PROGRAMA SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL. VOLUME I Organizando a área de controle ambiental do município



Documentos relacionados
NOTA TÉCNICA: ICMS VERDE Por: Denys Pereira 1, Maíra Começanha 2, Felipe Lopes 3 e Justiniano Netto 4. Introdução

PREFEITURA MUNICIPAL DE POUSO REDONDO CNPJ / Rua Antonio Carlos Thiesen, Pouso Redondo Santa Catarina

Dúvidas e Esclarecimentos sobre a Proposta de Criação da RDS do Mato Verdinho/MT

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE - COEMA

POLÍTICAS DE GESTÃO PROCESSO DE SUSTENTABILIDADE

Compromissos com o Meio Ambiente e a Qualidade de Vida Agenda Socioambiental para o Desenvolvimento Sustentável do Amapá

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

14/05/2010. Sistema Integrado de Gestão Ambiental SIGA-RS. Sistema Integrado de Gestão Ambiental SIGA-RS. Niro Afonso Pieper. Diretor Geral - SEMA

Conselho Gestor APA DA VÁRZEA RIO TIETÊ GTPM

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº D, DE O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Política Ambiental das Empresas Eletrobras

Promover um ambiente de trabalho inclusivo que ofereça igualdade de oportunidades;

Art. 6 o O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições:

IV - planejar, propor e coordenar a gestão ambiental integrada no Estado, com vistas à manutenção dos ecossistemas e do desenvolvimento sustentável;

MINISTÉRIO DAS CIDADES CONSELHO DAS CIDADES RESOLUÇÃO RECOMENDADA N 75, DE 02 DE JULHO DE 2009

Licenciamento Ambiental e Municipal

01. Câmara Municipal. 02. Secretaria Municipal de Governo. 03. Gabinete do Vice-Prefeito. 04. Procuradoria Geral do Município

Congresso Ministério Público e Terceiro Setor

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

PMS-MT Cartilha. Breve histórico e Abrangência Objetivos gerais e benefícios esperados Componentes. Governança Funcionamento do Programa

Legislação Pesqueira e Ambiental. Prof.: Thiago Pereira Alves

CME BOA VISTA ESTADO DE RORAIMA PREFEITURA MUNIPAL DE BOA VISTA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

O GOVERNADOR DO ESTADO DO ACRE TÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

A observância da acessibilidade na fiscalização de obras e licenciamentos de projetos pelos municípios

Dispõe sobre a transformação da Fundação Estadual do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Estado de Roraima FEMACT-RR, e do

Políticas Públicas para Operacionalizar o CAR Câmara temática de Insumos Agropecuários Brasília, 27 de maio de 2014

RELATÓRIO DAS OFICINAS SOBRE LICENCIAMENTO AMBIENTAL DOS PROJETOS DE ASSENTAMENTO DO PROGRAMA NACIONAL DE REFORMA AGRÁRIA

Flávio Ahmed CAU-RJ

PATRIMÔNIO AMBIENTAL

O CORSAP - Consórcio Público de Manejo de Resíduos Sólidos e de Águas Pluviais

O PREFEITO MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE. Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:

ANTONIO CARLOS NARDI

Regulamentação e Licenciamento Ambiental. Oscar Graça Couto Lobo & Ibeas

Atribuições estaduais e municipais na fiscalização ambiental

EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Meta e Estratégias. Meta

Histórico. Decreto 7.029/2009 (Decreto Mais Ambiente) Lei Federal /2012 Decreto 7.830/2012

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO. Missão

Prefeitura Municipal de Jaboticabal

DECRETO Nº de 10 de junho de 2005.

Introdução. Gestão Ambiental Prof. Carlos Henrique A. de Oliveira. Introdução à Legislação Ambiental e Política Nacional de Meio Ambiente - PNMA

Art. 1º - Criar o Estatuto dos Núcleos de Pesquisa Aplicada a Pesca e Aqüicultura.

SINAPIR: SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

CURSO: GESTÃO AMBIENTAL

Escola de Políticas Públicas

NBA 10: INDEPENDÊNCIA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS. INTRODUÇÃO [Issai 10, Preâmbulo, e NAT]

TEXTO BASE PARA UM POLÍTICA NACIONAL NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

MMX - Controladas e Coligadas

F n i a n n a c n i c a i m a en e t n o Foco: Objetivo:

REGIMENTO INTERNO CAPÍTULO I DOS PRINCÍPIOS

gestão das Instâncias de Governança nas regiões turísticas prioritárias do país.

