RELATÓRIO DA COMISSÃO ESPECIAL DE ESTUDO DO PLANO DIRETOR ÍNDICE DO RELATÓRIO 1 - Introdução do Relatório... 03 2 - Audiências Públicas da CEE Plano Diretor de Ribeirão Preto... 10 Primeira Audiência Região VII... 10 Segunda Audiência Região III... 13 Aspectos Positivos da Região... 13 Aspectos Negativos da Região... 14 Sugestões... 15 Terceira Audiência Região XI... 15 Aspectos Positivos da Região... 15 Aspectos Negativos da Região... 16 Oportunidades da Região... 16 Ameaças da Região... 16 Quarta Audiência Região VIII... 17 Aspectos Positivos da Região... 17 Aspectos Negativos da Região... 17 Oportunidades da Região... 18 Ameaças da Região... 18 Quinta Audiência Região IX... 18 Aspectos Positivos da Região... 18 Aspectos Negativos da Região... 19 Pontos Positivos da Cidade... 19 Pontos Negativos da Cidade... 20 Sexta Audiência Região I... 20 Pontos Positivos da Região... 20 Pontos Negativos da Região... 21 Pontos Negativos da Cidade... 21 Pontos Positivos da Cidade... 22 Sétima Audiência Região II... 22 Pontos Positivos da Região... 22 Pontos Negativos da Região... 22 Pontos Negativos da Cidade... 22 Pontos Positivos da Cidade... 23 Oitava Audiência Região V... 23 Aspectos Positivos da Região... 23 Aspectos Negativos da Região... 23 Nona Audiência Região VI... 24 Aspectos Positivos da Região... 24 Aspectos Negativos da Região... 25 Décima Audiência Região X... 25 Aspectos Positivos da Cidade... 25 Aspectos Positivos da Região... 26 Aspectos Negativos da Região... 26 Décima Primeira Audiência Região IV... 26 Pontos Positivos da Região... 27 Pontos Negativos da Região... 27 1
3 - Análise das demandas da população apresentadas nas onze audiências públicas de bairros... 28 Eixo Temático Meio Ambiente... 30 Eixo Temático Sistema Viário... 31 Eixo Temático Saneamento... 32 Eixo Temático Uso do Solo... 33 Eixo Temático Habitação... 33 Eixo Temático Transporte Coletivo... 34 Eixo Temático Lazer... 35 Eixo Temático Educação... 35 Eixo Temático Segurança... 35 Eixo Temático Saúde... 36 Eixo Temático Social... 36 4 - Audiências com Temas Específicos... 36 Mobilidade Urbana e Plano Viário... 37 Exigência Legal... 37 Mobilidade... 37 Conflitos Urbanos... 37 Crise do transporte público... 37 Diretrizes para o planejamento de transporte... 38 Recomendações para Ribeirão Preto... 39 Regularização Fundiária e Moradia... 39 Tópicos levantados pelo palestrante... 39 Questões levantadas pelos participantes... 41 Análise da situação das ocupações urbanas... 42 Outorga Onerosa do Direito de Construir... 46 Tópicos levantados pelo palestrante... 46 Instrumentos para aplicação do solo criado... 47 Transferência do direito de construir... 48 Operações urbanas... 48 Plano Diretor Setor Rural... 49 Tópicos abordados pelo palestrante... 50 Entraves para o setor rural... 53 Comercialização dos produtos horti-fruti-granjeiros pela CEAGESP/RP... 53 5 - Conclusões Gerais do Relatório... 57 2
1 INTRODUÇÃO Com a aprovação da Lei nº 10.257 de 10 de julho de 2001 conhecida como Estatuto das Cidades, todas as cidades com mais de 20.000 habitantes, aquelas de interesse turístico ou cidades que compõe regiões metropolitanas, terão obrigatoriamente que ter seus Planos Diretores aprovados até outubro de 2006, sob pena de ficarem impedidas de receberem repasses do Governo Federal e os administradores municipais, Executivo e Legislativo, poderão responsabilizados por improbidade administrativa. A aprovação do Estatuto das Cidades foi conseqüência de um amplo movimento por uma reforma urbana que iniciou-se por ocasião do processo de elaboração da Constituinte de 1988, onde os diversos atores sociais viam a necessidade de insculpir na futura Constituição, artigos que garantissem às Cidades brasileiras um lugar de destaque no ordenamento jurídico, dando condições políticas e jurídicas para que os cidadãos pudessem exigir dos governantes, nos diversos níveis de governo, ações concretas no enfretamento dos graves problemas econômicos,sociais e ambientais, fruto