais e funcionais interage com os sistemas autônomos da casa, com as variantes climáticas e ambientais e com a disponibilidade de insumos. Foram estabelecidos quatro sistemas, interligados numa concepção sistêmica: 1. Sistema energético: geração de energia elétrica pelo sistema fotovoltaico, aproveitamento direto da energia solar etc. 2. Sistema hidro-sanitário: gestão das águas desde a captação até o tratamento e disposição final, aproveitamento das águas pluviais, saneamento ecológico etc. 3. Sistema climatização natural, utilizando os recursos técnicos e ambientais para reduzir o consumo de energia. 4. Sistema reciclagem: minimização do lixo com graças à compostagem local e à coleta seletiva de resíduos recicláveis.
Local de Implantação: O terreno proposto (ver anexo) foi escolhido em função da possibilidade de ampla visitação da casa especialmente por escolares e turistas. Tem um pequeno aclive, e sua umidade é relativamente alta. O lote situa-se na jurisdição da APA da Mantiqueira (Área de Proteção Ambiental da Mantiqueira). É uma área onde se tem pouca ou quase nenhuma vegetação nativa e, por isso, deu-se prioridade à preservação das poucas espécies existentes presentes na área. O clima de Visconde de Mauá é temperado, variando de +35o no verão à -2o no inverno, com verões quentes e chuvosos e umidade do ar alta. As estações do ano são bem marcadas, com períodos bem distintos de chuva no verão, com grande densidade pluviométrica, contrastando com período de seca no inverno, com ausências prolongadas de chuvas, sendo as estações do outono e primavera de transição no que diz respeito às chuvas e à seca. A concepção para implantação do projeto partiu da ênfase que demos como principal, sendo a bioclimática, que por sua vez resultou num conjunto de soluções em consonância com o ambiente local. Os materiais utilizados para a construção partem dos quesitos com ênfase nas propriedades bioclimáticas, caráter estético, preço final, mão de obra e adequação dos conceitos fundamentais, comprometimento ecológico e impacto ambienta!. As diretrizes bioclimáticas nortearam a implantação do projeto. Este estudo deve estar em todas as fases do projeto, pois são propostas a partir do estudo dos elementos e fatores climáticos. 1. Medidas a serem adotadas 2. Soluções Adotar materiais com alta inércia. Proteger fachada noroeste. Sombrear fachadas norte, leste e oeste. Fartas aberturas. Captação de vento fresco. Captar sol para aquecimento. Colocação de painéis de vidro para aproveitar a iluminação natural. Tijolo ecológico nas paredes e varanda com cobertura em telhas cerâmicas. Utilização de beirais com 1.00m. Utilização de beirais com 1.00m, varandas. Proporção AN=O.18 5. Maiores telhados para o norte. Projeto Arquitetõnico A partir do estabelecimento das diretrizes de projeto, buscou-se elaborar um programa que permitisse o desenvolvimento das atividades previstas e a composição arquitetônica com o máximo de flexibilidade, interação entre os ambientes e que servisse como referência demonstrativa do potencial estético do sistema básico adotado. Houve preocupação em buscar movimentação nas fachadas e coberturas em consonância com o projeto complementar de obtenção energética por sistema solar. O quadro abaixo apresenta os principais ambientes e as respectivas áreas. Buscando uma unidade, fluidez e dinâmica de interação entre os ambientes, pois estamos fazendo uma unidade com proposta residencial, mas com uso para abrigar atividades relacionadas à educação ambiental. Principais instalações a serem construídas Espaço CulturalLocal para exposição e divulgação de trabalhos de artesãos locais Salas de aula para cursos diversos voltados para a cultura e o meio ambiente Recepção do visitante, distribuição de folders, venda de souvenires etc. Sala de projeção e conferênciapara exibição de filmes e palestras. Lanchonete com alta eficiência energética Sanitários demonstrativos (sistema de banheiro seco ) para uso de funcionários e visitantes Sala de pesquisa e reuniões, com biblioteca, internet e mobiliário adequado Escritórioda administração e guarda de material escritório e promocional, souvenires, equipamentos etc. Depósito Local m2
