MAPEAMENTO DE CASAS DE RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA NO RIO DE JANEIRO: VISBILIDADE E INTOLERÂNCIA RELIGIOSA



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Transcrição:

MAPEAMENTO DE CASAS DE RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA NO RIO DE JANEIRO: VISBILIDADE E INTOLERÂNCIA RELIGIOSA Aluna: Isabella de Oliveira Menezes Orientadora: Sonia Maria Giacomini Introdução Este relatório tem por finalidade apresentar os primeiros resultados da pesquisa desenvolvida no período de julho de 2011 e agosto de 2012. O objetivo deste trabalho é a análise dos casos de intolerância religiosa sofrido pelas religiões de matriz africana no Rio de Janeiro. O seu intuito é da feitura de uma cartografia social 1 que identifique os agressores, mapeie os locais de maior ocorrência dos casos e registre os tipos de intolerância religiosa. Não há neste projeto a pretensão de se elaborar uma amostra da religião afro-brasileira no estado, nem na cidade do Rio de Janeiro, mas de identificar a localização destas casas, permitindo uma melhor visibilidade do campo religioso no espaço público. A pesquisa se apoiou nos dados coletados pela Pesquisa de Mapeamento das Casas Religiosas de Matrizes Africanas do Estado do Rio de Janeiro realizada pelo NIREMA (Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afro descendente) da PUC-Rio, financiada pela SEPPIR (Secretaria de Políticas e Promoção da Igualdade Racial). O projeto de mapeamento contou com a colaboração do Conselho Griot 2 que foi o responsável pela indicação das casas religiosas onde foram aplicados os questionários. O material recolhido pelo Projeto de Mapeamento consiste em 847 questionários, os quais foram feitas análises quantitativas e qualitativas para se chegar aos primeiros resultados que aqui serão mostrados. A intenção da pesquisa é a elaboração de uma cartografia social, fazendo assim uma descrição meticulosa das relações sociais no espaço geográfico. A grande questão é captar geograficamente as áreas de maior conflito religioso, assim como identificar os alvos e agressores. O ponto central é a questão da intolerância religiosa, que nas últimas duas décadas do século XX se acentuou na sociedade brasileira. Com o surgimento dos religiosos neopentecostais, o campo religioso no Brasil sofreu grandes transformações, a primeira grande mudança foi o espaço e influência que estes religiosos ganharam de forma ligeira. Em 1 ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de. Mapas com vida própria. http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/mapas-com-vida-propria. Acessado em de julho de 2012. 2 Conselho de quatorze autoridades do candomblé e da umbanda.

consequência desse primeiro momento, o preconceito contra as religiões de matriz africana aparece com grande força e a justificativa para tal fato é embasada na teologia da Guerra Espiritual. Com a intensificação dos casos de intolerância, há uma maior emergência no cadastramento das casas religiosas, para que se possa legalizá-las, dando assim visibilidade à religião, bem como ao seu espaço físico. A pesquisa, além de seu valor intelectual, tem a intenção de possibilitar a implementação de políticas públicas, que sejam capazes de tirar a imagem marginal dessas religiões afro-brasileiras. Como resguardado pela Constituição Federal, é de direito de todos, a cidadania, bem como o direito à liberdade religiosa. A pesquisa foi dividida em dois distintos momentos. O primeiro deles foi à visita as casas religiosas, para que fossem aplicados os questionários e constituído o banco de dados. A segunda diz respeito à análise do material obtido no primeiro momento. Este trabalho, portanto, trata de explicar os resultados que se chegou através das análises, em diálogo com toda a bibliografia lida e discutida sobre a temática da intolerância religiosa, centrando nos agressores mais comuns, os neopentecostais. A questão central da pesquisa é a do exercício da liberdade religiosa pelas religiões de matriz africana no Rio de Janeiro. Como registra o último Censo realizado pelo IBGE, o que se verifica no campo religioso brasileiro é um aumento crescente do número dos fiéis neopentecostais, o que reafirma o poder midiático e agregador dessa religião. Mas vale ressaltar que, mesmo diante dos ataques cada vez mais presentes no cotidiano dos religiosos afro-brasileiros e nas manchetes dos jornais, as religiões africanas apresentaram estabilidade no número de adeptos, o que indica resistência por parte desses religiosos. Com dados referentes a 2010, os resultados mostraram decréscimo no número de fiéis católicos. Paralelamente, o número de evangélicos cresceu consideráveis 6,8% em relação ao último censo, apresentando nas últimas três décadas crescimento contínuo: de 6,6 para 22,2% da população brasileira, configurando assim a religião que mais cresceu no Brasil nos últimos anos. Sobre o umbanda e candomblé, os dados de 2010 registram que essas religiões totalizam 0,3% da população brasileira, número infinitamente inferior a religião evangélica. Diante de tais dados - os mais atuais - a urgência de meios que reforcem a liberdade religiosa, garantindo o pluralismo religioso, é cada vez mais imperativa.