na maioria das vezes da constituição de cidades que não cumpriam com as suas funções sociais, e passavam a ser um espaço de concentração de riquezas para uns poucos, em detrimento de uma grande maioria que era colocada à margem do processo de desenvolvimento local. A criação do Ministério das Cidades em 2003 foi um grande passo dado pelo Governo Federal no sentido de criar uma estrutura institucional que viabilizasse as conquistas introduzidas pela aprovação do Estatuto das Cidades, articulando governos, sociedade civil organizada e recursos na instituição de uma Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, quem vem sendo construída no processo das duas grandes Conferências Nacionais das Cidades realizadas em 2003 e 2005, com uma ampla participação dos municípios brasileiros, com seus diversos atores sociais, processo em que nossa querida Ribeirão Preto participou ativamente e com destaque. O destaque dado às cidades brasileiras com o advento do Estatuto das Cidades e a criação do Ministério das Cidades vem de uma constatação que beira o óbvio: A União e os Estados membros, são entes jurídicos fictícios, criação de nosso ordenamento jurídico para organizar o Estado brasileiro. É pois nos municípios que os brasileiros vivem e convivem com toda sorte de problemas, frutos muitas vezes de políticas equivocadas da União e dos Estados membros que invariavelmente distanciam-se da cidade real, concentrando recursos que faltam aos municípios brasileiros para atender a uma demanda, por políticas públicas, cada vez mais crescente. Se for verdade que o texto constitucional e o ordenamento infraconstitucional veio dar uma retaguarda política e jurídica às cidades brasileiras, também não é menos verdade que o ordenamento jurídico veio exigir dos municípios brasileiros uma ação política-administrativa que infelizmente, por ação ou omissão, não faz parte da cultura de nossos governantes, que é o Planejamento. 3
Por essa e outras razões é que temos cidades onde seus territórios acolhem realidades tão distantes e condições tão desiguais para o desenvolvimento humano. Como o processo de urbanização brasileira se deu de forma muito acentuada e desordenadamente nos últimos cinqüenta anos, temos na maioria das grandes cidades brasileiras um verdadeiro caos social instalado, pois, nossas cidades não estavam preparadas (infra-estrutura urbana) para absorver esse grande êxodo populacional vindo da zona rural, e das ondas migratórias das regiões mais pobres de nosso país. A ausência de um planejamento que considere os aspectos econômicos,sociais e ambientais, faz com que nossas cidades não consigam atender as necessidades básicas de seus moradores, dando-lhes às condições essenciais ao seu pleno desenvolvimento bio-psico-social. A ausência de Planos Diretores, que é uma exigência constitucional e do Estatuto das Cidades, faz com que nossos governantes desperdicem os poucos recursos existentes, pois, muitas vezes as ações políticasadministrativas são desconexas, paliativas, emergenciais, não seguindo objetivos estratégicos definidos, e na maioria das vezes excludentes, pois privilegiam os setores economicamente mais fortes, que têm forte influência política sobre nossos governantes. Ribeirão Preto, localizada numa das regiões mais ricas de nosso País, apesar de não poder ser indicada como um dos piores exemplos da realidade acima descrita, carrega consigo um passivo ambiental, social e urbanístico fruto da ausência de um planejamento do crescimento da cidade que leve em conta não apenas os interesses imobiliários e comerciais dos setores envolvidos, mas também, e principalmente a qualidade de vida de seus moradores. Ribeirão Preto tem um longa e interminável história de discussão e aprovação do seu Plano Diretor, e para não fugir a regra, entraremos no ano de 2006 (data limite - de acordo com o Estatuto das Cidades aprovado em 2001 para que as cidades aprovem seus planos diretores) sem termos aprovados um conjunto de leis