Principais Características do projeto Ver croquis em anexo Materiais construtivos Material construtivo básico: tijolo ecológico nas paredes e estrutura da casa; Madeira de reflorestamento nas esquadrias e madeiramento da cobertura; Cobertura em telhas cerâmicas produzidas a partir do reaproveitamento da matéria prima básica; Painéis decorativos elaborados com material reciclado. Condicionantes ambientais Ventilação cruzada em todos os ambientes de permanência média ou prolongada Abertura de grades de vão envidraçado, especialmente na fachada sul (iluminação natural) Sombreamento de parte da fachada com adoção de beirais com 1.00m Relação entre vãos abertos e fechados objetivando o máximo de conforto térmico. Sistema Energético Placas fotovoltaicas de obtenção energética Placas solares para aquecimento de água Baterias de armazenamento Educação e difusão Protótipo mostrando as instalações elétricas, hidráulicas e mecânicas, buscando informar com transparência o funcionamento de todos os equipamentos; Conceito de eficiência energética integrada ao projeto arquitetõnico; Sistema de obtenção de energia "limpa" com instalação de placas foto voltaicas; Sistema de saneamento com reaproveitamento de águas servidas. Instalações Complementares Sistema sanitário com tratamento das águas servidas para reaproveitamento no vaso sanitário e jardins; Sistema de captação de águas de chuva, armazenadas em cisterna. Equipamento elétrico de alta eficiência energética Eletrodomésticos com o selo de qualidade PROCEL; Sistema de controle e avaliação do consumo energético. Conclusão A geração de resíduos surge como contrapartida ao desenvolvimento urbano, econômico e social. (OLIVEIRA, 1997, p. 8). A relação homem/natureza tem mudado rapidamente, e o meio ambiente passou a ser, para muitos, apenas fornecedor de insumos para a atividade produtiva e fossa para todos os resíduos e dejetos descartados pelo homem. A mãe natureza, apesar de toda bondade para com o filho homem, começa a esgotar-se, dia após dia, não só pela longa extração de recursos materiais, mas também pela falta de respeito e pelos maus-tratos do homem com relação a sua limitação na assimilação de resíduos. O homem colocou-se numa posição em que, devido a sua falta de cuidado na disposição final de seus próprios resíduos, se vê obrigado a repensar seus atos e tomar uma postura mais digna quanto aos problemas que já causou e vem causando ao meio ambiente. O que este trabalho discute não pode ser considerado como um favor à natureza, mas deve, sim, ser considerado um novo modelo de vida, que gera benefícios sociais, econômicos e ambientais. Não consiste numa proposta que abrange apenas uma esfera, mas sim várias camadas de uma sociedade que enfrenta problemas como o desemprego, enchentes, poluição, falta de energia e escassez de matéria prima. A proposta deste trabalho é mostrar que, através da reciclagem, pode-se não só chegar ao desenvolvimento sustentável, mas também ao desenvolvimento economicamente sustentável, em que todos os recursos sejam aproveitados com racionalidade e o lixo possa ser tratado não só como "coisa" inútil e sim como fonte de energia, insumo produtivo e fonte de renda. A atitude do poder público vem mudando, gradativamente, com implantação de projetos como o PROGEST. No entanto, ainda há muito que fazer, pois apenas 192 municípios em todo o Brasil têm projeto de coleta seletiva implantado pela prefeitura.