Objetivo A pesquisa tratou de fazer uma análise do conflito religioso presente no Rio de Janeiro contemporâneo, tendo como base os dados coletados na Pesquisa de Mapeamento das Casas Religiosas de Matriz Africana. A partir desta apreciação, a pesquisa buscou colaborar para o reconhecimento da história e identidade da população afrodescendente, contribuindo assim para a identificação e avaliação mais meticulosa, das maneiras que se exprimem em nossa sociedade, a desigualdade e discriminação racial, cultural e religiosa. Ela tem como foco a identificação das manifestações de desigualdade e de discriminação no Brasil, em especial os casos de intolerância religiosa, a fim de contribuir com a promoção de mecanismos que possam garantir os direitos dos membros dos cultos afro-brasileiros e o exercício da cidadania de uma forma em geral, sustentando ações que possam contribuir para a composição e fortalecimento da identidade da cultura negra brasileira. Sendo o Brasil reconhecido por sua democracia concreta, por sua variedade de cores, costumes e culturas, e sendo o Brasil um país hoje laico, onde pela Constituição é garantida a liberdade à religião e ao culto, é impreterível que essas características que estão no cerne de nossa identidade, sejam resguardadas. A Pesquisa de Mapeamento foi dividida em dois diferentes momentos, o primeiro deles o trabalho de campo, para um estudo de caráter mais empírico. O segundo momento, a que este trabalho tem como foco central, é responsável pela análise do material coletado, bem como o desenvolvimento da parte teórica das religiões no espaço público e privado no Estado do Rio de Janeiro. É importante ressaltar que todas as conclusões posteriores desta pesquisa, dizem respeito ao universo das 847 casas religiosas, não tendo a pretensão de esgotar a realidade das religiões de origem africana no Brasil do século XXI. O objetivo final da pesquisa é a elaboração de uma cartografia social das religiões afrodescendente na cidade do Rio de Janeiro, por isso a confecção de um mapa, que seja capaz de localizar não somente as casas religiosas, mas a demarcação no espaço físico dos casos de intolerância religiosa. Para isso, juntamente ao Conselho Griot foi, foram feitas consultas para que fossem escolhidos os símbolos que representariam cada uma dessas religiões (candomblé umbanda e outras pertenças) e suas distintas denominações (umbanda esotérica, ketu, angola, entre outras), assim como a escolha dos símbolos que indicariam

