1. Introdução e Justificativa Os seres humanos geram resíduos ao meio-ambiente provenientes de suas mais diversas atividades.



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1. Introdução e Justificativa Os seres humanos geram resíduos ao meio-ambiente provenientes de suas mais diversas atividades. Com o objetivo de reduzir o impacto ambiental gerado pela ação humana, foram criadas alternativas para reaproveitar esses resíduos. Uma dessas alternativas é a reciclagem, esta é uma forma interessante de gerenciar resíduos, transformando possível lixo em novos produtos ou insumos, gerando emprego, renda e principalmente contribuindo para a economia dos recursos naturais (JACOBI, 2003). Um desses resíduos é o óleo de cozinha utilizado no preparo de alimentos, este quando descartado de maneira incorreta causa uma série de transtornos, para redes de esgotos públicos, poluem solos entre outros problemas (HUMBERTO 2007). Segundo a ECOLEO (2014), para cada litro de óleo jogado no meio ambiente, este polui um milhão de litros de água e que se lançado ao solo, pode impermeabilizá-lo, o que contribui para enchentes e alagamentos. O óleo de cozinha pode ser reaproveitado de várias formas, como exemplo na produção de produtos de limpeza (REIS, 2007). Pode-se produzir sabão neutro ou aromatizado, detergente e glicerina, entre outros. O processo de fabricação destes produtos não é complexo, assim como a obtenção de alguns insumos, como a soda cáustica e o aromatizante. Estes fatores podem viabilizar um novo empreendimento, além de trazer benefícios, tais como: redução da contaminação da água, redução da contaminação do solo, entre outros. Entretanto produtos gerados apartir de materiais reciclados, ainda sofrem resistências junto a determinados mercados consumidores, normalmente esses produtos devem competir com produtos de marcas consolidadas que atuam com um forte apelo de marketing. Produtos reciclados muitas vezes são confundidos com produtos de baixa qualidade (PALMA e NASCIMENTO, 2013). Desta forma, a análise de mercado é fundamental, para a elaboração de projetos (que visem à introdução de novos produtos no mercado), pois dela são obtidos a relação entre oferta, demanda, canais de comercialização, entre outros fatores (WOILER, 2008). No processo de análise de mercado uma das etapas mais importantes é determinar a demanda, pois sendo esta conhecida a organização pode mensurar a quantidade de um produto que os consumidores desejam adquirir, em um dado período de tempo, sendo este conhecimento fundamental para o planejamento das ações da organização (KOTLER, 2000). Assim, pelos fatos expostos acima se julga pertinente o desenvolvimento desse trabalho cujo principal objetivo foi o de verificar a viabilidade da utilização de um modelo para previsão de

demanda, aplicado a produtos de limpeza produzidos com a utilização de óleo de cozinha reciclado. O modelo a ser utilizado é o apresentado por WOILER (2008). De forma a alcançar este objetivo o trabalho está estruturado da seguinte forma: no próximo tópico abordam-se os temas pertinentes ao desenvolvimento do trabalho e que norteiam a construção do modelo de previsão de demanda. Após são apresentados os procedimentos metodológicos, no tópico seguinte apresenta-se os resultados do trabalho e finalmente no último tópico as considerações finais. 2. Referencial Teórico Nesse tópico são abordados os conceitos relacionados a óleo de cozinha e suas possibilidades de reaproveitamento, produtos de limpeza que podem ser produzidos a partir do óleo de cozinha e posteriormente uma abordagem sobre previsão de demanda. 2.1 Óleo vegetal e seu reaproveitamento para gerar produtos de limpeza Existem inúmeras fontes de resíduos de óleos vegetais, neste cenário se destacam as lanchonetes, restaurantes, cozinhas industriais, cozinhas domésticas, entre outros locais. Após o uso, o óleo é coletado e levado ao processamento em pequenas unidades fabris. Esta fase é chamada de beneficiamento do óleo, pois o óleo encontra-se com impurezas adquiridas na preparação de alimentos, necessitando de um processo de filtragem, secagem e limpeza (NARASIMHARÃO, 2008). Posteriormente este é submetido às etapas de reaproveitamento e reciclagem, onde pode ser utilizado para diversos fins, como por exemplo, na fabricação de ração de animais, tintas, entre outros produtos (ECÓLEO, 2014). Essas práticas de reaproveitamento e reciclagem do óleo trazem diversos benefícios ao meio ambiente, gerando a diminuição da poluição do ar, das águas, entre outros, que causam tantos problemas ambientais e a saúde humana. Perante este panorama a reciclagem do óleo residual para a produção de sabão e produtos de limpeza surge como uma alternativa para gerar produto e renda, assim como também proteger o meio ambiente de forma sustentável. Os produtos de limpeza que podem ser produzidos a partir do óleo de cozinha, abordados nesse trabalho são o sabão de glicerina ou neutro e o detergente líquido (VELOSO et al., 2012). Para a fabricação desses produtos, é preciso compreender que existe uma logística de transporte e armazenamento, até que este óleo chegue ao local de processamento. O óleo é coletado em vários pontos por empresas especializadas, que vendem este óleo para outras empresas que realizam o processo de limpeza e purificação (NARASIMHARAO, 2008).