Resolução Conama 237/97. Resolução Conama 237/97. Resolução Conama 237/97. Resolução Conama 237/97 7/10/2010

CARTA DO PARANÁ DE GOVERNANÇA METROPOLITANA

POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

DECRETO Nº , DE 23 DE JANEIRO DE 2015

Dom Macedo Costa. ESTADO DA BAHIA Município de Dom Macedo Costa Prefeitura Municipal Onde Pulsa o Desenvolvimento

GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Arquivos públicos municipais. Mais transparência pública, mais informação, mais memória e mais cidadania

Curso E-Learning Licenciamento Ambiental

PREFEITURA MUNICIPAL DE SIMÃO DIAS Gabinete do Prefeito

A Floresta Amazônica, as mudanças climáticas e a agricultura no Brasil

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Instrumento preventivo de tutela do meio ambiente (art. 9º, IV da Lei nº /81)

POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE

2. Viabilizar a alocação de recursos humanos em número suficiente para o desenvolvimento das atividades previstas neste e nos demais programas;

PROJETO DE LEI Nº DE 2007 ( Do Sr. Alexandre Silveira)

LEGISLAÇÃO FEDERAL SOBRE POLUIÇÃO VISUAL URBANA

O Licenciamento Ambiental Municipal


LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E FLORESTAL

CAPITULO I DA POLÍTICA MUNICIPAL DO COOPERATIVISMO.

SEMINARIO PRÓ-CATADOR DO ESTADO DO ACRE Propostas aprovadas

Termo de Referência INTRODUÇÃO E CONTEXTO

COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Lei nº DE 29/11/2013

Desafios e iniciativas do Pará na agenda de clima da Amazônia

Da Legislação Ambiental. Da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Harmonização da PNRS. Constituição Federal da República Federativa do Brasil

Projeto de Fortalecimento e Intercâmbio de Mosaicos de Áreas Protegidas na Mata Atlântica

Instrumentos Econômicos para a Gestão Ambiental Rural na Amazônia: desafios e oportunidades

Workshop Saneamento Básico Fiesp. Planos Municipais de Saneamento Básico O apoio técnico e financeiro da Funasa

LEI Nº 310/2009, DE 15 DE JUNHO DE 2009.

L E I N.º 162/2002, de 28 de janeiro de 2003.

TERMO DE REFERÊNCIA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Coordenação de Agroecologia / PROBIO II.

Conteúdo Específico do curso de Gestão Ambiental

1. COMPETÊNCIAS DAS DIRETORIAS

ENCONTRO DE MINISTROS DA AGRICULTURA DAS AMÉRICAS 2011 Semeando inovação para colher prosperidade

Política Nacional de Participação Social

ICKBio MMA MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

Apresentação Plano de Integridade Institucional da Controladoria-Geral da União (PII)

Plataforma Ambiental para o Brasil

TERMO DE REFERÊNCIA. Local de atuação: Brasília/DF com disponibilidade para viagens em todo o território nacional.

REGIMENTO DA UNIDADE DE AUDITORIA INTERNA DO IF SUDESTE DE MINAS GERAIS CAPÍTULO I

PLANO METROPOLITANO DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS COM FOCO EM RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSS) E RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E VOLUMOSOS (RCCV)

MINISTÉRIO DAS CIDADES Secretaria Nacional de Habitação. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Representação de Apoio ao Desenvolvimento Urbano

GABINETE DO PREFEITO

Farmácia Universitária

14º Congresso Brasileiro de Direito Ambiental do Instituto O Direito por um planeta verde

ANEXO B TERMO DE REFERÊNCIA. Declaração de trabalho, serviços e especificações

Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA-RDC N 49, DE 31 DE OUTUBRO DE 2013

Transcrição:

PROGRAMA SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL VOLUME I Organizando a área de controle ambiental do município