que regulamentem nosso Plano Diretor, e o que é pior, não termos ainda de forma clara, de conhecimento público, o ante-projeto, ou a posição oficial do Poder Executivo. Em 1993 a Administração Municipal constituiu um grupo de estudo para elaboração e discussão do Plano Diretor de Ribeirão Preto. Segundo informações de pessoas que participaram desse processo, dentre outros podemos citar o Arquiteto Augusto Valeri, então Diretor de Planejamento Urbano da SEPLAN de Ribeirão Preto, hoje Gerente de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades; Professor Gilberto Abreu, então Secretário do Meio Ambiente, hoje vereador e membro dessa Comissão de Estudos; Professor Pitágoras então assessor da SEPLAN e coordenador do grupo de trabalho do Plano Diretor, foram realizadas muitas horas de discussões com diversas entidades da sociedade civil organizada de Ribeirão Preto, dentre outras destacamos: AEAARP, SINDUSCON, ACI, COMUR-Conselho Municipal de Urbanismo de Ribeirão Preto, que culminou com a apresentação e aprovação da Lei Complementar nº 501 em 31 de outubro de 1995 que dispunha sobre a instituição do Plano Diretor do Município de Ribeirão Preto, e o envio no ano de 1996 dos Projetos de Leis: 181 Código do Meio Ambiente, 179 Parcelamento, uso e ocupação do Solo, 178 Mobiliário Urbano, 180 Plano Viário, para a Câmara Municipal de Ribeirão Preto, para discussão das chamadas Leis Complementares do Plano Diretor. 4
Em 1997, com a posse do novo prefeito eleito em Ribeirão Preto, o chefe do Poder Executivo retirou as Leis Complementares ao Plano Diretor da Câmara Municipal, que ficou impossibilitada durante todo o período daquele mandato (1997-2000) de discutir e votar os referidos projetos de Leis. Foi um período em que a cidade não presenciou nenhuma discussão sobre Plano Diretor. Em 2001, com a posse do novo prefeito eleito em Ribeirão Preto, que retornava à Administração Municipal após o seu mandato de 1993-1996, o chefe do Poder Executivo reenviou à Câmara Municipal os projetos das Leis Complementares ao Plano Diretor para serem apreciados pelo Poder Legislativo. Há que se registrar que ainda não tinha sido enviado o projeto de lei que tratava do Código de Obras do Município. De 2001 a 2002 os projetos das Leis Complementares do Plano Diretor pouco caminharam na Câmara Municipal, sendo que, é importante registrar que a Câmara Municipal mandou imprimir em 2002 por sugestão da Comissão de Justiça, milhares de exemplares dos projetos de leis que tratavam das Leis Complementares para dar conhecimento público do teor destas legislações, além de ter sido realizadas duas audiências públicas sobre o PL 179 (Parcelamento, uso e ocupação do solo). A partir de 2003, com a posse do novo Presidente do Poder Legislativo, os projetos de leis que tratavam da Lei de Parcelamento, Uso e ocupação do Solo (PL 179) e o Código do Meio Ambiente (PL 178), passaram a tramitar pelas Comissões Permanentes do Poder Legislativo dando um ritmo mais ágil ao processo de análise dos referidos projetos de leis. A partir deste momento foi aberta a possibilidade de apresentação de emendas pelos senhores vereadores e a possibilidade de apresentação de sugestões pelas entidades e movimentos da sociedade civil organizada, que deveriam ser acolhidas pelas emendas dos parlamentares ou da própria Comissão de Justiça ou da Comissão de Obras e Serviços. Neste período, a Secretaria de Planejamento e Gestão Ambiental, órgão da Administração Direta, protocolou na Câmara Municipal junto a Comissão de Justiça um conjunto de emendas ao PL 179 Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, que foram acolhidas pela referida comissão, assim como foram acolhidas as emendas apresentadas pelos senhores vereadores, e encaminhado os autos à Comissão de Obras e Serviços para análise do mérito das emendas apresentadas. A Comissão de Obras e Serviços, numa análise preliminar das emendas, constatou que as emendas apresentadas pela Secretaria de Planejamento