SNPTEE SEMINÁRIO NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA GRUPO IV GRUPO DE ESTUDO DE ANÁLISE E TÉCNICAS DE SISTEMAS DE POTÊNCIA - GAT



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Transcrição:

SNPTEE SEMINÁRIO NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA GAT 24 14 a 17 Outubro de 2007 Rio de Janeiro - RJ GRUPO IV GRUPO DE ESTUDO DE ANÁLISE E TÉCNICAS DE SISTEMAS DE POTÊNCIA - GAT MODELAGEM DE CARGA PARA ESTUDOS DINÂMICOS Paulo Gomes* Antônio de P. Guarini Mariana Marçal P. de Souza Alexandre G. Massaud ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico Cláudio Ferreira José Manuel E. Vicente Pedro Paulo de C.Mendes Antônio Marcio C. Ribeiro UNIFEI Universidade Federal de Itajubá RESUMO Esse trabalho tem o objetivo de apresentar uma metodologia para determinação da melhor representação de carga em função da variação de tensão da rede, para que possa ser utilizada nos estudos de estabilidade transitória e dinâmica. Mais especificamente, melhorar a representação das cargas nos estudos de estabilidade dinâmica quando de grandes perturbações, a partir dos registros em campo do desempenho das cargas de diferentes regiões do SIN. Através de dados de medições realizadas em campo, são obtidos os modelos estáticos ZIP (com e sem restrição) e dinâmico LINEAR referentes às cargas de diferentes tipos ramais alimentadores, e posteriormente é realizado um estudo comparativo entre as medidas de campo e o desempenho destes modelos. PALAVRAS-CHAVE Modelagem dinâmica de carga, modelo estático ZIP, modelo dinâmico LINEAR (Australiano). 1.0 - INTRODUÇÃO A atual estrutura do setor elétrico brasileiro impõe que a operação do sistema seja feita de forma a melhor explorar os recursos existentes ao menor preço possível. Dentro desta visão, torna-se necessário um profundo conhecimento da operação, dos ajustes e do desempenho de cada elemento do sistema, tanto isoladamente quanto em conjunto, visto que características de um elemento isolado podem se alterar diante da operação em conjunto. A correta representação dos elementos de um sistema de potência sempre representou fator decisivo para a confiabilidade dos resultados de estudos elétricos, seja em regime permanente, seja em regime transitório. Em qualquer estudo de fluxo de potência é necessário definir-se inicialmente um modelo adequado para cada componente do sistema elétrico. Ao longo do tempo vários estudos e pesquisas foram realizados com o propósito de aprimorar os modelos conhecidos, porém desde o início a carga do sistema apresentou-se como grande incógnita do problema. Apesar (*) Rua da Quitanda, 196 11º andar CEP 20091-005 Rio de Janeiro, RJ Brasil Tel: (+55 21) 2203-9494 Fax: (+55 21) 2203-9411 Email: pgomes@ons.org.br

