EMPREGO DAS FARINHAS DE BANDINHA DE FEIJÃO EXTRUSADA E QUIRERA DE ARROZ NA FORMULAÇÃO DE BOLOS SEM GLÚTEN



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Transcrição:

EMPREGO DAS FARINHAS DE BANDINHA DE FEIJÃO EXTRUSADA E QUIRERA DE ARROZ NA FORMULAÇÃO DE BOLOS SEM GLÚTEN Luciana de Oliveira FROES 1 ; Priscila Zaczuk BASSINELLO 2 ; Raquel de Andrade Cardoso SANTIAGO 3 ; Gilsimeire Rodrigues MORAIS 1 ; Eduardo da Costa EIFERT 2 ; Camilla Alves Pereira RODRIGUES 3 1 Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás. 2 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás. 3 Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Goiás. lu@froes.org, priscilazb@cnpaf.embrapa.br, rcardosu@fanut.ufg.br, gilsimeire@yahoo.com.br, eifert@cnpaf.embrapa.br, rodrigues_camilla@yahoo.com.br Palavras-chave: subprodutos de grãos, análise microbiológica, análise sensorial INTRODUÇÃO O arroz e o feijão são grãos que ocupam uma posição importante na economia global, sendo que o Brasil é o primeiro país não asiático na produção e consumo de arroz, e está classificado como o segundo maior produtor de feijão do mundo (BOTTINI, 2008; EMBRAPA, 2003). O arroz é riquíssimo em carboidratos e fonte de proteína, com bom balanço de aminoácidos essenciais, apresentando alto teor de metionina e tendo a lisina como aminoácido limitante (CASTRO et al., 1999). Em contrapartida, o feijão é rico em lisina, e deficiente em metionina. O grão de feijão é também fonte de carboidrato, fibras alimentares e pobre em gorduras (LOPES, 2010). O consumo de arroz e feijão no Brasil é basicamente como grãos inteiros cozidos. Para isso, os grãos passam pelo processo de beneficiamento, gerando subprodutos como a quirera de arroz, a menor fração do arroz, e a bandinha de feijão, os grãos fragmentados (BOTTINI, 2008; EMBRAPA, 2003). Os grãos quebrados de arroz e feijão recebem 1/5 e 1/4 do valor comercial dos grãos inteiros, respectivamente, sendo ambos pouco aproveitados pela indústria brasileira, representando um sério problema econômico (SEFAZ, 2010). A semelhança da composição centesimal desses subprodutos à dos grãos inteiros, torna interessante o uso de suas farinhas em substituição às farinhas de arroz e feijão. Uma alternativa ainda pouco estudada para as farinhas de quirera de arroz e bandinha de feijão é como substituta da farinha de trigo (FT), que é o ingrediente base