PROGRAMA Programa Municípios Verdes O Programa Municípios Verdes (PMV) é um programa do Governo do Pará desenvolvido em parceria com municípios, sociedade civil, iniciativa privada, Ibama e Ministério Público Federal, com o objetivo de combater o desmatamento e fortalecer a produção rural sustentável por meio de ações estratégicas de ordenamento ambiental e fundiário e gestão ambiental, com foco em pactos locais, monitoramento do desmatamento, implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e estruturação da gestão municipal. O Programa Municípios Verdes foi lançado em março de 2011, por meio do Decreto Estadual nº 54/2011, sob a coordenação da Casa Civil, especificamente na figura do Secretário Extraordinário de Estado para a Coordenação do Programa Municípios Verdes (SEPMV). O PMV conta com um Comitê Gestor responsável pelas decisões estratégicas e plano de ação do programa, composto por 21 integrantes, sendo dez representantes do governo e onze representantes da sociedade civil, além do Ministério Público Federal, Ibama e Ministério Púbico do Estado do Pará. As ações são feitas por um conjunto de instituições governamentais e não governamentais que compõem o Conselho Executivo do PMV. Em dezembro de 2013, foi criado o Núcleo Executor do Programa Municípios Verdes (NEPMV), responsável pela execução das atividades do PMV, criado pela Lei Estadual 7.756 de 3/12/2013. Equipe SEPMV Alessandra Zagallo (Assessora de Gabinete), Ana Lucia Vilhena Muniz (Assessora de Ordenamento Ambiental e Territorial), Bruno Marianno de Oliveira (Consultor Imazon/ apoio ao PMV), Camilla Miranda (Coordenadora de Articulação Institucional), Denys Pereira (Coordenador de Produção Sustentável), Felipe de Azevedo Nunes Lopes (Assessor Jurídico), Gustavo Furini (Coordenador de Ordenamento Ambiental e Territorial), Julianne Moutinho Marta (Coordenadora de Gestão Ambiental), Justiniano de Queiroz Netto (Secretário Extraordinário), Karlla Julianna Marruás Almeida (Chefe de Gabinete), Maíra Maués (Assessora Jurídica/Orçamento), Marussia Whately (Consultora Imazon/apoio ao PMV), Raimundo Amaral Junior (Assessor de Atendimento dos Municípios), Raphael Pacheco Silva Neto (Assessor de Comunicação), Wendell Andrade (Sema/PA). Equipe NEPMV Dyjane Amaral (Diretora), Lucas Carvalho (Assessor Jurídico). Projeto PMV/IMAZON/CLUA O projeto iniciado em 2012 e desenvolvido pelo PMV e IMAZON com apoio da CLUA Climate and Land Use Alliance, tem como objetivos apoiar o PMV em escala estadual e desenvolver ação piloto de fortalecimento da gestão ambiental municipal em 11 municípios paraenses: Altamira, Brasil Novo, Dom Eliseu, Marabá, Novo Progresso, Novo Repartimento, Paragominas, Santana do Araguaia, Santarém, São Felix do Xingu e Tailândia.

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL Organização Marussia Whately Maura Campanili VOLUME I Organizando a área de controle ambiental do município Núcleo de Gerenciamento do Pará Rural PROGRAMA

Série Gestão Ambiental Municipal para a Área Rural Volume I. Organizando a área de controle ambiental do município Organização Marussia Whately e Maura Campanili Autores de texto Estela Maria Neves, Marussia Whately, Julianne Moutinho Marta e Camilla Miranda Colaboradores Adalberto Veríssimo (Imazon), Ana Lucia Muniz, Bruno Marianno, Daniel Santos (Imazon), Erich Guimarães Nenartavis, Estela Neves de Souza Albuquerque, Raphael Pacheco Silva Neto, Justiniano de Queiroz Netto e Maíra Maués, Coger/Diplam. Edição e revisão de textos Maura Campanili Mapas PMV Ordenamento Ambiental e Territorial Design editorial Ana Cristina Silveira/AnaCê Design Ilustrações Ricardo Howards Apoio Climate and Land Use Alliance (Clua) Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) Programa Pará Rural Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Pará (Sema/PA) Skoll Foundation Ficha catalográfica: Andrea Godoy Herrera CRB 8/6589 Programa Municípios Verdes. P221o Organizando a área de controle ambiental do município / organizado por Marussia Whately, Maura Campanili; ilustrações de Ricardo Howards. -- Belém : Núcleo de Gerenciamento Pará Rural, Programa Municípios Verdes, 2014. 117 p. : il., mapas; 21 x 29,7 cm. (Série Gestão Ambiental Municipal para a Área Rural, 1) ISBN 978-85-64183-03-2 1. Gestão ambiental municipal Pará 2. Gestão ambiental municipal rural I. Whately, Marussia (Org.) II. Campanili, Maura (Org.) III. Título As opiniões expressas nesta publicação são de responsabilidade de seus respectivos autores e não expressam necessariamente a opinião dos seus apoiadores.

Agradecimentos Aos secretários, secretárias, técnicos e técnicas das secretarias municipais de Meio Ambiente que participaram das oficinas de capacitação para fortalecimento da gestão ambiental realizadas pelo PMV durante o ano de 2013, no âmbito do projeto PMV/IMAZON/CLUA nos municípios de Altamira, Brasil Novo, Dom Eliseu, Marabá, Novo Progresso, Novo Repartimento, Paragominas, Santana do Araguaia, Santarém, São Félix do Xingu e Tailânda. À SEMA/PA e à Diplam, pelo apoio na elaboração do conteúdo sobre habilitação dos municípios para licenciamento de impacto local. Ao Imazon, ao Programa Pará Rural, à Clua e à Skoll Foundation pelo apoio para a realização da publicação.

