II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores O CURRÍCULO DE GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E OS SABERES E PRÁTICAS EM SAÚDE PÚBLICA: CAMINHOS OPOSTOS (?) Alexandre Machado Rosa Eixo 4 - Políticas de formação de professores - Relato de Experiência - Apresentação Oral O tema saúde vem sendo enfocado na maioria dos cursos de graduação em Educação Física de forma quase hegemônica e exclusiva pelo viés biológico. Ainda é pouco abordado de modo ampliado, não reconhecendo a dimensão econômica, social e política na produção da saúde e da doença nas coletividades. Neste cenário, também são excluídos os princípios constitucionais do Sistema Único de Saúde, a universalidade, a integralidade, e a eqüidade. A concepção biomédica, baseada no conhecimento anatomopatológico e na abordagem mecanicista do corpo, cujo modelo está centrado na aptidão física do indivíduo, na prevenção, na doença, no hospital e no médico orientam a elaboração dos currículos de saúde. Os princípios e diretrizes que deveriam orientar a elaboração dos programas de saúde, como o conceito de saúde ampliada é ausente como norteador dos currículos de graduação. O objetivo deste projeto de pesquisa é analisar os conteúdos de saúde desenvolvidos nos currículos de graduação em Educação Física em dois grandes centros do Brasil: São Paulo e Porto Alegre. Em termos metodológicos, o trabalho será desenvolvido por meio da combinação entre as pesquisas bibliográfica relacionada à sociologia das profissões, a análise documental, combinada com entrevistas estruturadas, utilizando a metodologia de análise de conteúdo, tomando por base os objetivos propostos nos projetos político pedagógicos, nos programas e ementas das disciplinas, além dos conteúdos e bibliografias que serão categorias de análise. O referencial teórico sobre processo de trabalho em saúde, ancorado na sociologia das profissões e as relações contidas nas disciplinas de Saúde. 7229
O CURRÍCULO DE GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E OS SABERES E PRÁTICAS EM SAÚDE PÚBLICA: CAMINHOS OPOSTOS (?) Alexandre Machado Rosa. Centro de Estudos e Memória da Juventude - CEMJ. 1. Introdução O termo saúde, tão utilizado como expressão ligada aos objetivos da Educação Física, ainda é fortemente reproduzida no interior da área, mesmo no espaço acadêmico, como sendo a simples ausência de doença. Tal visão sobre a saúde é largamente difundida no senso comum, mas não está restrita a esta dimensão do conhecimento. Ao contrário, essa idéia não só é afirmada pela medicina, como tem orientado a grande maioria das pesquisas e da produção de tecnologia em saúde. Para compreender as razões dessa prevalência, é preciso buscar sua gênese na fundação do paradigma biomédico e positivista que instrumentalizou as teorias que fundamentam os saberes e práticas em Educação Física até os dias atuais. No campo i da saúde há um grande esforço das esferas de gestão do SUS - Sistema Único de Saúde, para reorganizar e estimular que a atenção básica seja privilegiada na substituição do modelo tradicional de organização do cuidado em saúde, historicamente centrado na doença e no atendimento hospitalar. Estabelecer uma atenção básica resolutiva e de qualidade, significa reafirmar os princípios constitucionais da universalidade, eqüidade e integralidade das ações estabelecidas para o Sistema Único de Saúde (SUS). A preponderância da rede básica não elimina os níveis mais complexos, sendo que as linhas de cuidado (da promoção à recuperação) representam a estratégia do SUS para enfrentar o enorme desafio de otimizar os recursos disponíveis nesta proposta ousada que é um sistema universal e equânime. (BRASIL, 2007a) Um enorme desafio que tem se apresentado desde a criação do SUS com a promulgação da Constituição de 1988 é a correção do descompasso entre a orientação curricular na formação dos profissionais de saúde a partir dos princípios, das diretrizes e das necessidades do SUS. estabelecer mecanismos de negociação intersetorial - saúde/educação - com os respectivos gestores da educação ou dirigentes de escolas, para um progressivo entendimento com vistas a uma ação integrada e cooperativa que busque ajustar, 7230
