SISTEMA DE SAÚDE E EXPANSÃO URBANA: ANÁLISE E MAPEAMENTO DO MUNICÍPIO DE LEME/SP GUILHERME OTÁVIO GALLO¹ e RÚBIA GOMES MORATO² g.guilhermegallo@gmail.com, rubiagm@gmail.com ¹ Bolsista Iniciação Científica CNPq; Curso de Geografia UNIFAL-MG ² Professora do Curso de Geografia UNIFAL-MG Palavras-chave: Expansão urbana; Geografia da Saúde; Sensoriamento Remoto; Introdução A Geografia da Saúde, desde a sua origem, tem sido baseada na resolução de problemas, permitindo a identificação de lugares e situações de risco, o planejamento territorial de ações de saúde e o desenvolvimento das atividades de prevenção e promoção de saúde (SNGS, 2005). Assim, compreende o espaço geográfico como base para a espacialização dos processos ambientais e antrópicos, que resulta em possível análise, prevenção e combate a determinado problema na saúde pública. Deste modo, visa estudos que forneçam diagnósticos e contribuições para o planejamento, tanto para o controle de doenças como para a garantia de bem-estar social. Visando melhoria nesses estudos, novas tecnologias têm sido cada vez mais usadas nas análises de Geografia da Saúde. O uso do sensoriamento remoto e do sistema de informação geográfica (SIG) auxilia na organização e manipulação de dados em saúde e promovem representações dinâmicas dos processos que serão analisados. A análise cartográfica a ser abordada aqui, compreende as relações entre a expansão urbana gerada pela população e o processo de evolução do sistema de saúde, que fornece suporte a esse crescimento populacional e estrutural do município de Leme/SP. Área de estudo 1
O município de Leme/SP está localizado na porção centro-leste do estado de São Paulo (Figura 1). O município possui uma área urbana total de 36,94 km² e uma extensão territorial de 430,55 km². 53 W 20 S N 25 S 44 W Figura 1 Área de estudo Fonte: Plano Diretor de Leme-SP (2007) Objetivos O trabalho explicitará como a expansão urbana desordenada pode causar transtornos que estão diretamente relacionados ao conceito de saúde da população e da qualidade de vida. Assim, o objetivo desta pesquisa é mapear a expansão urbana do município de Leme/SP e relacionar com a rede de atendimento básico à saúde no mesmo período. Com isso, é possível mapear limites de todos os bairros de Leme; mapear os limites da área urbana de Leme; gerar imagens NDBI para o por meio de imagens da série Landsat; mapear os postos de saúde e hospitais públicos de Leme, considerando as respectivas datas de fundação; gerar um mapa de densidade demográfica e correlacionar com a localização dos postos de saúde; e identificar as áreas com mais demanda de serviços de saúde. NDBI O Índice Normalizado de Diferença de Construção (Normalized Difference Built-up Index) foi desenvolvido por Zha et al (2003) para identificar áreas urbanas e construídas. O índice é baseado no incremento do número digital das áreas construídas 2
nos intervalos da banda 4 para a banda 5 do TM, ETM ou ETM+. A diferença normalizada dessas suas bandas é dada pela equação: NDBI = (banda 5 banda 4) / (banda 5 + banda 4) O NDBI é aplicado para o mapeamento rápido de áreas urbanas com acurácia satisfatória (ZHA, 2003) e com isso, é possível analisar o crescimento urbano em diversas faixas temporais. Como descrito por HADEEL, MUSHTAK e CHEN (2009) em suas pesquisas de expansão urbana por sensoriamento remoto, o processo de análise por NDBI de determinada área compreende tais procedimentos: Fonte: HADEEL, MUSHTAK e CHEN (2009) Expansão Urbana e Saúde A urbanização e sua expansão provocam grande impacto no meio natural e consequentemente na saúde da população. Nas cidades, tanto pela imediata remoção da vegetação quanto pela alteração da dinâmica da paisagem, há transformações nos ciclos da água, no solo e componentes do ar. Além desses fatores, a conseqüente falta de saneamento básico, descuidos públicos com áreas distantes dos centros urbanos e exploração dos recursos naturais impulsionam a modificação da paisagem. Essa transformação modifica a qualidade de vida da população tornando propícia a disseminação de doenças. À medida que a população aumenta, as inter-relações entre o meio físico e os aspectos biológicos, psicológicos e sociais tornam-se cada vez mais complexas. Em decorrência da acelerada urbanização e expansão da malha urbana, os problemas do ambiente urbano que geralmente estão ligados a população, estão diretamente 3