padeciam de vício de iniciativa, uma vez que não foram apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo, a quem caberia se fosse o caso, apresentar um substitutivo ao PL 179 de sua autoria, pois emendar o projeto de lei é de competência do Poder Legislativo. Constatada a ingerência indevida, a Comissão de Obras e Serviços recomendou a contratação de um parecer técnico para analisar a constitucionalidade das emendas apresentadas pela SEPLAN, bem como o mérito de todas as emendas apresentadas. Com base no parecer contratado do Instituto Pólis, a Comissão de Obras e Serviços acolheu a maioria das emendas apresentadas pelos senhores vereadores, remetendo-as para discussão e deliberação quanto ao mérito para plenário. Sobre as emendas apresentadas pela SEPLAN, o Parecer do Instituto Pólis confirmou a tese levantada pela Comissão de Obras de inconstitucionalidade por vício de iniciativa, não cabendo outra medida que não 5
fosse a devolução dos autos à Comissão de Justiça para uma reanálise da questão levantada por àquela Comissão. O parecer final da Comissão de Justiça acompanhou o parecer da Comissão de Obras, argüindo a inconstitucionalidade das emendas apresentadas pela SEPLAN, desentranhado-as dos autos, e remetendo as demais emendas apresentadas pelos senhores vereadores para apreciação e deliberação em plenário. A Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo - PL 179 foi rejeitado em sessão realizada no dia 13/11/2003, não atingindo o número de votos suficientes para sua aprovação. Participaram da votação os seguintes vereadores: Votando sim ao PL 179 (8 votos): Donizeti Rosa, Dárcy Vera, Luiz Geraldo Dias, Joana, Profº Lages, Coraucci Neto, Beto Cangussú, Paulo Saquy. Abstendo-se de votar (11 votos): Amauri de Souza, Cícero Gomes, Leopoldo Paulino, Bertinho Scandiuzzi, Merchó Costa, Nicanor Lopes, Silvana Resende, Marinho Sampaio, Waldyr Villela, Carlos Reis, Wandeir Silva. Não votaram (2 votos): Marcão Zorzeto e José Alfredo. Sobre o Código do Meio Ambiente Lei Complementar 181, importante registrar o amplo processo de debate e consulta aos diversos movimentos e entidades da sociedade civil organizada, bem como, uma participação importante do Depto de Gestão Ambiental da SEPLAN, na negociação sobre as diversas sugestões apresentadas, conduzido inicialmente por um Grupo de Trabalho presidido pelo então vereador Lages, e em seguida encampado e dado continuidade com novas audiências públicas pela Comissão Permanente de Meio Ambiente do Poder Legislativo. O Código do Meio Ambiente foi aprovado em sessões realizadas nos dias 18/12 (1ª discussão) e 23/12/2003 (redação final). Participaram da votação os seguintes vereadores: 1ª discussão: Votando sim ao PL 181: Amauri de Souza, Donizeti Rosa, Cícero Gomes, Dárcy Vera, Luiz Geraldo Dias, Leopoldo Paulino, Joana, Professor Lages, José Alfredo, Coraucci Neto, Bertinho Scandiuzzi, Silvio Martins, Merchó Costa, Nicanor Lopes, Paulo Saquy, Silvana Resende, Marinho Sampaio, Waldyr Villela, Wandeir Silva. Não votaram: Beto Cangussú e Walter Gomes 2ª discussão e redação final (incluindo emendas aprovadas): Votando sim ao PL 181: Amauri de Souza, Donizeti Rosa, Dárcy Vera, Luiz Geraldo Dias, Joana, Profº Lages, José Alfredo, Coraucci Neto, Bertinho Scandiuzzi, Silvio Martins, Beto Cangussú, Nicanor Lopes, Silvana Resende, Marinho Sampaio, Wandeir Silva. Votaram contra: Cícero Gomes e Paulo Saquy. Não votaram: Leopoldo Paulino, Merchó Costa, Waldir Villela e Walter Gomes Tendo em vista o prazo fatal estipulado pelo Estatuto das Cidades para que as cidades aprovem seus Planos Diretores, a Câmara Municipal preocupada com a ausência de iniciativas, constituiu por meio do Projeto de Resolução nº 24/2005, a CEE-PD - Comissão Especial de Estudo do Plano 6