espacialmente, os locais das ocorrências dos relatos de intolerância. A escolha também foi para locais onde são feitas as oferendas (locais de mata, rios, cachoeiras, riachos, cemitérios) e locais de vendas dos materiais necessários para estas oferendas. A escolha destes símbolos junto ao mapa são importantes para que possa ser feito um mapeamento do universo dessas religiões africanas no espaço público no Rio de Janeiro. Metodologia A partir dos dados dos questionários coletados pela Pesquisa de Mapeamento, foram utilizadas as análises qualitativa e quantitativa. Para a primeira, foram usados dois programas de computador: SPSS, para cruzamento das variáveis do questionário, e Excel, para organizar dados e fazer tabelas e gráficos que ajudem a leitura dos resultados. No programa SPSS foram feitos cruzamentos entre variáveis, na primeira relação estabelecida, foi utilizada os seguintes itens: idade da Casa Religiosa X discriminação. A segunda relação foi entre os itens: número de adeptos X discriminação. Através deste mesmo programa, foi possível ver em porcentagem a quantidade de casas religiosas que indicaram ter sofrido discriminação e intolerância religiosa. O programa Excel foi um dos recursos empregado para a organização dos diferentes itens dos questionários, para que fosse possível fazer em especial, a análise qualitativa dos casos relatados pelos respondentes das casas religiosas. A discussão a cerca da intolerância religiosa foi o ponto de partida para as análises que se seguiram sobre os relatos de discriminação e intolerância religiosa. A leitura dos textos acadêmicos direcionados a temática serviu como base para maior e melhor compreensão do cenário religioso brasileiro e suas diferentes vertentes. Entendendo melhor a dinâmica da teologia neopentecostal e os argumentos utilizados por esses grupos religiosos, foi possível traçar uma linha de pensamento que abrangesse a realidade dos neopentecostais. As leituras também abordaram o universo do candomblé e umbanda, tratando sobre as reações dessas religiões diante dos ataques, indicando a relação dos afro-religiosos com a justiça. Além destes pontos, a análise, assumindo um aspecto qualitativo, recai também sobre a tipificação dos conflitos. Dividido em cinco categorias diferentes, foi feita minuciosamente a classificação dos casos de discriminação e intolerância religiosa admitidos pelas casas religiosas. A primeira dessas classificações foi a respeito dos locais onde ocorreram os relatos, dividindo esta categoria em três subcategorias: 1) Local Público; 2) Local privado; 3) Outros locais. A segunda categoria foi feita para a identificação do agressor: 1) Vizinho; 2)

Evangélicos; 3) Outros. A terceira tipificação buscou identificar o alvo das agressões: 1) Pessoa; 2) Casa; 3) Outros. A quarta categorização ficou para o tipo de agressão: 1) Verbal; 2) Físico; 3) Outros. E a última disposição, para ações e processos: 1) Quem movimentou a ação ou processo?; 2) Contra Quem?; 3) Onde e em que situação? Posterior a identificação dos agressores e do alvo de intolerância, em diálogo com a literatura, o passo seguinte da pesquisa é da elaboração da cartografia social - termo emprestado do pesquisador Alfredo Wagner -. A cartografia social empregada pela antropologia é uma ferramenta restrita à etnografia, consiste numa descrição meticulosa das conjunturas sociais e seus referidos espaços. A partir das experiências de pesquisa de cartografia social. (WAGNER, p.1) Partindo para a elaboração de uma cartografia social, já familiarizados com o contexto das religiões africanas e neopentecostais no Rio de Janeiro, fez-se necessário a criação de um mapa capaz de localizar espacialmente os dados recolhidos; sua intenção é não somente de identificar a presença das casas religiosas de matriz africana no espaço geográfico, mas também pontuar e problematizar os locais onde ocorrem esses conflitos religiosos. Para a organização do mapa, foi feita consultoria junto ao Conselho Griot para a escolha de símbolos que identifiquem os grupos religiosos de matriz africana, os locais onde estes fazem oferendas e os pontos de conflito. O passo seguinte e ainda em andamento é da finalização deste material. Intolerância Religiosa Antes mesmo de tratar sobre a questão da intolerância religiosa, é importante fazer um retrospecto na história para entender o conceito de tolerância e intolerância. Ricardo Mariano 3 retoma a questão de tolerância tratada por Norberto Bobbio 4 em A Era dos Direitos, mostrando que esta noção surge na Europa em e meio as guerras civis religiosas (século XVI). Surge neste cenário, leis que abordavam sobre tolerância e intolerância, leis essas que posteriormente, resultaram na democracia moderna. Mariano assinala, citando Ítalo Mereu 5, que diferentemente dos direitos admitidos pela democracia e Estado de direito, a intolerância 3 Doutor em sociologia pela USP e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS. 4 Foi um filósofo, historiador do pensamento político e senador vitalício italiano. 5 Advogado e acadêmico italiano.

