INFLUÊNCIA DO Mn E Co NAS CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAL E MORFOLÓGICA DO ZnO SINTETIZADO POR REAÇÃO DE COMBUSTÃO



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Transcrição:

INFLUÊNCIA DO Mn E Co NAS CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAL E MORFOLÓGICA DO ZnO SINTETIZADO POR REAÇÃO DE COMBUSTÃO R. A. Torquato 1, R. H. A. Kiminami 2, A. C. F. M. Costa 1 1 Universidade Federal de Campina Grande, departamento de Engenharia de Materiais, Av. Aprígio Veloso 882, 58.109-970, Campina Grande PB, email:ramont4@yahoo.com.br 2 Universidade Federal de São Carlos, departamento de Engenharia de Materiais, 13565-905 São Carlos SP RESUMO Este trabalho se propõe em avaliar o efeito da dopagem de 0,2 mol de Mn e Co nas características estruturais e morfológicas do ZnO sintetiados por reação de combustão. Durante a síntese foi feita a medição da temperatura e tempo de chama de combustão. As amostras obtidas foram caracteriadas por DRX, MEV, distribuição granulométrica e adsorção de nitrogênio (BET). A temperatura máxima das reações foram 428ºC e 436ºC,no tempo de reação de e 115 e 0 segundos para as amostras dopadas com Mn e Co, respectivamente. Os dados de DRX mostraram que para ambos os dopantes houve a formação apenas da fase ZnO. Para o Co houve formação da fase secundária CoO. O tamanho de cristalito e a área superficial foram 18 nm e 22 nm, e 52 e 38 m 2 /g para o ZnO dopado com Mn e Co, respectivamente. Palavras-chaves: ZnO, reação de combustão, DMS, dopantes, caracteriação. INTRODUÇÃO O óxido de inco (ZnO) é um composto químico encontrado na naturea como um mineral chamado incita, e que possui diversas aplicações tecnológicas, tais como: dispositivos pieelétrico, dielétricos, óptico-acústica, fotoeletro-químicos e semicondutores magnéticos diluídos (DMS). O ZnO se cristalia na estrutura hexagonal do tipo da wurtita, ou seja, possui átomos de inco e oxigênio que se arranjam espacialmente de forma que, os átomos de oxigênio se organie em uma 364

estrutura hexagonal fechada e os átomos de inco ocupem o centro da estrutura tetraédrica (coordenação 4) distorcida (1) No presente trabalho tem-se como foco, o estudo das propriedades magnéticas dos sistemas utiliando o ZnO dopados por metais de transição como: Mn e Co, produidos por reação de combustão para produção de DMS. Os DMS foram estudados inicialmente em semicondutores do grupo II-VI, temos como exemplo o óxido de inco (ZnO), o qual é por naturea não-magnético, mas com dopagem de metais de transição e concentrações controladas podemos transformá-lo em um material semicondutor com comportamento ferromagnético (2). Estes produtos da nova tecnologia, que são ligas de semicondutores dopadas com íons magnéticos, foram desenvolvidos, pois representavam uma nova possibilidade de materiais que apresentassem ferromagnetismo à temperatura ambiente. A busca de novos semicondutores magnéticos diluídos se iniciou com a descoberta que semicondutores de GaAs dopados com Mn, os quais apresentavam ferromagnetismo com temperatura de Curie de 110K (2). Apesar de este valor estar bem abaixo da temperatura ambiente, que é o valor mínimo necessário para aplicação destes materiais como semicondutores em dispositivos de spintrônica, este valor é muito maior que os valores de Tc encontrados anteriormente para os DMS. Dentre os semicondutores mais utiliados na pesquisa para a produção de DMS o ZnO merece destaque. O interesse no ZnO para o desenvolvimento destes DMS tem sua origem no trabalho teórico de Dietl et al (3) que prevê um comportamento ferromagnético acima da temperatura ambiente para o ZnO dopado com 0,05 de Mn e com uma concentração de buracos eletrônicos de 3,5 10 20 cm 3. Vários trabalhos experimentais descrevem ferromagnetismo acima da temperatura ambiente em amostras de ZnO dopadas tanto com Mn quanto Co. No entanto, devido às diferentes condições e métodos de crescimento, como temperatura, pressão, substrato, técnica, na maioria dos casos estes trabalhos não podem ser correlacionados. Nós sabemos que a investigação da origem do ferromagnetismo nos semicondutores magnéticos diluídos é fundamental para o entendimento das propriedades magnéticas destes materiais. Este entendimento pode guiar a busca de amostras que apresentem temperaturas de transição paramagnéticaferromagnética acima da temperatura ambiente. Além disto, o estudo dos 365