Quanto à fabricação de sabão de glicerina ou neutro, este passa por um processamento de armazenamento, aquecimento, mistura, secagem, corte, frisagem, embalagem e estoque. Dentro destes processos alguns insumos são necessários além do óleo de cozinha, como a soda cáustica do tipo escama e água, que fazem parte desta mistura, tendo um rendimento de 4 barras de são para cada litro de óleo, (INSTITUTO TRIÂNGULO, 2014). Com relação aos detergentes, este é composto pelo óleo de cozinha, pela soda cáustica líquida, álcool e água, essa formulação rende 7 litros de detergente com 1 litro de óleo, sendo seu processo de transformação relativamente simples, onde se mistura em um recipiente todos os componentes e após inicia um período de repouso (MÃO NA TERRA, 2008). 2.2 Análise de mercado - demanda Conforme já relatado, durante o processo de análise de mercado, estimar a demanda é fator preponderante, diversos são os fatores que impactam esta estimativa. Nesse tópico são apresentados os fatores que serão utilizados para projetar a demanda dos produtos, bem como a justificativa da utilização e mensuração de cada um. 2.2.1 Bens de Consumo Duráveis ou Não Duráveis É necessário classificar o produto, em bens de consumo duráveis ou não duráveis, os produtos foco desse trabalho foram classificados como bens de consumo não duráveis. Para estimar sua demanda as seguintes informações devem ser obtidas: população e suas características; tendência de consumo per capita por produto; renda e suas características. Um dos fatores mais importantes no que diz respeito à população, é a taxa de crescimento populacional, pois esta indica as conseqüências econômicas de uma região, pois quanto maior a população, maior será a demanda por roupas, alimentos, moradia, entre outros fatores. 2.2.2 Ciclo de Vida do Produto Os produtos em geral tendem a apresentar um comportamento denominado de ciclo de vida. Entender este comportamento é de grande utilidade para a projeção da demanda. O ciclo de vida apresenta estágios ou etapas de maturação, cada estágio terá um tempo de duração até o seu declínio, o que determinará o tempo total no mercado. As etapas, com respectivas características, estão descritas no quadro 01. Etapa Quadro 01 descrição etapas do ciclo de vida do produto. Característica

