Página 70 de 141 ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS (acervo civil) ficha 11: Antigo Cine Teatro Helena Coroamento da fachada frontal Vista da fachada frontal Afastamento lateral esquerdo Inscrições do nome do antigo cinema na calçada 1. Município: Delfim Moreira 3. Designação: Antigo Cine Teatro Helena 5. Propriedade: Privada: João Olarico 7. Situação de ocupação: Própria 9. Proteção legal existente: Nenhuma 2. Distrito: Sede 4. Endereço: Rua Albino Alves Filho, 27 6. Responsável: João Olarico 8. Uso atual: Comercial JR Móveis 10. Proteção legal proposta: Tombamento
Página 71 de 141 11. Histórico: Na história de Delfim Moreira, a década de 1950 foi uma época em que a cidade vivenciava o crescimento populacional incentivado pelo mercado de polpa de marmelo e as mudanças necessárias à habitação e lazer dos novos moradores municipais. Inúmeras pessoas vinham de vários lugares do país e traziam consigo experiências e culturas diversas, as quais contribuíam para dar novos contornos ao cotidiano delfinense. Foi nesse período que a região ganhou seus primeiros cinemas, entre eles o famoso Cine Teatro Helena, construído em 1953 por um grande admirador da sétima arte : João Cláudio Ribeiro, comerciante que, encantado com os filmes produzidos em grandes estúdios brasileiros e estrangeiros, resolveu erguer um charmoso cinema cujo nome homenagearia sua esposa. Localizado à rua Albino Alves Filho, número 27, o estabelecimento possuía uma pequena bomboniere logo na entrada, enquanto seu interior revelava um tímido palco onde erguia-se a tela de projeção. Com apenas oito meses de funcionamento, um acidente com um barranco localizado aos fundos da edificação derrubou a parede presente na parte de trás do palco, ocasionando o fechamento do cinema por alguns meses. Durante quinze anos, o Cine Teatro Helena realizou suas seções de quinta a domingo às 22:00, nas quais exibiam-se filmes alugados em São Paulo por quatro dias a maior parte deles seguia o gênero western americano, pois rendia as maiores bilheterias da cidade. Antigo Cine Teatro Helena FOTO: Acervo Prof. Sérgio Ricardo de Faria, s/d O cinema fechou suas portas em 1968 e a edificação foi vendida a João Olarico em 1970, mas somente na década 1980 o espaço foi reaberto para abrigar uma loja de móveis. Desde então algumas reformas foram realizadas no local, como a eliminação do palco, a retirada das cadeiras e equipamentos, a eliminação da bilheteria e da graciosa bomboniere. Entretanto, algumas características originais foram preservadas, com destaque para o piso e o galpão onde se encontrava a sala de projeção atualmente ainda é possível observar pequenos buracos na parede onde a imagem era passada para a tela do cinema. Nos dias de hoje, a calçada em frente ao estabelecimento exibe o nome Cine Teatro Helena em letras legíveis e conservadas, despertando a atenção e a memória dos antigos moradores que ali vivenciaram seus primeiros contatos com a sétima arte. 12. Análise de entorno: O antigo Cine Teatro Helena localiza-se na região precursora do desenvolvimento da cidade, que sucedeu as primeiras ocupações da segunda metade do século XVIII. Próxima da atual Matriz e da Praça Sagrados Corações, a área é bem adensada, tendo as edificações volumetria predominante de dois pavimentos, habitualmente recebendo usos comerciais e de serviços na
Página 72 de 141 parte inferior e residenciais na parte superior. A maioria dos imóveis encontra-se alinhada frontalmente com os logradouros públicos e lateralmente com as construções vizinhas, sendo também possível a ocorrência de afastamentos em relação às divisas de lote, mais utilizados como acessos. Os fechamentos acontecem em muros de alvenaria e com o próprio corpo do edifício. Todas as edificações dispõem de infra-estrutura básica como água tratada, rede de esgoto, energia elétrica e coleta de lixo. A pavimentação das vias ocorre em blocos sextavados de concreto. As calçadas têm aproximadamente um metro de largura, sendo ocupadas apenas por postes de iluminação e placas de sinalização, sem a presença de árvores. Na parte contígua ao antigo cinema, as inscrições Cine Teatro Helena sofrem desgaste. O cobrimento desses caminhos é executado com cimento no estado rústico ou em placas. A rua Albino Alves Filho tem mão-única e permite estacionamento paralelo em um dos lados. A circulação diária de automóveis é significativa, pois a via interliga importantes marcos referenciais da cidade, além de dar acesso à Av. Gov. Juscelino Kubitschek de Oliveira, um dos logradouros mais importantes. O trânsito de pedestres tem um volume considerável durante o dia - o maior percebido -, devido principalmente ao agrupamento das atividades comerciais e das principais áreas de convívio. 13. Descrição: A edificação do antigo cinema de Delfim Moreira é composta por um único volume retangular, de partido profundo e pé-direito duplo. Está implantada sobre um terreno que desenvolve um suave declive no sentido transversal, do lado esquerdo para o lado direito. Na parte frontal, o prédio encontra-se alinhado com a rua e sua entrada principal fica acima dessa via. Na lateral direita, um estreito afastamento, de pavimentação em placas de cimento, é também acesso lateral para o interior da construção. No local, a divisa entre lotes é dada pela parede externa da edificação vizinha. O recuo lateral esquerdo constitui-se como um acesso para veículos, mas não possui qualquer tipo de pavimentação. O fechamento do terreno no local é parcial, formado por um muro de alvenaria que termina antes de alcançar o fundo do lote, deixando assim um espaço integrado à residência do atual proprietário do imóvel. Na parte posterior, o pequeno afastamento limitado por uma encosta é ocupado por um anexo que funciona como depósito. A tímida área edificada é estruturada em madeira e coberta com telhas de fibrocimento. Nos fundos, há também uma delimitação com muro de alvenaria. Interior do antigo cinema Orifícios da antiga sala de projeção
