Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3



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Transcrição:

Autor: Mariana Souza Freitas Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Email: nanafreitasf@hotmail.com Co-autores: William Gesualdo Moreira Monteiro Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Email: willgesualdo@hotmail.com Rodrigo Bellei Oliveira Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Email: rodrigo_bellei@hotmail.com Curso Pré-vestibular Comunitário da Prefeitura de Juiz de Fora: a percepção dos acadêmicos de Geografia da UFJF sobre a experiência vivenciada como Estagiários. INTRODUÇÃO Diante da precária situação da educação brasileira enfrentada pela nossa população há várias décadas, em que o acesso a educação de qualidade ainda está longe de ser viabilizada como direito de cidadania, os cursos preparatórios pré-vestibulares organizados por diversas entidades e movimentos sociais, especialmente a partir da década de 1990, se multiplicaram como iniciativas de educação não-formal e Popular (FILHO, 2004) sendo, posteriormente adotados em alguns estados e prefeituras do país como Políticas Sociais paliativas para o problema posto. No entanto, apesar de testificarem a desigualdade de oportunidades no campo da educação, pois ratificam uma espécie de elitização do ensino brasileiro, é inegável, no contexto atual, a sua importância no sentido de resgatar a possibilidade de certa inserção social das classes menos favorecidas. Nesse sentido, os Cursinhos Populares se constituíram como ações políticas de alguns atores sociais tendo como eixos centrais a transformação social da realidade por meio da preparação e do incentivo às classes populares a ingressarem no ensino superior gratuito, absorvendo as práticas e vivências dos movimentos negro e estudantil (CASTRO, 1998:9). Em Juiz de Fora, a Prefeitura lançou em 30 de julho de 2002 o Cursinho Pré-vestibular Comunitário (CPC) com o intuito de preparar alunos carentes para competir nos vestibulares 1

com os candidatos que podem frequentar pré-vestibulares particulares. Apesar do programa não ter os investimentos necessários para um funcionamento adequado, este sobrevive à quase oito anos. Buscando ampliar as reflexões sobre o CPC, este trabalho propõe uma investigação sobre a percepção dos acadêmicos de geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) que atuaram como docentes no período do primeiro semestre de 2008 ao final de 2009, no referido cursinho popular. OBJETIVO O objetivo desse trabalho é avaliar o Cursinho Pré-vestibular Comunitário de Juiz de Fora, através da percepção dos acadêmicos de geografia da UFJF que atuaram como docentes nesse programa. METODOLOGIA Durante o período circunscrito à investigação desse trabalho (2008 a 2009), quinze acadêmicos de geografia ministraram aulas no CPC. Em decorrência das dificuldades pessoais de todos participarem da pesquisa, a nossa amostra se constitui de 60% do total de acadêmicos referidos, ou seja, nove discentes. O instrumento aplicado foi uma entrevista semi-estruturada constando três perguntas e um campo aberto para as observações complementares que o entrevistado julgasse necessário, a saber: Como você avalia a estrutura do CPC em relação às condições oferecidas para o desenvolvimento do trabalho? Que orientações pedagógicas e de conteúdo você recebeu através do professor-coordenador de Geografia? Qual a importância dessa vivência para sua formação profissional? Existem outros aspectos não abordados que você gostaria de destacar? Após a execução dos procedimentos metodológicos descritos, com a intenção de organizar as informações e extrair as inferências que serão discutidas durante este trabalho, a utilização da análise de conteúdo, através dos seus instrumentos metodológicos, se constitui em um indispensável recurso, porque uma de suas funções é possibilitar a leitura das entrelinhas dos discursos, o que se torna fundamental para entender os diversos aspectos inerentes ao relato dos entrevistados. 2

Sobre o conjunto de instrumentos metodológicos, contidos na análise de conteúdo, que se aplica a discursos diversificados, o fator comum destas técnicas múltiplas e multiplicadas desde o cálculo de frequências que fornece dados cifrados, até a extração de estruturas traduzíveis em modelos é uma hermenêutica controlada, baseada na dedução: a inferência. Enquanto esforço de interpretação, a análise de conteúdo oscila entre os dois pólos do rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade. Absolve o investigador por esta atração pelo escondido, o latente, o não-aparente, o potencial de inédito (do não dito), retido por qualquer mensagem (BARDIN, 2004: p.7). A utilização dessa análise propicia regras de procedimentos objetivos expressos na forma quantitativa de calcular e comparar a frequência de certas características de temas invocados, com o pressuposto de que, quanto mais frequentemente citadas mais importantes são para o locutor, sem, no entanto, desvalorizar, como diz a autora, a fecundidade da subjetividade. Incentiva a busca da compreensão para além dos seus significados imediatos e afasta o risco do empobrecimento da pesquisa, que comumente acontece quando se luta contra a evidência do saber subjetivo. A comunicação impressa é a expressão de sujeitos, grupos sociais, frações de classe, matizada pelas condições históricas de sua produção. Como tal, expressa os movimentos e estratégias dos diferentes atores sociais presentes na cena política e os diferentes embates entre as forças sociais em jogo. Assim sendo, tomar como referência os relatos dos acadêmicos de Geografia significa perceber para além do explícito no texto, o ideário, o imaginário, os argumentos, os projetos explicitados por tais pessoas. Trata-se não de buscar um estatuto de verdade nesses conteúdos escritos, mas de revelar o lugar social de onde esses entrevistados falam. RESULTADOS Antes de começar a apresentar os resultados cabe fazer uma breve apresentação de localização da sede do cursinho e das suas unidades. A sede localiza-se no centro da cidade. As unidades funcionam nas escolas municipais de alguns bairros. É importante dizer que não há escolha das unidades; o cursinho encaminha um ofício pra todas as escolas municipais perguntando se há possibilidade do CPC funcionar nelas. Caso sim, a escola torna-se unidade do cursinho (ver mapa I). Na primeira pergunta, Como você avalia a estrutura do CPC em relação às condições oferecidas para o desenvolvimento do trabalho?, todos os entrevistados disseram que a 3

