Ensino Médio. Elaborado pelos professores: José Ataíde da Silva e Madson Euzébio de Oliveira



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Transcrição:

Ensino Médio Elaborado pelos professores: José Ataíde da Silva e Madson Euzébio de Oliveira 1

SUMÁRIO Introdução...03 Tipos de solos Reconhecendo as diferenças...03 Tipos de Degradação dos Solos...08 Tipos de solos brasileiros...09 Classificação dos principais solos encontrados no Brasil...09 Conjuntos Espaciais distribuídos na superfície terrestre...13 Principais Biomas do Mundo...16 Biomas do Brasil...25 Vegetação brasileira tem formações florestais e campestres...25 Principais impactos sobre os ecossistemas brasileiros...27 Zona Costeira Brasileira - Bioma marinho...28 A vida sob risco...29 Acordos internacionais...30 O açaí é nosso...31 Espécies em risco...32 Biodiversidade...34 Biodiversidade Brasileira...35 Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção...36 Ecossistemas e Geossistemas Descobrir as ligações...37 A cidade como um ecossistema...41 Ecossistemas urbanos...41 As sociedades sustentáveis...42 O capital natural...44 A sutentabilidade como Princípio Ético...44 Atividades...46 Bibliografia...49 2

INTRODUÇÃO Nesta quinta unidade de estudo, vamos abordar os tipos de solos existentes no território brasileiro e na superfície terrestre, suas principais características e o processo de degradação. Na seqüência será abordado os principais biomas do Brasil e do nosso planeta, associando-os a fauna e a flora de cada unidade ambiental ou ecossistema. O conceito de geossistema finalizará a unidade abordando a ação antrópica, o potencial ecológico e a exploração biológica. Tipos de solos Reconhecendo as diferenças Nesta unidade, vamos aprender que os solos são o resultado mais imediato da integração dos processos físicos e biológicos na superfície da Terra. A formação e o desenvolvimento dos solos é a expressão básica da natureza orgânica das paisagens, pois a imensa variedade de tipos de solos é o produto mais evidente da atuação dos seres vivos sobre as condições originais do planeta. Vamos acompanhar o trabalho do geógrafo, utilizando os conhecimentos da Pedologia, para classificar os solos em seus diferentes tipos, bem como os da Agronomia, na busca do uso racional do solo pela agropecuária, com o objetivo de garantir sua fertilidade e preservação. Qual a importância dos solos para a configuração das paisagens? Como o processo de formação dos solos contribui para diferenciar as áreas na superfície da Terra? Qual a importância do correto manejo dos solos, enquanto recurso natural fundamental para dar suporte à vida? Os solos são formados pela interação complexa dos processos físicos e biológicos na superfície da Terra. Cada tipo de solo expressa as características dos materiais que o originaram e reflete as mudanças impostas pelo meio em que foi formado. Como o ar e a água, que estudamos em aulas anteriores, o solo é necessário para a existência de vida na Terra, pois é a base da cadeia alimentar sobre a qual se desenvolve a grande maioria dos seres vivos. As condições em que se formaram os solos de um determinado lugar são fundamentais para compreender a dinâmica de sua paisagem. Seu uso incorreto e predatório pode provocar danos irreparáveis ao meio ambiente. Os solos se desenvolveram a partir de minerais e matéria orgânica e, geralmente, abrigam uma ativa população de organismos vivos. Diferentemente das rochas sólidas, os solos normalmente são porosos e permitem a circulação da água e do ar em seu interior. O processo de formação dos solos é conhecido como pedogênese (do grego, pedón = solo e gênesis = origem). As rochas que compõem a superfície terrestre, por estarem expostas à ação do clima, da água e dos organismos vivos, sofrem uma série de processos químicos, físicos e biológicos que levam à sua fragmentação e descomposição (alteração química). Esses processos denominados em seu conjunto de 3

processos de intemperismo, constituem uma etapa essencial para a formação dos solos. A avaliação do processo de formação dos solos leva em conta seu grau de desenvolvimento e suas características físico-químicas. Uma unidade de paisagem natural é estável quando favorece o processo de pedogênese, isto é, o ambiente favorece a formação e o desenvolvimento do solo. Nesses ambientes, encontramos solos bastante desenvolvidos, intemperizados e envelhecidos. É bom lembrar que o tempo de formação de um solo desenvolvido, apesar de ser variável, nunca é uma reação instantânea, requerendo centenas de milhares de anos para se completar. Uma unidade de paisagem natural é instável quando prevalece a formação do relevo (morfogênese) e existe um predomínio dos processos de erosão do solo em detrimento do processo de formação e desenvolvimento do solo. O processo de desenvolvimento dos solos se manifesta com a progressiva diferenciação de seus horizontes. Um solo bem formado é aquele que apresenta: o horizonte C, isto é, aquele formado pela intemperização da rocha-mãe; o horizonte B, que é a camada intermediária do solo, onde podem estar presentes materiais transportados de outros lugares; o horizonte A, onde ocorre a decomposição de organismos vivos e, portanto, é rico em matéria orgânica. Um solo bem desenvolvido é profundo e bem estruturado, isto é, apresenta os três horizontes bem definidos. Já os solos jovens praticamente não possuem 4

horizonte B, pois apresentam o contato do manto de intemperismo com as condições superficiais de atividade orgânica. Uma classificação simples dos principais grupos de solos do mundo utiliza a associação com a vegetação, sob a qual se deu sua formação e com a qual interage diretamente, para definir seu tipo. Assim, os solos de tundra são rasos e pouco desenvolvidos, uma vez que se formaram nas áreas frias e polares. Solos de tundra inverno e primavera Os solos podzólicos são solos ácidos, que se formam sob vegetação de taiga, na qual os restos vegetais demoram a se decompor e se forma um horizonte B argiloso, que dificulta a penetração da água. O termo podzol vem do russo, e significa cinza. Hoje, para os pedólogos, denomina o processo de desenvolvimento de um conjunto de solos argilosos e ácidos, que também ocorre em latitudes mais baixas, mesmo no Brasil. Nos podzólicos ocorre um horizonte B, onde existe uma acumulação de argila, ou seja, durante o processo de formação, boa parte da argila deslocouse do horizonte A, levada pela infiltração da água no perfil do solo e parou no horizonte B, onde se acumulou. Nesses solos, a diferença de textura entre os horizontes A e B (ocasionada pelo acúmulo de argila no horizonte B) dificulta a infiltração de água em seu perfil, o que favorece o processo de erosão. Os solos negros das planícies, (tchernoziom, em russo), assim como os solos das pradarias, ocorrem nas regiões centrais da Eurásia e da América do Norte. São solos bem estruturados e ricos em matéria orgânica, de onde provém sua coloração escura. Normalmente, revelam-se muito férteis para a agricultura, embora práticas agrícolas predatórias tenham contribuído para depauperar vastas extensões desses solos. Os latossolos são bem desenvolvidos, com grande profundidade e porosidade. Por isso, considera-se que sejam solos cujos materiais 5