Desenvolvimento do produto Introdução Crescimento Maturação Declínio Relacionada com os esforços de design do produto, da concepção, e com a estratégia empresarial. As decisões dizem respeito a alocação de gastos de pesquisa e desenvolvimento, ou seja, não ao lucro. Em alguns casos o produto nem passa para a etapa seguinte, pois poderá chegar-se a conclusão que não será viável perante o mercado. O produto já foi introduzido no mercado, tendo como característica inicial vendas baixas e crescimento de forma lenta, com baixa lucratividade ou inexistente. Esta é uma fase arriscada e cara, depende da aceitação no mercado consumidor, se o produto não for aceito pelo mercado, obviamente tende a fracassar nesse estágio. O risco já foi superado, existe um crescimento acentuado nas curvas de vendas e lucratividade, o mercado se encontra em expansão. Aparecem os concorrentes, maior produtividade tende a fazer com que o preço caia, é necessário que se avalie a expansão da capacidade produtiva, as estratégias de marketing e o planejamento de produção. Caracterizado pela diminuição das vendas, lucros baixam e muitos produtores marginais, menos eficientes, são obrigados a sair do mercado. Nesta etapa a competição pelo menor preço esta muito acentuada, novos modelos põem ser introduzidos no mercado, numa tentativa de estender a duração do ciclo de vida do produto. O produto passa ser mais dependente de condições econômicas gerais, as decisões agora estão relacionadas à fixação de promoções, de preços e planejamento da produção. Esse estágio pode ocorrer por algumas razões tais como: desaparecimento da necessidade do produto, surgimento de novos produtos mais eficazes e a concorrência pode ter conseguido elaborador um produto substituto melhor. A característica predominante nesta fase é a queda drástica das vendas, aqui se faz necessário um controle rigoroso dos custos de produção, sendo que muitos produtores, são forçados a abandonar o mercado. Fonte: Adaptado de Woiller (2008). 2.2.3 Canais de Comercialização Atualmente é raro os produtores comercializarem seus produtos diretamente para o consumidor, existindo para esta finalidade a existência dos intermediários, sendo estes os varejistas ou atacadistas. A existência de intermediários se justifica pelo aumento da eficiência no processo quando há um grande número de fornecedores ou clientes. Nestes casos os intermediários proporcionam uma diminuição nos custos de manipulação, transação, entre outros, facilitando assim a relação do produtor com o consumidor. No entanto dois aspectos devem ser considerados no momento de decidir qual canal a ser adotado: o primeiro

é a escolha do canal que afeta as demais decisões de marketing e o segundo envolve a empresa em compromissos de longo prazo com outras empresas. O canal atacadista tem como característica a compra e venda de mercadorias, trabalhando com diversos fornecedores, não há uma preocupação com estoques dos varejistas e em geral os produtos ficam mais caros, pois são bitributados, (BALLOU, 2009). Ainda segundo este autor o canal varejista tende ser fiel a algumas marcas, entre duas à três, em época de fartura, tendo como estratégia manter sua quota quando houver escassez de produto. Em fase de recessão, o varejista é o canal que garante o escoamento da produção, pois trabalha com poucas marcas e gerencia melhores seus estoques. 2.2.4 Classificação das Projeções As projeções são classificadas quanto ao prazo, quanto ao nível de agregação e quanto ao critério de projeção. Quanto ao prazo, as projeções podem ser de curto, médio e longo prazo. Segundo Woiler (2008), as projeções de longo prazo são caracterizadas por projetos tecnológicos, exigindo um grande desenvolvimento de projetos de investimento em setores de tecnologia. Com relação ao nível de agregação as projeções de demanda podem ser feitas em dois níveis de agregação, ou seja, por agregação macroeconômica ou por desagregação setorial. A projeção macroeconômica é a mais utilizada, pois é realizada através de modelos econométricos. A grande vantagem é o fato de sua obtenção é mais rápida e bem mais barata, comparada com a por desagregação setorial, (WOILER,2008). Uma projeção de demanda pode ser realizada considerando critérios qualitativos ou quantitativos. Os critérios quantitativos podem ser feitos por análise de séries de tempo, análise de regressão, modelos econométricos, matrizes de entrada-saída, entre outros. Os critérios qualitativos são muitos empregados em projeções tecnológicas, de longo prazo, as quais podem ser feitas pelos métodos da técnica de Analogia Histórica, Painel de Especialistas, Elaboração de Cenários entre outros, (WOILER, 2008). 3. Metodologia Este tópico tem como objetivo abordar a metodologia adotada, visando descrever as etapas desenvolvidas para a execução do trabalho de forma a viabilizar o alcance dos resultados, para satisfazer os objetivos elencados. O trabalho, com relação à estratégia de pesquisa, é um estudo de caso. Segundo Yin (2005), este se caracteriza como o estudo de um fenômeno