Geralmente a omissão do poder público conjugada a uma sociedade desinteressada têm suas ideologias anti-reciclagem apoiadas em afirmativas que desacreditam em seu potencial econômico, por se basearem apenas na análise dos lucros obtidos com a venda destes recicláveis. É fato que o custo da coleta seletiva, atualmente, é cinco vezes maior que o da coleta normal (apud, CEMPRE Informa, set-out 2002), no entanto, este custo vai decrescendo com o passar do tempo. O que o poder público deve considerar fortemente é a amplitude dos ganhos sociais trazidos pela atividade, como geração de renda e minimização dos problemas ambientais, que o levará em direção a uma maior responsabilidade com relação aos resíduos da sociedade. O poder público deve, também, contribuir para uma mudança de comportamento de indivíduos e empresas não só com programas de cgnscientização ambiental, mas com tributação sobre a geração de lixo, como é o caso da chamada taxa do lixo, que já vem sendo cobrada, e com a isenção de impostos como o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Pode, também, estimular dando suporte a cooperativas de catadores, cedendo prédio para suas instalações, formando e instruindo estes profissionais, que muitas vezes encontram no lixo uma alternativa de geração de renda familiar. As indústrias podem contribuir, substituindo a matéria prima virgem, extraída da natureza, por insumos reciclados, possibilitando a diminuição de seus custos de produção com economia de energia elétrica, água e transporte. E quanto à sociedade em geral, deve-se ter em mente que o problema da geração excessiva de lixo não é só problema do vizinho, ou do poder público, mas sim de cada um enquanto consumidor e gerador de resíduos. Portanto, há necessidade de mudança de comportamento, com consolidação de padrões plausíveis de consumo e busca por produtos fabricados com tecnologia limpa de produção, pois apesar do processo de reciclagem de lixo viabilizar um melhor aproveitamento dos recursos naturais e a diminuição da quantidade de lixo no meio ambiente, de nada ele valerá se não houver uma mudança de comportamento dos cidadãos. Atitudes como deixar de jogar lixo em locais públicos, praticar a coleta seletiva sempre que possível, evitar o consumo de garrafas e copos descartáveis, evitar o desperdício, são exemplos que podem ser encarados como um benefício para o meio ambiente e para o bem estar social. Para tanto, a proposta deste trabalho, para a disposição final de resíduos, visa o aproveitamento do lixo através da coleta seletiva/reciclagem do lixo "seco", compostagem do lixo "úmido", incineração com possibilidade de aproveitamento energético do restante do lixo não aproveitado em nenhum dos dois processos anteriores, e disposição final das cinzas resultantes do processo de incineração em aterros sanitários. À primeira vista, o processo parece um tanto quanto utópico, visto a calamidade dos processos adotados atualmente no tratamento de resíduos. No entanto, é urgente a necessidade de mudança de comportamento, e é preciso que a atitude venha de alguma parte. A formulação desta alternativa para disposição do lixo considera as necessidades generalizadas da sociedade: o meio ambiente sofrerá menor extração de matéria prima, proporcionada pelo reaproveitamento dos insumos através da reciclagem; a população carente terá sua sobrevivência garantida através da reciclagem do lixo como a geração de emprego direto e, conseqüentemente, com os seus efeitos multiplicadores na economia, com a geração de empregos indiretos; o poder público não terá de aumentar seus gastos com aquisição de terrenos para construção de novos aterros sanitários e a sociedade desfrutará de um "habitat" mais limpo. Por fim, a responsabilidade que cabe à Indústria da Construção Civil, que também precisa rever o seu papel como gerador em potencial dos seus resíduos, já que hoje ele representa mais da metade do lixo coletado. Precisa modernizar e viabilizar todo um gerenciamento voltado não só para a destinação adequada bem como para a não geração, buscando mecanismos administrativos de qualidade visando precisão nos cálculos dos materiais a serem utilizados evitando o desperdício. Não poderíamos deixar, de mais uma vez frisar, que a capacitação do profissional é fundamental para que se tenha um resultado satisfatório. Que se cumpra a Resolução e que os órgãos competentes não relaxem a vigilância. Um pensamento para reflexão: "Na natureza não existem prêmios, nem sequer punições. Existem conseqüências" James Whistler
Anexos: 1. Foto do terreno 2: Mapas de localização das construções e de ocupação do terreno 3: Sistemas e atividades e croquis da sede