são os mais decompostos. Classificam-se como solos velhos ou maduros, formados sob condições tropicais. Por causa do intenso processo de intemperismo e lixiviação a que foram submetidos, apresentam quase que uma ausência total de minerais facilmente intemperizáveis. Em contrapartida, ocorre uma concentração residual de óxidos minerais (óxido de alumínio Al2O3 e óxido de ferro Fe2O3), responsáveis pela formação da laterita, que é uma concreção alumino-ferruginosa que pode atingir a forma uma verdadeira capa nos solos lateríticos. Latossolos tipos de solos dominantes no território brasileiro Os latossolos, dominantes no Brasil, geralmente são solos que possuem boas propriedades físicas: permeáveis à água e ao ar, mesmo com alta porcentagem de argila; mostrando-se porosos, friáveis e de baixa plasticidade. A principal limitação para o uso agrícola é sua baixa fertilidade natural por causa da acidez e por não possuírem reserva de nutrientes. Apresentam, ainda, os horizontes A, B, e C bem desenvolvidos. Em geral, esses solos revelam-se pouco suscetíveis aos processos erosivos. Solos lixiviados Os solos lixiviados, isto é, literalmente lavados pela ação das chuvas, são dominantes nas florestas equatoriais, onde a grande quantidade de precipitações 6

carrega, por dissolução, os nutrientes dos solos, tais como nitrogênio, fósforo e potássio, o que resulta em solos pobres, pouco recomendáveis para a agricultura. Os demais solos geralmente são jovens e pouco desenvolvidos, formados em condições de clima desértico ou semi-árido, nos quais a ausência de água leva à pouca evolução de seus perfis, sendo os mais vulnerais à ação da erosão. Nesses solos, o horizonte A está assentado diretamente sobre o horizonte C ou, então, assentado diretamente sobre a rocha-mãe (não possuem o horizonte B). São considerados solos jovens, ainda em fase inicial de formação porque estão passando pelo desenvolvimento a partir dos materiais de origem, recentemente depositados ou, então, porque se situam em lugares de alta declividade, como os solos de montanha, nos quais a velocidade da erosão é igual ou maior que a velocidade de transformação da rocha em solo. Principais tipos de solos distribuídos na superfície terrestre A carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, informando o descobrimento do Brasil e afirmando que nesta terra, tudo o que se planta dá, refletia uma apreciação precipitada da exuberante floresta tropical. A Geografia nos ensina que a capacidade e a fertilidade dos solos são muito importantes porque estão diretamente vinculadas às atividades humanas que neles se desenvolvem. Estas, por sua vez, são repensáveis pela aceleração dos processos de erosão e de perda de fertilidade dos solos. Compreender os processos erosivos, implica levar em consideração seus fatores controladores, tais como erosividade da chuva, propriedades dos solos, 7

cobertura vegetal e as características das encostas, porque a água de chuva que se infiltra no solo representa um importante papel no escoamento superficial. As propriedades do solo são também de grande importância para a compreensão de sua suscetibilidade à erosão, ou seja, dependem em grande parte de suas propriedades, tais como textura, teor de areia, de argila, de matéria orgânica, de umidade e porosidade, entre outras. O uso cada vez mais intenso dos solos pelo homem pode produzir a desertificação, a salinização e a alcalinização dos solos. Os sistemas de irrigação mal operados tendem a causar concentração de sais nos solos, provocando sua completa inutilização para a agricultura. Vastas superfícies, que anteriormente eram produtivas, perderam essa capacidade por causa de seu uso inadequado. O trabalho do geógrafo no estudo dos solos procura compreender esses processos como o resultado da interação das sociedades humanas sobre as bases naturais de sua existência, cabendo-lhe um importante papel na determinação da capacidade de sustento dos recursos ecológicos, isto é, na limitação de uma exploração que não comprometa a própria existência da vida, que é parte integrante de seu processo de formação. Nesse aspecto, o uso correto do solo é o ponto de partida fundamental para o manejo sustentável do planeta Terra. Tipos de Degradação dos Solos O solo é um corpo vivo, de grande complexidade e muito dinâmico. Tem como componentes principais a fase sólida (matéria mineral e matéria orgânica), e a água e o ar na designada componente "não sólida". Dentro do amplo conceito de degradação dos solos, podemos distinguir alguns tipos: Degradação da Fertilidade: é a diminuição de capacidade do solo de suportar e manter vida. São produzidas modificações comprometedoras em suas capacidades físicas, químicas, físico-químicas e biológicas, que a conduzem a sua degradação. Ao degradar-se, o solo perde sua capacidade de produção. E mesmo com grandes quantidades de adubo, a capacidade de produção não será a mesma de um solo não degradado. Isso pode ser ocasionado por fatores químicos (perda de nutrientes, acidificação, salinização, etc), físicos (perda de estrutura, diminuição de permeabilidade, etc) ou biológicos (diminuição de matéria orgânica). Erosão: é a destruição física das estruturas do solo e seu carregamento é feito, em geral, pela água (erosão hídrica) e ventos (erosão eólica). O processo de erosão mais grave é o causado pelas atividades do ser humano (erosão antropogênica), que apresenta um desenvolvimento muito rápido, se 8