parte do pressuposto da verdade e certeza absoluta, admitindo assim o dever de aplicá-la a todos, mesmo que seja pelo uso da força (MARIANO, p.120) O sociólogo sublinha ainda importância de discutir sobre os conceitos de discriminação, liberdade religiosa, tolerância e intolerância. As noções de tolerância e intolerância admitem caráter dualista, ou seja, podem cada um deles, ter sentido negativos e positivos. O que o sociólogo traz para discussão, é que estas noções podem ser interpretadas de maneiras diferentes, de acordo com os contextos históricos e sociais. Como afirma o autor, os casos de intolerância são mais complicados de serem interpretados, em especial em países democráticos como o Brasil, onde os direitos de liberdade de culto geram a diversidade religiosa. Segundo Mariano, há no próprio termo tolerância religiosa contradições, partindo do pressuposto da liberdade religiosa, esta mesma liberdade pode ser usada pelos evangélicos, a fim de expressarem sua aversão às crenças de origem africana. (MARIANO, p. 123) Intolerância e discriminação religiosa são constantemente confundidas. A intolerância pressupõe a não aceitação de determinada manifestação, neste caso em específico, religiosa. O que ocorre com mais freqüência, assinala o autor, é a discriminação religiosa, ou seja, pela justiça é admitido o direito de manifestação, mas há tratamento desigual perante as diferentes religiões. A questão da discriminação religiosa, que constantemente é confundida pela intolerância religiosa vem se mostrado bastante pontual na realidade da sociedade brasileira, em especial contra as religiões de matriz africana. Nas últimas décadas do século passado, o cenário religioso brasileiro se reconfigurou com o surgimento dos religiosos neopentecostais, não somente por sua rápida adesão, como pela sua teologia da Batalha Espiritual. Muitas são as notícias nos meios de comunicação que mostram casos de discriminação e intolerância religiosa no Brasil. Em abril de 2010, um Sargento evangélico foi condenado por intolerância religiosa. Segundo mostrou o site Gospel Prime 6, o sargento teria apontado ara para a cabeça de um soldado praticante do candomblé testar se ele tinha mesmo o corpo fechado. Este é um dos casos noticiado pela impressa, e que faz parte da realidade de muitos adeptos das religiões de origem africana. No entanto, esta perseguição aos cultos e adeptos afro-brasileiros não é uma realidade atual, mas histórica, como mostra Ricardo Mariano em 6 GOMES, Marcelo. Sargento, que é pastor evangélico, apontou arma para cabeça de soldado praticante do candomblé:extra, 2011. Disponível em: http://extra.globo.com/casos-de-policia/sargento-que-pastor-evangelicoapontou-arma-para-cabeca-de-soldado-praticante-do-candomble-3467767.html Acesso em: 11 de julho de 2012.