Sumário Linha do Tempo 8 Siglário 12 Apresentação 15 Introdução 17 CAPÍTULO 1. Gestão ambiental no Brasil e o papel do município 19 Modelo de defesa ambiental brasileiro 21 Interesse local e competência municipal na área ambiental 26 A importância da ação local 30 Questões chaves da agenda ambiental municipal 30 Resumo: competências municipais 31 CAPÍTULO 2. Atuação municipal na área ambiental: temas, instrumentos e estratégias 33 Instrumentos da política ambiental 35 Proposta de agenda ambiental municipal 41 CAPÍTULO 3. Licenciamento ambiental na perspectiva do município 51 Atividades associadas ao licenciamento ambiental 54 Distribuição de responsabilidades 55 Gestão e licenciamento ambiental nos municípios paraenses 56 Como funciona a habilitação municipal no Pará 60 Delegação de competência 60 CAPÍTULO 4. Recursos e capacidades para o exercício do controle ambiental municipal 63 Categorias de recursos e capacidades 65

CAPÍTULO 5. Organizando a área de controle ambiental: procedimentos, fluxos e rotinas 73 Deveres do município no licenciamento ambiental 75 Sobre os prazos das licenças 79 Documentação administrativa e técnica 84 Cadastro dos processos 85 Infrações e sanções administrativas 86 Como aplicar sanções 87 CAPÍTULO 6. Gestão ambiental da área rural 91 Novo Código Florestal 93 Cadastro Ambiental Rural 94 Licença de Atividade Rural (LAR) 96 Programa de Regularização Ambiental 97 Instrumentos econômicos 97 Programa Municípios Verdes: aliado da gestão municipal no Pará 98 ANEXOS 103 Legislação de referência 105 Fontes e Referências 111 Participantes das oficinas de fortalecimento da gestão ambiental realizadas pelo PMV durante 2013 113 Fluxograma Simplificado de Licenciamento Ambiental 116

Linha do Tempo Década 1980 CRIAÇÃO do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama - Lei 7.735/1989). CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: Capítulo próprio e autônomo sobre tutela ao meio ambiente (Capítulo VI, art. 225); Destaca os papéis do Legislativo, Executivo e Judiciário na proteção do meio ambiente; Define atribuições municipais para defesa do meio ambiente (art. 23, 24 e 30). LICENCIAMENTO AMBIENTAL instituído para áreas crítica de poluição pela Lei 6.803/1980. EM 1987, foi criado um órgão estadual responsável pelo tema ambiental, a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectam). EM 1985, a área de atuação do Ministério Público Federal (MPF) foi ampliada com a Lei 7.347, de Ação Civil Pública, que atribuiu a função de defesa dos interesses difusos e coletivos. APROVADA A POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (LEI FEDERAL 6.938/1981): Atribuiu aos estados a competência de licenciar as atividades localizadas em seus limites regionais; Instrumentos para gestão ambiental: criação de áreas protegidas, estudos de impacto ambiental, sistema de licenciamento ambiental, entre outros; Criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), do Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA). 8

DEFESA AMBIENTAL NO BRASIL COMBATE AO DESMATAMENTO DEFESA AMBIENTAL NO PARÁ GESTÃO AMBIENTAL DESCENTRALIZADA NO PARÁ Década 1990 LEI DE CRIMES AMBIENTAIS: Define sanções penais e administrativas lesivas ao meio ambiente e infrações e penalidades relativas ao licenciamento ambiental (Lei 9.605/1998). RESOLUÇÃO CONAMA 237/1997: Estados podem delegar competência ao município em casos de atividades com impactos ambientais locais; DEFINIÇÃO DE DIRETRIZES E ATIVIDADES que devem fazer EIA-Rima são listadas em Resoluções Conama. LEI 5.727/93 reorganiza a Sectam e institui o Conselho Estadual de Meio Ambiente. Determina que o licenciamento deve ser solicitado em uma única esfera de ação; Conselhos de meio ambiente deliberativos e representativos; Dispõe sobre procedimento e critérios para o licenciamento ambiental; Trouxe relação de empreendimentos ou atividades sujeitas ao licenciamento ambiental (Anexo 1); Define as fases e prazos do procedimento de licenciamento (licenças ambientais prévia, de instalação e de operação). LEI ESTADUAL 5.887/1995: Política Estadual de Meio Ambiente do Pará; Fundo Estadual; Sisema. 9