comparado com a erosão natural. Além disso, a erosão natural é muito benéfica para a fertilidade do solo. Degradação por Contaminação: A contaminação do solo tem-se tornado uma das preocupações ambientais, uma vez que, geralmente, a contaminação interfere no ambiente global da área afectada (solo, águas superficiais e subterrâneas, ar, fauna e vegetação), podendo mesmo estar na origem de problemas de saúde pública. O uso da terra para centros urbanos, para as atividades agrícolas, pecuária e industrial tem tido como conseqüência elevados níveis de contaminação. De fato, aos usos referidos associam-se, geralmente, descargas acidentais ou voluntárias de poluentes no solo e águas, deposição não controlada de produtos que podem ser resíduos perigosos, lixeiras e/ou aterros sanitários não controlados, deposições atmosféricas resultantes das várias atividades, etc. Assim, ao longo dos últimos anos, têm sido detectados numerosos casos de contaminação do solo em zonas urbanas e rurais. Tipos de solos brasileiros Os principais tipos de solos brasileiros em relação à extensão geográfica e importância socioeconômica. Base para classificação dos solos Para classificar um solo primeiramente é necessário definir o horizonte diagnóstico em relação ao perfil daquele solo. Esse horizonte deve representar um equilíbrio entre os fatores de formação do solo e suas características específicas irão definir a qualidade e o tipo de solo. Na maioria dos casos, o horizonte B é utilizado como diagnóstico que irá definir o tipo de solo (em alguns poucos casos o horizonte C é usado). Isso se deve ao fato de ser intermediário e ter muito do material original, mas que já foi modificado por fatores do intemperismo. Descarta-se o horizonte A, pois nesse ambiente já houve excessiva interferência do homem e o horizonte C (embora em alguns casos seja usado) pela dificuldade do acesso e pelo fato de ser muito influenciado pelo material de origem (parental), dessa forma não representa a influencia de fatores como o clima. Classificação dos principais solos encontrados no Brasil A classificação dos solos pode ser feita segundo diferentes critérios. A ênfase na utilização de critérios genéticos, morfológicos ou morfogenéticos varia de país para país, o que dá origem a diferentes classificações pedológicas. Contudo no nosso estudo iremos utilizar o método brasileiro. Brasil situa-se quase inteiramente no domínio tropical úmido (exceto a região Sul e o Nordeste semi-árido). Esta situação, aliada a estabilidade estrutural de seu embasamento, que desde o final do Cretáceo não sofreu movimentações 9

de grande porte, leva a predominância de uma cobertura pedológica que reflete, de maneira acentuada, o fator climático como preponderante na sua formação. Nessa escala de análise, rocha original e condições topográficas locais tem importância secundária. Os solos brasileiros são bem estudados, existindo um serviço cartográfico da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) que vem realizando, desde a década de 1960, levantamentos cartográficos sistemáticos do território brasileiro. Esses trabalhos permitiram o desenvolvimento de uma classificação própria, publicada em 1999, subdividindo os solos em classes, com seis diferentes níveis hierárquicos. O primeiro nível comporta 14 classes e nós iremos enfatizar os mais predominantes em relação à extensão territorial. As três classes mais freqüentes em relação a representação geográfica no Brasil são: o latossolo, o argissolo e o cambissolo. Os Latossolos (solo bem evoluído, laterizado, rico em argilominerais e oxihidróxidos de ferro e alumínio); Os Argissolos (solo bem evoluído, argiloso, apresentando mobilização de argila da parte mais superficial); Os Cambissolos (solo pouco desenvolvido, com horizonte B incipiente) Latossolos São formados pelo processo denominado latolização que consiste basicamente na remoção da sílica e das bases do perfil (Ca2+, Mg2+, K+ etc), após transformação dos minerais primários constituintes. Os Latossolos apresentam tendência a formar crostas superficiais, possivelmente, devido à floculação das argilas que passam a comportar-se funcionalmente como silte e areia fina. A fração silte desempenha papel importante no encrostamento, o que pode ser evitado, mantendo-se o terreno com cobertura vegetal a maior parte do tempo, em especial, em áreas com pastagens. Essas pastagens, quando manejadas de maneira inadequada, como: uso de fogo, pisoteio excessivo de animais, deixam o solo exposto e sujeito ao ressecamento. Latossolo extraído do bioma do cerrado pela Embrapa 10

Os Latossolos são passíveis de utilização com culturas anuais, perenes, pastagens e reflorestamento. Normalmente, estão situados em relevo plano a suave-ondulado, com declividade que raramente ultrapassa 7%, o que facilita a mecanização. São profundos, porosos, bem drenados, bem permeáveis mesmo quando muito argilosos, friáveis e de fácil preparo. Apesar do alto potencial para agropecuária, parte de sua área deve ser mantida com reserva para proteção da biodiversidade desses ambientes. Um fator limitante é a baixa fertilidade desses solos. Contudo, com aplicações adequadas de corretivos e fertilizantes, aliadas à época propícia de plantio de cultivares adaptadas, obtêm-se boas produções. No Cerrado, os latossolos ocupam praticamente todas as áreas planas a suaveonduladas, sejam chapadas ou vales. Ocupam ainda as posições de topo até o terço médio das encostas suave-onduladas, típicas das áreas de derrames basálticos e de influência dos arenitos. Argissolos São solos minerais, não-hidromórficos, com horizonte A ou E (horizonte de perda de argila, ferro ou matéria orgânica, de coloração clara) seguido de horizonte B textural, com nítida diferença entre os horizontes. Apresentam horizonte B de cor avermelhada até amarelada e teores de óxidos de ferro inferiores a 15%. Podem ser eutróficos, distróficos ou álicos. Têm profundidade variadas e ampla variabilidade de classes texturais. Nesses solos, constata-se grande diversidade nas propriedades de interesse para a fertilidade e uso agrícola (teor variável de nutrientes, textura, profundidade, presença ou ausência de cascalhos, pedras o concreções, ocorrência em diferentes posições na paisagem, entre outras). Dessa forma, torna-se difícil generalizar suas qualidades. Problemas sérios de erosão são verificados naqueles solos em que há grande diferença de textura entre os horizontes A e B, sendo tanto maior o problema quanto maior for a declividade do terreno. 5 Argissolos - Solos minerais, não-hidromórficos, com horizonte A ou E 11