Diretor, com a finalidade de promover estudos e consultas juntos aos diversos segmentos da comunidade para obter subsídios às adequações necessárias ao Plano Diretor de Ribeirão Preto. O objetivo principal da CEE-PD foi viabilizar a mais ampla participação popular na discussão e elaboração do Plano Diretor de nossa Cidade, uma vez que o ordenamento jurídico vigente exige não só a aprovação do Plano Diretor, mas que ele se constitua num processo participativo, onde os cidadãos poderão levantar todas as questões vivenciadas na cidade real que impedem a cidade de cumprir com suas funções sociais, apresentando sugestões para que os agentes políticos e os técnicos dêem as respostas políticas e técnicas para os problemas levantados. Portanto, o Plano Diretor se apresenta como um instrumento adequado para se propor um verdadeiro pacto de sustentabilidade para desenvolvimento econômico,social e ambiental de nossa cidade, que garanta a todos sem exceção uma qualidade de vida condizente com padrões aceitáveis e exigíveis pelos desafios do milênio propostos pelos organismos internacionais. Apesar de toda a importância da discussão do Plano Diretor, a principal tarefa da CEE-PD, foi e continua sendo a de sensibilizar e mobilizar todos os segmentos sociais de nossa cidade para esse grande desafio, uma vez que muitas pessoas e segmentos ainda não conseguem ou não querem enxergar a necessidade de criarmos uma cultura de planejamento e participação sobre os destinos de nossa cidade. Para isso, era preciso criarmos uma metodologia de trabalho na CEE-PD que possibilitasse popularizar essa discussão sobre o Plano Diretor, levandoa o mais próximo possível de todos os setores interessados. Inspirados pelo lançamento a nível nacional da campanha Plano Diretor Participativo do Ministério das Cidades, decidiu-se por duas frentes prioritárias de trabalho: a) A realização de audiências públicas nos bairros para facilitar a participação dos munícipes; b) A elaboração de uma Cartilha explicando a importância do Plano Diretor. Foram realizadas 11 audiências públicas nos bairros de Ribeirão Preto no período de julho a novembro de 2005, que abordaremos sobre seus conteúdos posteriormente. Foi elaborada a cartilha do Plano Diretor Participativo de Ribeirão Preto, 5.000 exemplares impressos que serão distribuídos a todos os segmentos organizados de nossa cidade, que será parte integrante deste relatório. Importante ressaltar que desde o início dos trabalhos da CEE-PD, buscou-se envolver vários setores da sociedade civil organizada e do poder público, com vistas a tornar a iniciativa uma parceria entre os chamados setores vivos da cidade de Ribeirão Preto e o Poder Legislativo. Foram chamados dentre outros a participarem deste processo: a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, Ministério Público, COMUR, Sindicatos, Associações Profissionais, Igrejas, movimentos sociais, Associações de Moradores, Universidades, Entidades da sociedade civil, Conselhos Municipais. O envolvimento destes setores no processo, nem sempre o esperado, pode ser aferido pela participação dos mesmos nas audiências realizadas pela CEE-PD, conforme atas que são parte integrantes deste relatório. 7
Além das 11 audiências públicas nos bairros, o processo indicou a necessidade de realizarmos conferências com temas específicos como: Mobilidade Urbana, Regularização Fundiária, Outorga Onerosa do Direito de Construir (solo criado), que foram realizadas, com presença de urbanistas e especialistas nessas questões orientando as discussões sobre os temas, que serão objetos deste relatório posteriormente. Na discussão do Plano Diretor não há que se distinguir o urbano do rural, daí a necessidade, cobrada inclusive pelos participantes das audiências, durante o Seminário de apresentação dos trabalhos da CEE-PD realizado em dezembro de 2005, da realização de audiências específicas sobre o setor rural, que foram realizadas nos dias 18 e 19 de janeiro de 2006 na Câmara Municipal, com uma participação representativa, diria até histórica, pois conseguimos reunir para um debate, num espírito altamente colaborativo, significativas entidades para o desenvolvimento do setor rural de nossa