da grande maioria das massas alimentícias e dos produtos de panificação. Esta troca permite a elaboração de produtos sem glúten, atendendo a uma demanda específica do mercado que tem crescido ao longo dos anos, os portadores da doença celíaca. As farinhas de quirera de arroz e de bandinha de feijão podem ser utilizadas tanto na forma crua, como após pré-processamento. A extrusão é um processamento de cocção industrial que combina umidade, alta pressão, calor e atrito mecânico por um curto período de tempo, ocasionando alterações físicas e químicas dos alimentos a fim de favorecer suas características tecnológicas. O crescimento do mercado dos alimentos extrusados encontra-se em franca expansão no mundo inteiro. Estudos recentes mostram a viabilidade do uso da farinha de feijão extrusada e farinha de arroz crua como ingredientes na elaboração de alimentos para o consumo humano (LOPES, 2010; CASTILLO, LESCANO, ARMADA, 2009; HEISLER et. al, 2008). O desenvolvimento de pesquisas sobre o uso destas farinhas na alimentação humana pode contribuir para agregar valor a estes subprodutos da indústria do arroz e do feijão, e valor nutricional aos alimentos. O objetivo deste trabalho foi padronizar e avaliar a aceitabilidade de formulações de bolos sem glúten com farinha de bandinha de feijão extrusada (FFE) e farinha de quirera de arroz crua (FAC). MATERIAIS E MÉTODOS A quirera de arroz utilizada no processamento da farinha de arroz crua, por moagem, foi adquirida na Indústria Cristal Alimentos em Goiânia/GO. A bandinha de feijão usada no experimento foi cedida pela indústria Ibiá Alimentos Ltda, localizada em Goiânia/GO. A farinha de bandinha de feijão extrusada foi processada na extrusora da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos/UFG, com os parâmetros estabelecidos em pré-testes realizados na Embrapa Amazônia Oriental/Belém. O preparo dos bolos ocorreu no Laboratório de Técnica Dietética (FANUT/UFG). Os bolos foram elaborados conforme receita padrão (100% FT). As formulações sem glúten continham FFE, FAC e amido de milho em substituição total à FT, as quais foram preparadas com 45%, 60% e 75% de FFE. As análises microbiológicas das farinhas testadas e dos bolos utilizados na análise sensorial foram realizadas no Laboratório de Controle Higiênico-Sanitário de Alimentos (LaCHSA/FANUT/UFG). Todas as análises microbiológicas foram determinadas segundo padrões estabelecidos pela Resolução - RDC nº12 da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), e seguiram os procedimentos descritos pela American Public Health Association (APHA, 2001). Foram analisadas a contagem de Bacillus cereus, coliformes a 45º C, bolores e leveduras, e a ausência de Salmonella SP em 25 g. A análise sensorial dos bolos foi conduzida no Laboratório de Análises Físicas e Sensorial (FANUT/UFG), utilizando-se teste de consumidor com escala hedônica estruturada de nove pontos (STONE; SIDEL, 1985). Houve a participação de 65 consumidores potenciais do produto, não treinados, conforme interesse e disponibilidade em participar das análises. O grau de aceitação dos biscoitos foi determinado em relação ao sabor, aroma, textura e aparência. As amostras dos bolos foram apresentadas para avaliação dos atributos de aroma, sabor e textura de forma monádica, codificadas com três dígitos, servidas em pratos descartáveis, com massa de 25 gramas, sob luz vermelha em cabines individuais. A aparência das amostras foi avaliada de forma independente da análise de aroma, sabor e textura em ambiente iluminado com luz branca artificial. As amostras foram apresentadas em pratos descartáveis, codificados com algarismos de três dígitos. Os resultados da análise sensorial foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (5% de probabilidade), com o auxílio do programa Statistica (STATSOFT INC., 2004). RESULTADOS E DISCUSSÃO As análises microbiológicas para coliformes a 45º C, Bacillus cereus, bolores, leveduras e Salmonella sp, resultaram em valores abaixo dos limites máximos permitidos (BRASIL, 2001), indicando segurança higiênico-sanitária das amostras de FAC e FFE para uso na alimentação humana. Todos os bolos, controle e sem glúten, foram aceitos com relação ao sabor e ao aroma (escores > 7), sem diferença significativa entre as formulações, como demonstrado na Tabela 1. Quanto à avaliação de textura, todos os bolos também foram aceitos, tendo o bolo 60% FFE a menor nota, com diferença significativa em relação aos bolos controle e 75% de FFE. Apesar da diferença significativa da aparência entre todas as formulações, todas foram bem aceitas (médias > 7). Todos os bolos obtiveram médias, de todos os atributos, superiores às relatadas por Silva et. al, 2009, para bolos elaborados com farinha de arroz e pó de café extrusado.