relacionados à habitação, à gestão dos resíduos gerados, a contaminação da água e à poluição atmosférica, impulsionados pela disputa dos habitantes por um espaço na área urbana. Na maioria das cidades muitos desses problemas não são combatidos de forma eficaz e com isso a proliferação de novas doenças e seus vetores se torna cada vez mais comum. As políticas públicas de saúde trabalham no sentido do controle e isolamento dessas doenças e não no combate a suas causas. Com isso, o sistema público de saúde se torna responsável pela vigilância e monitoramento epidemiológico além do atendimento à população prejudicada. Metodologia Os métodos e materiais utilizados na pesquisa estão apresentados aqui em sete etapas: - Obtenção de materiais: Serão adquiridos materiais sobre a área de estudo, incluindo mapas já existentes e imagens de satélites obtidas através do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), para integrar aos mapas temáticos e fotografias aéreas. A aquisição contempla também trabalhos de campo para verificação e validação dos materiais. - Levantamentos de dados: Obtenção de informações na prefeitura e secretarias do município sobre a formação e surgimento dos bairros da cidade, programas de saúde existentes durante esse período e dados sobre a qualidade de vida da população. Busca no arquivo histórico existente na Biblioteca Municipal, sobre a formação da cidade. - Delimitação dos bairros do município: Nessa fase serão realizadas análises a partir dos materiais e dados obtidos e, com auxílio de softwares, a delimitação dos bairros da cidade. Com técnicas de geoprocessamento e interpretação das imagens será possível definir por NDBI, a orientação e crescimento da expansão urbana. - Análise Espacial do Território: Com a base cartográfica definida, dá-se início a análise da área de estudo, visando o diagnóstico e delimitação da rede urbana frente à situação da saúde no município. 4
- Produção de Mapas Temáticos: A partir das análises e resultados gerados na etapa interior, inicia-se a confecção de mapas temáticos para a representação gráfica da expansão urbana e da evolução do sistema de saúde e seu atendimento. O mapas serão produzidos em softwares como AutoCad 2009 e IlWIS 3.6. Resultados esperados Com as análises realizadas, o projeto tem a intenção de gerar produtos, como mapas temáticos que representem a evolução do sistema de saúde público, a densidade populacional e a expansão urbana do município. Assim, será possível identificar as áreas com demanda de atendimento básico não contempladas pela atual rede de saúde. Bibliografia AFFONSO, A. Aplicações práticas de processamento de imagens em sensoriamento remoto. UNITAU, 2003 Disponível em <http://www.google.com.br/url? sa=t&source=web&ct=res&cd=2&ved=0casqfjab&url=http%3a%2f %2Fwww.agro.unitau.br%2Fsensor_remoto %2Fapodrip.pdf&ei=Sg3_SrnAG8SZuAe47IjbDw&usg=AFQjCNF1LW04d5KucpBdC8fnYNqP pf8vg&sig2=nj1jokvfn2xmcicj3czltw> Acesso em 14/11/2009 as 18:09h. COLWELL, J. E. Remote Sensing of Environment. Nova Iorque, 1994. HADEEL A.S.; MUSHTAK T. J.; CHEN X. Application of Remote Sensing and GIS to the Study of Land Use/Cover Change and Urbanization Expansion in Basrah Province, Southern Iraq. Geo-spatial Information Science, 2009. OMS, The Who. Biennial Report of the Director-General to the World Health Assembly and to the United Nations. World Health Organization, 1992. PREFEITURA MUNICIPAL DE LEME. Plano Diretor do Município de Leme - 2007. Disponível em: http://www.leme.sp.gov.br/paginas/conteudo/planodiretor.jsp. Acesso em 29 de Março de 2010. SNGS. Introdução do II Simpósio Nacional de Geografia da Saúde. Rio de Janeiro, 2005. 5
ZHA, Y.; GAO, J. NI, J. Use of normalized difference built-up index in automatically mapping urban areas from TM imagery, Int. J. Remote Sens., vol. 24, pp. 583 594, 2003. 6