cidade, considerando os aspectos econômicos, sociais, ambientais e tecnológicos. Pela representatividade e importância do evento vale destacar as presenças das seguintes entidades: Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo, Instituto Agronômico de Campinas, IBAMA, Fundação ITESP-Instituto de Terras da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, Instituto de Zootecnia, CATI, EDR,Casa da Agricultura Ribeirão Preto, Guatapará, ABAG-RP-Associação Brasileira do Agronegócio Regional Ribeirão Preto, Grupo Usina São Martinho, Coopercitrus, Ceagesp, Sindicato das Empresas, Sindicato das Empresas Transportadoras de Carga, Sindicato Rural (Patronal), Sindicato dos Empregados Rurais, MST-Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, FAAP-Fundação Armando Álvares Penteado, Faculdade Barão de Mauá-Depto.Geografia, Conselho Nacional das Cidades, Ministério da Ciência e Tecnologia, Universidade Federal de São Carlos, AEAARP-Associação de Engenharia,Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto, CREA-SP-Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de São Paulo, Prefeitura Municipal de Serrana, Prefeitura Municipal de Guatapará, Secretaria de Planejamento e Gestão Ambiental da Prefeitura de Ribeirão Preto, Câmara Municipal de Ribeirão Preto (vereadores Beto Cangussú, Sebastião de Souza, Fátima Rosa) Partido Verde, CONDEMA-Conselho de Defesa do Meio Ambiente, SODERMA-Sociedade de Defesa Regional do Meio Ambiente, Associação Ecológica Pau Brasil, Associação Cultural Humanística, Associação Moradores dos Bairros São José, Campos Elíseos, Adelino Simione, Bonfim Paulista. Sobre o conteúdo da audiência e as propostas apresentadas pelo setor, falaremos mais adiante em um capítulo específico. A opção pela realização de audiências itinerantes da CEE-PD mostrouse acertada, pois, mobilizou uma grande participação popular na discussão sobre o Plano Diretor. O processo de convocação das audiências, feito por meio de panfletagem em cada um dos bairros envolvidos, correspondências às entidades e autoridades, divulgação nos órgãos da imprensa local, divulgação pelos canais de comunicação da Câmara Municipal, garantiram a publicidade necessária para esse grande mutirão realizado pela CEE-PD, no intuito de popularizar e colocar na agenda política da cidade esse que será o grande tema a ser debatido pelo Poder Legislativo no ano de 2006. Apesar do ceticismo de alguns quanto a viabilidade da participação popular, as audiências públicas demonstraram que quando chamados, o povo 8
responde positivamente quanto a necessidade de discutir-se sobre os destinos de sua cidade. Quando pensamos no planejamento de uma cidade, nem sempre a cidade idealizada pelos técnicos e políticos, são de fato a cidade real, vivenciada pelos munícipes. Muitas questões e problemas a serem resolvidos por um política de planejamento e desenvolvimento, só serão de fato eficazes se levarem em consideração a opinião daqueles que convivem com toda sorte de problemas no dia a dia de nossas cidades. A CEE-PD buscou exatamente isso: desafiar a população a fazer um leitura da cidade real, apontando quais seriam os gargalos existentes na obtenção de uma cidade que cumpra com sua função social de garantir qualidade de vida a todos os seus moradores. A metodologia empregada buscou estimular a análise da cidade a partir da realidade de cada bairro, com o intuito de verificar a partir da opinião dos participantes, quais seriam os problemas existentes em cada bairro que interferem na qualidade de vida da cidade, e vice-versa, de que modo a cidade interfere negativamente (ameaças) na qualidade de vida do bairro. Muitas vezes nestas oportunidades a população aproveita e apresenta um lista de problemas a serem resolvidos pelas autoridades municipais, alguns relacionados a discussão sobre o Plano Diretor, outros relacionados a questões inerentes à execução orçamentária e medidas político-administrativas. Mas o que é importante relatar é a disposição