2 de se conhecer como cada elemento da carga se comporta individualmente, não se tem uma idéia precisa da sua composição final, devido a grande diversidade de equipamentos que a compõem de forma aleatória. Duas abordagens têm sido usadas para a modelagem de carga. A primeira delas é baseada no conhecimento dos componentes individuais e o modelo é obtido através da combinação de modelos dos diferentes componentes da carga. A segunda abordagem não requer o conhecimento das características físicas da carga. Esta se baseia em medidas obtidas da resposta da carga quando a mesma é submetida a distúrbios e o modelo é estimado usando métodos de identificação de sistemas. Diante do exposto, torna-se imprescindível aprimorar a representação atual das cargas do sistema elétrico brasileiro. Neste sentido o ONS desenvolveu, em parceria com a UNIFEI, o projeto Modelagem de Cargas para Estudos Dinâmicos do Plano de Ação 2006 2008. Este projeto inclui o desenvolvimento de três equipamentos de medição específicos para colher dados do comportamento da carga, e de uma ferramenta computacional que viabiliza a análise desses dados e modelagem estática e dinâmica da carga. Desta forma, a partir das medições obtidas em campo é possível definir um modelo mais adequado e obter resultados mais próximos da realidade contribuindo para a melhoria da segurança do SIN. Esse trabalho tem o objetivo de apresentar uma metodologia para determinação da melhor representação de carga em função da variação de tensão da rede, para que possa ser utilizada nos estudos de estabilidade transitória e dinâmica. Mais especificamente, melhorar a representação das cargas nos estudos de estabilidade dinâmica quando de grandes perturbações, a partir dos registros em campo do desempenho das cargas de diferentes regiões do SIN. Através de dados de medições realizadas em campo, são obtidos os modelos estáticos ZIP e dinâmico LINEAR referentes às cargas de diferentes tipos ramais alimentadores, e posteriormente é realizado um estudo comparativo entre as medidas de campo e o desempenho destes modelos. 2.0 - PROJETO DE MODELAGEM DE CARGA PARA ESTUDOS DINÂMICOS Com objetivo de aprimorar a representação das cargas do sistema elétrico brasileiro, e por conseqüência melhorar a segurança do SIN, em 2003, o ONS deu início a um projeto de modelagem de carga para estudos dinâmicos, em parceria com a UNIFEI. 2.1 Desenvolvimento do Equipamento de Medição e do Programa Computacional A primeira etapa deste projeto compreendeu uma análise detalhada dos modelos de carga existentes e utilizados nos programas de transitórios eletromecânicos, assim como o desenvolvimento de três equipamentos de medição específicos para colher dados de campo e de um programa computacional que permitisse a análise do comportamento da carga, para posterior definição de uma modelagem estática e dinâmica mais adequada da mesma. Na Figura 1 a seguir é apresentado um dos equipamentos desenvolvidos. FIGURA 1 Equipamento de Medição Desenvolvido. No programa computacional desenvolvido foram implementadas as formulações matemáticas dos modelos de

3 carga estático polinomial (ZIP) e dinâmico australiano (LINEAR). O modelo ZIP foi escolhido por ser um modelo de uso tradicional de uso no setor elétrico, estando implementado em quase todos os programas de análise de sistemas. Já o modelo LINEAR foi escolhido por apresentar algumas características importantes, como flexibilidade e robustez, e também por poder ser implementado on-line. Outro fator é a similaridade entre o sistema de potência brasileiro e o australiano, conhecidos por possuírem centros de geração remotos, linhas de transmissão longas e uma configuração de rede radial. A seguir será apresentada a formulação básica dos modelos ZIP e LINEAR. (A) Modelo de Carga Estático Polinomial (ZIP) O modelo ZIP possui a seguinte estrutura básica: 2 P (V) = Po a + bv + cv Equação 1-a 2 Q (V) = Qo d + ev + gv Equação 1-b onde: Vo, Po e Qo Condições iniciais da tensão e das potências ativa e reativa, respectivamente; V V = Desvio de tensão (alguns autores usam o V = V(k+1) - V(k), onde k é o instante de tempo); Vo a e d Coeficientes (em pu) da parcela de potência constante; b e e Coeficientes (em pu) da parcela de corrente constante; c e g Coeficientes (em pu) da parcela de impedância constante; Sendo que a + b + c = 1 e d + e + g = 1. (B) Modelo Dinâmico Australiano (LINEAR) O modelo LINEAR possui a seguinte estrutura básica: n P n v n f P (k) = a ipk i + b iv k i + c i f k i Equação 2-a 1 0 0 n Q n'v n'f Q (k) = d iq k i + e iv k i + g i f k i Equação 2-b 1 0 0 onde: P(k), Q(k) Resposta ativa e reativa da carga, respectivamente; V k, f k Sinal de entrada observado na tensão e freqüência, respectivamente; a i, b i, c i Coeficientes de regressão de P i, V i e f i, respectivamente; d i, e i, f i Coeficientes de regressão de Q i, V i e f i, respectivamente; n P, n V, n f, n Q, n V, n f Parâmetros das ordens de regressão do modelo, que são escolhidos pelo usuário. 2.2 Medições em Campo e Obtenção dos Modelos Correspondentes Entre os anos de 2004 e 2006, foram monitorados e armazenados dados de eventos ocorridos em diferentes tipos de ramais alimentadores de carga de oito subestações do sistema elétrico brasileiro. Na Tabela 1 a seguir encontra-se um resumo dos pontos onde foram realizadas tais medições.