contemporâneo dentro de seu contexto, como o caso deste trabalho, que foi desenvolvido junto ao futuro mercado da empresa proposta. Classificado como exploratório, para Gil (2002) um trabalho exploratório se caracteriza ao propiciar uma visão geral acerca de um determinado fato, ainda pouco explorado, quando o tema escolhido possui dificuldades em formular hipóteses precisas e operacionais. Este trabalho atende a estes requisitos, pois no contexto do mesmo, existem poucos estudos sobre a previsão de demanda com o modelo utilizado. Trabalhos exploratórios, buscam desenvolver, esclarecer e modificar idéias, a partir da formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. Quanto aos procedimentos de coleta de dados, segundo os autores acima citados um estudo de caso, deve-se valer de mais de uma fonte de dados. Este procedimento também foi adotado neste trabalho, pois foram utilizadas como estratégias de coleta de dados a análise documental e entrevistas. 4. Resultados Nesse tópico estão demonstrados os resultados do trabalho. Estes tiveram como principal preocupação atender ao objetivo proposto, qual seja de verificar a viabilidade da utilização de um modelo de previsão de demanda por produtos de limpeza produzidos com a utilização de óleo de cozinha reciclado, definindo como os fatores de previsibilidade da demanda foram determinados. Conforme já relatado os produtos foco desse trabalho foram classificados como bens de consumo não duráveis. Para atender aos requisitos definidos para estimar a demanda para bens não duráveis, foram realizados os seguintes procedimentos: obtenção de dados populacionais da cidade de Bagé e previsão de seu crescimento (ver tabela 01); informações da associação brasileira das indústrias de produtos de limpeza (ABIPLA), segundo seu anuário de 2014, para estimar o consumo médio de produtos de limpeza por classe social. Tabela 01 - Dados Populacionais de Bagé-RS Dados Populacionais IBGE, Censo de 2010. População Brasileira 190.732.694 habitantes População Residente em Bagé 116.794habitantes Taxa de Crescimento 1 % ao ano Renda média per capta mensal R$ 1.474,93 Fonte: autores do trabalho, 2015.

Segundo ABIPLA (2014), o brasileiro gasta em média R$ 300,00 ao ano com produtos de limpeza. Sendo maiores consumidores as classes econômicas D e E, considerando famílias com média de cinco pessoas, e donas de casa com faixa etária de 50 anos. Para comparar esse comportamento do Brasil com a cidade de Bagé, foi consultado o censo de 2010 do IBGE, que estratifica a população em classes sociais. Assim, percebe-se que Bagé tem uma porcentagem maior de pessoas dentro das classes D e E, seguindo a tendência nacional, as quais são os maiores consumidores de produtos de limpeza, conforme Tabela 02. Tabela 02 - Classes Sociais em Bagé-RS Estratificação por Classes Sociais Classes Salário Mínimo (SM) Porcentagem % A Acima de 20 SM 2,55 B 10 a 20 SM 5,54 C 4 a 10 SM 14,91 D 2 a 4 SM 36,92 E Até 2 SM 24,05 SEM CLASSIFICAÇÃO Menos de 2 SM 16,03 Fonte: IBGE, censo 2010. O Brasil apresenta um nível de distribuição de renda muito concentrado, este fato tende a diminuir de forma sensível o mercado potencial para uma série de bens de consumo não duráveis. Havendo uma concentração de renda, o preço poderá assumir papel de relevância na demanda, à medida que o gasto com um determinado produto pode significar uma parcela importante do orçamento familiar. No entanto com relação à venda dos produtos de limpeza, seus volumes são crescentes, conforme indicam as pesquisas desenvolvidas pela ABIPLA, devida a uma melhora significativa, nos níveis de emprego e aumento de renda, principalmente nas classes D e E. Com relação ao ciclo de vida, os produtos foco desse trabalho estão classificados na fase de introdução, pois derivam de uma proposta de reaproveitamento de resíduos, com um apelo ecológico e com processos de produção diferentes do tradicional. Foram consultadas as quatro principais redes de supermercados da cidade de Bagé, com o objetivo de investigar se estas redes comercializavam produtos de limpeza com as características dos produtos do trabalho em questão.