de contribuir apresentando soluções aos problemas levantados. Estimulados também pela metodologia empregada, os participantes foram levados a refletirem sobre os pontos positivos encontrados nos bairros, que trazem satisfação aos moradores no atendimento de suas necessidades de bem viver no cotidiano local, assim como refletiram sobre quais são os aspectos positivos que a cidade possui (oportunidades), que possibilitam uma melhora da qualidade de vida dos moradores de cada bairro. Foi muito surpreendente e gratificante a experiência do uso dessa metodologia de Planejamento Estratégico (sugerida pela Arquiteta e Urbanista Luciana Mouro Varanda de Mattos, pós-graduanda da University of Illinois EUA, participante da primeira audiência), pois estimulou os participante a assumirem o desafio de serem protagonistas no encaminhamento de soluções para toda a cidade e não apenas de seu bairro. 9
2 - AUDIÊNCIAS PÚBLICAS DA CEE PLANO DIRETOR DE RIBEIRÃO PRETO 1. REGIÃO VII: 13/07/05 19:00 horas ACI - Rua Visconde de Inhaúma, 489 Centro Centro, Vila Seixas, Sumaré, Jardim América, Jardim São Luis, Jardim das Laranjeiras, Alto da Boa Vista, Jardim Califórnia, Jardim João Rossi, Jardim Nova Aliança, Jardim Ana Maria, Residencial Flórida. Questões levantadas pelos participantes: Sr. Ivens Telles: Associação dos Moradores da Ribeirânia Elogia apresentação da Arq. Cecília e lamenta que ela foi transferida da Secretaria de Planejamento para a Secretaria de Infra-estrutura; Informa que muitas áreas institucionais aprovadas em loteamento foram doadas ou cedidas pela Prefeitura para entidades particulares como Maçonaria, Associação Médica, OAB e que o município perdeu com esses procedimentos; Sugere que no Plano Diretor as áreas institucionais sejam exclusivamente para instalação de equipamentos sociais (escolas, creches, posto de saúde, etc.) Arqta. Cecília: Informa que na legislação de loteamento em vigor, da área total são exigidos 5% (cinco por cento) para áreas institucionais e 15% (quinze) porcento para áreas verdes Esclarece que a Prefeitura pode conceder uso de áreas públicas (institucionais) mediante autorização na Câmara Municipal, desde que a entidade proponente se comprometa a instalar também na área atividades públicas como escola, creche, curso profissionalizante. Sr. Galvão - Associação Moradores do Jardim Califórnia: Solicita registro em Ata das Audiências públicas do Plano Diretor; Informa que o seu bairro (Jardim Califórnia) possui legislação de uso residencial e que a Câmara mudou o uso e permitiu construção de comércio e prédios; Outra questão é que ao se delimitar nas áreas especiais (zoneamento) o seu bairro ficou de fora de um polígono definido pela Lei Complementar 179; Sra. Sigildes - Associação Piratininga e bairros afins Solicita apoio para que os bairros com legislação própria definindo usos sejam respeitados e mantidos os usos originais; Pede que todas as áreas verdes do município sejam preservadas e mantidas; Mobilidade: implantação de ciclovias com definição de itinerários de interesse da população; Calçadas públicas: garantir circulação de pedestres com melhorias e implantação de calçadas públicas; desobstrução das calçadas de camelôs, mesas de bares, e placas; 10
Transporte: instalação de semáforos de 3 tempos (sendo um exclusivo para pedestre) nos cruzamentos das vias de maior tráfego; Consulta prévia à vizinhança para aprovação de projetos para construção de bares, comércio e outras atividades que possam causar incômodos; Srta. Natália - representando Estudantes: Os participantes das audiências devem se preocupar com uma visão global da cidade e não criar bairrismos; Transporte público: após meia noite até às 4 hs da manhã não tem ônibus; quem estuda e trabalha à noite fica prejudicado, correndo risco. Pede linha de ônibus nesses horários; Sistema viário: estacionamento de veículos próximos à universidades atrapalha o tráfego; ciclovias: pela inexistência delas estão aumentando os acidentes