qualitativa e quantitativamente, a instituição formadora às demandas e necessidades do SUS... com o estabelecimento e a definição de responsabilidades conjuntas (BRASIL, 2005a). A Constituição Federal de 1988 estabelece que ao SUS compete ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde (BRASIL, 1988, art. 200, inciso III). A Lei Orgânica da Saúde (LOS) de 1990 define que uma política para os trabalhadores da saúde deverá ter como objetivo organizar um sistema de formação em todos os níveis de ensino, inclusive de pósgraduação, além de programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal (BRASIL, 1990). O artigo 27 da LOS coloca os serviços de saúde como campos para o ensino e a pesquisa, ou seja, como locais de ensinoaprendizagem que expressam a indissociabilidade entre a assistência, a gestão e a formação em saúde. Os princípios constitucionais, os novos enfoques teóricos e de produção tecnológica no campo da saúde, exigem novos perfis profissionais e o comprometimento das instituições de ensino por meio do cumprimento de diretrizes curriculares que contemplam as prioridades expressas nos perfis epidemiológico e demográfico de cada região do país. Neste contexto, no campo da saúde composto por 14 profissões, o núcleo ii de saberes ligado aos cursos de graduação em educação física é um dos maiores em número da área da saúde, com 893 cursos/habilitações em todo o Brasil. Sua distribuição pelos estados é bastante heterogênea, ocorrendo uma concentração significativa na região sudeste, particularmente no estado de São Paulo, com 231 cursos/habilitações, predominantemente em instituições privadas (INEP, 2007). Apesar deste diagnóstico, atualmente, a abertura de novos cursos de educação física ainda não passa por avaliação do Conselho Nacional de Saúde (CNS), apesar de a resolução nº 350, de 9 de junho de 2005, estabelecer que a abertura de cursos na área de saúde deva seguir uma série de critérios de necessidade social, projeto político pedagógico e relevância social. A educação física emergiu com força no interior do processo de higienização e mecanização dos corpos do século XIX e se escolarizou por meio dos métodos ginásticos europeus no início do século XX (SOARES, 2004). Mas só foi reconhecida formalmente, no Brasil, como uma das categorias profissionais da saúde de nível superior, em 1997, por meio da 7231 2
resolução 218 do Conselho Nacional da Saúde (CNS). Deste reconhecimento pelo CNS, a formação profissional seguiu majoritariamente centrada na epidemiologia do risco, no modelo clínico/prescritivo e na visão biomédica do processo saúde-doença, portanto, ainda distante dos princípios constantes dessa resolução. (FRAGA, CARVALHO, & GOMES, 2012) Até meados da década de 1960, a formação de instrutores de ginástica com ênfase em saberes técnico-biológicos preponderava, mesmo nas escolas civis (Azevedo e Malina, 2004). A partir da década de 1960, o movimento de esportivização da educação física ganha fôlego, insuflado pelo nacionalismo do regime militar, e sustenta a conformação de um perfil profissional híbrido: professor de educação física/técnico desportivo (Fraga et al., 2010). Com a chamada transição epidemiológica 1, o foco da saúde pública no Brasil e no mundo voltou-se para a Atenção Básica (ou primária) em Saúde e para a promoção da saúde, ou seja, aos poucos o hospital que pode ser definido como o palácio da doença vai deixando de ser o principal espaço de produção de saúde, ao menos na política de saúde que vem sendo adotada pelo Ministério da Saúde nos últimos anos. Com a atenção voltada para a promoção da saúde ganham maiores espaços as profissões que trabalham no escopo da prevenção, da educação e da recuperação da saúde, onde podemos localizar a Educação Física. É de conhecimento público que a inatividade física tem sido apontada na literatura como um dos principais motivos para o aumento de peso da população, cerca de 50% dos brasileiros estão acima do peso. O excesso de peso e a obesidade são apontados como uma das principais causa para agravos e doenças crônicas não transmissíveis, as chamadas DCNT s. Na atualidade, 70% da morbimortalidade está relacionada às DCNT s, doenças que podem ser evitadas com a adoção de hábitos saudáveis e práticas corporais e atividade física regulares. E neste cenário que o núcleo de saberes e práticas ligadas à Educação Física aparecem com força. No entanto, a maioria dos cursos de graduação ainda não se atentaram para está realidade epidemiológica e os currículos ainda estão distantes da saúde pública e dasd demandas públicas. 1 7232 3