Estas relataram não comercializar produtos de limpeza com material reciclado, apenas produtos de higiene pessoal, como o papel higiênico, o qual tem uma grande aceitação das classes D e E, sendo seu grande atrativo o preço. Quanto aos canais de comercialização optouse pelo canal do varejo, por ser o canal com menos intermediários até o consumir final, além de ter uma gestão de estoque mais eficiente, garante um adequado escoamento dos produtos mais rápido por trabalharem com poucas marcas. Foi realizada uma projeção de médio prazo, pois segundo ABIPLA (2014) previsões de demanda em longo prazo são difíceis no segmento de produtos de limpeza, pois são altamente suscetíveis as variações de renda da população, pois não são produtos essenciais. Desta forma decidiu-se por realizar os estudos tendo como horizonte o prazo de cinco anos. O presente trabalho projetou sua demanda, utilizando a agregação macroeconômica, com base nos levantamentos realizados no Brasil pela ABIPLA, mais especificamente utilizando o Anuário 2014. Dentro dos critérios quantitativos utilizou-se a análise de séries, pois este considera o comportamento dos últimos anos dos produtos, ou seja, a taxa de crescimento ou decrescimento de cada produto, aliados a outros fatores. A análise de séries foi geométrica, pois garante uma maior confiabilidade na sua previsão. A aplicação teve como base os dados da ABIPLA, que considera no anuário 2014 o comportamento do consumo do sabão em barra e do detergente. Assim, foi possível realizar a previsão de demanda para a cidade, conforme Tabela 03. Tabela 03 - Previsão de Demanda para Bagé Previsão de Demanda em Bagé Sabão em Barra Detergente Líquido Ano Consumo kg Ano Consumo litros 2014 85.047,22 2014 286.986,16 2015 73.996,82 2015 294.763,49 2016 64.014,64 2016 302.751,58 2017 55.379,07 2017 310.956,15 2018 47.908,43 2018 319.383,06 Fonte: Elaborado pelos autores. 5. Considerações Finais Antes das considerações finais julga-se pertinente indicar que durante o desenvolvimento do trabalho foram encontradas algumas limitações, desta forma julga-se pertinente reconhecer

que as duas principais limitações foram de não ter tempo e esforço necessário para desenvolver um planejamento estratégico e um plano de marketing, objetivando a introdução, manutenção e expansão dos produtos no mercado consumidor local. De forma coerente ao exposto no parágrafo acima, entende-se que existe espaço para futuros trabalhos, complementarem este, especialmente desenvolvendo o planejamento estratégico e o plano de marketing, pois estes devem permitir inclusive uma projeção de riscos para o projeto. A partir dos resultados alcançados, pode-se afirmar que existe viabilidade técnica e econômica para a implementação do projeto. O processo de produção a ser aplicado não é complexo, os recursos produção de (insumos, equipamentos, mão-de-obra e outros) são acessíveis na região de produção bem como sua comercialização (sua oferta) será totalmente na região em que ocorre a produção, estes fatos proporcionam maior viabilidade a todo o processo. De outra parte o modelo para previsão de demanda demonstra-se adequado para os produtos focos deste trabalho, visto que através de seus parâmetros foi possível realizar uma previsão da demanda para estes produtos. Outro fator que deve ser destacado é que os parâmetros necessários para o desenvolvimento do modelo, não apresentam grande grua de dificuldade, com relação a sua coleta. Desta forma este modelo pode ser aproveitado para outras situações. Entende-se que o trabalho colaborou com a sociedade ao proporcionar um maior conhecimento sobre a viabilidade, com relação à demanda, para implementação de um novo empreendimento, que alia sustentabilidade ambiental e econômica. Referências Bibliográficas ABIPLA. Associação Brasileira de Indústrias Produtos de Limpeza e Afins Anuário 2014. http://www.abipla.org.br, Acessado em: outubro de 2014; Acesso em junho 2014. BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais, distribuição física. 1. ed.são Paulo: Atlas, 2009. BRASIL. 2011, Lei nº 9.433 de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, criação Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. ECÓLEO. Melhoras Práticas para Reaproveitar Resíduos. Disponível em: http://www.ecoleo.org.br/. Acesso em maio 2014. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª edição. São Paulo editora Atlas; 2002.

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