seu texto Pentecostais em Ação: a demonização dos cultos afro-brasileiro. Segundo o autor, no século XIX a escravidão e o racismo foram motivo central para a perseguição religiosa as religiões de origem africana. Mesmo depois do fim da escravidão, a aproximação do candomblé e da umbanda ao baixo espiritismo permaneceu até os anos de 1940. Posterior a esse momento, a justificativa usada contra essas religiões, era de prática ilegal de curandeirismo, medicina e magia negra. (MARIANO, p.126 e 127) O cristianismo católico e protestante tratou de demonizar e marginalizar todas as práticas e cultos das religiões africanas. Depois de uma longa e histórica perseguição religiosa, as religiões afrodiaspórica ainda são alvo para atos de discriminação, no entanto, os agressores agora são grupos dos neopentecostais que nas últimas décadas do século XIX tomaram proporções espantosas. A justificativa agora para tal perseguição se embasa na demonização dos cultos afro-brasileiros. A doutrina proposta pelos cristãos neopentecostais se apóia na perspectiva dualista, ou seja, no mundo tudo está dividido em dois campos opostos: bem e mal, anjos e demônios, Deus e diabo. (MARIANO, p. 129) E para esses religiosos, as religiões de origem africana são expressões máximas do mal na terra, e para que o bem vença os homens de bem devem combater o mal, evangelizando, combatendo e convertendo os indivíduos que estão sob o poder do mal. Todos os ataques contra as religiões africana são apoiadas numa teologia racionalizada, ou seja, para esses religiosos, todo ataque por mais violento que seja contra as religiões que proliferam o mal na Terra, tem sua finalidade e é benevolente à raça humana. Frente a esta teologia está Edir Macedo e R.R. Soares, líderes da Igreja Internacional da Graça de Deus e Igreja Universal do Reino de Deus, respectivamente. Como assegura Edir Macedo: Se o povo brasileiro tivesse os olhos bem abertos contra a feitiçaria, a bruxaria e a magia, oficializadas pela umbanda, quimbanda, candomblé, kardecismo e outros nomes, que vivem destruindo as vidas e os lares, certamente seríamos um país bem mais desenvolvido. (MACEDO, p.38) Através da justificativa de salvar os homens de todo o mal causado pelo Diabo, que a Batalha Espiritual se estabeleceu no Brasil nos últimos anos. Os relatos de intolerância religiosa mais expressivos, identificados na pesquisa são justamente dos religiosos neopentecostais como atores de discriminação. Como Vagner Gonçalves relata no prefácio do livro Intolerância Religiosa: Impactos do neopentecostalismo no campo religioso afro-brasileiro, a expansão evangélica no cenário

brasileiro fez surgir não só o número de religiosos e de igrejas neopentecostais, como também o acréscimo dos atos de intolerância religiosa praticados contra as religiões africanas. A explicação usada pelos adeptos destas religiões em ascendência é a ligação das religiões afrobrasileiras com o demônio, e por isso deve-se combater o mal que é proferido por estas religiões demoníacas. O fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo em seu livro Orixás, caboclos e guias: deuses ou demônios?, deixa claro em suas afirmações que os orixás, caboclos e guias são espíritos do mal que tomam a mente humana a fim de proferir o mal sobre a terra. Os exus, os pretos-velhos, os espíritos de crianças, os caboclos ou os "santos" são espíritos malignos sem corpo, ansiando por achar um meio para se expressarem neste mundo, não podendo fazê-lo,antes de possuírem um corpo. Por isso, procuram o corpo humano, dada a perfeição de funcionamento dos seus sentidos. Existem casos em que por força das circunstâncias eles chegam a possuir animais para cumprir seus intentos perversos. (MACEDO, 2002, pág 9). Utilizando-se deste argumento, o pastor argumenta junto de seus fiéis a necessidade de combater a força do demônio e de seus seguidores, declarando guerra contra as religiões mediúnicas (candomblé, umbanda, kardecismo e outros). Ari Pedro Oro 7 em seu artigo Intolerância Religiosa Iurdiana e Reações Afro no Rio Grande do Sul dedica-se a mostrar justamente esta configuração religiosa, não somente no cenário brasileiro, mas também em outros países, onde houve o impressionante crescimento da Igreja Universal do Reino de Deus no Brasil nos últimos anos. Juntamente ao crescimento exarcebado desta religião, antropólogo identifica o aumento dos casos de discriminação e intolerância religiosa contra as religiões de origem africana. A essa constante e notável presença da IURD, Ari Pedro Oro atribui seu crescimento ao poder midiático diante da sociedade. Também reconhece o caráter religiográfico desse seguimento religioso, ou seja, a capacidade de absorver fragmentos de outras religiões, a fim de combatê-las. O autor num segundo momento de seu artigo problematiza a questão da guerra santa. Para esses cristãos neopentecostais, todas as forças malignas no mundo são causadas pelas religiões de matrizes africana e esta é a justificativa utilizada por esse segmento, para exterminar o mal da terra, para tanto, é urgente que se combata as religiões demoníacas. Tendo embasado o estudo teórico do tema e confirmando-os através dos relatos de discriminação religiosa, é possível afirmar que a intolerância e a discriminação de cunho 7 Professor de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