Algumas demandas potenciais do mercado de trabalho: 1) Esfera pública: Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde; 2) Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); 3)Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); 4) Hospitais, Postos e Centros de Saúde, entre outros; 5) Esfera privada: Planos de Saúde, Hospitais, Indústria Farmacêutica, entre outros; 6) Terceiro Setor: ONGs, Sindicatos de Trabalhadores e Patronais, Associação de moradores, entre outros. No núcleo de saberes e práticas da Educação Física e das Ciências do Esporte a presença do corpo é tratada com forte ênfase na perspectiva biológica, marcada pela forte herança prescritiva de orientação biomédica e funcionalista, que vê nas práticas corporais uma forma de medicalização e controle, o que acaba impondo como conseqüência, limites de uma subserviência às racionalidades médicas com conseqüente individualização do corpo social nos serviços de saúde. A enorme ampliação do mercado das práticas corporais academias, clubes, assessorias esportivas, etc, tem a prescrição da atividade física como serviço/mercadoria. Tal realidade vem afastando a Educação Física do campo multidisciplinar da saúde pública, tal como ocorre com outros fenômenos culturais submetidos ao processo de mercadorização. Diante desta realidade, torna-se necessário que a área de conhecimento relacionada à Educação Física, busque novas determinações para os significados da cultura corporal inserida nos desafios do contexto da promoção da saúde e da transição epidemiológica e demográfica da sociedade brasileira. Em uma sociedade onde as relações sociais são determinadas pela ordem econômicosocial capitalista, ou sociedade de mercado, como costuma ser denominada, este processo precisa ser compreendido e considerado em todas as suas determinações sobre o âmbito da cultura e de suas manifestações para o cuidado e a atenção à saúde coletiva. 2. Justificativa Os atuais desafios para a Educação Física brasileira incluem, além da superação da crise de identidade da área, que persiste, é necessário refletir sobre o seu papel e sua relevância social como profissão pertencente ao 7233 4
campo da saúde. O velho discurso de que esporte é saúde, por exemplo, se mostra insuficiente e incapaz de promover saúde nas pessoas de modo geral, além de ser limitado no âmbito da atuação multiprofissional que caracteriza os serviços em saúde, exigindo saberes e práticas menos superficiais, mais profundas, resolutivas e baseadas em evidências e experiências, princípios que caracterizam o desenvolvimento da saúde pública no Brasil. Com a entrada cada vez maior de profissionais de educação física no Sistema Único de Saúde, seja no Nasf Núcleo de Apoio à Estratégia de Saúde da Família ou no Programa Academia da Saúde, portas de entrada preferenciais da Educação Física no SUS, a presença de temas como Atenção Básica ou Atenção Primária em Saúde se tornam fundamentais nos cursos de graduação. É urgente repensar a formação na graduação e a inclusão de disciplinas comuns às outras áreas da saúde não se limitando às disciplinas anatomorfológicas. Introduzir novos desafios como princípios de uma atuação clínica da educação física nos ambientes da saúde é tarefa que mudanças nos currículos dos cursos. Na atualidade, a formação de profissionais de Educação Física ocorre da seguinte maneira: 1) Licenciatura de Graduação em Educação Física ( antiga ): Curso de formação profissional de professor, realizado sob a égide da Resolução CFE nº 3/1987, com duração de quatro anos. Licenciatura plena que habilitava para todos os nichos do mercado de trabalho para atuação do Profissional de Educação Física. 2) Licenciatura de Graduação em Educação Física ( nova ): Curso de formação profissional de professor que habilita unicamente para o Magistério do Ensino Básico, ou seja, aulas de Educação Física para o 1º e 2º Graus (Resolução CNE/CP nº. 1/2002), com tempo de duração de três anos e carga horária de 2.800 horas. 3) Bacharelado de Graduação em Educação Física: Curso de formação profissional de Educação Física que habilita para todos os segmentos do mercado de trabalho no campo das atividades físicas e esportivas, exceto no Magistério da Educação Física no Ensino Básico (Resolução CNE/CES 7/2004), por exemplo.. Com tempo de duração de 4 anos e carga horária de 2.880 horas aguardando pela aprovação de Parecer que significaria alteração para 3.200 horas. Em Educação Física: a busca da autonomia pedagógica, o professor Valter Bracht faz um esforço epistemológico para trazer à luz uma síntese de quais são os sentidos sociais que a expressão Educação Física contém, seja 7234 5