Linha do Tempo Década 2000 DECRETO 2.593/2006: institui o CAR. DECRETO 1.148/2008: regulamenta política estadual de meio ambiente e estabelece o regramento do CAR. DECRETO ESTADUAL 857/2004: dispõe sobre o licenciamento ambiental A DESCENTRALIZAÇÃO da gestão ambiental no Pará foi aprovada em 2002, no contexto do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais (PPG7), promovido pelo governo federal. POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS institui o princípio do protetor-recebedor, conferindo benefícios para aqueles que preservam o meio ambiente (Lei 12.305/2010). SETE MUNICÍPIOS PARAENSES na lista crítica de desmatamento do Ministério do Meio Ambiente em 2008. Milhares de imóveis rurais foram embargados. 2007: CRIAÇÃO da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Lei Estadual 7.026/2007. PRIMEIRA FASE DO PPCDAM (2004/2007): Criação de UC (480 mil Km 2 ); lançamento do Deter e do SAD; redução do desmatamento de 19,6 mil Km 2 (média 1996-2005) para 12,6 mil Km 2 (agosto 2005-julho 2008). APROVAÇÃO DO ESTATUTO DA CIDADE LEI 6.745/2005, institui o Macrozoneamento Ecológico- Econômico do Pará. LEI 7.243 - ZEE porção oeste do Pará (BR-163 e Transamazônica). 2005: GOVERNO DO ESTADO promove a primeira estratégia de compartilhamento das atividades de licenciamento ambiental com os municípios. Mediante o atendimento de exigências definidas pelo estado, municípios foram autorizados a licenciar empreendimentos considerados de porte local, sendo celebrados acordos através de convênios, mais tarde substituídos por Termos de Gestão Compartilhada. 10 NOMEAÇÃO DO PRIMEIRO SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE

DEFESA AMBIENTAL NO BRASIL COMBATE AO DESMATAMENTO DEFESA AMBIENTAL NO PARÁ GESTÃO AMBIENTAL DESCENTRALIZADA NO PARÁ Década 2010 2013: SEIS MUNICÍPIOS saíram da lista no Pará. PMV aprova projeto junto ao Fundo Amazônia. RESOLUÇÃO 107/2013: critérios para dispensa de licenciamento (DLA). CRIAÇÃO DO PMV (Decreto Estadual 54/2011) GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ ASSINA COMPROMISSO COM MPF: Políticas públicas associadas à gestão ambiental, como o aparelhamento e a capacitação dos órgãos públicos ambientais e fundiários; Disponibiliza montante de até R$ 5 milhões anuais para a contratação de uma auditoria independente para a verificação do cumprimento dos TAC. LEI 7.398/2010: ZEE Porção Leste e Calha Norte; LEI 7.389/2010: define atividades de impacto local. DECRETO 216/2011: licenciamento de atividades agrossilvipastoris. 2010: PARAGOMINAS é o primeiro município a deixar a lista do MMA, adotando a agenda de pactos locais, monitoramento do desmatamento. SEGUNDA FASE PPCDAM (2008/2012): Diminuição do desmatamento para 6,3 mil Km 2 (média 2009-2012); restrição ao crédito (Resolução Bacen 3.545/2008); lista municípios; lista áreas embargadas; TAC da Pecuária; fiscalização. 11

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL Siglário AD área desmatada AF autorização de funcionamento AFAR autorização de funcionamento de atividade rural APA área(s) de proteção ambiental APP área(s) de preservação permanente APPD área de app desmatada APPTD área de preservação permanente total desmatada APRT área da propriedade total APRTD área da propriedade rural desmatada ART anotação de responsabilidade técnica AUAS área para uso alternativo do solo BNDES banco nacional de desenvolvimento econômico e social CAR cadastro ambiental rural CCIR certificado de cadastro de imóvel rural CNFP cadastro nacional de florestas públicas CNPJ cadastro nacional de pessoas jurídicas COEMA conselho estadual do meio ambiente CONAMA conselho nacional do meio ambiente CONJUR consultoria jurídica CPF cadastro de pessoas físicas CRA cota de reserva ambiental CTDAM cadastro técnico de atividade de defesa ambiental DAE documento de arrecadação estadual DIA declaração de informações ambientais DIPLAM diretoria de planejamento ambiental da sema/pa DCC declaração de corte e colheita DLA dispensa de licenciamento ambiental EIA estudo de impacto ambiental FEMA fundo estadual de meio ambiente GECON gerência de convênios GEE gases de efeito estufa ICMS imposto sobre circulação de mercadorias e serviços IBAMA instituto brasileira do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis ICMBIO instituto chico mendes de conservação da biodiversidade IMAZON instituto do homem e meio ambiente da amazônia IN instrução normativa INCRA instituto nacional de colonização e reforma agrária INPE instituto nacional de pesquisas espaciais IPTU imposto predial e territorial urbano ITERPA instituto de terras do pará 12