Quando a fertilidade natural é elevada e não há pedregosidade, sua aptidão é boa para agricultura. São particularmente indicados para situações em que não é possível grandes aplicações de capital para o melhoramento e a conservação do solo e das lavouras, o que é mais comum em áreas de agricultura familiar. Apesar de não ocorrerem em grandes áreas contínuas no Cerrado, sua presença é freqüente. Ocupam, na paisagem, a porção inferior das encostas onde o relevo apresenta-se ondulado (8% a 20% de declive) ou forte-ondulado (20% a 45% de declive). A permeabilidade muito baixa. O maior problema, no entanto, é o risco de erosão. Devido à baixa permeabilidade, sulcos são facilmente formados nestes solos pela enxurrada, mesmo quando eles são usados com pastagens! Contudo, existem Cambissolos muito férteis no Brasil (com exceção do Cerrado). Cambissolo Cambissolo principal característica: solo com pouca profundidade O Cambissolo é um solo pouco desenvolvido, com horizonte B incipiente. Uma das principais características dos Cambissolos é serem pouco profundos e, muitas vezes, cascalhentos. Estes são solos "jovens" que possuem minerais primários e altos teores de silte até mesmo nos horizontes superficiais (os latossolos, por exemplo, podem ter muita areia ou argila, mas nunca têm teores altos de silte). O alto teor de silte e a pouca profundidade fazem com que estes solos tenham permeabilidade muito baixa. O maior problema, no entanto, é o risco de erosão. Devido à baixa permeabilidade, sulcos são facilmente formados neste solos pela enxurrada, mesmo quando eles são usados com pastagens! Contudo, existem cambissolos muito férteis no Brasil (com exceção do Cerrado). 12

Caatinga arbustiva, sobre solo pouco profundo, cascalhento e pedregoso (Cambissolo / Planossolo), nas área de influência direta do empreendimento.. Conjuntos Espaciais distribuídos na superfície terrestre Nesta unidade, vamos acompanhar como os geógrafos distinguem conjuntos espaciais diferenciados na superfície da Terra. Vamos verificar que tais conjuntos resultam de diferentes processos de classificação e ordenação do espaço geográfico e permitem uma melhor compreensão dos processos físicos, biológicos e humanos que interagem na formação da paisagem. Para identificar esses grandes conjuntos, o geógrafo se apoia nos conhecimentos de Biologia para delimitar os biomas, que representam uma síntese das relações entre os seres vivos em grandes zonas da superfície da Terra. Existem diferentes paisagens na superfície da Terra, resultantes da combinação da interação de distintos processos. Como descrever e interpretar tamanha diversidade? Não basta apenas distinguir uma paisagem de outra, é preciso observar atentamente e classificar seus diversos tipos para entender suas origens e tentar prever seu comportamento futuro. Para tanto, os geógrafos utilizam o método de observação e de classificação espacial, para distinguir conjuntos diferenciados na superfície da Terra. Os lugares estão agrupados em continentes, tanto por sua geografia como por sua história. As diferentes paisagens que diferenciam os lugares não são apenas o resultado das condições naturais, mas também do trabalho acumulado 13

por gerações e gerações. Continentes são um exemplo dos diversos conjuntos espaciais existentes na superfície da Terra. Que é um conjunto espacial? É uma maneira de reunir, pelo conhecimento, fatos geográficos que possuem características próprias, as quais estamos interessados em conhecer. Um conjunto é formado por elementos que têm uma relação entre si, isto é, uma característica comum a todos eles. Existem vários conjuntos espaciais que podem ser definidos na superfície da Terra. Os continentes, os países desenvolvidos, as zonas climáticas são exemplos de conjuntos delimitados no espaço geográfico, e que podem ser representados em um mapa. Delimitar um conjunto significa traçar o contorno que abrange todos os lugares que apresentam uma característica comum, de acordo com as informações de que dispomos. É possível formar vários tipos de conjuntos espaciais em função dos muitos aspectos que identificamos na realidade, tais como o relevo, o clima, os solos, a vegetação, uma bacia hidrográfica, um campo arado ou uma cidade. Certos conjuntos não são difíceis de delimitar. Uma ilha, uma grande floresta ou uma cidade, por exemplo. Esses conjuntos podem ser observados a partir de um ponto mais elevado - de um avião ou por fotografias aéreas ou imagens de satélite. Em uma vista aérea, uma cidade aparece com seus contornos claros. Mas, quando viajamos de automóvel, trem ou ônibus, não conseguimos perceber claramente onde a cidade acaba e onde se inicia o campo que a circunda. Isso é explicado pela escala de observação: quanto mais nos aproximamos de uma paisagem, mais ricos serão os detalhes e mais complexas suas nuanças. Imagens de satélites Relevo e área urbanizada Existem conjuntos formados por interações complexas de diversos fatores. A paisagem geográfica não é a simples adição de elementos desordenados, e sim o resultado da combinação dinâmica - portanto, instável - de elementos físicos, biológicos e humanos que, interagindo uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissolúvel em perpétua evolução. 14

Para delimitar os contornos das diversas paisagens que existem na superfície da Terra é necessário definir uma classificação em ordens de grandeza, na qual estejam presentes níveis superiores e inferiores. Um ponto de partida para essa classificação, normalmente empregado pelos biólogos que fazem levantamento sistemático das espécies vivas, são os biomas, que constituem grandes conjuntos para se classificar e ordenar os sistemas de vida existentes na biosfera. Um bioma inclui todas as plantas e animais adaptados a um clima comum. As características ecológicas da vegetação do bioma dependem das variações sazonais de temperatura e precipitação, ou seja, as variações de acordo com as estações do ano. Por isso, esses sistemas de vida são quando considerados biomas terrestres - grandes formações vegetais, em que os animais mostram-se condicionados pela estrutura física do sistema vegetal. Assim, animais arbóreos precisam de árvores, como ruminantes necessitam de ervas. Nesse sentido, bioma é uma comunidade em que os seres vivos oferecem soluções para problemas comuns e, portanto, estão ambientalmente ligados. A figura a seguir, como os princípios gerais enunciados pela classificação das paisagens em biomas ajuda a entender a distribuição real da vegetação na superfície da Terra. Os biomas são grandes conjuntos de classificação da paisagem, que procuram sintetizar os mecanismos fundamentais de sua formação. Enquanto classificação, eles são produtos do conhecimento e, portanto, constituem uma abstração dos geógrafo e biólogos para compreender os mecanismos básicos dos sistemas de vida existentes no planeta. 15