Tabela 1. Valores médios da análise de sabor, aroma, textura e aparência dos bolos. Bolo sem Atributos sensoriais 2 glúten 1 Sabor 3 Textura 3 Aroma 3 Aparência 3 BC 7,63 ± 1,60 a 7,73 ± 1,53 a 7,44 ± 1,48 a 8,16 ± 0,95 a BQ 7,65 ± 1,42 a 7,15 ± 1,81 a,b 7,56 ± 1,29 a 7,34 ± 1,21 b,c BSS 7,79 ± 1,46 a 6,66 ± 1,98 b 7,60 ± 1,47 a 7,71 ± 1,25 a,b BST 7,96 ± 1,26 a 7,44 ± 1,52 a 7,70 ± 1,40 a 7,11 ± 1,51 c 1 BC: bolo controle; BQ: bolo sem glúten com 45% de FFE; BSS: bolo sem glúten com 60% de FFE; BST: bolo sem glúten com 75% de FFE. 2 Dados comparados com Teste Tukey, a 5% de probabilidade. Médias com letras iguais, na mesma coluna, não diferem significativamente entre si (p>0,05). 3 Valores médios ± desvio-padrão. Escores para avaliação global e aparência - 1: desgostei muitíssimo; 6: gostei levemente; 9: gostei muitíssimo. Para a aceitação global dos bolos, é importante ressaltar que mais de 75% dos provadores atribuíram notas iguais ou superiores a 7 para todas as formulações. Esses resultados corroboram com trabalhos como o de Castillo, Lescano, Armada (2009) e o de Heisler et. al (2008), que apresentam a viabilidade de substituir a farinha de trigo por farinhas alternativas (farinhas de arroz, de milho e de quinoa), obtendo boa aceitabilidade sensorial. Figura 2. Histograma da aceitação global (sabor, textura, aroma e aparência) dos bolos controle e sem glúten. CONCLUSÕES Os processamentos usados na obtenção das farinhas (FAC e FFE) asseguram a qualidade microbiológica dessas matérias-prima. Bolos sem glúten

com boa aceitabilidade podem ser elaborados com FFE e FAC, em substituição à FT, agregando valor nutricional ao produto e valor econômico aos subprodutos das cadeias produtivas de arroz e feijão, diversificando a sua aplicação na indústria alimentícia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APHA - AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods. 4. ed. Washington, APHA, 2001. BOTTINI, R. L. Arroz: história, variedades e receitas. São Paulo: Editora SENAC, 2008. 390 p. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n.12, de 02 de janeiro de 2001: Regulamento técnico sobre os padrões microbiológicos para alimentos. DF, 2001, 54p. Disponível em: <http:// www.anvisa.gov.br>. Acesso em: 18 mar. 2008. CASTILLO,V.;LESCANO,G.; ARMADA, M. Formulación de alimentos para celíacos con base en mezclas de harinas de quínoa, cereales y almidones. Archivos Latinoamericanos de Nutricion, Santa Maria, v. 59, n. 3, p. 332-336, 2009. CASTRO, E. M.; VIEIRA, N. R. A.; RABELO, R. R.; SILVA, S. A. Qualidade de grãos em arroz. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 1999. 30 p. (Embrapa Arroz e Feijão. Circular Técnica, 34). EMBRAPA. Moreira, J. A. A.; Stone, L. F.; Biava, M. Feijão: o produtor pergunta, a Embrapa responde. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2003. 203 p. HEISLER, G. E. R.; ANTÔNIO, G. A.; MOURA, R. S.; MENDONÇA, C. R. B.; GRANADA, G. G. Viabilidade da substituição da farinha de trigo pela farinha de arroz na merenda escolar. Alimentos e Nutrição, Araraquara, v. 19, n. 3, p, 299-306, 2008. LOPES, L. C. M. Determinação das melhores condições de extrusão e caracterização de farinha de feijão para utilização como ingrediente de alimentos instantâneos. 2010. 90 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) Escola de Agronomia e Engenhara de Alimentos, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2010. PREICHARDT, L; D.; VENDRUSCOLO, C. T.; GULARTE, M. A.; MOREIRA, A. S. Efeito da goma xantana nas características sensoriais de bolos sem glúten. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, Ponta Grossa, v. 3, n. 1, p. 70-76, 2009. SEFAZ SECRETARIA DA FAZENDA DO ESTADO DE GOIÁS. Arroz agulhinha registra queda de preços. SEFAZ, 2010. Disponível em: <http://www.sefaz.go.gov.br/>. Acesso em: 11 out. 2010. SILVA, R. F. ASCHERI, J. L. R.; PEREIRA, R. G. F. A.; MODESTA, R. D. C. Aceitabilidade de biscoitos e bolos à base de arroz com café extrusados. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 29, n. 4, p. 815-819, 2009. STONE, H.; SIDEL, J. L. Affective testing. In. Sensory evaluation pratices. Flórida: Academic Press, 1985. cap. 7, p. 227-252.