em seu sentido restrito ou amplo. Bracht (1997) afirma que o termo Educação Física abrange as atividades pedagógicas, tendo como tema o movimento corporal que toma lugar na instituição educacional. Na busca pela síntese daquilo que seria o objeto central que dá significados à Educação Física, como núcleo de conhecimento e saberes, ele afirma que O tema Educação Física, como mencionado anteriormente, é o movimento corporal é o que confere especificidade à Educação Física no interior da Escola. Mas o movimento corporal ou movimento humano que é seu tema, não é qualquer movimento, não é todo movimento. É o movimento humano com determinado significado/sentido, que por sua vez, lhe é conferido pelo contexto histórico-cultural. O movimento que é tema da Educação Física é o que se apresenta na forma de jogos, de exercícios ginásticos, de esporte, de dança, etc. Esses movimentos não são propriedade exclusiva desta área ou desta prática pedagógica, muito pelo contrário, a Educação Física apoderouse em maior ou menor grau (ou foi ela que foi instrumentalizada?) dessas atividades corporais, pedagogizando-as (ou pretendendo pedagogizá-las). Estas atividades, como disse, possuem um determinado código que denuncia seu condicionamento histórico, expressam/comunicam um sentido, incorporam-se a um contexto que lhes confere sentido. (BRACHT, Valter, 1997, pág.16) 3. Objetivos Os objetivos desta pesquisa são o de realizar uma revisão documental e de literartura sobre os marcos legais que orientam a elaboração dos currículos dos cursos da grande área da saúde, incluindo os saberes e práticas da Educação Física nas duas habilitações oficiais: licenciatura e bacharelado. Trazer à luz os conteúdos das disciplinas que abordam o tema saúde, técnicas e práticas corporais que são ofertadas nos cursos de graduação em EF em dois grandes centros a serem definidos, comparandoas com os conceitos e práticas adotadas pelas políticas públicas desenvolvidas nos serviços oferecidos nos equipamentos de saúde, especialmente pelo SUS. Analisar a trajetória histórica das diretrizes curriculares para os cursos de graduação em saúde e situar a Educação Física como núcleo de conhecimento de atuação profissional em saúde, marcando seus saberes e práticas neste contexto. E, por fim, fazer uma reflexão crítica a partir dos dados coletados tendo como resultado deste 7235 6
trabalho a construção de possibilidades curriculares mais adequadas à realidade das políticas de saúde adotadas pelo sistema de saúde. 5.1 Sociologia das profissões A formação profissional e a constituição dos papéis profissionais na e para a sociedade são decorrentes da modernização industrial, permitindo a valorização das profissões na estrutura social. A universidade moderna é a base das profissões e, por isso, os profissionais são verdadeiros vocacionados a desempenhar uma missão na sociedade e não serem meros negociantes. Para Durkheim, a divisão social do trabalho se organizava a partir da divisão técnica do trabalho, uma divisão funcional das tarefas requeridas numa sociedade. Neste devir, As profissões desempenhariam funções específicas dentro do corpo social em prol da harmonia, do bom funcionamento, da própria sociedade. Para ele, o desenvolvimento da divisão do trabalho era a base da organização e identificação dos grupos sociais. A identificação profissional seria quase automática, decorrente da divisão técnica do trabalho, uma consciência de pertencimento ao grupo, fruto de um processo de socialização. E quais as relações que esta perspectiva impõe aos núcleos de saberes e práticas no campo da saúde? Bibliografia AZEVEDO, A. C. B; MALINA, A. Memória do currículo de formação profissional em educação física no Brasil. Revista Brasileira de Ciencias do Esporte, Campinas, Autores Associados, v. 25, n. 02, p. 129-142, 2004. BOURDIEU, Pierre. Algumas propriededades do campo In: Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Ed. Marco Zero, 1983. BOURDIEU, Pierre. A miséria do mundo. Tradução de Mateus S. Soares. 3 A edição. Petrópolis: Vozes, 1999. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde Pró-Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento potencial / Ministério da Saúde, Ministério da Educação. Brasília : Ministério da Saúde, 2007. 7236 7
