Departamento Jurídico XI de Agosto Apresentação: Dr. Antônio Roberto Sandoval Filho 29 de outubro de 2012 Boa noite a todos, É um enorme prazer participar deste encontro, promovido pelo Departamento Jurídico XI de Agosto. Sinto no peito sensações e emoções que renovam e rejuvenescem o meu espírito. Aqui estão os sonhos de minha juventude. Por aqui passaram os sonhos de minha geração. O jurídico tem inegável importância para todos os que freqüentaram e freqüentam a nossa querida São Francisco, a Velha Academia. Vale ressaltar que este Departamento Jurídico é ainda mais importante para quem atuou dentro dele, para quem, como tantos quanto nós, ofereceu os seus melhores esforços pessoais e profissionais no sentido de atender a quem mais precisa da justiça e do Direito, que é a população carente desta nossa incrível metrópole. 1
Meus colegas e minhas colegas, Minha passagem pelo jurídico permanece desde sempre como marca indelével na minha vida e na minha carreira profissional. Aprendi aqui os primeiros passos da advocacia. No jurídico freqüentei os fóruns de toda a São Paulo. O jurídico foi a minha escola prática. E, como se dizia antigamente: aqui gastei sola de sapato e esfreguei o umbigo no balcão. Aqui me tornei advogado. Aprendi, inclusive, que o mister do advogado é semelhante ao mister do artista: ele precisa estar onde o povo está. O advogado é elo jurisdicional mais próximo de quem precisa do Direito e da Justiça. Com o máximo respeito que nos merecem todas as demais esferas e instâncias judiciais, o fato é que poderá haver sentença, mas sem advogado não haverá justiça. Pode haver processo, mas sem advogado não haverá o necessário equilíbrio entre as partes. O Jurídico do XI de Agosto esta entidade que substitui o Estado ao prestar assistência jurídica gratuita me fez sentir na pele essa realidade. 2
O contato com o povo humilde mudou a minha percepção do mundo. Senti no olhar daquelas pessoas uma sede de justiça, Uma busca por cidadania, Por respeito, Uma vontade de ver acatada a sua expectativa, A sua esperança. Eram demandas básicas. Por exemplo: Elas queriam que nós advogados, levássemos à justiça os seus pleitos em favor da legislação de loteamentos clandestinos onde estavam as suas casas. Elas queriam legalizar o direito constitucional à moradia. Me lembro bem das primeiras decisões judiciais, concedendo o uso social da propriedade, que saíram dessas demandas propostas pelos estagiários deste Departamento Jurídico. Alcançamos muitas vitórias. E oferecemos àquela população muito mais do que eu pedaço de terra legalizado. Oferecemos àquelas pessoas uma prova de que vale a pena acreditar na justiça. Mais do que casa, contribuímos para que aqueles cidadãos enxergassem que poder judiciário brasileiro era, sim, uma instância eficaz para a satisfação de conflitos. Contribuímos, modestamente, é verdade, para fortalecer assim o processo democrático e o Estado de Direito, que eram aviltados naquele momento. 3
Caros amigos, Tive a honra e o privilégio de dirigir este Departamento Jurídico no distante ano de 1978. Assumi essa missão ao vencer as eleições diretas por uma diferença de apenas um voto vejam vocês! Procurei oferecer o melhor de mim. E contei, desde sempre, com o apoio de meus colegas de Diretoria e de todos aqueles atuavam no Departamento. Não posso deixar de ressaltar que um dos atos de minha gestão foi a contratação do Victor, esta figura marcante que continua no Departamento até hoje, tendo se tornado personagem lendário no meio estudantil, conhecido e querido de todos. Saudando o Victor, cumprimento a todos os funcionários do Jurídico. E foi através do Victor que tive a honra de conhecer o Daniel Paulo, o Cósmo, atual Diretor do Jurídico XI de Agosto, a quem agradeço a indicação pára a minha presença aqui hoje. Presto as minhas homenagens a este futuro advogado criminalista, saudando em seu nome todos os estagiários do Departamento. 4