religioso está presente na história do nosso país, assim como na realidade dos dias atuais, o que nos sugere que há muito ainda a se fazer a respeito desta temática. Portanto, é intransferível estudos que possam sustentar a discussão a cerca do tema, para que assim, sejam feitas políticas públicas, em busca de uma país verdadeiramente democrático. Conclusões Através da análise dos dados registrados nos questionários da Pesquisa de Mapeamento, foi possível verificar que, entre os frequentadores das 847 casas onde este foi aplicado, 51% dos entrevistados afirmaram ter sofrido algum tipo de discriminação motivada por intolerância religiosa. Desta porcentagem, 84 casas afirmaram terem sido alvo de ataques de religiosos neopentecostais, número que só confirma a hipótese levantada pela literatura utilizada ao longo da pesquisa, que aponta esses religiosos como maior combatente das religiões afro brasileiras. Ainda referente aos espaços, os locais que mais frequentemente se realizam ações contra os membros das religiões de matriz africana são em locais públicos, sendo das ruas próximas as casas religiosas a localidade que mais se registram agressões. Em consideráveis questionários, foram registrados casos em que os adeptos foram constrangidos nos locais onde realizam suas oferendas cachoeiras, encruzilhadas, cemitérios, trechos de mata. Locais privados também são alvos das agressões de cunho religioso, o alvo central para este tipo de ação é a própria casa religiosa. Como é possível ver num dos relatos coletados pela Pesquisa de Mapeamento: Um senhor Evangélico que mora ao lado do terreiro derrubou o centro, deixando só as vigas. Alegando ser um local de prática de bruxarias e sacrifícios de animais. Verificou-se também que pode tratar-se de uma intolerância velada: muitos acusadores usam argumentos de ordem não religiosa (como o respeito à Lei do Silêncio e o bem-estar animal) para justificar suas agressões. Os relatos em que foram movidas ações e processos contra a casa religiosa e seus líderes religiosos são bastante consideráveis, como é possível verificar num dos relatos A casa foi alvo de denúncias o que gerou um processo judicial (o fato ocorreu no dia de uma festividade), chamaram a polícia alegando barulho e perturbações. Geralmente a intenção dessas ações e processos é a tentativa de fechamento da casa religiosa, não utilizando o motivo religioso, mas de outros artifícios jurídicos. A justificativa em que esses agressores utilizam para seus atos é de origem religiosa, ou seja,