estrutura da Sede é boa: as salas são amplas, os quadros são bem grandes e pode-se utilizar dos recursos de retroprojetor e data-show. Porém o quadro é branco e para escrever nele utiliza-se pincel atômico. O problema é que esses pincéis (de baixa qualidade) acabam muito rápido e a reposição destes demora, sendo assim, os estagiários que trabalham na sede pontuaram que muitas vezes tiveram que comprar pincéis para uso em sala. MAPA I 4

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Já os estagiários que trabalham nas unidades, reclamaram que alguns diretores escolares tratam o CPC e seus sujeitos com indiferença e dificultam o empréstimo de materiais. A sala cedida ao cursinho, em quase todos os relatos é a pior da escola, onde o quadro é pequeno, muitas vezes falta giz e algumas unidades não oferecem merenda aos alunos do CPC. Assim, para que o trabalho seja bem desenvolvido precisa-se montar materiais complementares e levar mapas e outros recursos didáticos de casa. Este trabalho complementar tem de ser feito com recursos próprios e só há o reconhecimento dos alunos. Cabe dizer, que todos os anos houve um atraso muito grande do material didático (apostila) agravando ainda mais as dificuldades. A segunda pergunta, Que orientações pedagógicas e de conteúdo você recebeu através do professor-coordenador de Geografia?, a resposta foi unanime. O professor-coordenador procurava definir nas reuniões semanais conteúdos a serem trabalhados a fim de haver um nivelamento das turmas e para que pudéssemos nos organizar pra cumprir todo o programa do vestibular. Aconteciam aulas expositivas dos estagiários, nas quais procurávamos apresentar ideias e formas de trabalhar certos conteúdos. Em relação a terceira questão, Qual a importância dessa vivência para sua formação profissional?, a resposta também foi unanime. Os estagiários ressaltaram a oportunidade de aperfeiçoar a prática docente e que no meio de tantas diferenças (idade, conteúdo, pobreza, etc.) não só entre os alunos, como também entre os estagiários e os alunos, sem dúvida, foi uma experiência que acarretou ganhos qualitativos substanciais em suas iniciais e contínua formação profissional. A última questão Existem outros aspectos não abordados que você gostaria de destacar? somente uma estagiária respondeu ressaltando a importância de uma definição do foco do cursinho e de que haja uma maior organização por parte da direção do curso, para que este tenha ganhos maiores de qualidade, pois caso contrário será um cursinho sem credibilidade. CONCLUSÃO A análise das entrevistas sinalizou para uma série de dificuldades estruturais apresentadas no CPC que se encontravam desde a escassez de materiais básicos, como giz, até a ausência 6

de orientação acadêmica adequada e uma política pedagógica contextualizada com as necessidades impostas pela diversidade encontrada nos estudantes. Por outro lado, evidenciou-se uma grande ambiguidade (reproduzindo, de certa forma, a própria natureza do programa que foi instituído por conta da desigualdade do acesso a educação de qualidade), qual seja: apesar de todas as críticas relatadas, todos os entrevistados destacaram a importância da experiência vivida para a sua formação profissional, com ênfase no aprendizado de vida adquirido com o desafio da convivência com pessoas que se encontram excluídas do sistema formal de ensino. Concluímos este trabalho com a certeza de que não podemos prosseguir legitimando apenas o que foi realizado. É preciso trabalhar, refletir, agir, intervir. Encenar possibilidades, caminhos modificadores de tudo, de nós mesmos, da vida coletiva. Sem receitas, modelos ou cópias. Mas, com a força da justiça social. BIBLIOGRAFIA BARDIN, L. Análise de Conteúdo.Lisboa: Edições 70, 2004. FILHO, Penido Silva -Cursos Pré-Vestibulares Populares em Salvador: Experiências Educativas em Movimentos Sociais. Revista da Faced, nº 08, 2004 109. CASTRO, Clóves Alexandre de. Movimento de cursinhos populares: um movimento territorial? (Tema em debate: Pré-vestibulares e ações afirmativas). Observatório Latino-americano de Políticas Educacionais (OLPED/LPP). UERJ,2005. In: http://www.lpp-uerj.net/olped//documentos/1004.pdf Acesso: 09 jan 2007. 7