Hoje, no entanto, com as propostas de desenvolvimento sustentável, os órgãos internacionais estão adotando os biomas como unidades de gestão ambiental, isto é, destinadas à avaliação e ao planejamento dos recursos ecológicos em escala planetária. Principais biomas do mundo Floresta Tropical As florestas tropicais se desenvolvem em baixas altitudes e próximas do equador, entre os trópicos de Câncer (30oN) e Capricórnio (30oS), estando presente em ambos os hemisférios e encontradas principalmente na África, Austrália, Ásia e Américas Central e do Sul. No Brasil correspondem à floresta amazônica e à Mata Atlântica. Todos os biomas do mundo podem ser considerados os primos pobres, quando comparados com as florestas tropicais. Isto porque este bioma, apesar de cobrir apenas 6% da cobertura da Terra, abriga mais da metade das espécies de plantas e animais do planeta. Ainda não existe uma hipótese conclusiva para a grande diversidade de espécies existentes neste bioma, mas uma das mais empregadas é que quando ocorriam as grandes eras do gelo, essas florestas por estarem próximas aos trópicos não se congelavam por completo, mas formavam ilhas de florestas isoladas e após milhares de anos isoladas, essas diversificavam, quando uma era do gelo terminava, essas florestas formavam, novamente, florestas contínuas, cada vez mais diversificadas. Este é o bioma de maior produtividade biológica da Terra, resultado da alta radiação solar, com temperaturas que variam entre 18 e 30 C, e do alto índice pluviométrico já que recebe durante um ano inteiro mais de 2000 mm de chuvas. Todos os outros biomas são mais frios ou mais secos e todos são mais sazonais, ou seja, todos possuem estações mais definidas com as chuvas restritas a determinadas épocas do ano que as florestas tropicais. Na verdade, as florestas tropicais mantêm uma temperatura praticamente invariável ao longo do ano, com pouca distinção entre verão e inverno, ocorrendo uma ou mais épocas um pouco mais secas. Essas florestas são formadas por árvores que alcançam entre 18 e 46 metros de altura. A vegetação é nitidamente estratificada verticalmente com, no mínimo, três estratos, cada um com um microclima, fauna e flora específica e adaptada. 16

A diversidade biológica é a grande característica das florestas tropicais A parte mais alta da floresta é chamada de dossel, e possui uma grande densidade de folhas sempre verdes e galhos que se espalham para captar o máximo de luz solar. Quase todas as ações em uma floresta tropical ocorrem no seu dossel, incluindo fotossíntese, floração, frutificação, predação e herbivoria. Devido à densa cobertura no dossel da floresta, a parte mais inferior da floresta, chamado de sub-bosque, recebe pouca luminosidade e não é denso sendo composto de espécies arbustivas e herbáceas. Estas plantas são adaptadas para fazer fotossíntese com pouca luz, e são chamadas de umbrófilas. Por outro lado, uma característica comum em florestas tropicais é o fato de muitas plântulas e árvores jovens permanecem por muitos anos dormentes, esperando uma oportunidade para crescerem e alcançarem o dossel da floresta. Esta oportunidade só ocorre quando uma clareira é aberta fornecendo luz e espaço para esta planta crescer até o dossel da floresta. Essa batalha travada dentro da floresta por espaço e luz, faz com que algumas espécies tenham estratégias diferentes para alcançar o dossel, como as trepadeiras e lianas, que são plantas longas, que escalam as grandes árvores e depois se misturam a copa das árvores. Algumas espécies de plantas, chamadas epífitas, crescem diretamente na superfície úmida superior das árvores. Estas plantas, que incluem uma variedade de orquídeas e samambaias, formam a área mesófila, o estrato da floresta abaixo 17

do dossel; e, por não poderem retirar nutrientes do solo, retiram de fendas e húmus das árvores. Nestas florestas há uma grande queda de folhas formando a serrapilheira, a qual é rapidamente decomposta por espécies decompositoras, geralmente microorganismos, fazendo que os nutrientes sejam rapidamente liberados no solo. Devido o processo de lixiviação que pode levar os nutrientes para locais no solo inacessíveis para as plantas quase todos os nutrientes da floresta estão contidos nas próprias plantas. Isto faz que o solo de uma floresta tropical seja pobre em nutrientes. Nas florestas tropicais plantas de um mesmo gênero podem florescer em épocas distintas do ano, provendo recursos durante o ano inteiro. Não há uma espécie claramente dominante, situação diferente das florestas de coníferas no hemisfério norte. São espécies características da floresta tropical as castanheiras, o guaraná, seringueiras, palmeiras, samambaias, bromélias e orquídeas. Dentre as florestas tropicais existem as florestas tropicais sazonais, também chamadas de subperenifólias, estas são consideradas por alguns autores como biomas distintos. Essas florestas possuem um período de seca pronunciado e algumas ou todas (depende da severidade da seca), as árvores perdem suas folhas. Essas florestas ocorrem, por exemplo, na Ásia tropical e no interior do estado de São Paulo, onde são chamadas de florestas estacionais. Savanas Savanas - Calor e chuvas esparsas são características das savanas. As savanas ou campos tropicais localizam-se em regiões quentes da América do Sul, África e Austrália e a precipitação varia de 1.000 a 1.500 mm por ano. No entanto, como as chuvas não são distribuídas uniformemente podem ocorrer longos períodos de seca com ocorrência de fogo, que constitui um fenômeno importante deste ambiente, principalmente, na estrutura da vegetação. A vegetação que predomina nesse bioma é herbácea, geralmente baixa, com algumas árvores e arbustos espaçados entre si. Nas savanas, ao contrário do 18