4 TABELA 1 Subestações e Respectivos Ramais Onde Foram Realizadas Medições. Subestação Empresa Tempo Monitorado Tipo de Carga do Ramal Monitorado SE Itajubá 3 CEMIG 74 dias 1 Ramal de Carga Mista SE Ramon Rebert CTEEP 97 dias 3 Ramais de Carga Mista 1º Ramal: Carga Residencial SE Taquaril CEMIG 97 dias 2º Ramal: Carga Mista 3º Ramal: Carga Industrial * 1º Ramal: Carga Industrial + Residencial SE Fortaleza CHESF 84 dias 2º Ramal: Carga Industrial + Residencial 3º Ramal: Carga Residencial + Comercial SE Barreiras CHESF 48 dias 3 Ramais de Carga Mista 1º Ramal: Carga Industrial SE Gravataí II CEEE 41 dias 2º Ramal: Carga Residencial 3º Ramal: Carga Industrial + Residencial 1º Ramal: Carga Industrial SE Joinville IV CELESC 42 dias 2º Ramal: Carga Mista 3º Ramal: Carga Residencial 1º Ramal: Carga Comercial + Residencial SE Umbará COPEL 44 dias 2º Ramal: Carga Residencial + Industrial * Os eventos registrados para este alimentador foram desprezados devido a problemas de medição. 3º Ramal: Carga Industrial (Siderúrgica) A partir dos eventos registrados pelos equipamentos instalados nestas subestações, foram obtidos os modelos estáticos ZIP e dinâmico LINEAR referentes às cargas de cada um dos ramais alimentadores monitorados. Os dados de eventos medidos em cada ramal foram previamente divididos em dois grupos. O primeiro grupo, chamado de conjunto de treinamento, foi utilizado para obter os modelos de carga do respectivo alimentador. Já os dados do segundo conjunto, não pertencentes ao conjunto de treinamento, foram usados para verificar a resposta fornecida de cada modelo obtido. Desta forma, foi realizado um estudo comparativo entre as medidas de campo e o desempenho dos modelos de carga estático ZIP e dinâmico LINEAR. Apenas com caráter ilustrativo no item 2.3 a seguir serão apresentados os resultados obtidos para o ramal de carga mista da SE Gravataí II. 2.3 Desempenho dos Modelos Para o Ramal de Carga Mista da SE Gravataí II Através do programa desenvolvido, foram estimados os parâmetros do modelo estático polinomial (ZIP) e do Modelo Dinâmico Australiano (LINEAR) para o ramal de carga mista da SE Gravataí II. Os parâmetros obtidos no treinamento estão apresentados a seguir. (A) Modelo de Carga Estático Polinomial (ZIP) Com Restrição a = 0.9999 b = 1.5556E-10 c = 7.7330E-11 d = 0.9999 e = 4.2299E-12 g = 2.1011E-12

5 (B) Modelo Dinâmico Australiano (LINEAR) a(1) = 1.0027 a(2) = 0.0008 a(3) = -0.0059 b(0) = 1851.6040 b(1) = -2430.0281 b(2) = 362.6781 b(3) = 249.1341 c(0) = 0.4594 c(1) = -1.2190 c(2) = 0.4127 c(3) = 0.3078 d(1) = 0.9780 d(2) = 0.0345 d(3) = -0.0139 e(0) = 1510.1292 e(1) = -1621.2833 e(2) = -69.0209 e(3) = 184.2456 g(0) = 0.3280 g(1) = -0.0781 g(2) = 0.1424 g(3) = -0.3970 Para simulação da resposta dos modelos, foi utilizado um evento registrado no dia 02/09/2006, às 12:39:02 horas, conforme apresentado nas Figuras 2-(a) e 2-(b) a seguir. Houve, no instante em que se iniciou o registro, uma variação de tensão de -2,6%, -0,1% na freqüência, e -8,5% e -47,2% nas potências ativa e reativa, respectivamente. Tensão (kv) 72,5 72 71,5 71 70,5 70 69,5-20 0 20 40 60 80 100 120 Tempo (Ciclos) FIGURA 2-(a) Variação de Tensão Registrada. Frequência (Hz) 60,3 60,2 60,1 60 59,9 59,8-20 0 20 40 60 80 100 120 Tempo (Ciclos) FIGURA 2-(b) Variação de Freqüência Registrada. Nos gráficos a seguir são apresentadas as comparações entre resposta fornecida pelos modelos e dados de medição, cujos valores foram obtidos pelo programa desenvolvido, através dos relatórios com dados tabulados das simulações. Potência ativa (MW) 36 35 34 33 32 31 30-20 -15-10 -5 0 5 10 15 20 Tempo (Ciclos) ZIP Linear Medida Potência reativa (MVAr) 6,5 6 5,5 5 4,5 4 3,5 3 2,5 2-20 -15-10 -5 0 5 10 15 20 Tempo (Ciclos) ZIP Linear Medida FIGURA 3-(a) Respostas da Potência Ativa (MW). FIGURA 3-(b) Respostas da Potência Reativa (Mvar).