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO ITR imposto territorial rural LAR licença de atividade rural LAS licença ambiental simplificada LI licença de instalação LP licença prévia LO licença de operação MMA ministério do meio ambiente MP ministério público OMMA órgão municipal de defesa do meio ambiente PAM política ambiental municipal PAS plano amazônia sustentável PBA projeto básico ambiental PCA plano de controle ambiental PMV programa municípios verdes PNMA política nacional de meio ambiente PNMC plano nacional sobre mudança do clima PPCAD plano de prevenção, controle e alternativas ao desmatamento do estado do pará PPCDAM plano de ação para a prevenção e o controle do desmatamento na amazônia legal PPG7 programa piloto para a proteção das florestas tropicais PRA programa de regularização ambiental PRAD plano de recuperação de áreas degradadas PRODES projeto monitoramento da floresta amazônica brasileira RAS relatório ambiental simplificado RCA relatório de controle ambiental RGI registro geral de imóveis RIMA relatório de impacto sobre o meio ambiente RL reserva legal SEMA secretaria de estado de meio ambiente SFB serviço florestal brasileiro SICAR sistema de cadastro ambiental rural SIMLAM sistema integrado de monitoramento e licenciamento ambiental SISEMA sistema estadual de meio ambiente SISNAMA sistema nacional de meio ambiente SIVAM sistema de vigilância da amazônia SNCR sistema nacional de cadastro rural SNUC sistema nacional de unidades de conservação TAC termo de ajustamento de conduta TCA termo de compromisso ambiental TRMFM termo de responsabilidade de manutenção de floresta manejada UC unidade(s) de conservação ZEE zoneamento ecológico-econômico 13

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO Apresentação Um dos maiores desafios da política ambiental brasileira é concretizar a gestão compartilhada entre União, estados e municípios. Na Amazônia, em geral, e no Pará, em particular, esse desafio é ainda mais complexo, em função da vastidão do seu território e dos problemas ambientais existentes, em especial o desmatamento da floresta. Mais do que nunca, é preciso envolver e comprometer - os atores e os gestores locais com as questões ambientais. E, para que isso ocorra, faz-se necessário fortalecer o processo de descentralização da gestão para os municípios, principalmente naquilo que é considerado atividade de impacto local. No Estado do Pará, esse processo tem sido uma prioridade do atual governo e da política estadual de meio ambiente gerida pela Sema, fazendo com que saltássemos de 26 para 62 municípios habilitados para a gestão local no período entre início de 2010 até a presente data. A descentralização da gestão também é um dos eixos de atuação do Programa Municípios Verdes, lançado em 2011 com o propósito de reduzir o desmatamento e fortalecer a produção rural sustentável. Para fortalecer a produção sustentável, é preciso facilitar o acesso dos produtores à adequação ambiental dos seus imóveis e atividades, inclusive porque esta é hoje uma exigência inescapável dos mercados e do setor financeiro. Mas não conseguiremos avançar nessa pauta se a estrutura do licenciamento ambiental estiver centralizada no órgão estadual, principalmente para tratar de empreendimentos cujo impacto ambiental é eminentemente local. É absolutamente irracional e injusto exigir que um produtor rural se desloque trezentos, quinhentos ou até mil quilômetros para pedir uma licença que poderia ser concedida pelo órgão municipal, como, por exemplo, uma licença para atividade pecuária ou agrícola, até determinado porte. A distância física entre o produtor e o órgão licenciador, por si só, inibe o processo de ordenamento e regularização ambiental. Por outro lado, sabemos que boa parte dos municípios ainda carece de estrutura, capacitação e informação para realizar uma gestão ambiental adequada e compartilhada, conforme demonstrou o estudo Diagnóstico da Gestão Ambiental no Estado do Pará, realizado pela prof a. Estela Neves em 2013 2. Essa realidade ocorre não apenas no Pará, mas na grande maioria dos municípios brasileiros, particularmente os da região amazônica. 1 Estudo realizado por Estela Maria Souza Costa Neves durante 2013 para o Programa Municípios Verdes, no âmbito do projeto PMV/IMAZON/CLUA. O estudo está disponível em www.municipiosverdes.com.br. 15

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL Visando a enfrentar essa situação, o Estado do Pará iniciou, a partir de 2011, um processo de apoio e fortalecimento da gestão ambiental municipal, através da estruturação física de várias secretarias (projeto Sema/Fundo Amazônia), da capacitação dos agentes municipais e, mais recentemente, da criação do ICMS Verde, cujos recursos devem ser repassados aos municípios para o fortalecimento da gestão ambiental municipal. Para suprir a lacuna da informação, em especial na área da gestão ambiental rural, Sema e PMV, em parceria com o Imazon e a Clua, apresentam a publicação Gestão Ambiental Municipal para Área Rural. Este primeiro volume é voltado para a organização da área de controle ambiental nos municípios. Em seguida, lançaremos os volumes referente ao Licenciamento das Atividades Rurais (LAR), Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Programa de Regularização Ambiental (PRA). Nossa expectativa é que este volume e os demais que serão publicados contribuam para a construção de um sistema de gestão ambiental compartilhada no Estado do Pará, trazendo ganhos aos três pilares da sustentabilidade: meio ambiente, população e produção. José Alberto da Silva Colares, Secretário Estadual de Meio Ambiente do Pará Justiniano de Queiroz Netto, Secretário Extraordinário do Programa Municípios Verdes 16