. Ministério da Saúde; Conselho Nacional de Saúde. Princípios e diretrizes para a gestão do trabalho no SUS (NOB RH SUS). 3. ed. rev. atual. Brasília: Ministério da Saúde, 2005a. BRACHT, Valter. Em Educação Física: a busca da autonomia pedagógica. 2ªed. Porto Alegre: Magister, 1997 CAMPOS, Gastão Wagner. Saúde Pública e Saúde Coletiva: campo e núcleo de saberes e práticas. Revista Sociedade e Cultura, v. 3, n. 1 e 2, jan/dez. 2000, p. 51-74. UFG. FRAGA, Alex Branco; CARVALHO, Yara Maria de; GOMES, Ivan Marcelo. Políticas de formação em Educação Física e saúde coletiva. Revista Trabalho Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 10 n. 3, p. 367-386, novembro de 2012 GONÇALVES, Maria Augusta. Sentir, pensar, agir - corporeidade e educação. 5. ed. Campinas: Papirus, 1994. HAGUETTE, Teresa Maria Frota. Metodologias qualitativas na Sociologia. 5ª edição. Petrópolis: Vozes, 1997. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANISIO TEIXEIRA (INEP). Censo da educação superior. Brasília, DF, 2007. MINAYO, Maria Cecília de Souza (org). Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 6ª Edição. Petrópolis: Editora Vozes, 1996. OLABUENAGA, J. I. R.; ISPIUZA, M. A. La descodificacíon de la vida cotidiana: métodos de investigacíon cualitativa. Bilhão: Universidade de Deusto, 1989. SILVA, Ana Márcia; DAMIANI, Iara Regina. Práticas corporais Florianópolis: Nauemblu Ciência & Arte, 2005 SOARES, Carmem Lúcia. Educação Física: raízes européias e Brasil. Campinas.SP. Autores Associados, 2004. VALLES, Miguel S. Técnicas Cualitativas de Investigación Social: Reflexión metodológica y práctica profesional. 1993. http://www.iiicab.org.bo/docs/doctorado/dip3version/m2-3rav- DrErichar/IT_Valles_Tecnicas_cualitativas.pdf i Em termos analíticos, um campo pode ser definido como uma rede ou uma configuração de relações objetivas entre posições. Essas posições são definidas objetivamente em sua existência e nas determinações que elas impõem aos seus ocupantes, agentes ou instituições, por sua situação (situs) atual e potencial na estrutura da distribuição das diferentes espécies de poder (ou de capital) cuja posse comanda o acesso aos lucros específicos que estão em jogo no campo e, ao mesmo tempo, por suas relações objetivas com outras posições (dominação, subordinação, homologia etc.). Desta maneira, um espaço social conceituado como campo se apresenta à 7237 8
apreensão sincrônica como um espaço estruturado de posições cujas propriedades dependem das posições nestes espaços, podendo ser analisadas independentemente das características de seus ocupantes (em parte determinadas por elas) (BOURDIEU, 1983). ii Tanto o núcleo quanto o campo seriam, pois, mutantes e se interinfluenciariam, não sendo possível detectar limites precisos entre um e outro. Contudo, no núcleo haveria uma aglutinação de saberes e práticas, compondo uma certa identidade profissional e disciplinar. Metaforicamente, os núcleos funcionariam em semelhança aos círculos concêntricos que se formam quando se atira um objeto em água parada. O campo seria a água e o seu contexto. (CAMPOS, 2000) O conceito de "transição epidemiológica" refere-se às modificações, a longo prazo, dos padrões de morbidade, invalidez e morte que caracterizam uma população específica e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas. Na população brasileira o processo engloba três mudanças básicas: 1) substituição, entre as primeiras causas de morte, das doenças transmissíveis (doenças infecciosas) por doenças não transmissíveis, as chamas Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT); 2) deslocamento da maior carga de morbi-mortalidade dos grupos mais jovens (mortalidade infantil) aos grupos mais idosos; e 3) transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra em que a morbidade (doenças crônicas) é dominante. IBGE. Informações estatísticas e geocientíficas. " http://www.ibge.gov.br/pnad " 7238 9