que ocorre nas florestas tropicais, uma única espécie de gramínea ou árvore pode dominar a paisagem por grandes áreas. A fauna das savanas, principalmente de grandes herbívoros e carnívoros, não é superada por nenhum bioma do mundo. Nestes biomas são encontrados a girafa, o rinoceronte, os leões, a capivara e aves como o avestruz e a ema. O fato de ocorrer longos períodos de seca os insetos são mais abundantes durante o período chuvoso e os répteis durante o período seco. As estações são marcadas por abundância de alimentos durante o período chuvoso e escassez de alimento no período seco, sendo que em anos mais secos os animais herbívoros sofrem com extrema fome e mortalidade. Desta forma, muitas espécies, principalmente de aves, não conseguem encontrar recursos suficientes para sobreviver neste bioma durante o ano inteiro e migram para outras áreas durante o período seco. Florestas temperadas Entre os pólos e os trópicos, as florestas temperadas têm as estações dos anos bem definidas. É um bioma encontrado nas regiões situadas entre os pólos e os trópicos e abrange o oeste e o centro da Europa, leste da Ásia e o leste dos Estados Unidos, embora algumas fontes citem que no Chile as possua. As árvores dominantes das florestas temperadas são as que perdem suas folhas (decídua) durante o outono ficando em seguida dormentes. Por este motivo, também recebem o nome de floresta decídua caducifólia. O clima é temperado com médias anuais moderadas e caracteriza-se pela ocorrência de quatro estações bem definidas com os dias de invernos curtos e baixas temperaturas, inclusive abaixo de zero, podem perdurar por até seis meses. Esse bioma recebe de 750 a 1.500 mm de chuva por ano distribuído uniformemente. Os solos são geralmente abundantes em matéria orgânica, com uma grande riqueza de ervas que crescem durante a primavera enquanto as árvores ainda estão sem folhas. Diversos animais fazem parte deste bioma como ursos, 19

raposas e veados. No entanto, grande parte dos animais migra no outono-inverno e os que permanecem possuem adaptações que lhes permitem sobreviver em baixas temperaturas, como os que hibernam ou os que armazenam comida, como os esquilos, para ser usada durante o inverno. Estas florestas são, geralmente, dominadas por poucas espécies de plantas como são os casos de florestas de carvalho (Quercus) e de castanheiras (Castanea) da América do norte. Campos Temperados Os campos temperados ocorrem em todos os continentes, como as pradarias da América do Norte e os pampas da América do sul. Esses biomas possuem precipitação anual de 250 a 750 mm e os verões são muito mais quentes que os invernos, com nítida diferença nas estações podendo sofrer secas sazonais. A vegetação predominante é herbácea, geralmente baixa. As populações de invertebrados como os gafanhotos são em geral muito grandes e sua biomassa pode ser maior que os vertebrados pastejadores como o bisão e o antílope da América do Norte. De todos os biomas esse é o mais utilizado e transformado por ações humanas, muitos dos alimentos são produzidos nestes biomas, como plantações de arroz e milho e criação de bovinos para leite e corte. Campos Temperados As pradarias da América do Norte e os pampas da América do sul Desertos Regiões que recebem anualmente menos de 250 mm de chuva por ano. A reduzida precipitação deve-se a sua localização em áreas de alta pressão, onde se originam os ventos, o que impede a chegada de umidade nessas regiões, ou em áreas atrás de altas cadeias montanhosas ou em altitudes muito elevadas, e mesmo quando ocorrem em regiões que recebem uma maior precipitação, esta é distribuída de forma muito desigual. Nos desertos, o clima é geralmente quente, mas existem desertos frios como nas montanhas do Tibet na Ásia. Devido às grandes temperaturas nos desertos quentes as chuvas raras, fortes e de pequena duração não se infiltram no solo, evaporando rapidamente. Ocorre uma grande oscilação de temperatura variando em até 30 C entre a manhã e a noite. 20

A vegetação é rara e espaçada, predominando o solo nu. A vegetação dos desertos pode ser enquadrada em dois padrões de comportamento. Muitas espécies são oportunistas e a germinação é estimulada pelas chuvas imprevisíveis. Estas crescem rapidamente e completam seus ciclos de vida depois de poucas semanas. Outro padrão diferente são as plantas perenes com processos fisiológicos lentos com caules suculentos, como os cactos, que controlam a perda e falta de água através do fechamento dos seus estômatos. Os desertos têm pouca vida animal e vegetal Devido à baixa produtividade vegetal e a indigestibilidade dessas, a diversidade animal é baixa e muitos animais são nômades, que se deslocam constantemente pela necessidade de encontrar água. No deserto só alguns animais conseguem retirar água do seu alimento. Entre eles há vários artrópodes, lagartos, algumas aves e roedores como os da família Gerbillinae que apesar de não pertencerem à família dos ratos são chamados de ratos do deserto. Entre os mamíferos que habitam o deserto um dos mais conhecidos é o camelo que ao contrario que se pensava ao se alimentarem de vegetais ricos em líquido, como os cactos, não armazenam água nas suas bossas, mas sim gordura, e isto confere reservas para andar grandes distâncias sem beber água ou alimentar-se. Tundra - Longos invernos e verões amenos na tundra. A Tundra é encontrada na região do Círculo Polar Ártico, acima dos 57 Norte. É característica do seu clima possuir apenas duas estações; um inverno longo e frio, com noites contínuas e um verão curto com temperaturas amenas. Apesar da quantidade de chuva estar concentrada no verão e ser inferior 21

a 100 mm por ano, este não é um fator limitante para a vida, já que a taxa de evaporação também é baixa. As baixas temperaturas e as curtas épocas de crescimento são os principais fatores limitantes da vida nesse bioma. Todo o solo passa o inverno congelado e durante o verão apenas uma fina camada superior, cerca de 15 cm, descongela, e, o subsolo que continua congelado é chamado em inglês de permafrost. Com isso, a tundra possui um solo com pouca profundidade e encharcado durante o verão, devido à precipitação, o que possibilita o crescimento da vegetação, que é formada principalmente por gramíneas, plantas lenhosas anãs e liquens. A fauna é composta na sua maioria de animais migratórios que chegam durante o verão, mas alguns animais são residentes como o caribu, as raposas, as aves predadoras, o urso polar e pequenos mamíferos que constróem túneis no manto da vegetação, como os lemingues. Muitos dos animais residentes, como a Raposa-do-Ártico (Alopex lagopus), são miméticos no inverno, tornando branca a cor dos seus pêlos. Este fato ocorre, na maioria das vezes, por mudas sazonais da pelagem. A tundra é um bioma frágil devido à fina camada do seu solo fértil, que com o aumento dos impactos antrópicos, como a exploração mineral, pode ter seu solo facilmente destruído. Taiga Taiga ou Floresta Setentrional de Coníferas constitui um cinturão abaixo do Círculo Polar Ártico que limita o domínio da Tundra ocorrendo entre os paralelos 45 N e 70 Norte, da América do Norte até a Eurásia. Para a maioria dos autores não existem correspondentes no Hemisfério Sul. Outros classificam a Mata de Araucária, localizada no sul do Brasil, como um bioma correspondente. Este bioma recebe menos de 300 mm de chuva por ano distribuída durante todo ano, e como a Tundra, possui duas estações bem distintas com o predomínio do inverno sobre o verão. O solo se congela durante o inverno, mas ao contrário do que ocorre na Tundra, no verão ele descongela totalmente. Porém, em algumas áreas como nas florestas de spruce (Picea) parte do solo continua congelado durante todo ano. A forma vegetal dominante é formada por árvores de conífera, como os pinheiros (Pinus), abetos (Abies) e spruce (Picea), que possuem folhas adaptadas 22