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO Introdução O modelo de defesa ambiental brasileiro tem como premissa a responsabilidade compartilhada entre União, estados e municípios, que devem cooperar e exercer suas competências comuns e exclusivas para garantir a eficácia da Política Nacional de Meio Ambiente. No Pará, estado de grandes dimensões e com desafios ambientais proporcionais ao tamanho de seu território, contar com municípios capacitados para exercer o seu papel dentro do Sistema Nacional do Meio Ambiente é essencial para garantir o desenvolvimento sustentável em uma realidade singular que é a Amazônia brasileira. A série Gestão Ambiental Municipal para a Área Rural tem o objetivo de ser um instrumento que colabora com a implantação de sistemas de meio ambiente municipais eficientes e capacitados para somar esforços ao Programa Municípios Verdes (PMV), do governo do Estado do Pará, no combate ao desmatamento e incentivo à produção rural sustentável. Organizando a área de controle ambiental do município é o volume 1 desta série e traz, em forma de guia, um conjunto de informações relacionadas a legislação, atuação, organização e gestão municipal para licenciamento, fiscalização e monitoramento de empreendimentos, sobretudo na área rural. A publicação traz, logo em seu início, uma linha do tempo da gestão ambiental no Brasil e no Pará, que vai da instituição do licenciamento ambiental no país, no início dos anos 1980, até a aprovação, pelo Fundo Amazônia, do projeto do PMV para combate ao desmatamento e fortalecimento da gestão ambiental municipal no Pará, no final de 2013. Esse histórico é detalhado no capítulo 1, Gestão ambiental no Brasil e o papel do município, que ajuda a entender as atribuições e os instrumentos que podem ser utilizados para gestão ambiental. Nele, são apresentadas as competências municipais, que se traduzem nos aspectos nos quais há predominância do interesse local (ou seja, no território do município) sobre o estadual e o federal. O capítulo 2, Atuação municipal na área ambiental: temas, instrumentos e estratégias, mostra de que forma o município pode ser protagonista na gestão ambiental em seu território. Para tanto, aborda os principais instrumentos de política ambiental e as estratégias que podem ser adotadas pelo município, que resultam em uma agenda de política ambiental. Trata, ainda, dos principais aspectos para estruturar o Sistema Municipal de Meio Ambiente. O conjunto de procedimentos normativos e suas aplicações destinadas ao controle dos impactos negativos das intervenções humanas em um determinado território é o que chamamos de controle ambiental. Suas atividades envolvem o ordenamento territorial, o licenciamento, o monitoramento e a fiscalização. O Licenciamento ambiental na perspectiva do município é o tema do capítulo 3, que traz as atividades a ele relacionadas, assim como a distribuição de responsabilidades e como funciona nos municípios paraenses. Neste capítulo, é mostrado também 17

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL como é feita a habilitação dos municípios para poder licenciar e a delegação de competência pelo estado. Para exercer suas funções na gestão ambiental, os municípios devem estruturar-se em termos políticos, técnicos, tecnológicos e operacionais. No capítulo 4, são descritos quais são os Recursos e capacidades para o exercício do controle ambiental municipal, que começam com a criação de um órgão municipal de meio ambiente que seja responsável por essas atividades. O capítulo 5, Organizando a área de controle ambiental: procedimentos, fluxos e rotinas, traz os deveres do município no licenciamento ambiental, detalhando os passos tanto do empreendedor como do órgão municipal para chegar a ele. Contempla, ainda, informações detalhadas sobre os prazos das licenças, a documentação administrativa e técnica, o cadastro dos processos, além das infrações e sanções administrativas cabíveis, com informações, inclusive, de como aplicá-las. Para que o município possa atuar em prol da adequação ambiental, o capítulo 6, Gestão ambiental da área rural, contém informações sobre as normas e instrumentos mais recentes que devem ser observados, entre os quais o novo Código Florestal, o Cadastro Ambiental Rural, a Licença de Atividade Rural e o Programa de Regularização Ambiental. Também aborda os instrumentos econômicos que podem ser utilizados para incentivar a adequação. Por fim, mostra como o Programa Municípios Verdes pode ser um aliado da gestão ambiental no Pará. A publicação traz, ainda, uma relação da legislação de referência e fontes de informação sobre o tema, assim com um fluxograma simplificado de licenciamento ambiental. 18

Capítulo 1 Gestão ambiental no Brasil e o papel do município NESTE CAPÍTULO: Modelo de defesa ambiental brasileiro...21 Interesse local e competência municipal na área ambiental... 26 A importância da ação local...30 Questões chaves da agenda ambiental municipal...30 Resumo: competências municipais... 31