mecanismos responsáveis por estas propriedades magnéticas pode nos ajudar a prever qual mecanismo é mais efetivo para uma determinada condição, como concentração de portadores ou concentração de íons magnéticos. Desta forma, este trabalho se propõe em avaliar o efeito da dopagem de 0,2 mol de Mn e Co nas características estruturais e morfológicas do ZnO sintetiados por reação de combustão para avaliar seu desempenho como DMS. MATERIAIS E MÉTODOS A síntese das amostras de ZnO dopadas com Mn 2+ e Co 2+ foi obtida usando como agentes oxidante e fonte de cátions os nitratos metálicos de inco, manganês, cobalto e a uréia como agente redutor de modo a formar uma solução redox. A estequiometria da composição inicial foi estabelecida de acordo com valência total dos reagentes oxidantes e redutores pela teoria dos propelentes e explosivos (4). A mistura redox foi submetida ao aquecimento direto em uma base cerâmica com resistência espiral (temperatura aproximada na resistência de 600ºC) até atingir a combustão. As amostras (produto da reação) foram desaglomeradas em peneira malha 325 (abertura 45 µm), e identificadas por RMc e RCg para 0,2 mol de Mn e Co respectivamente. A temperatura de reação de combustão foi determinada utiliando um pirômetro infravermelho (Raytek, modelo RAYR3I ± 2ºC). O pirômetro possui precisão para medir temperatura no intervalo de 250 o C a 1700 o C e o mesmo registra automaticamente a máxima temperatura alcançada. As amostras resultantes foram caracteriadas por meio de difração de raios-x (DRX), para identificação das fases presentes, medidas de parâmetros de rede e do tamanho médio de cristalito pelo alargamento do pico de difração de maior intensidade da fase majoritária, usando a formula de Scherrer (5). Os parâmetros de rede foram obtidos por meio da rotina DICVOL91 for Windows, disponível no pacote de programas FullProff (6).Foi usado difratômetro de raios-x Shimadu (modelo XRD-6000, radiação Cu Kα) que opera com tubo de alvo de cobre a uma voltagem de 40 kv com 30 ma de corrente. A morfologia foi analisada por microscopia eletrônica de varredura (Philips, XL30 FEG SEM). A determinação da área superficial dos sistemas será realiada pelo método de adsorção de nitrogênio/hélio desenvolvido por Brunauer, Emmett e Teller (BET) visando determinar a área superficial específica dos sistemas obtidos. A partir de isotermas de adsorção de gases sobre os sistemas é possível obter as 366

características de suas texturas. Será utiliado um equipamento modelo NOVA 3200. Esta técnica também será usada para determinar o tamanho médio das partículas (diâmetro esférico equivalente), considerando uma partícula esférica, por meio da seguinte equação A (7) : 6 D BET = S.ρ (A) BET onde, D BET é diâmetro médio equivalente (nm), S BET é área superficial determinada pelo método BET (m 2 /g) e ρ é densidade teórica (g/cm 3 ) do ZnO sem dopantes. RESULTADOS E DISCUSSÕES A Figura 1 ilustra o gráfico de temperatura versus tempo de reação das amostras Zn 0,8 Mn 0,2 O e Zn 0,8 Co 0,2 O. Pode-se observar para a dopagem com 0,2 mol de Mn 2+ (Figura 1a) que a temperatura tem uma queda acentuada nos primeiros 5s, reduindo de 397ºC para 330ºC. Em seguida ocorre um aumento da temperatura no decorrer da reação, voltando novamente a reduir a temperatura no final da reação a 125s. Pode-se observar também que durante a reação de combustão houve temperaturas maiores do que a inicial (397ºC) atingindo um valor máximo de 428ºC a 115s. Para o sistema com dopagem do Co 2+ Fig. 1b, o comportamento foi semelhante, ou seja, nos primeiros 5s observa-se uma queda acentuada na temperatura de 436ºC para 374ºC em 25s, a partir da qual volta a crescer atingindo a temperatura de 380 o C em 30s a temperatura máxima registrada ocorreu no inicio da reação. Deve-se ressaltar que o Co favoreceu a valores de temperatura e tempo de reação inferior as obtidos para as amostras dopadas com Mn. 440 420 (a) 440 420 (b) Temperatura (ºC) 400 380 360 Temperatura (ºC) 400 380 360 340 340 320 320 0 20 40 60 80 100 120 140 Tempo (s) 300 0 20 40 60 80 100 Tempo (s) Figura 1: Temperatura em função do tempo de reação para os sistemas: (a) Zn 0,8 Mn 0,2 O e (b) Zn 0,8 Co 0,2 O. 367