à falta de água, com pequena área e em forma de acículas (agulhas). A biomonotonia, que consiste em florestas onde apenas uma espécie de árvore é encontrada, caracteriza essa vegetação, podendo gerar condições ideais para o desenvolvimento de pragas e epidemias. Devido ao fato das árvores deste bioma permitir pouca passagem de luz para os estratos inferiores, aliado ao fato da baixa decomposição das folhas das coníferas no solo, o desenvolvimento arbustivo e herbácea é muito baixo. Além disso, algumas espécies são alelopáticas, impedindo o crescimento de outras plantas no solo e assim diminuindo a competição por água. Entre os muitos animais que habitam a Taiga, como o alce, o tentinhão e tetraz, os que mais chamam a atenção são os que possuem oscilações em suas populações entre presa e predador, como o caso clássico da lebre americana e seu predador, o lince. No verão, o solo da Taiga se descongela, e um filhote de lince. Chaparral Moradia na região próxima ao mar Mediterrâneo Chaparral ou macchie, como é conhecido na região do mediterrâneo, distribuem-se em regiões com clima temperado ameno, como a Califórnia, México, litoral do mar Mediterrâneo, Chile e Costa Meridional da Austrália. Estas áreas se caracterizam por possuir o inverno chuvoso e o verão seco. 23

A vegetação consiste desde arbustos até árvores de pequeno e médio porte. Suas folhas são duras, grossas e permanecem sempre verdes. Sendo que, diversas espécies possuem micorrizas, associação íntima entre certos fungos e suas raízes, o que aumenta a chance de sobrevivência em condições adversas. O fogo é um importante fator ecológico, uma vez que, favorece o domínio de gramíneas. Além disso, uma grande quantidade de sementes só germina após a ocorrência de fogo, enquanto outras plantas rebrotam rapidamente após serem queimadas devido ao fato de armazenarem grande parte de seus nutrientes nas raízes. Entre os animais presentes no Chaparral estão aves migratórias e o veado (Odocoileus hemionu), além de vertebrados pequenos e de cores apagadas, como coelhos, ratos, lagartos e pássaros que são residentes. Caatinga O bioma Caatinga se distribui por grandes áreas na America do Sul, no sudoeste africano e em algumas partes do sudoeste asiático. No entanto, alguns consideram a Caatinga como representantes do bioma de savana e outros o consideram um bioma exclusivo do Brasil. A caatinga possui condições de umidade intermediárias entre o deserto e a savana, sendo a distribuição da precipitação irregular e moderada. A vegetação pode ser formada por herbáceas até árvores de 12 metros de altura, cobrindo densas áreas ou espalhadas e agrupadas. Essas plantas são latifoliadas com folhas pequenas ou ausentes que caem durante o período seco. A perda das folhas da vegetação da Caatinga é estratégica. Sem folhas, as plantas reduzem a superfície de evaporação quando falta água. Em períodos longos de estiagem a paisagem pode parecer de semidesertos. Contudo, com o inicio da chuva as árvores voltam a se cobrir de folhas e pequenas plantas cobrem o solo. 24

Montanhas Em regiões montanhosas ocorre uma grande diversidade de condições físicas, com isso em uma dada montanha podem existir um mosaico biomas subdivididos em muitas zonas. Como as serras geralmente não são contínuas podem ocorrer isolamentos entre comunidades, por outro lado o intercâmbio de espécies entre biomas diferentes pode ser maior que em regiões não montanhosas. Bioma típico de região de áreas de alta latitude Floresta boreal Biomas do Brasil O bioma continental brasileiro de maior extensão, a Amazônia, e o de menor extensão, o Pantanal, ocupam juntos mais de metade do Brasil: o Bioma Amazônia, com 49,29%, e o Bioma Pantanal, com 1,76% do território brasileiro. Mapeados pela primeira vez, os seis biomas continentais brasileiros - Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa - são apresentados no Mapa de Biomas do Brasil. Além de representar cartograficamente a abrangência dos seis biomas continentais brasileiros, o Mapa de Biomas do Brasil traz a área aproximada que ocupa cada um desses conjuntos, sua descrição e a proporção de sua presença nas 27 unidades da federação. O Mapa de Biomas do Brasil têm grande utilidade para a análise de cenários e tendências dos diferentes biomas. Serve como referência para o estabelecimento de políticas públicas diferenciadas e para o acompanhamento, pela sociedade, das ações implementadas. Bioma é um conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria. O Mapa de Biomas do Brasil, resultado de uma parceria entre o IBGE e o Ministério do Meio Ambiente (MMA), mostra que o Bioma Amazônia e o Bioma Pantanal ocupam juntos mais de metade do território brasileiro. O Mapa de 25