agridem física e verbalmente os membros, assim como quebraram artigos religiosos e a casa religiosa, a fim de promover o bem, acabando com o mal proliferado pelas religiões, que segundo eles, é coisa do diabo. Para ilustrar esses casos, vale transcrever alguns dos relatos dos questionários. Uma das casas de candomblé (Ketu), situada em São João de Meriti, o respondetente descreveu da seguinte forma Sua filha quando estava de preceito sofria muito porque era alvo de deboches constantes; Evangélicos insistem em evangelizar sua casa; Os mesmos invadiram a casa de sua vizinha (mãe menininha) e quebraram tudo. Os casos onde a IURD é apontada como principal agressora é bastante presente nos relatos, assim como contou o respondente de uma casa da Nação Ketu, em Belford Roxo Integrantes da Igreja Universal, fizeram um tapete de sal na porta da Casa de candomblé. Casos como esses repetiram consideráveis vezes, fazendo os cristãos evangélicos o tipo de agressor mais presente nos relatos de intolerância. Através da análise dos relatos declarados nos questionários, foi feita uma padronização de alguns dos casos (os mais freqüentes), a fim de identificar os meios com que estas agressões são feitas, os locais e seus agressores. Já indicado a cima os agressores mais presentes nestes relatos, a seguir uma lista das agressões mais recorrentes indicadas pelos adeptos da religião afro-brasileira: Agressões verbais em primeiro lugar, aparecendo quase que repetidamente em todos os relatos, até mesmo em outros que indicam outras formas de agressões; seguido de agressões físicas contra os adeptos; agressões contra a casa religiosa (desde apedrejamento, pichação, quebra de vigas e paredes, até a demolição do local); denúncias policiais são muito correntes, muitas das vezes a argumentação feita pelo acusador não é de ordem religiosa (por saber geralmente da lei que autoriza todo e qualquer manifestação religiosa), mas reclamando do som, usando da argumentação dos maus tratos aos animais. Os locais mais freqüentes de ações contra as religiões de matriz africana acontece em locais públicos: escola (alunos geralmente são tratados diferentemente por outros alunos por estarem de preceito), trabalho (demissões e constrangimento por causa da roupas e acessórios típicos da religião africana), hospitais (profissionais se recusam a dar atendimento aos filhos e pais de santo), transporte público, mercados, shoppings, bancos, entre outros. Em locais onde são colocadas as oferendas (que fazem parte do ritual africano): cachoeiras, encruzilhadas, cemitérios, zonas da mata. E constantemente próximo à casa na própria casa. Outros resultados foram possíveis de se chegar a partir do cruzamento das variáveis

dos questionários. Cruzando o item que pergunta o sexo da liderança da casa religiosa, juntamente ao item 16 (sobre intolerância religiosa), não foi identificada expressão maior de discriminação entre as lideranças femininas das masculinas. Não há também diferença significativa entre as matrizes (Candomblé, Umbanda e Outras Pertenças) quanto ao nível de discriminação, como também não foi expressivo o número de casos ocorridos com a mudança de endereço, o que indica que estas casas, apesar de sofrerem muito com a vizinhança (que apareceu tão fortemente nos relatos como atores de intolerância religiosa), as casas religiosas não mudaram de endereço devido as agressões. A partir deste contato com os questionários coletar em campo, nos permiti algumas afirmações gerais. A primeira delas e já mencionada, é a questão de intolerância religiosa. Dentro do universo religioso captado pela pesquisa, mais do que a metade das casas afirmaram terem sido alvo de algum tipo de discriminação, mesmo em tempos de liberdade de escolha e culto de religioso garantido. Os religiosos neopentecostais são agressores certos em consideráveis questionários, utilizam da evangelização como meio de exorcismo das religiões afro brasileiras. Sendo estes religiosos, o seguimento que mais apresentou crescimento nas últimas três décadas, e tendo ele poder de coação e manifestação amplo, a realidade da cultura afro brasileira parece cada vez mais, sistematicamente, estar em área de conflito e ameaçado. Os relatos de discriminação de origem religiosa parecem não se coagirem com a lei, uma vez que acontecem em espaços públicos e em algumas vezes, através da própria lei. As agressões são de diferentes tipos, tanto verbal quanto física, chegando a casos extremos de ameaças de morte. O universo encontrado pela pesquisa não se difere da realidade tratada por acadêmicos, o que só confirma os estudos já feitos. A pretensão da pesquisa é contribuir também com a parte teórica, embasando na realidade das casas religiosas no Rio de Janeiro.

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