Nobres colegas, Para atender a sugestão proposta pelos organizadores deste Encontro, quero falar um pouco sobre minha atividade profissional até aqui. Apesar de minha formação no final da Faculdade ter se dirigido para o Direito Empresarial, aqui no Departamento Jurídico aprendi a advogar para pessoas, pessoas humanas, pessoas físicas. Fui aonde o povo estava, como canta Milton Nascimento. E encontrei no meu caminho o servidor público. Desde então advogo contra o Estado. Tudo aconteceu por acaso. A mão do destino conduziu-me à situação em que me encontro. A mão do destino e, mais concretamente a mão de minha mãe, que era professora primária do Estado e me outorgou a primeira procuração. O Estado não pagava o que ela tinha direito. Na época, especificamente, a contagem do tempo de substituição não remunerada. Esta foi a primeira demanda. Desde então ingressei com ações para pleitear o cumprimento pelo Estado de normas legais e constitucionais, constantemente aviltadas. Esta posição dos entes públicos, quase regra geral, de aviltar direitos dos servidores públicos tornou-se o nosso objeto de estudo e de demandas. 5
Conquistamos a confiança de milhares de funcionários públicos. Propusemos milhares de ações contra o Estado, que além de perder as ações deixava de pagar os seus precatórios. Assim chegamos à nossa mais expressiva participação, a sustentação do pedido de intervenção federal contra o Estado de São Paulo junto ao Supremo Tribunal Federal, exigindo o cumprimento de sentenças judiciais definitivas. Atuamos, desde o início, em defesa do servidor público. E das demandas vitoriosas, temos como conseqüência os precatórios alimentares. Trata-se de matéria polêmica, cotidianamente expressa nos jornais e foco de debates infindáveis. Não poderia aqui estender-me sobre o tema, que não é o objeto deste encontro. O importante a salientar aqui diz respeito ao papel do Advogado. Milhares de servidores públicos no Estado de São Paulo tiveram os seus pleitos atendidos de forma completa pela justiça. Outros ainda esperam na fila. Mas eles não teriam nenhuma esperança se não houvesse um advogado que olhasse com atenção e fizesse a defesa de seus legítimos interesses junto ao Poder Judiciário. E mesmo assim, apesar de milhares de demandas, os governantes de plantão continuam a tripudiar sobre os direitos dos servidores públicos. 6
Minhas amigas, meus amigos, Encerro minhas palavras saudando a presença e a brilhante participação de minhas colegas de banca. Vejo com muito otimismo a atuação da mulher na Academia, como é o caso da Profª Ana Elisa Liberatore Silva Bechara, do Departamento de Direito Penal da São Francisco, Da mulher na Promotoria do Município de São Paulo, caso da procuradora Débora Sotto, Da mulher na Promotoria de Justiça, caso da Drª. Manuela Sousa Schreiber, E da mulher na Magistratura, como é o caso da Drª Márcia Mayumi Okada Oshiro Bugan, juíza de Direito. Todas ascenderam por mérito à posição que ocupam. A meritocracia deve ser, certamente, um princípio norteador da sociedade contemporânea. Mulheres e homens podem, sem dúvida, desempenhar as mesmas funções, sendo o mérito o único critério válido para diferenciá-los. Hoje, felizmente, a mulher ocupa um papel relevante em todas as áreas e instâncias. Ao saudar a mulher advogada, a mulher juíza, a mulher procuradora, a mulher professora, eu, de alguma forma, faço este elogio em causa própria, já que na minha casa sou minoria: minha esposa e minhas três filhas são advogadas... 7
Colegas do Departamento Jurídico XI de Agosto, Agradeço o amável convite. Espero ter contribuído de alguma forma para o sucesso deste encontro. Muito obrigado à Diretoria, ao Daniel, ao Victor. E às Coordenadoras Ana Maria Otaviano e Yasmin Paschoal. Parabéns pelo curso. E contem sempre com meu apoio pessoal e o apoio da Advocacia Sandoval Filho. Salve o Jurídico do XI de Agosto! Muito obrigado! Antônio Roberto Sandoval Filho Advocacia Sandoval Filho 8