Vegetação do Brasil reconstitui com mais detalhes a provável situação da vegetação na época do descobrimento. Vegetação brasileira tem formações florestais e campestres O Mapa de Vegetação do Brasil reconstitui a situação da vegetação no território brasileiro na época do descobrimento pelos portugueses e mostra que no país ocorrem dois grandes conjuntos vegetacionais: um florestal, que ocupa mais de 60% do território nacional, e outro campestre. As formações florestais são constituídas pelas florestas ombrófilas (em que não falta umidade durante o ano) e estacionais (em que falta umidade num período do ano) situadas tanto na região amazônica quanto nas áreas extra-amazônicas, mais precisamente na Mata Atlântica. Na Amazônia, predominam as florestas ombrófilas densas e abertas, com árvores de médio e grande porte, com ocorrência de cipós, bromélias e orquídeas. As florestas extra-amazônicas coincidem com as formações florestais que compõem a Mata Atlântica, onde predominam as florestas estacionais semideciduais (em que 20 a 50 % das árvores perdem as folhas no período seco do ano), e as florestas ombrófilas densas e mistas (com araucária). Em ambos os conjuntos florestais ocorrem, em menor proporção, as florestas estacionais deciduais (em que mais de 50% das árvores perdem folhas no período seco). As formações campestres são constituídas pelas tipologias de vegetação abertas, mapeadas como: savana, correspondente ao Cerrado que predomina no Brasil central, ocorrendo também em pequenas áreas em outras regiões do país, inclusive na Amazônia; savana estépica que inclui a caatinga nordestina, os campos de Roraima, o Pantanal mato-grossense e uma pequena ocorrência no extremo oeste do Rio Grande do Sul; estepe que corresponde aos campos, do planalto e da campanha, do extremo sul do Brasil; e a campinarana, um tipo de vegetação decorrente da falta de nutrientes minerais no solo e que ocorre na Amazônia, na bacia do rio Negro. Os nomes adotados para os biomas brasileiros foram os mais usuais e populares, em geral associados ao tipo de vegetação predominante, ou ao relevo, como no caso do Bioma Pantanal, que constitui a maior superfície inundável interiorana do mundo. O Bioma Amazônia é definido pela unidade de clima, fisionomia florestal e localização geográfica. O Bioma Mata Atlântica, que ocupa toda a faixa continental atlântica leste brasileira e se estende para o interior no Sudeste e Sul do País, é definido pela vegetação florestal predominante e relevo diversificado. O Pampa, restrito ao Rio Grande do Sul, se define por um conjunto 26

de vegetação de campo em relevo de planície. A vegetação predominante dá nome ao Cerrado, segundo bioma do Brasil em extensão, que se estende desde o litoral maranhense até o Centro-Oeste e ao Bioma Caatinga, típico do clima semiárido do sertão nordestino. Maior reserva de diversidade biológica do mundo, a Amazônia é também o maior bioma brasileiro em extensão e ocupa quase metade do território nacional (49,29%). A bacia amazônica ocupa 2/5 da América do Sul e 5% da superfície terrestre. Sua área, de aproximadamente 6,5 milhões de quilômetros quadrados, abriga a maior rede hidrográfica do planeta, que escoa cerca de 1/5 do volume de água doce do mundo. Sessenta por cento da bacia amazônica se encontra em território brasileiro, onde o Bioma Amazônia ocupa a totalidade de cinco unidades da federação (Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima), grande parte de Rondônia (98,8%), mais da metade de Mato Grosso (54%), além de parte de Maranhão (34%) e Tocantins (9%). O Bioma Mata Atlântica ocupa inteiramente três estados - Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina - e 98% do Paraná, além de porções de outras 11 unidades da federação. Principais impactos sobre os ecossistemas brasileiro O Bioma Cerrado ocupa a totalidade do Distrito Federal, mais da metade dos estados de Goiás (97%), Maranhão (65%), Mato Grosso do Sul (61%), Minas Gerais (57%) e Tocantins (91%), além de porções de outros seis estados. O Bioma Caatinga se estende pela totalidade do estado do Ceará (100%) e mais de metade da Bahia (54%), da Paraíba (92%), de Pernambuco (83%), do Piauí (63%) e do Rio Grande do Norte (95%), quase metade de Alagoas (48%) e Sergipe (49%), além de pequenas porções de Minas Gerais (2%) e do Maranhão (1%). 27

O Bioma Pantanal está presente em dois estados: ocupa 25% do Mato Grosso do Sul e 7% do Mato Grosso. O Bioma Pampa se restringe ao Rio Grande do Sul e ocupa 63% do território do estado. Zona Costeira Brasileira - Bioma marinho O bioma marinho do Brasil situa-se sobre a "Zona Marinha do Brasil" e apresenta diversos ecossistemas. A "Zona Marinha do Brasil" é o biótopo da Plataforma Continental e apresenta largura variável, com cerca de 80 milhas náuticas, no Amapá, e 160 milhas náuticas, na foz do rio Amazonas, reduzindo-se para 20 a 30 milhas náuticas, na região Nordeste, onde é constituída, basicamente, por fundos irregulares, com formações de algas calcárias. A partir do Rio de Janeiro, na direção sul, a plataforma volta a se alargar, formando extensos fundos cobertos de areia e lama. 28

A Zona Costeira Brasileira uma unidade territorial, definida em legislação para efeitos de gestão ambiental, que se estende por 17 estados e acomoda mais de 400 municípios distribuídos do norte equatorial ao sul temperado do País. É um conceito geopolítico que não tem nenhuma relação com a classificação feita pela ecologia. A Zona Costeira Brasileira tem como aspectos distintivos em sua longa extensão através de diferentes Biomas que chegam até o litoral, o bioma da Amazônia, o bioma da Caatinga e bioma da Mata Atlântica. Esses Biomas com grande variedade de espécies e de ecossistemas, abrangem mais de 8.500 km de costa litorânea. A VIDA SOB RISCO O desaparecimento de animais e vegetais destrói o equilíbrio dos ecossistemas e alterara a evolução das espécies. O Brasil abriga 13% das espécies de fauna e flora conhecidas no planeta. Sabe o que isso significa? Em nosso país vivem 230 mil tipos de plantas, animais, fungos, bactérias e outros microorganismos. Muitos são endêmicos, ou seja, só existem aqui. Apenas para dar alguns exemplos: segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil abriga 45 mil espécies de planta, a maior diversidade, algo como 22% do total global. Aqui estão 3 mil tipos de peixe de água doce, ou 34% das espécies conhecidas no mundo. Uma em cada seis aves que povoam os céus do planeta vive no Brasil, e uma em cada oito espécies de anfíbios conhecidos habita nossas águas. Parece pouco? Pois deve existir muito mais. A cada ano, novas variedades de vespas, aranhas, peixes, macacos, cobras e plantas para falar de algumas são descobertas na Amazônia e em vários locais de acesso nem tão difícil, perto de centros urbanos. Essa diferença entre o real e o presumido ocorre porque não existem cientistas em número suficiente para estudar tantas formas de vida, nem no Brasil nem no mundo. Embora tenha sido catalogado cerca de 1,75 milhão de espécies 29