fatais, desrespeito ao trânsito; Trabalho: faltam oportunidades de trabalho para estudantes e recémformados; morador da Vila Seixas: Uso do solo:aumento de ocupação de uso comercial, prestação de serviços como clínicas, que ocasiona a expulsão de moradores; Segurança: Aumentaram o número de assaltos no bairro; iluminação deficiente; falta policiamento; Sr. Ronaldo - Comissão de moradores da Nova Ribeirânia: Infra-estrutura: problema das enchentes na Jerônimo Gonçalves; sugere instalação de tubulões por baixo da Cia. Antártica; execução de canais e bacias de contenção nas nascentes na zona rural; Transporte coletivo: reestruturação das linhas de ônibus; transporte coletivo está falido. Legislação urbanística: a "doação" (cessão) de áreas públicas deveria ter uma contrapartida em obras (tipo escola, creche, praça); Eng. José Anibal Laguna: Secretaria de Planejamento e Gestão Ambiental: Congratulações: parabeniza a Câmara Municipal pela constituição da CEE-Plano Diretor; Canais de participação: enfatiza a necessidade de serem criados; diversidade dos interesses. importância da participação nas Audiências, Comur; Legislação urbana: a Lei 411 de 1955 não colocou limites na Zona Sul; existe 360 Leis a serem aplicadas acima de Av. Nove de Julho; Representante da Associação Moradores Vila Hípica: Aeroporto Leite Lopes: o aeroporto dentro da cidade já é problemático; a extensão das pistas conforme proposta do DASP irá trazer transtornos com desapropriação e remoção de moradores; Eng. Paulo Peixoto: Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de RP; O que diferencia moradores de cidadãos é a efetiva participação nos problemas da cidade; 11
O Ministério da Cidade criou o Núcleo Estadual do Plano Diretor que está levando a todo o Estado de São Paulo informações de como elaborar o Plano Diretor; Coloca à disposição a AEAARP para parceria com a Câmara Municipal no que for preciso; Ribeirão necessita de uma revisão do Plano Diretor considerando também a área rural; O Estatuto da Cidade oferece a população e administrações públicas instrumentos eficientes para exigir o ordenamento da cidade; A cidade tem que ter a "cara" e o "jeito" que a população quer; Solicito registro de todas as propostas apresentadas nessas audiências públicas; Representante Bairro Castelo Branco; Aquífero Guarani: preocupação com a sua defesa; Enchentes: medidas urgentes de prevenção; não foram feitas obras; Habitação: propiciar moradias mais dignas para população de baixa renda (aceitamentos); Impermeabilização do solo: necessidade de menor impermeabilizar do solo para se evitar enchentes; Uso do solo: a Prefeitura deveria analisar se o uso dos espaços da cidade está cumprindo a função social devida; Pensar a cidade como um todo. Representante da Associação Moradores Jardim Califórnia: Pedido para que no Plano Diretor sejam incluídas determinadas ruas do Jardim Califórnia que ficaram fora do polígono que define como área residencial com legislação própria; O bairro Jardim Califórnia não necessita de mais áreas de uso comercial porque já tem nos bairros vizinhos (Shopping, Jd. Ana Maria) e em seu próprio duas quadras destinadas para comércio e prestação de serviços; Av. Brás Olaia Costa deve ser considerada residencial também no seu lado ímpar (só é no lado par); Poluição hídrica: é despejado esgoto in natura em uma pequena nascente no fundo de vale divisa do bairro Califórnia e Alto da Boa Vista; além de cheiro insuportável; Sr. Aurélio Cardoso: Associação Moradores do Jardim Paulista: Ciclovias: reitera o pedido para instalação; Vagas de bicicletas nos Shoppings: existe poucas vagas delimitadas; Av. Thomaz Alberto Wately apresenta perigo para ciclistas; Sr. Jeferson - Instituto Brasileiro de Defesa da Cidadania: Moradia: pede atenção dos poderes públicos para a Resolução 101 de 22 de março de 2005 do Conselho Curador do Fundo de Desenvolvimento Social para ação social em pró de moradia popular; Prof. Santi - Associação Moradores Jardim Califórnia: 12