A Figura 2 ilustra os difratogramas de raios X dos sistemas Zn 0,8 Mn 0,2 O e Zn 0,8 Co 0,2 O, respectivamente. 1400 1200 (a) Z ZnO 1400 1200 (b) Z ZnO 1000 1000 Intensity (a.u) 800 600 400 200 Intensity (a.u) 800 600 400 200 0 0 10 20 30 40 50 60 70 2θ (Degree) 10 20 30 40 50 60 70 2θ (Degree) Figura 2: Difratogramas de raios X para os sistemas: (a) Zn 0,8 Mn 0,2 O; (b) Zn 0,8 Co 0,2 O, respectivamente. Analisando os espectros de difração de raios X pode-se verificar a presença de picos característicos da fase óxido de inco (ZnO) de estrutura hexagonal (JCPDS 79-2205) para ambos os sistemas estudados. Porém para o sistema Zn 0,8 Co 0,2 O, observa-se também a formação de segunda fase de CoO. Isto possivelmente foi devido a concentração de 0,2 mol de Co ser acima do limite de solubilidade, ou, por a temperatura da reação de sido baixa, sendo insuficiente para completa formação da fase. A presença da segunda fase condutora, como no caso de CoO é indesejável em sistema para DMS, isto porque, a segunda fase tende a formar clauster o que dificulta a interação magnética não acontecendo ferromagnetismo. Este comportamento foi reportado por Jing et al quando preparou as amostras na presença de acetoacetato de etila em condições solvotérmico para sistema ZnO dopado com Mn. Os autores observaram paramagnetismo com a formação de clusters na dopagem de 20% e 40% para o sistema com Mn (8). A Tabela 1 mostra o tamanho de cristalito, área superficial e tamanho de partícula para os pós destes sistemas. Analisando os dados, observa-se para ambas as amostras o tamanho de cristalito foi abaixo de 50nm evidenciando que a síntese é efica na produção de nanomateriais. O tamanho do cristalito para o sistema dopado com Co foi 18% superior ao valor do tamanho de cristalito da amostra dopada com Mn. Quanto a área superficial, observa-se que e as amostras dopadas com Mn apresentou valor 27% superior ao valor de área superficial das amostras dopadas com Co. 368

Isto mostra, que a substituição do Zn por Co deve intrinsecamente favorecer a formação de partículas maiores, pois durante a reação com cobalto há grande dissipação de energia pela liberação de gases, o que levou a temperatura inferior a reação das amostras dopadas com Mn. Porém, mesmo assim, as amostras dopadas com cobalto levam a formação de partículas maiores com menor porosidade interpartícula, o que acarretou menor valor de área superficial. Olhando a relação entre o tamanho de partícula calculado pelos dados de BET com o tamanho de cristalito determinado pelos dados de DRX observa-se que ambas as amostras são constituídas por partículas policristalinas e que as amostras dopadas com cobalto possuem mais cristalitos por partículas quando comparado com as amostras dopadas com Mn. Tabela 1 Tamanho de cristalito, área superficial e tamanho de partícula calculado a partir da área superficial para as amostras Zn 0,8 Mn 0,2 O e Zn 0,8 Co 0,2 O. Amostras *Tamanho do Cristalito (T c ) (nm) Área Superficial (m 2 /g) **Tamanho de Partícula (T p ) (nm) T p /T c ZMn 18 52 60 3 ZCo 22 38 83 4 * O tamanho de cristalito foi calculado a partir do alargamento dos picos de reflexões basais principais do ZnO usando a equação de Scherrer. ** O tamanho de partícula foi Calculado através da equação (A). A Figura 3 mostra as micrografias das amostras Zn 0,8 Mn 0,2 O e Zn 0,8 Co 0,2 O obtidas por reação de combustão. a b Figura 3: MEV dos pós de óxido de inco dopado com manganês e cobalto a) Zn 0,8 Mn 0,2 O com aumento de 4k, e b) Zn 0,8 Co 0,2 O com aumento de 16k. 369