VOLUME 1: ORGANIZANDO A ÁREA DE CONTROLE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO Os municípios são corresponsáveis pela proteção do meio ambiente em conjunto com as demais esferas governamentais e a sociedade. Para exercer esse papel, é importante entender as atribuições e os instrumentos de política ambiental que podem ser utilizados para o exercício da gestão ambiental. A agenda de responsabilidades do poder público sobre a questão ambiental é muito ampla. Seu objetivo é tutelar o meio ambiente, entendido como o conjunto formado pelos elementos bióticos e abióticos, bens, relações entre bens e entre estes e a ação humana, responsáveis e capazes de interferir com a qualidade da manutenção e reprodução da vida. Fazem parte da agenda ambiental bens e atividades como: flora e floresta; fauna, caça e pesca; água; atmosfera; controle da poluição atmosférica; solo; biodiversidade; território e desenvolvimento urbano; áreas verdes, praças e praias; ecossistemas especiais; atividades potencialmente degradadoras; poluição industrial; poluição sonora; resíduos domésticos e rejeitos perigosos; geração e transmissão de energia; tráfego e trânsito; recursos minerais, mineração e garimpagem. Apresentamos a seguir, de forma sucinta, o modelo de defesa ambiental no Brasil e as competências do município para exercer a gestão ambiental. Modelo de defesa ambiental brasileiro O modelo de defesa ambiental no Brasil começou a ser construído em 1981 com a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), que antecipou inovações incorporadas à Constituição Federal em 1988. A PNMA criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente Conama (1981), o Sistema Nacional de Meio Ambiente Sisnama (1981), o Fundo Nacional de Meio Ambiente FNMA (1989), objetivos e um conjunto de instrumentos de política ambiental passíveis de utilização por todos os entes federados. Entre os instrumentos criados pela PNMA estão: criação de áreas protegidas, a avaliação e os estudos de impacto ambiental (EIA), zoneamento ambiental, padrões de qualidade ambiental, sistema de licenciamento ambiental, auditoria ambiental, responsabilidade civil por dano ao meio ambiente e exigência de reparação, entre outros. VER Linha do tempo, pág. 8, e Instrumentos de política ambiental, pág. 35. IMPORTANTE: O licenciamento ambiental foi instituído em áreas críticas de poluição pela Lei 6.803/80 e, em 1981 (Lei 6.938), como instrumento de política ambiental. O sistema de licenciamento ambiental (junto com a fiscalização e o monitoramento) é a essência da gestão ambiental. Por ser um instrumento chave para o controle ambiental da implantação de atividades e estabelecimentos, tem sido historicamente a atividade central exercida pelas três esferas de governo: federal, estadual e municipal. 21

SÉRIE GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL PARA A ÁREA RURAL Com base no princípio da responsabilidade compartilhada entre União, estados e municípios definido pela Constituição Federal (artigos 23 e 225), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) editou, em 1997, a Resolução 237, que reafirmou os princípios de cooperação da política ambiental e buscou determinar e explicitar os critérios de competência correspondentes às esferas de governo federal, estadual e municipal para o exercício do licenciamento ambiental. Em 2011, a Lei Complementar 140 regulamentou a distribuição de competências e as condições de cooperação entre os entes federados para exercício do controle ambiental. SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) foi estabelecido pela Lei O 6.938/81 e é formado pelos órgãos e entidades da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, além de fundações instituídas pelo poder público para responder pela defesa do meio ambiente. Sua estrutura é composta por um órgão superior, um órgão consultivo e deliberativo, um órgão central, um órgão executor, órgãos seccionais e órgãos locais. O órgão superior é formalmente o Conselho de Governo, mas esse lugar tem sido ocupado na prática pelo Conama, órgão consultivo e deliberativo, considerado o órgão maior do sistema e presidido pelo ministro do Meio Ambiente. O órgão executor é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os órgãos seccionais são os das administrações públicas federal e estaduais relacionados à proteção ambiental, considerados por muitos os verdadeiros esteios do sistema, devido à extensão territorial brasileira. Os municípios participam do Sisnama por meio dos órgãos e entidades municipais de defesa do meio ambiente criados por lei com responsabilidade ambiental. MINISTÉRIO PÚBLICO Além das organizações diretamente integrantes do Sisnama, há mais uma instituição essencial para a compreensão do modelo de defesa ambiental no Brasil: o Ministério Público (MP), instituído nas esferas federal e estadual. O MP é uma instituição pública autônoma, encarregada de defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis. Seus membros (promotores e procuradores de Justiça) têm as mesmas garantias asseguradas aos integrantes do Poder Judiciário, embora não tenham qualquer vinculação com esse poder nem com os poderes Executivo ou Legislativo. É uma instância independente. O MP é um dos protagonistas na defesa ambiental por induzir o cumprimento das leis, impor a implementação de normas ambientais, representar a sociedade na defesa de seus interesses e promover ações para punir comportamentos dolosos, omissos e ímprobos na administração pública. 22