Página 73 de 141 As características plásticas da edificação se aproximam muito da estética do Art Déco, com elementos verticais repetidos em modulações simétricas ao longo das fachadas, e com platibandas escondendo a cobertura. Na face frontal, uma fina marquise divide horizontalmente a superfície de cinco módulos, que se encerra num coroamento escalonado, onde a alvenaria tem maior altura na parte central. Na porção superior, as janelas têm o mesmo tamanho e são localizadas nos três módulos centrais. Essas aberturas são vedadas por esquadrias de madeira, em veneziana de mesmo material conjugada com vidro. Já na porção inferior, os vãos têm tamanhos diferentes e são dispostos de maneira irregular, sendo que há uma larga porta metálica de enrolar e duas janelas com vedação em basculantes de vidro. Pendurada sob a marquise encontra-se uma singela placa com a seguinte inscrição: JR Móveis tel 6241178. O revestimento principal utilizado nas paredes é uma pintura na cor salmão sobre reboco liso. Na parte inferior da fachada principal o acabamento tem a mesma cor, mas no módulo central e nos dois laterais, existem frisos numa tonalidade mais escura, que contornam regiões com massa texturizada. Esses frisos decorativos são encontrados também nas sobrevergas, nos ressaltos verticais da alvenaria e sobre a platibanda. A construção é estabilizada por alvenarias estruturais e coberta por um telhado de cumeeira perpendicular ao logradouro público, com engradamento de madeira e telhas em fibrocimento. O espaço interno não possui muitas segmentações, sendo composto por um grande átrio, correspondente ao auditório da época de funcionamento do cinema, e por pequenos compartimentos na região frontal da edificação, como instalações sanitárias e vestíbulos. Um pequeno balcão encontra-se acima dessa área e pode ser acessado por uma escada de alvenaria. No local, ainda existe o pequeno cômodo onde se instalava a cabine de projeção, atualmente utilizado como depósito. Na porção posterior do ambiente principal, é possível observar o vão onde se encaixava a grande tela e também o pequeno espaço reservado para sua manutenção. Entre os acabamentos utilizados, estão as placas de cimento vermelho no piso, pintura de cor vermelha na base das paredes e branco no restante de suas superfícies, além do forro em ripas de madeira pintadas na cor verde. 14. Intervenções: A edificação passou por diversas intervenções de adequação, que causaram certa descaracterização. Internamente, houve a eliminação do palco que se encontrava sob a tela e a retirada das cadeiras e equipamentos. Na fachada frontal, as mudanças ocorridas foram a supressão do vão da bilheteria, a abertura de uma pequena janela basculante, a troca da porta original de madeira por uma metálica de enrolar e a substituição da esquadria de madeira de uma das janelas por uma metálica com basculantes de vidro. 15. Estado de conservação: Bom 16. Análise do estado de conservação: O bem apresenta estrutura conservada, estando as patologias concentradas em problemas físicos, como o envelhecimento do forro, as manchas de sujidade e desgaste da pintura na antiga sala de projeção e em poucas partes das paredes externas. 17. Fatores de degradação: As causas das patologias convergem para as ações das intempéries, como chuvas e altas amplitudes térmicas, passando pela acomodação estrutural do forro.
Página 74 de 141 18. Medidas de Conservação: Manutenção periódica dos aspectos físicos, estruturais e compositivos da edificação; Contratação de um técnico especialista em caso de alterações estruturais e/ ou compositivas, assim como de ligações elétricas; Instalação de sistema de combate e prevenção contra incêndios, mantendo-o sempre em perfeito funcionamento; Aplicação de legislação urbana que impeça o adensamento e ordene a instalação de placas publicitárias e/ ou letreiros; Manutenção da rua e da calçada, prevendo a conservação dos componentes físicos e, do mesmo modo, as inscrições Cine Teatro Helena. 19. Referências documentais: ENTREVISTAS: RIBEIRO, João. Delfim Moreira, 06 de fevereiro de 2007. Entrevista concedida a Luciana Christina Cruz e Souza BIBLIOGRAFIA: FRANÇA, Júnia Lessa. Manual para normalização de publicações técnico-científicas / Júnia Lessa França, Ana Cristina de Vasconcellos; colaboração: Maria Helena de Andrade Magalhães, Stella Maris Borges. - 7. ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004. 242 p. FERREIRA, Jurandyr Pires (org.). Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Rio de Janeiro: IBGE, 1959. NASCIMENTO, Guido Gilberto. Delfim Moreira Achegas à sua formação histórica. Lorena, SP, 2002. 20. Informações complementares: - - - 21. Ficha técnica: Levantamento: Elaboração: Mariana Rabelo (arquiteta), Luciana Souza (Historiadora), Luiz Antônio Magalhães Silva (Secretário de Turismo) fevereiro de 2007. Mariana Rabelo (arquiteta), Luciana Souza (Historiadora) fevereiro e março de 2007. Revisão: Joseana Costa (arquiteta) março de 2007.