Por meio da Fig. 3a observa-se uma morfologia homogênea no que se refere ao tamanho e forma das partículas aglomeradas. Observa-se porosidade interpartícula e que as mesmas possuem formato levemente arredondado tendendo a hexágonos. Os aglomerados formados têm forma de esponjas com as partículas ligadas por forças de atração fraca com diâmetro variando de 0,5 a 1µm e os poros variando de aproximadamente 2 a 5µm. Por meio da Fig.3b a formação de aglomerados irregulares com tamanho variando entre 1 a 3µm. Estes aglomerados são constituídos de partículas pré-sinteriadas (sem porosidade interpartícula). Os poros observados são provenientes dos gases de combustão. CONCLUSÕES O método de síntese por reação de combustão foi eficiente para preparação de ZnO dopado com Mn e Co, pois permitiu a obtenção da fase desejada com tamanho de cristalito inferior a 50 nm. O sistema dopado com Mn apresentou temperatura máxima superior aos sistemas dopados com Co. Os difratogramas de raios X apresenta a formação da fase única ZnO para o sistema dopado com Mn. Para o dopante Co, além da fase desejada houve a formação de segunda fase CoO. As micrografias apresentam diferenças entre a morfologia dos sistemas, ou seja, para o sistema dopado com Mn temos uma morfologia homogênea com formação de poros. De forma geral, todos os sistemas apresentaram morfologia constituída de aglomerados irregulares de nanopartículas de formato de agulhas ou placas finas hexagonais. REFERÊNCIAS 1. ÖZGÜR, Ü.; ALIVOV, Y.; LIU, C.; TEKE, A.; RESHCHIKOV, M.; DOG AN, S.; AVRUTIN, V.; CHO, S.; MORKOÇ, H. A. Comprehensive review of ZnO materials and devices. Journal of Applied Physics, v. 98, p. 041301, 2005. 2. OHNO, H. Making Nonmagnetic Semiconductors Ferromagnetic. Science, v. 281, p. 951-956,1998. 3. DIETL, T.; OHNO, H.; MATSUKURA, F. Hole-mediated ferromagnetism in tetrahedrally coordinated semiconductors. Physical Review B, APS, v. 63, n. 19, p. 195-205, 2000. 4. JAIN, S.R.; ADIGA, K.C.; VERNEKER V.P. The new approach to thermo chemical calculations of condensed fuel oxider mixture, Combustion and Flame. v.40, p.71-79, 1981. 370

5. DIETL, T.; OHNO H.; MATSUKURA, F., Hole-mediated ferromagnetism in tetrahedrally coordinated semiconductors, Physical Review B, APS, v.63 p.195 205, 2000. 6. LOUER, D.; ROISNEL, T.; DICVOL91 for Windows. Laboratoire de Cristallochimie, Universite de Rennes I, Campus de Beaulieu, France, 1993. 7. REED, J.S. Principles of Ceramics Processing, ed. second, John Wiley & Sons, New York, 1994. 8. JING, C.; JIANG, Y.; BAI, W.; CHU, J.; LIU, A. Synthesis of Mn-doped ZnO diluted magnetic semiconductors in the presence of ethyl acetoacetate under solvothermal conditions. Journal of Magnetism and Magnetic Materials, v.322, p. 2395 2400. Influence of Mn and Co on structural and morphological characteristics of ZnO synthesied by combustion reaction. ABSTRACT This study aims to evaluate the effect of doping of 0.2 mol of Mn and Co on structural and morphological characteristics of ZnO synthesied by combustion reaction. During the synthesis was the measurement of temperature and time of the combustion flame. The samples were characteried by XRD, SEM, particle sie distribution and nitrogen adsorption (BET). The maximum temperature the reactions were 428 ºC and 436 C, reaction time, and 115 and 0 seconds for the samples doped with Mn and Co, respectively. The XRD data showed that for both impurities were formed only ZnO phase. For Co were formed secondary phase CoO. The crystallite sie and surface area were 18 nm and 22 nm, and 52 and 38 m 2 /g for ZnO doped with Mn and Co, respectively. Keywords: ZnO, combustion reaction, DMS, doping, characteriation. 371