6 A partir das comparações entre os dados de medição e as respostas fornecidas pelos modelos pode-se verificar que, assim como para os demais ramais alimentadores, dos dois modelos estudados, o modelo LINEAR foi o que apresentou desempenho mais próximo dos dados da medição. Entretanto, vale ressaltar que a sua utilização ainda não é possível nos programas ANAREDE e ANATEM. 2.4 Resutados Obtidos Para o Modelo ZIP Na Tabela 2 a seguir são apresentados, para todos os pontos onde foram realizadas medições, os resultados obtidos para o modelo ZIP. TABELA 2 Resultados Obtidos Para o Modelo ZIP. Subestação Tipo de Carga do Ramal Monitorado Nº de Eventos para Treinamento Potencia Ativa Resultados Obtidos Potência Reativa SE Itajubá 3 1 Ramal de Carga Mista 10 0,60 I cte + 0,40 Z cte Q cte 1º Ramal: Carga Mista 10 0,98 P cte + 0,02 Z cte Z cte SE Ramon Rebert 2º Ramal: Carga Mista 10 P cte Q cte 3º Ramal: Carga Mista 10 Z cte Z cte SE Taquaril 1º Ramal: Carga Residencial 10 P cte Z cte 2º Ramal: Carga Mista 10 P cte Q cte 1º Ramal: Carga Industrial + Residencial 10 P c te Z cte SE Fortaleza 2º Ramal: Carga Industrial + Residencial 10 P cte Z cte 3º Ramal: Carga Residencial + Comercial 10 Z cte Z cte 1º Ramal: Carga Mista 10 P cte Z cte SE Barreiras 2º Ramal: Carga Mista 10 Z cte Z cte 3º Ramal: Carga Mista 10 P cte Z cte 1º Ramal: Carga Industrial 03 P cte Z cte SE Gravataí II 2º Ramal: Carga Residencial 10 Z cte Q cte 3 º Ramal de Carga Industrial + Residencial 09 P cte Q cte 1º Ramal: Carga Industrial 10 P cte Q cte SE Joinville IV 2º Ramal: Carga Mista 10 P cte Q cte 3º Ramal: Carga Residencial 10 Z cte Q cte 1º Ramal: Carga Comercial + Residencial 10 Z cte Q cte SE Umbará 2º Ramal: Carga Residencial + Industrial 10 P cte Q cte 3º Ramal: Carga Industrial (Siderúrgica) 10 Z cte Z cte Para os dois primeiros alimentadores da SE Fortaleza a potência ativa apresentou um com portamento do tipo P constante, característica esta que se adapta para cargas cuja composição é predominantemente industria l. Já a potência reativa destes ramais resultou em uma característica do tipo Z constante. Vale ressaltar que, s egundo Araújo [15], o comportamento da potência reativa nas cargas industriais depende de vários fatores, como por exemplo, o carregamento dos motores. Para o último ramal desta subestação obteve uma resposta do tipo Z constante, comportamento este típico de uma carga residencial. A escassez de dados dificultou a modelagem do ramal industrial da SE Gravataí II, deixando o modelo obti do sem aderência. Neste caso foram considerados apenas três eventos para o treinamento do modelo, quando normalmente são utilizados mais de dez eventos.

7 Os dois primeiros alimentadores da SE Joinville IV mostraram uma tendência predominante de carga industrial (P e Q cte) enquanto que e o terceiro alimentador apresentou um desempenho típico de carga residencial (Z e Q cte), correspondendo assim as informações fornecidas pela CELESC. A resposta do modelo ZIP para os ramais de carga do tipo Comercial + Residencial e Industrial (siderúrgica) da SE Umbará resultaram dentro do esperado, tendo em vista as características das cargas alimentadas. Já o ramal alimentador da carga tipo Residencial + Industrial resultou em uma característica P e Q constante, mostrando assim uma tendência predominante de carga do tipo industrial (P e Q cte). 3.0 - CONCLUSÕES Com base nas respostas fornecidas pelos modelos, para todos os ramais monitorados o modelo LINEAR apresentou desempenho mais próximo dos dados da medição. Vale ressaltar que a utilização deste modelo ainda não é possível nos programas ANAREDE e ANATEM. Diante deste fato, o ONS solicitará ao CEPEL que analise a viabilidade de se incorporar este modelo nas ferramentas computacionais em questão. A quantidade de eventos registrados é de fundamental importância para se obter um modelo com maior robustez e consequentemente melhorar o desempenho do mesmo. Desta forma, uma maior quantidade de dados relacionados a testes programados ou a distúrbios naturais que afetam o sistema e a carga ajudará no aprimoramento dos modelos de carga. Os resultados apresentados neste artigo são frutos do Projeto Modelagem de Carga para Estudos Dinâmicos do Plano de Ação do ONS que foi desenvolvido pelo ONS em parceria com a UNIFEI. Um dos maiores ganhos deste projeto é a viabilidade de se realizar medidas em campo, a partir das quais podem ser obtidos modelos de carga mais próximos da realidade. 4.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] UNIFEI, 2003. RT-01 Estado da Arte em Modelagem Dinâmica de Carga, Projeto Modelagem de Carga para Estudos Dinâmicos ; [2] UNIFEI, 2004. RT-02 Análise dos Elementos Influentes na Modelagem Dinâmica de Carga, Projeto Modelagem de Carga para Estudos Dinâmicos ; [3] UNIFEI, 2004. RT-04 Desenvolvimento de Modelos Dinâmicos de Carga, Projeto Modelagem de Carga para Estudos Dinâmicos ; [4] UNIFEI, 2004. RT-05 Programa Computacional para a Obtenção dos Modelos de Carga, Projeto Modelagem de Carga para Estudos Dinâmicos ; [5] UNIFEI, 2005. RT-06 Medição em Campo e Análise de Dados, Projeto Modelagem de Carga para Estudos Dinâmicos ; [6] UNIFEI, 2005. RT-09 - Modelos Dinâmicos de Carga com os Dados Registrados em Campo na SE Ramon Reberte Filho 88Kv, Projeto Modelagem de Carga para Estudos Dinâmicos ; [7] UNIFEI, 2006. RT -11- Modelos Dinâmicos de Carga com os Dados Registrados em Campo na SE Taquaril 69 kv, Projeto Modelagem de Carga para Estudos Dinâmicos ; [8] UNIFEI, 2006. RT-02 - Modelos Dinâmicos de Carga com os Dados Registrados em Campo na Subestação FTZ Fortaleza 69 kv, Projeto Modelagem de Carga para Estudos Dinâmicos ; [9] UNIFEI, 2006. RT-04 - Modelos Dinâmicos de Carga com os Dados Registrados em Campo na Subestação BRA Barreiras 138/69kV, Projeto Modelagem de Carga para Estudos Dinâmicos ;

8 [10] UNIFEI, 2006. RT-06 - Modelos Dinâmicos de Carga com os Dados Registrados em Campo na Subestação Gravataí II 230/69 kv, Projeto Modelagem de Carga para Estudos Dinâmicos ; [11] UNIFEI, 2006. RT-08 - Modelos Dinâmicos de Carga com os Dados Registrados em Campo na Subestação Joinville IV, Projeto Modelagem de Carga para Estudos Dinâmicos ; [12] UNIFEI, 2006. RT-10 - Modelos Dinâmicos de Carga com os Dados Registrados em Campo na Subestação Umbará, Projeto Modelagem de Carga para Estudos Dinâmicos ; [13] T. Dovan, T.S. Dillon, C.S. Berger e E.E. Forwar. A Microcomputer Based On-Line Identification Approach to Power System Dynamic Load Modelling, IEEE Transactions on Power Systems, Vol. PWRS-2, nº 3, agosto de 1987, páginas 529 a 536; [14] Souza, M. M. P. de, 2006. Modelagem de Carga, Monografia de Pós-Graduação, Escola Federal de Engenharia de Itajubá, Novembro; [15] Araújo, A., 1974. Modelos Representativos da Carga em Estudos de Estabilidade, Tese de Livre Docência, Escola Federal de Engenharia de Itajubá, Maio.